domingo, 31 de março de 2024

Domingo de Páscoa


 

Haec dies quam fecit Dominus: exultemus et laetemur in ea – “Este é o dia que fez o Senhor; regozijemo-nos e alegremo-nos nele” (Sl 117, 24)

Façamos um ato de fé viva na ressurreição de Jesus Cristo; cheguemo-nos a Ele em espírito para Lhe beijar as chagas glorificadas, e regozijemo-nos com Ele por ter saído do sepulcro vencedor da morte e do inferno. Lembrando-nos em seguida que a ressurreição de Jesus é o penhor e a norma da nossa, avivemos nossa esperança, e ganhemos ânimo para suportar com paciência as tribulações da vida presente. Lembremo-nos, porém, que para ressuscitarmos gloriosamente com Jesus Cristo devemos primeiro morrer com Ele a todos os afetos terrestres.


Santo Afonso Maria de Ligório

sábado, 30 de março de 2024

Sábado Santo








Homilia Pascal de São João Crisóstomo
*
Se há quem seja devoto e ama a Deus, que se alegre nesta bela festa triunfal. Se há quem seja servo sábio, que entre regozijando na alegria do seu Senhor. Se há quem trabalhou muito em jejuar, que tome agora a sua recompensa.

Se há quem se trabalhou desde a primeira hora, que receba hoje sua justa recompensa. Se há quem chegou na terceira hora, que com gratidão guarde a festa. Se há quem chegou na sexta hora, que não haja nenhum receio; pois não há nenhuma perda. Se há quem se atrasou até à nona hora, que se aproxime, nada duvidando. Se há quem chegou sozinho na décima primeira hora, que não se alarme com sua lentidão. Pois o Senhor, quem ama sua honra, aceita o último como se fosse o primeiro; Ele descansa aquele da décima primeira hora assim como aquele que trabalhou desde a primeira.

Ao último demonstra misericórdia e ao primeiro possui cuidado; a um Ele dá, e outro Ele agracia. Aceita os feitos, acolhe a intenção, honra as atitudes e aprova a oferta. Portanto, entrem todos no gozo do seu Senhor: primeiros e últimos, recebam a recompensa; ricos e pobres, dancem uns com os outros; disciplinados e remissos, honrem o dia; os que jejuam e os que não jejuam, alegrem-se hoje. A mesa está farta, todos se deliciem; o bezerro está engordado, que ninguém se vá faminto.

Desfrutem todos da festa da fé, das riquezas da bondade. Ninguém lamente sua pobreza, pois o reino universal se revelou. Ninguém chore as suas iniquidades, pois o perdão da tumba se levantou. Ninguém tema a morte, pois o Salvador da morte nos libertou. Aquela por quem estava preso, Ele a aniquilou. Cativo fez o Inferno, quando lá baixou. Afligiu o Inferno quando a Sua carne provou. E Isaías, isso prevendo, clamou: o Inferno, diz ele, foi afligido, quando Te encontrou embaixo. Ele foi afligido, pois foi derrubado. Ele foi afligido, pois foi zombado. Ele foi afligido, pois foi executado. Ele foi afligido, pois foi subjugado. Ele foi afligido, pois foi acorrentado. Ele recebeu corpo, e a Deus encontrou. Ele recebeu terra, e o Céu encontrou. Ele recebeu o visível, e foi destruído pelo invisível.

Onde está, ó morte, o teu aguilhão? Onde está, ó Inferno, a tua vitória? Cristo ressuscitou, e tu foste subjugado. Cristo ressuscitou, e caíram os demônios. Cristo ressuscitou, e se regozijam os anjos. Cristo ressuscitou, e a vida reina. Cristo ressuscitou e nenhum dos mortos permanece no túmulo. Pois Cristo, sendo ressuscitado dos mortos, se tornou as primícias dos que dormem. A Ele seja a glória e o poder pelos séculos dos séculos. Amém.


São João Crisóstomo foi Arcebispo de Constantinopla no século IV d.C., e um dos maiores pregadores da Igreja Antiga.

Fonte: Lecionario 


Afresco da Anastasis.
Igreja de Chora, em Istambul.


A Descida de Cristo aos infernos (em latim: Descensus Christi ad Inferos) é uma doutrina na teologia cristã referenciada no Credo dos Apóstolos e no Credo de Atanásio (Quicumque vult) e que afirma que Jesus "desceu ao Sheol". Ela é lembrada pelos católicos e ortodoxos no Sábado de Aleluia.

