terça-feira, 28 de novembro de 2023

SÃO ESTEVÃO, O JOVEM!.( 28 de Novembro)

 


UM SANTO QUE SUBSCITANDO A CONTEMPLAÇÃO NAS IMAGENS SANTAS PARA REFLEXÃO, MORREU NAS MÃOS DOS QUE ODEIAM IMAGENS SAGRADAS.

SÃO ESTEVÃO, O JOVEM!.( 28 de Novembro)

Santo Estevão, o jovem, um dos mártires mais famosos da perseguição iconoclasta, nasceu em Constantinopla. Quando ele tinha 15 anos, seus pais confiaram aos monges do antigo mosteiro de St. Auxentius, não muito longe da Calcedônia.

A profissão do jovem consistia em comprar as provisões. Quando o Egúmeno (Abad) João morreu, Estevão foi escolhido para sucedê-lo. O mosteiro consistia de uma série de celas isoladas, espalhadas na montanha. O novo abade foi criado em uma caverna da cimeira. Aí ele juntou o trabalho à oração: se ocupava em copiar livros antigos.

O imperador Constantino V Coprônimo (718-775) continuou a guerra que seu pai, Leão III Isáurico (675-741), havia declarado às imagens. Seu epíteto pejorativo Kopronymos deriva de kopros (fezes) e onoma (nome). Utilizado pelos defensores das Sagradas Imagens , vinha do fato de ele ter defecado na pia batismal quando estava sendo batizado. Como seria de esperar, encontrou entre os monges a oposição mais forte e contra eles tomou as medidas mais rigorosas. Como estava ciente da grande influência de Estevão,o imperador esforçou-se - sem sucesso algum - para que subscrevesse o decreto promulgado pelos bispos iconoclastas no Sínodo de Hiera do ano 753 (Sínodo espúrio por ser convocado pelo Imperador e não pelo Papa).

Estevão foi levado preso em um navio para um mosteiro de Crisópolis, onde foi julgado. No início, ele foi tratado educadamente, mas depois começaram a maltratá-lo com brutalidade. O santo perguntou-lhes como se atreviam a qualificar de ecumênico um concílio que não tinha sido aprovado pelos outros patriarcas, e defendeu tenazmente a veneração das imagens sagradas. Por isso, ele foi banido para a ilha de Proconeso.

Dois anos depois, Constantino Coprônimo mandou que fosse transferido para uma prisão de Constantinopla. Alguns dias depois, o santo compareceu perante o imperador. Este perguntou-lhe se achava que pisar uma imagem era o mesmo que pisar Cristo. Estevão respondeu: "Certamente que não". Mas logo, pegando uma moeda, perguntou que castigo merecia aquele que pisasse a imagem do imperador que estava nela. A ideia desse crime causou grande indignação. Então Estevão perguntou: “Então é um crime enorme insultar a imagem do rei da terra e não o é jogar no fogo as imagens do Rei dos céus? ”. As respostas do monge abalaram Coprônimo e libertaram sua ira, até que o condenou a ser chicoteado; contudo, sem que mediasse a ordem do imperador, Santo Estevão foi assassinado por um grupo de oficiais no palácio de Constantinopla.

Fonte: Pe. Reinaldo Bento

terça-feira, 21 de novembro de 2023

Exposição de Presépios 2023/2024

 





Exposição de Presépios 2023/2024
Inauguração 07.12.23 - 19h
Tema: "De Greccio ao Valongo: 800 anos do primeiro presépio feito por São Francisco, expressão do amor a Deus e às suas criaturas."

A Mostra dos 800 anos do 1º Presépio de São Francisco de Assis, no Santuário Valongo, é uma celebração magnífica com a curadoria de Elaine Rodrigues.


Com a participação de 40 expositores, a exposição encanta ao apresentar a beleza imensurável dos Presépios, proporcionando uma experiência única e significativa.


