quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Dois quadros, duas mentalidades, duas doutrinas

ACC_1951_006_1 - Rouault
Notre-Dame de Rouault

Faça o leitor um exercício da fantasia, e suponha que lhe fosse possível, revolvendo a série dos séculos já passados, voltar ao tempo de Cristo, e entrar num cômodo da modesta habitação da Sagrada Família em Nazareth. Cuide que encontrasse ali a Virgem brincando com Menino. E que uma e outro fossem exatissimamente como Rouault os imaginou no quadro que reproduzimos em nosso clichê. Esta vista satisfaria a expectativa do leitor? Corresponderia ao que poderia esperar da Mãe de Deus, e do próprio Verbo Encarnado? Encontraria nestas figuras um reflexo autêntico do espírito cristão, das virtudes inefáveis de Jesus e Maria? Evidentemente não.

ACC_1951_006_2 - Maitre de Moulins
Maitre de Moulins - Catedral de Notre-Dame
Quem, pois se empenhe em que a arte cristã reflita de modo digno e apropriado o espírito dos Evangelhos e da Igreja, não pode ser indiferente a que quadros deste gênero se generalizem entre os fiéis. O que acabará por pensar e sentir da Sagrada Família um povo que não tenha diante de si senão obras pictóricas ou escultóricas deste jaez? A arte crista tem a missão de auxiliar dentro de suas possibilidades peculiares a difusão da sã doutrina, e não se pode considerar que o espírito deste quadro seja propício a tal fim.

 Para melhor elucidar estas afirmações, consideremos quanto é eficaz pelo contrário este quadro do "Maitre de Moulins", (século XV)representando também a Virgem e o Menino, para fazer compreender pelos sentidos o que a Igreja nos ensina sobre Jesus e Maria.
 

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