A falta de referências explícitas nas escrituras a respeito desta "descida" deu origem a uma controvérsia e muitas interpretações diferentes. Como uma imagem na arte cristã, a descida ao inferno é também conhecida como Anastasis (grego para "ressurreição"), amplamente considerada como sendo uma criação da cultura bizantina e que só apareceu no ocidente no início do século VIII.

Terminologia

A expressão em grego utilizada no Credo dos Apóstolos é κατελθόντα εἰς τὰ κατώτατα - "katelthonta eis ta katôtata" - e, em latim, descendit ad inferos. O termo grego τὰ κατώτατα ("o mais baixo") e o latino inferos ("os abaixo") podem também ser traduzidos como "profundezas", "morada dos mortos" ou "limbo". Versões modernas do Credo geralmente o traduzem de forma mais literal como "ele desceu até os mortos".
FontesCristo no limbo.
c. 1575. Por um discípulo de Hieronymus Bosch atualmente no Museu de Arte de Indianapólis, nos Estados Unidos.
Escrituras

Diversas passagens do Novo Testamento já foram utilizadas para provar que Cristo teria descido ao inferno ou ao reino dos mortos antes de sua ascensão. Entre elas:Duas passagens da Primeira Epístola de Pedro são as principais bases para a doutrina:«no qual também foi [Jesus] pregar aos espíritos em prisão, os quais noutro tempo foram desobedientes, quando a longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé...» (I Pedro 3:19–20)«Pois por isto foi o Evangelho pregado até aos mortos...» (I Pedro 4:6)Mateus 12:40, que traça um comparativo entre o profeta Jonas, que foi engolido por um peixe enorme, e Cristo, que ficou três dias morto.Atos 2:27 e Atos 2:31, que declaram explicitamente que Cristo não seria deixado no Hades, e que a sua carne não veria a corrupção.Efésios 4:8–10 também já foi proposto[quem?] como sugerindo a doutrina da descida ao inferno: "Por isso diz: Quando ele subiu ao alto, levou cativo o cativeiro, Deu dons aos homens. (Ora que quer dizer isto: Ele subiu, senão que também desceu aos lugares mais baixos da terra? Aquele que desceu é também o que subiu muito acima de todos os céus, para encher todas as coisas.)"Este versículo é uma paráfrase truncada de Salmos 68:18, com o ponto de vista alterado: "Subiste ao alto, levaste cativos os prisioneiros; Recebeste dons dos homens, Mesmo dos rebeldes, para Deus Jeová habitar entre eles." Frank Stagg identifica três pontos de vista nesta passagem de Efésios: O enterro de Jesus ou
Sua descida às profundezas ou o Inferno ou Sua encarnação como sendo um ato de profunda humildade (vide Filipenses 2).Zacarias 9:11 faz referência a prisioneiros numa "cova que não há água". A referência aos cativos tem sido apresentada como sendo um reflexo dos prisioneiros de YHWH frente a seus inimigos em Salmos 68:17–18.Isaías 24:21–22 também faz referência a espíritos prisioneiros, um relato que lembra o de Pedro quando ele foi visitado por espíritos na prisão: "Naquele dia Jeová castigará o exército dos altos nas alturas, e os reis da terra sobre a terra. Serão ajuntados, como presos são ajuntados na cova, serão encarcerados na prisão, e depois de muitos dias serão visitados."
Doutrina no cristianismo primitivoDescida de Cristo ao Inferno
Baixo-relevo do século XV na Cidadela de Carcassonne.

A descida de Jesus ao inferno era ensinada por teólogos na igreja antiga e aparece em diversas obras: "Homilia sobre a Paixão" de Melito de Sardis († c. 180); "Um Tratado sobre a Alma", 55, de Tertuliano († c. 220); "Tratado sobre Cristo e o Anticristo" de Hipólito († c. 236); "Contra Celso", 2:43, de Orígenes († c. 253) e , finalmente, os sermões de Ambrósio de Milão († c. 397).

O Evangelho de Mateus relata que imediatamente após a morte de Jesus, a terra tremeu, houve uma escuridão e um eclipse, o véu no Templo se partiu em dois e muitas pessoas se levantaram dos mortos e vagaram por Jerusalém, sendo vistas pela população. De acordo com o apócrifo Evangelho de Nicodemos, a descida ao inferno foi antecedida pela ressurreição de Lázaro dos mortos antes da crucificação.