Fonte: @santuario_valongo

segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Catarina Paraguaçu e a Igreja da Graça

Catarina Álvares Paraguaçu (Bahia,  1503 – Bahia, 26 de janeiro de 1583) foi uma indígena tupinambá, da região onde hoje é o estado da Bahia. Foi batizada em 30 de julho de 1528, em Saint-Malo, na França. Segundo a certidão, atualmente localizada no Canadá, o seu nome verdadeiro seria "Guaibimpará" e não "Paraguaçu" (nome que significa "mar grande"), como registra frei Santa Rita Durão em seu poema Caramuru. É a mais célebre mulher indígena do período, sendo apresentada por alguns como "uma das mães do povo brasileiro".

Catarina Paraguaçu teria sido oferecida por seu pai, o cacique Taparica, como esposa ao náufrago português Diogo Álvares, o Caramuru, que gozava de grande proeminência entre os tupinambás da Bahia. Faleceu em idade avançada no ano de 1583 e elaborou testamento existente até hoje no Mosteiro de São Bento da Bahia, no qual deixa seus bens para os monges beneditinos. Os seus restos mortais repousam na Igreja e Abadia de Nossa Senhora da Graça, em Salvador.

Uma imagem de Catarina Paraguaçu se encontra aos pés do Caboclo do Dois de Julho, monumento localizado na praça do Campo Grande no centro de Salvador.

Segundo uma lenda, Catarina teria tido sonhos frequentes com náufragos, sofrendo com fome e frio, entre eles, uma mulher com uma criança nos braços. Confiando no caráter místico dos sonhos da esposa, Caramuru teria mandado que procurassem pela orla, até que foram encontrados vários náufragos, mas entre eles não havia nenhuma mulher. Catarina sonhou novamente com a mesma mulher e ela teria lhe pedido que construíssem uma casa para ela na sua aldeia. Em pouco tempo foi encontrada uma imagem da Virgem Maria com o menino Jesus nos braços, que esta localizada no altar da Igreja da Graça.


***


A Igreja e Abadia de Nossa Senhora da Graça está localizada no município de Salvador, no estado da Bahia. Sua construção atual data do século XVI e é tombada pelo IPHAN, incluindo também o seu acervo.

A igreja e abadia foi erguida no local onde existia uma ermida rudimentar mandada erigir pela devoção da índia Catarina Paraguaçu, mulher do português Diogo Álvares, o Caramuru, em 1535, no antigo povoamento denominado Vila Velha, hoje bairro da Graça, em Salvador, Bahia. Catarina teria tido visões na qual a Virgem Maria pedia que fosse construída ali uma capela. Alegam alguns ser esta a mais antiga igreja do Brasil, embora, de acordo com o IPHAN, o templo católico mais antigo do país seja a Igreja dos Santos Cosme e Damião em Igarassu, Pernambuco.

A edificação atual, sob planta do frei Gregório de Magalhães, foi erguida em 1645, em alvenaria de pedra e tijolo. O conjunto arquitetônico que se desenvolve em torno de um claustro, ocupando a igreja um dos seus lados, possui dois pavimentos. Segue um padrão comum aos mosteiros beneditinos do Brasil, separando a vida comunal da vida íntima. A igreja sofreu grandes obras em 1770, quando é ampliada a nave e executada nova fachada barroca, permanecendo contudo a torre na sua feição primitiva, com terminação em meia laranja, reminiscência da técnica moçárabe. De nave única e capela-mor alongada, a igreja possui ainda uma arcada na ala esquerda, hoje fechada, que indica a existência de um avarandado tipicamente seiscentista. Na igreja, está sepultada Catarina Paraguaçu.

É conhecida também como Igreja e Mosteiro da Graça, e está sob a guarda dos monges beneditinos da Bahia."O sonho de Catarina Paraguaçu" (Manuel Lopes Rodrigues, 1871). Igreja da Graça, Salvador.
Acervo

No altar-mor da igreja encontra-se uma imagem de Nossa Senhora encontrada em uma nau naufragada por volta de 1530/ 1535, possivelmente a nau Madre de Dios. Segundo relato do padre jesuíta Simão de Vasconcellos em "Chronica da Companhia de Jesus do Estado do Brasil", escrito em 1663, Catarina Paraguaçu teve uma visão de uma mulher que viajava em uma nau castelhana quando esta foi naufragada. A mulher informou à Catarina Paraguaçu que estava entre os índios e pediu que fosse buscá-la. Caramuru para atender à sua esposa, iniciou a procura e encontrou entre os índios a imagem de Nossa Senhora. Quando a levou para Catarina Paraguaçu, esta a reconheceu como a mulher de sua visão. Em 1921, essa imagem foi modificada por Pedro Ferreira, escultor do Recôncavo Baiano, que pela falta de formação em restauro, acabou descaracterizando-a. Além desta, encontra-se também na igreja a imagem de N.S. do Parto. Estima-se que ela seja do século XVII.