Nos "Atos de Pilatos" - geralmente incorporado no texto medieval "Evangelho de Nicodemos", amplamente lido - a narrativa foi construída à volta de um original que pode remontar ao século III, com muitas melhorias e interpolações. Os capítulos 17 a 27 da obra chamam-se Decensus Christi ad Inferos e contém um dramático diálogo entre Hades e o príncipe Satã, além da entrada do "Rei da Glória", visto como ocorrendo dentro do Tártaro 

A visão do Antigo Testamento sobre a vida após a morte era a de que todas as pessoas, justas ou não, iam para o Sheol quando morriam. Nenhum hebreu jamais desceu até lá e retornou, embora uma visão do recém-falecido Samuel apareceu para Saul quando invocada pela bruxa de Endor (I Samuel 28:7–25). Diversas obras do período do Segundo Templo elaboram sobre o conceito de Sheol, dividindo-o em seções baseadas na justiça e piedade dos que morreram.

O Novo Testamento defende uma distinção entre o Sheol, a "mansão dos mortos", e o destino eterno dos que forem condenados no Juízo Final, que é chamado de diversas formas: geena (por exemplo, em Mateus 5:22), "trevas exteriores" (como em Mateus 8:12) ou lago do fogo eterno (ex. em Apocalipse 19:20). Esta distinção pode não ser aparente dependendo da tradução utilizada, com algumas utilizando-se do termo "inferno" indistintamente, ao contrário do original grego (vide traduções de Hades).

A visão helenística da descida heroica às profundezas e o triunfante retorno segue tradições que são muito mais antigas que as religiões de mistério populares no tempo de Jesus. O Épico de Gilgamesh contém uma episódio similar, assim como a Odisseia (cap. XI). Escrevendo logo após o nascimento de Jesus, Virgílio incluiu um episódio também na Eneida. O pouco que sabemos sobre a liturgia destas religiões de mistério - como os mistérios de Elêusis e o mitraísmo - sugere que um ritual de morte e renascimento do iniciante era uma parte importante do ritual. Este também tem paralelos muito mais antigos, em particular com os rituais de Osíris. A antiga homilia chamada "A Descida do Senhor ao Inferno" pode ter sido influenciada por estas tradições ao se referir ao batismo como sendo um símbolo da "morte e do renascimento" (Colossenses 2:9–15) ou vice-versa.
Interpretações da doutrinaDescida de Jesus ao inferno.
Vitral na Igreja de Saint-Germain-l'Auxerrois em Paris.
Católicos

Há uma antiga homilia sobre a descida ao inferno, de autoria desconhecida, chamada geralmente de "A Descida do Senhor ao Inferno", que é a segunda leitura na parte das leituras da missa no Sábado de Aleluia na Igreja Católica.

O Catecismo da Igreja Católica (§636) afirma o seguinte:
“ 636. Na expressão «Jesus desceu à mansão dos mortos», o Símbolo confessa que Jesus morreu realmente, e que, por ter morrido por nós, venceu a morte e o Diabo «que tem o poder da morte» (Hebreus 2:14). ”


Portanto, a palavra "inferno" é utilizada nas escrituras e no Credo dos Apóstolos para fazer referência à "mansão dos mortos", sejam justos ou maus, até que (e se) que eles possam ser admitidos no céu (vide §633 do Catecismo). Esta "mansão dos mortos" é o "inferno" para onde Jesus desceu. Sua morte libertou da exclusão do céu os justos que morreram antes de sua chegada:
“ Foram precisamente essas almas santas, que esperavam o seu libertador no "Seio de Abraão, que Jesus Cristo libertou quando desceu à mansão dos mortos. Jesus não desceu à mansão dos mortos para de lá libertar os condenados, nem para abolir o inferno da condenação, mas para libertar os justos que O tinham precedido. ”


A conceituação da "mansão dos mortos" como um lugar, embora seja possível e costumeira, não é obrigatória (os documentos da igreja, como os catecismos, falam de um "estado ou lugar"). Alguns defendem que Cristo não esteve na morada dos condenados, que é geralmente compreendido atualmente como sendo o "inferno". Por exemplo, Tomás de Aquino ensinava que Cristo não foi ao "inferno dos perdidos", mas "ele os envergonhou por sua falta de fé e maldade; mas para os que estavam presos no purgatório ele deu esperança de obterem a glória; enquanto que sobre os santos padres detidos no inferno apenas por conta do pecado original, ele lançou a luz da glória eterna".

Enquanto alguns defendem que Cristo meramente desceu até o "limbo dos profetas" outros, principalmente o teólogo Hans Urs von Balthasar (inspirado pelas visões de Adrienne von Speyr), defendem que foi mais do que isso e que a descida envolveu sofrimento da parte de Jesus. Uma vez que tanto João Paulo II quanto Bento XVI elogiaram a teologia de Balthasar e alguns não enxergam uma posição doutrinária precisa da igreja sobre este ponto, este é um tema no qual as diferenças e a especulação teológica é permissível sem transgredir os limites da ortodoxia.
Igreja OrtodoxaDescida de Jesus ao inferno.
Séc. XV. Ícone russo de autoria desconhecida atualmente no Museu Russo em São Petersburgo.Descida de Jesus ao inferno num dos painéis da "Paixão de Rotemburgo".
1494. No Reichsstadtmuseum de Rothenburg ob der Tauber, na Baviera.

A "Homilia Pascal" de João Crisóstomo trata do tema da descida ao inferno e é lida tipicamente durante a Vigília Pascal, o maior dos serviços litúrgicos da Igreja Ortodoxa durante a celebração da Pascha.

A descida ao inferno é geralmente mais comum e tem uma importância maior na iconografia ortodoxa do que na tradição ocidental. É o ícone tradicional do Sábado de Aleluia e é utilizado durante a temporada da Páscoa e nos domingos durante o ano todo. O ícone tradicional para a ressurreição de Jesus não representa simplesmente o ato físico de Jesus saindo do santo sepulcro, mas também mostra o que a fé ortodoxa acredita ser a realidade espiritual do que a morte e ressurreição representam.

O ícone mostra Jesus, vestido de branco e dourado para simbolizar sua majestade divina, de pé às portas dos insolentes portões de Hades (também chamados de "Portões da Morte"), que estão quebrados e caíram na forma da cruz, ilustrando a crença de que, através de sua morte na cruz, Jesus venceu a morte. Ele está segurando Adão e Eva e puxando-os para fora de Hades. Tradicionalmente, ele não aparece segurando-os pelas mãos e sim pelos pulsos, ilustrando o ensinamento teológico de que a humanidade não consegue se livrar sozinha do pecado original, algo que só pode ser obtido por obra da energia de Deus. Jesus está rodeado por várias figuras do Antigo Testamento (Abraão, David, Moisés entre outros); a parte de baixo do ícone mostra o Hades como um fosso de trevas, geralmente com vários pedações de correntes e cadeados quebrados jogados. Frequentemente, uma ou duas figuras aparecem nas trevas, ainda presas nas correntes, geralmente identificadas como personificações da morte e/ou do Diabo.

sexta-feira, 29 de março de 2024

quinta-feira, 28 de março de 2024

Quinta-feira Santa

 



Santa Ceia

Acrílica sobre tela

70 x 100 cm

Khristianos

2024

SEMANA SANTA EM GOIÁS 279 ANOS












A SEMANA SANTA



A Semana Santa na cidade de Goiás é uma festividade religiosa que acontece há 279 anos e é realizada pela comunidade vilaboense junto à Diocese de Goiás – Catedral de Sant’Ana. Toda a programação é gratuita.

São 40 dias de atividade em que a memória coletiva e raízes religiosas da cidade são exaltadas em momentos de fé e devoção.

O evento religioso ocorre desde a colonização do Estado, com registros orais da Imagem do Senhor Bom Jesus dos Passos, vindo da Bahia para Goiás nos braços das pessoas escravizadas.

Veja a Programação aqui

quarta-feira, 27 de março de 2024

‘Símbolos da Paixão’: exposição no Museu de Arte Sacra revela significados da Semana Santa

20/03/2024



Em São Luís, o Museu de Arte Sacra, equipamento cultural vinculado ao Governo do Maranhão, promove a exposição “Símbolos da Paixão”, que remete ao significado dos principais símbolos utilizados nas celebrações da Semana Santa, tradição religiosa cristã que celebra a paixão, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo. Aberta nesta terça-feira (19) e com entrada gratuita, a mostra “Símbolos da Paixão” fica disponível ao público até o dia 12 de abril.