Também faz parte do acervo a tela "O Sonho de Paraguaçu" do pintor Manoel Lopes Rodrigues.

Existem também outras duas telas de autores desconhecidos, uma retratando a visita votiva do Senado à Igreja em 1765 e outra apresentando momentos da vida de Diogo Correia.

Entre os mobiliários do acervo, está uma cadeira do século XVII.

O testamento de Catarina Paraguaçu também se encontra nesta igreja



domingo, 12 de novembro de 2023

A Grande Decoração Barroca

 


Apresentamos o “COLÓQUIO INTERNACIONAL HISTÓRIA DA ARTE: A grande decoração barroca – uma experiência ilusionista entre a Europa e a América Colonial”, organizado pelo grupo de pesquisa Perspectiva Pictorum. O evento terá a participação de professores do Brasil, da Espanha, da Itália, de Portugal e da Colômbia, a se realizar entre os dias 28 à 30 de novembro deste ano, em Belo Horizonte, no campus da Universidade Federal de Minas Gerais (Pampulha). 

Este colóquio se insere num universo internacional de estudos pertinentes ao campo das pesquisas da arte barroca e rococó, especialmente no âmbito da pintura, da arquitetura, dos retábulos e da literatura científica do mesmo período. Portanto, uma maior internacionalização dos estudos e das pesquisas; uma oportunidade de continuar inserido nos centros acadêmicos mais significativos de modo a dar continuidade a trabalhos iniciados em eventos anteriores.

Nossa proposta é aprofundar a formação de alunos de pós-graduação e graduação e congregar professores em torno do estudo da história da arte e da história da ciência. É importante ainda incrementar trocas acadêmicas entre pesquisadores brasileiros e estrangeiros; criar condições concretas de realização de pesquisas conjuntas entre grupos brasileiros e estrangeiros, como também, propor condições de publicações a partir de pesquisas comuns entre grupos diversos, isto é, viabilizar o desenvolvimento de novas pesquisas na área da história da arte. 

Enfim, este colóquio baliza um novo interesse nos confrontos da história da arte e da história da ciência, muitas vezes negligenciados e isolados em estudos separados.
Mais informações no @perspectivapictorum


sábado, 11 de novembro de 2023

Polícia Federal faz perícia no Museu de Arte Sacra, em Ouro Preto, onde foi furtado um rosário do século 19

"Teremos que fazer cofres em vez de museus para trancafiar a história", diz, indignado, o diretor do museu.

O relicário em ouro, do século 19, ficava preso originalmente na ponta de uma cruz

crédito: Prefitura de Ouro Preto/Divulgação

Equipe da Polícia Federal faz perícia, na manhã deste sábado (11/11), no Museu de Arte Sacra de Ouro Preto, vinculado à Paróquia Nossa Senhora do Pilar, no Centro Histórico, onde foi furtado um rosário do século 19. O crime no templo tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) ocorreu na sexta-feira (10/11), às 13h18, sendo praticado, conforme registro das câmeras de segurança, por três pessoas. No local, estiveram, nesta sexta, as polícias Militar e Civil.

Desolado com a situação, o diretor do Museu de Arte Sacra de Ouro Preto e membro da Comissão de Bens Culturais da Arquidiocese de Mariana, Carlos José Aparecido de Oliveira, falou com exclusividade ao Estado de Minas. “Mais uma vez, o Pilar é saqueado. Nossa posição é de desencanto, pois fazemos o trabalho com paixão e sofremos muito, quando isso ocorre. Parece que, em vez de museus, teremos que fazer cofres para trancafiar a história.”