A gestora do Museu de Arte Sacra, Ydsa Teixeira, ressalta que o público em geral tem sido muito bem recebido no espaço, dedicado a explicar o significado de cada símbolo relacionado à Semana Santa.

“Este é um momento de reflexão. Aqui a gente fala sobre a morte e ressurreição de Jesus, onde a gente trata todos os símbolos e seus significados. Na exposição, a gente contextualizou, para que nós pudéssemos explicar cada momento e cada símbolo da Semana Santa, esse é o objetivo”, afirmou Ydsa.

O curador e organizador da exposição, Sebastião Cardoso Júnior, conta que a mostra ocorre a partir do contrato de comodato entre o Governo do Maranhão e a Secretaria de Estado da Cultura (Secma), junto à Arquidiocese de São Luís, que possui 80% do acervo.

O organizador explica, ainda, que a exposição foi pensada para detalhar a história e o valor artístico por meio de peças que antigamente eram usadas nas igrejas, mas que agora estão no museu.

“Essa exposição específica trata dos “Símbolos da Paixão”, símbolos que são utilizados nos rituais da Semana Santa. Temos desde o Domingo de Ramos, passando pela Quinta-Feira Santa, com a Santa Ceia, o Lava-Pés; chegando à Sexta-feira, com a Paixão e Morte de Jesus e, ao sábado, com a celebração do Aleluia, da Páscoa, do canto do Aleluia e a celebração do fogo da água benta. Tudo aqui é simbolizado por meio do acervo exposto”, pontuou o curador.

Para o servidor público e visitante da mostra, Maurício Isac Gomes, a visita se tornou uma oportunidade de ampliar o conhecimento religioso e entender as influências religiosas na capital maranhense. “Eu achei que essa visita foi algo de suma importância. Foi um passeio tanto edificante, quanto gratificante. Inclusive, muitas áreas da cidade de São Luís foram influenciadas por essa questão religiosa”, destacou.

Localizado no Palácio Arquiepiscopal, na Praça Dom Pedro II, no Centro Histórico de São Luís, o Museu de Arte Sacra fica aberto de terça a sexta-feira, das 9h às 17h30; e aos sábados, de 9h às 17h.

Museu Mineiro apresenta a exposição “Preciosidades do Acervo: Oratórios”, que reúne peças dos séculos 17 ao 19

Mostra exibe um conjunto de oratórios acondicionados na reserva técnica do museu, cujo valor estético impressiona pela riqueza de detalhes
Renata Garbocci / Secult




Renata Garbocci / Secult

A partir desta quarta-feira (27/3), o Museu Mineiro, no bairro Funcionários, em Belo Horizonte, joga luz em sua reserva técnica e apresenta ao público a exposição “Preciosidades do Acervo: Oratórios”.

A mostra exibe, até 27/4, um conjunto de oratórios datados dos séculos 17 ao 19, cujo valor estético impressiona pela riqueza de detalhes, independentemente da fé professada pelos visitantes.

“Preciosidades do Acervo: Oratórios” é mais do que uma exposição tradicional, é um programa expositivo que propõe trazer para deleite do público peças do acervo do Museu Mineiro que estão acondicionados na reserva técnica por diversas razões, sejam elas por escolhas curatoriais ou pelo estado de conservação.

“É sempre uma experiência gratificante para a equipe do museu poder expor objetos que estiveram guardados por algum tempo. Uma exposição é sempre uma oportunidade de trazer ao público parte do conhecimento e da experiência que estiveram restritas aos profissionais do museu ou a estudiosos do acervo”, diz Vinícius Duarte, historiador e coordenador do Museu Mineiro.

“Preciosidades do Acervo: Oratórios” faz parte da programação do Minas Santa 2014, realizado pelo Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult).

Nesta exposição, os oratórios se projetam com o protagonismo que lhes é devido, apesar de serem considerados por alguns como mero complemento de imagens e conjuntos de arte sacra.

A mostra se configura, de certa forma, como uma extensão da exposição de longa duração “Minas das Artes, Histórias Gerais”, estabelecendo um diálogo com a coleção de imaginária religiosa exposta na sala das colunas.

Formatos e finalidades

Os oratórios podem assumir diversos formatos em função da finalidade para os quais foram produzidos. Os oratórios de tipo maquineta se apresentam sob a forma de caixas retangulares lisas ou chanfradas, produzidos em madeira e vidro, e decorados externamente com elementos curvilíneos e rocalhas.