O diretor mantém a esperança de o relicário ser encontrado. “Espero que tudo se resolva, mas é uma sensação muito ruim. Penso que o padre Simões (o pároco José Feliciano da Costa Simões - 1931-2009) sofreu o mesmo em 1973. Ver parte do acervo furtado, algo que está exposto para toda a popular ver, traz o desencanto. Este museu recebe muita gente, muitos jovens, sempre ficamos felizes em ver tanta gente visitando o Pilar, no sentido de valorizar o conhecimento e fortalecer a identidade e a nação. Infelizmente, três pessoas acabam com isso”, lamentou Carlos José, mais conhecido por Caju.

O furto no bem tombado ocorre no ano em que é lembrado o cinquentenário da invasão e do furto do museu localizado no subsolo da igreja barroca, um dos ícones da primeira cidade brasileira (1980) reconhecida como Patrimônio Mundial. Na madrugada de 2 de setembro de 1973, ladrões levaram 17 peças sacras, incluindo uma coleção formada por custódia e três cálices de prata folheados a ouro, de origem portuguesa, usados no Triunfo Eucarístico, em 1733, a maior festa religiosa do Brasil colonial. Os objetos de fé continuam sendo procurados pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), e se encontram entre os bens cadastrados na plataforma virtual Somdar (somdar@mpmg.mg.br). Passados 50 anos, não há, até hoje, pistas das peças levadas pelos ladrões.

Inventário

Conforme o inventário (de 1984) da peça existente na Paróquia Nossa Senhora do Pilar, o relicário em ouro, do século 19, ficava preso originalmente na ponta de uma cruz. Eis a descrição: “Rosário de contas escuras de uma rocha não identificada, com as contas do ‘Pai Nosso’ em ouro, de decoração em corda nas extremidades e um aro de flores e folhas contornando o centro. A cruz é em ouro, tem espessura triangular decorada com folhas estilizadas. O Cristo é também em ouro; acima dele há a inscrição INRI em uma superfície convexa com a base em duas pontas enroladas. As pontas da cruz são formadas por três triângulos superpostos”.

7ª Exposição Franciscana de Presépios

 



sexta-feira, 10 de novembro de 2023

Museu de Arte Sacra de Angra recebe exposição sobre infância de Jesus


Peças do museu podem ser visitadas de forma gratuita | Foto: Divulgação/PMAR


A histórica Igreja da Lapa, no Centro de Angra, que abriga o Museu de Arte Sacra, abrirá na quarta-feira, dia 15, a cativante exposição intitulada “Porque um Menino nos nasceu”. A exposição narra parte da história da infância do Menino Jesus e de sua família, utilizando uma combinação de poemas, esculturas, imagens e peças sacras do acervo local.

A mostra busca transmitir a serenidade e o espírito de alegria que antecedem a chegada das festividades de Natal e estará aberta até 8 de fevereiro de 2024, com entrada gratuita. Os visitantes terão a oportunidade de apreciar poemas de vários autores e explorar o acervo sacro católico de Angra, apresentando figuras de Jesus na infância e sua família, confeccionadas em diversos materiais e técnicas, incluindo esculturas que datam do século XVII até obras contemporâneas.


A infância de Jesus tem sido uma fonte inesgotável de inspiração artística ao longo dos séculos. Os primeiros cristãos, por volta de 354 d.C., começaram a representar artisticamente o nascimento de Jesus em sarcófagos em cidades como Milão e Roma, mesmo quando o Cristianismo enfrentava perseguições. Essas representações evoluíram ao longo dos séculos, e a tradição do presépio, originada com São Francisco de Assis em 1223, continua a ser uma parte fundamental das celebrações natalinas, tanto na Europa como no Brasil, onde foi trazida pelos colonizadores portugueses.