O interior desses oratórios é geralmente policromado e pode apresentar subdivisões em níveis: na base, apresentam uma cena da natividade ou presépio e, na parte superior, a representação do calvário. Em alguns casos, trazem ainda imagens dos santos de devoção pessoal de seus antigos proprietários.
Renata Garbocci / Secult

Há, ainda, o oratório de salão, espécie de móvel desenvolvido para ser colocado sobre uma mesa, prestando-se a atender às demandas de devoção familiar.

São oratórios de grandes proporções que se assemelham a retábulos, podendo apresentar um sacrário e nichos para a inserção de santos.

Nesta exposição, a equipe curatorial formada por Vinícius Duarte, Saulo Marques e Deise Silveira, funcionários e pesquisadores do acervo do museu, optou por não inserir santos nos nichos dos oratórios de salão.

A proposta é possibilitar a apreciação do oratório individualmente, incitando os visitantes a observarem detalhes da confecção destes objetos, tanto da fatura da madeira quanto da policromia que apresentam em seu interior ou externamente.

Reserva técnica

A reserva técnica do Museu Mineiro reúne centenas de objetos de diferentes tipologias: pinturas, gravuras, desenhos, medalhas, moedas, esculturas, móveis, objetos de uso pessoal, achados arqueológicos e uma infinidade de outras peças.

Muitos destes objetos já estiveram expostos em outras circunstâncias, tanto no Museu Mineiro quanto em outras instituições congêneres do Brasil e do exterior que, vez por outra, solicitam peças para compor exposições temáticas em suas galerias.

O fato de um objeto do acervo não estar exposto não quer dizer, em definitivo, que ele não tenha valor histórico, artístico ou cultural. Pelo contrário, muitas vezes, objetos excessivamente preciosos ou delicados podem não figurar numa mostra justamente por exigir, por exemplo, equipamentos que reproduzem condições climáticas e de luminosidade muito diferentes daquelas do ambiente natural.

“Várias razões levam esses objetos a não estarem em exposições de longa duração: seu estado de conservação, a falta de espaços expositivos suficientes para expor todo o acervo, o fato de não terem sido selecionados pela curadoria para compor a mostra ou o fato de não dialogarem diretamente com esta ou aquela proposta expositiva, por exemplo”, explica Vinícius Duarte.

Conheça o Museu Mineiro


Inaugurado em 1982, o Museu Mineiro reúne em seu acervo um conjunto bastante diversificado de objetos referentes à história e à produção cultural e artística mineiras.

Nas salas de exposição são exibidas obras de artistas consagrados, como Manoel da Costa Ataíde, Yara Tupynambá, Amílcarde Castro, Jeanne Milde, Inimá de Paula, Lótus Lobo, Celso Renato, Sara Ávila, Guignard, Maria Helena Andrés, Di Cavalcanti, entre outros.

Atualmente, o museu exibe a exposição de longa duração “Minas das Artes, Histórias Gerais”, onde o visitante tem a oportunidade de conhecer uma vasta coleção de arte sacra, datada dos séculos 18 e 19, além de preciosidades do acervo, como a bandeira da Inconfidência Mineira, os manuscritos originais da obra “Tutaméia” de Guimarães Rosa, o retrato de Aleijadinho e a coleção de santos de devoção popular.

Sagrada Face

 


Sagrada Face
Acrílica sobre madeira
10 x 7 cm
khristianos





A Sagrada Face de Jesus, também referida como Santa Face de Jesus, é o conjunto de imagens que a Igreja Católica promove como sendo representações milagrosas do rosto de Jesus Cristo. A mais conhecida, a imagem do Santo Sudário, é também associada com uma medalha, com o véu de Santa Verónica e é uma das devoções a Cristo católicas.

Diversos dos acheiropoieta (literalmente "não feito manualmente") relacionados a Cristo foram relatados no decorrer da história do cristianismo, assim como várias formas de devoção à face de Jesus, que foram finalmente aprovadas pelo Papa Leão XIII em 1895 e novamente por Pio XII em 1958.