O Museu de Arte Sacra de Angra está de portas abertas para visitação de terça-feira a sexta-feira, das 9h às 12h e das 14h às 17h. Aos sábados, domingos e feriados, o Museu recebe os visitantes das 9h às 13h.

quinta-feira, 9 de novembro de 2023

Os Benfeitores dos Museus do Vaticano: 40 anos a serviço da arte e da fé



Manutenção dos afrescos de Michelangelo na Capela Sistina

Os Benfeitores dos Museus do Vaticano: 40 anos a serviço da arte e da fé

Uma série de atividades nos Museus do Vaticano celebrará a iniciativa de doação e patrocínio que permitiu a preservação e o aprimoramento de um patrimônio de valor inestimável. Uma audiência com o Papa está agendada para a próxima quinta-feira.

Por Paolo Ondarza - Cidade do Vaticano

Era 1983 quando os Benfeitores da Arte dos Museus do Vaticano (Patrons of the Art in the Vatican Museums) nasceram entre a Califórnia e Nova York. Um ano antes, a Santa Sé havia promovido nos Estados Unidos a exposição itinerante "The Vatican Collections. O papado e a arte". Essa exposição despertou em muitos visitantes o desejo de participar e se tornar útil com doações de caridade.

Os benfeitores atuais


Herdeiros dos antigos benfeitores e dos mais recentes "Amigos dos Museus do Vaticano" que, no final da década de 1960, contribuíram para a criação da coleção pontifícia de arte religiosa moderna, fortemente desejada por Paulo VI, os benfeitores hoje estão presentes em vários estados americanos e em mais de nove países ao redor do mundo, inclusive na Europa e na Ásia, com uma intensa atividade de captação de recursos.

Audiência de Paulo VI com artistas na Capela Sistina

Juntos há 40 anos

Ao longo de quarenta anos, graças à generosidade das doações, foi possível restaurar obras-primas únicas dos Museus do Vaticano, como os afrescos das Salas de Raffaello, a Galeria dos Mapas, a Capela Paulina, a Galeria dos Candelabros ou o Pátio da Pinha. "Caminhemos juntos, como o Papa nos convidou a fazer no Sínodo sobre a Sinodalidade que acaba de terminar. Estamos caminhando juntos há quarenta anos", disse o Cardeal Fernando Vérgez Alzaga, presidente do Governatorato do Estado da Cidade do Vaticano, na Sala Nova do Sínodo, na abertura da conferência organizada em Roma de 6 a 10 de novembro para celebrar esse importante aniversário.

Conferência do 40º aniversário dos Benfeitores dos Museus do Vaticano

Arte para a paz

Em um momento tão dramático, a arte é chamada a "construir pontes" e "promover a paz", apontou o cardeal, definindo os Patronos como "um coração pulsante insubstituível, sem o qual os Museus do Vaticano não poderiam cumprir sua tarefa de preservar a beleza que guardam".
Compartilhar arte e fé

"Compartilhar arte e fé" é a missão das coleções papais, destacou a diretora Barbara Jatta, citando como exemplo a recente restauração do ícone do Salus Populi Romani, tão querido pelo Papa Francisco. "Esses benfeitores de nosso tempo apoiam os Museus do Vaticano na conservação de seu patrimônio", disse ela.

"Ser Benfeitor das artes nos Museus do Vaticano", de acordo com Barbara Jatta, "significa ser, em certo sentido, os pais e, portanto, os mantenedores e guardiões do patrimônio da história, da cultura e da fé que a Igreja nos confiou para que possamos preservá-lo, respeitá-lo e honrá-lo".


"Escola de Atenas" de Raffaello - Museus do Vaticano

Preservação e evangelização

"Nossa missão, portanto, como a dos Benfeitores, é preservar para difundir, e a difusão de coleções como as nossas, fundadas, construídas e enriquecidas por papas, cardeais, freiras, bispos e leigos, é evangelização". É no sinal da sinodalidade que ocorrem os cinco dias de comemoração em Roma: "Não é por acaso", acrescenta a Diretora, "que quisemos inaugurar esta reunião na Sala do Sínodo. Durante esses dias, dialogaremos juntos porque, a partir do compartilhamento e das sinergias, criam-se coisas belas para o futuro".