Na tradição católica romana, a Sagrada Face de Jesus é utilizada juntamente com os Atos de Reparação a Jesus Cristo, com algumas instituições dedicadas exclusivamente a elas, como a congregação das Irmãs Beneditinas da Reparação da Santa Face. Em seu pronunciamento a esta congregação, o Papa João Paulo II se referiu a estes "atos de reparação" como sendo "o esforço incessante para estar aos pés das infinitas cruzes nas quais o Filho de Deus continua a ser crucificado".
A imagem da Sagrada Face mais utilizada hoje em dia como devoção a Cristo é baseada no Santo Sudário, que os fiéis assumem ser a verdadeira mortalha de Jesus. Ela é diferente da representação de Jesus no Véu de Verônica (atualmente no Vaticano), mesmo tendo ele sido utilizado no passado para esta mesma devoção. Uma vez que acredita-se que a representação da Sagrada Face tenha sido obtida a partir da mortalha de Jesus, assume-se que ela seja uma imagem pós-crucificação enquanto que a imagem do Véu de Verônica seria uma imagem pré-crucificação, obtida quando Santa Verônica encontrou Jesus em Jerusalém na Via Dolorosa a caminho do Calvário.

Embora o Sudário tenha sido apresentado publicamente regularmente pelo clero católico romano aos fieis pelo menos desde o século XVI (e, possivelmente, antes), a imagem da Santa Face nele é muito fraca e não pode ser vista de forma clara a olho nu, só sendo identificada após o advento da fotografia. Em 1898, o fotógrafo amador italiano Secondo Pia se espantou com a imagem em negativo quando estava revelando sua primeira fotografia do sudário em sua sala escura. Ele posteriormente afirmou que na noite de 28 de maio de 1898 ele quase derrubou e quebrou a placa fotográfica tamanho foi o choque ao ver a face de Jesus no Sudário pela primeira vez.

Até esta época a devoção à Sagrada Face se baseava unicamente na imagem do Véu de Verônica.
Visões

A popularidade da devoção à Sagrada Face de Jesus se deve principalmente a duas freiras europeias, ambas batizadas em homenagem à Virgem Maria, mas que viveram com quase cem anos de diferença. Ambas relataram visões de Jesus e Maria.

A primeira se chamava Irmã Maria de São Pedro, de Tours, na França, e viveu na década de 1840.[8][9] A segunda era a irmã Maria Pierina de Micheli, que viveu na década de 1930 em Milão.[1][2]
Maria de São Pedro

Em 1843, a Irmã Maria de São Pedro, que era uma freira carmelita, relatou uma visão na qual Jesus teria lhe falado.[9] Ela posteriormente relatou novas visões e conversas com Jesus e com a Virgem Maria nas quais ela teria sido incentivada a disseminar a devoção à Santa Face de Jesus como uma reparação aos muitos insultos que Jesus sofrera em sua Paixão.

De acordo com a irmã Maria, em 1844 ela teve uma visão na qual Jesus lhe disse: "Ah! Se você soubesse quão grande é o mérito que você obtém ao dizer, mesmo que uma única vez, 'Admirável é o Nome de Deus' num sentido de reparação pela blasfêmia". Suas visões continham também o texto de uma oração específica como um ato de reparação a Jesus Cristo que acabou se tornando conhecida como "Flecha Dourada". Esta oração e a devoção à Santa Face de Jesus começou então a se espalhar entre os católicos da França a partir desta época.

Primeiras devoções

Irmã Maria de São Pedro

O venerável Leo Dupont foi um religioso de uma família nobre que havia se mudado para Tours. Em 1849, ele fundou o movimento da adoração eucarística de Tours e que se espalhou dali para toda a França, ficando por isso conhecido como "Homem Santo de Tours". Ao saber das visões de Maria de São Pedro, ele começou a manter acesa continuamente uma vigília perante uma imagem da Santa Face, mas, na época, a imagem utilizada se baseava no Véu de Verônica.

Dupont era devoto e promoveu a devoção à Santa Face por cerca de trinta anos, mas os documentos sobre a vida da irmã Maria de São Pedro e sobre suas visões eram mantidos em segredo pela Igreja Católica e não foram liberados. Mesmo assim, Dupont perseverou. Eventualmente, em 1874, Charles-Théodore Colet foi designado arcebispo de Tours, examinou os documentos e, dois anos depois, deu permissão para que eles fossem publicados e para que a devoção fosse encorajada, o que se deu pouco antes da morte de Dupont, que se tornou conhecido como "Apóstolo da Santa Face".

Quando Leão Dupont morreu, sua casa na Rue St. Etienne em Tours foi comprada pela arquidiocese e transformada no Oratório da Santa Face, que passou a ser administrado por uma ordem chamada Padres da Santa Face criada no mesmo ano. A "Devoção à Santa Face de Jesus" foi aprovada pelo papa Leão XIII em 1885, que demonstrou seu desejo de fundar um oratório similar em Roma.
Santa Teresinha

Teresa de Lisieux também foi uma freira carmelita e que se tornaria conhecida por seu nome religioso de "Santa Teresinha do Menino Jesus e da Santa Face". Ela foi apresentada à devoção à Santa Face pela sua irmã (verdadeira) Pauline (que adotou o nome de Agnes de Jesus ao se tornar freira). Santa Teresinha compôs muitas orações para expressar sua devoção à Santa Face e escreveu "Faça-me parecida contigo, Jesus" num pequeno cartão no qual ela colou uma imagem da Santa Face. Ela então pregou o conjunto num pequeno bolso sobre seu coração (dado que na época ainda não existia a Medalha da Santa Face). Em agosto de 1895, em seu "Cântico à Santa Face", ela escreveu:
“ Jesus, sua imagem inefável é a estrela que guia meus passos. Ah! Você sabe, Sua doce Face é para mim o céu na terra. Meu amor descobre os encantos de Sua Face adornada com lágrimas. Eu sorrio através de minha próprias lágrimas quando contemplo Seus sofrimentos. ”


Santa Teresinha também compôs a "Oração da Santa Face pelos pecadores":
“ Pai Eterno, uma vez tu me destes como minha herança a adorável Face de teu Filho Divino, eu ofereço esta Face a Ti e Te imploro, em troca desta moeda de valor infinito, que perdoes a ingratidão das almas dedicadas a Ti e que perdoes todos os pobres pecadores ”

Maria Pierina e a Medalha da Santa Face

Mais de noventa anos depois das primeiras visões de Jesus pela irmão Maria de São Pedro em Tours, outras visões foram reportadas na Itália. No primeiro dia da quaresma de 1936, a irmã Maria Pierina De Micheli, que nasceu perto de Milão, reportou ter ouvido de Jesus: "Eu desejo que Minha Face, que reflete as dores íntimas do Meu Espírito, o sofrimento e o amor do Meu Coração, seja mais reverenciada. Aquele que medita sobre Mim, Me consola".

Novas visões instigaram a irmã Maria a criar uma medalha com a Santa Face de Jesus, que se tornaria conhecida como Medalha da Santa Face. Num dos lados, ela traz uma réplica da imagem da Santa Face no Santo Sudário e uma inscrição baseada em Salmos 66:2: "Illumina, Domine, vultum tuum super nos" ("Ilumina, Senhor, a Tua Face sobre nós"). No outro, há uma imagem da Santa Hóstia radiante, o monograma do Santo Nome de Jesus ("IHS") e a inscrição "Mane nobiscum, Domine" ("Esteja conosco, Senhor").

Depois de algumas dificuldades, a irmã Maria Pierina conseguiu autorização para cunhar a medalha e a sua devoção começou a crescer na Itália. Quando a Segunda Guerra Mundial começou, muitos soldados e marinheiros receberam a medalha. Maria morreu em 1945, no final da guerra.

Em 2000, o papa João Paulo II afirmou que a inscrição "Illumina, Domine, Vultum tuum super nos" da Medalha da Santa Face sublinha a necessidade de uma reflexão mais profunda sobre a Face de Jesus e a disseminação de sua devoção.

Análise teológica

Em seu livro de 2005, "A Caminho de Jesus Cristo", o papa Bento XVI fez uma análise das devoções à Santa Face e as caracterizou como tendo três componentes distintos. O primeiro seria o apostolado e a orientação da vida do fiel em direção a um encontro com Jesus. O segundo é ver Jesus de fato na Eucaristia e o terceiro, um elemento escatológico intimamente ligado aos outros dois.

Fazendo referência a Mateus 25:31–36 (Ovelhas e Bodes), Bento XVI afirmou que o primeiro elemento envolve ver Jesus no rosto dos pobres e dos oprimidos, no cuidado com eles, mas para poder fazê-lo de forma adequada, os fiéis precisam primeiro se aproximar de Jesus através da Eucaristia. O segundo elemento envolve relacionar a Paixão de Cristo - e o sofrimento expressando pelas imagens que representam sua face machucada - com a experiência eucarística. Assim, a devoção que se inicia com as imagens da Face de Jesus levam à Sua contemplação na Eucaristia. O elemento escatólogico então nasce desta contemplação.
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