Conferência durante o 40º aniversário dos Benfeitores das Artes dos Museus do Vaticano

Arte que mostra a beleza e a verdade de Deus

Cerca de 300 participantes estarão presentes no 40º aniversário. Durante esses dias, eles visitarão as salas dos Museus do Vaticano, o Palácio Apostólico de Castel Gandolfo e a Basílica de Santa Maria Maior. Na quinta-feira, o aguardado encontro com o Papa na Sala Clementina. Este aniversário representa uma ocasião particularmente importante, de acordo com monsenhor Terence Hogan, Coordenador do escritório para as relações com os Benfeitores das Artes dos Museus do Vaticano, que destaca o valor da conservação do patrimônio cultural dos Museus do Vaticano e do Estado do Vaticano: "através da arte é possível compreender a beleza e a verdade que Deus nos revela".

Fazendo uma retrospectiva das atividades realizadas desde 1983, o sacerdote recorda, em particular, o financiamento da construção do primeiro laboratório de restauração de mármore de última geração nos Museus do Vaticano. Além disso, os Benfeitores apoiam o trabalho dos nove diferentes laboratórios para a restauração, pesquisa e conservação das coleções pontifícias, sem esquecer o que existe fora dos Museus, como os afrescos nas abóbadas do santuário da Escada Santa ou o sítio arqueológico descoberto sob a Basílica de São Paulo Fora dos Muros.


Logo do evento promovido pelos Museus do Vaticano

Beleza que une

Ao comemorar seus primeiros quarenta anos de atividade, os Benfeitores olham para o futuro: "O trabalho que fazemos hoje", conclui monsenhor Hogan, "nós o deixaremos para aqueles que virão depois de nós, para as futuras gerações de benfeitores, graças aos quais será possível continuar a atividade a serviço desse incrível patrimônio cultural de arte, beleza e verdade". Como o Cardeal Vergez Alzaga declarou, a arte pode unir as pessoas e, por meio da beleza e da verdade, ajudá-las a olhar para o futuro com esperança, mesmo em um momento sombrio como o que estamos vivendo".

quarta-feira, 8 de novembro de 2023

Canto gregoriano para compreensão

texto de: 
Jesús Jáuregui Gorraiz




Membros da Schola Gregoriana Gaudeamus. D. N.


De profundis, das Profundezas, onde nasce o Silêncio, onde os Desejos começam a ascender, emerge um canto que é apenas o eco de um murmúrio – o Criador? –, um rugido – Criação?


A música gregoriana aderida à pedra fria do Santuário sobe até à cúpula abobadada da abside onde os melismas saltam e descem, como um nevoeiro quente, sobre a cabeça dos fiéis, descansando e abrandando a sua queda nos quilismas, notas recortadas que sustentam o som. . Começa o canto da Antífona I, Jerusalém, gaude gaudio magno… Aleluia. Ao final, o Silêncio e o Desejo que chegam do Profundeza reverberam na ampla nave do século XI.


Há algo de aéreo nesta música que flutua na austera ornamentação românica, enredada nas formas alegóricas dos capitéis e nas imagens didáticas dos frisos exteriores. O canto gregoriano tudo engloba, resume tudo e torna-o inteligível ou, pelo menos, aproxima-o do conhecimento do divino. Basta ouvir e deixar a música se sentir transportada para a Transcendência. Manuel Olasagasti, teólogo capuchinho, chegou à conclusão de que a música (especialmente no que se refere às cantatas de Bach) contém em si mais argumentos para compreender a ideia de Deus do que toda a Summa theologica de São Tomás. E o canto gregoriano é o maior expoente.


Cântico das Primeiras Vésperas do Advento. Exspectetur sicut pluvia eloquium Domini; et descendet super nos sicut ros Deus noster… “A mensagem do Senhor descerá sobre nós, como chuva, como orvalho…”. A música acompanha esse pedido, começando pela suave e silenciosa nota G, e subindo até encontrar altas tessituras que destacam a ideia de nuvem, de chuva. O tom é sustentado e depois desce, et descendet, sobre nós, sobre os homens.

E se é lindo ouvir, é ainda mais lindo cantar. Sentir que a voz sai acompanhando a letra em comunhão com a história bíblica, expressando a saudade do Advento, da vinda, como a Natureza anseia por todas as chuvas. Depois, o canto do Salmo 115 com melodia repetida espalha orações e louvores por todo o templo que flutuam como fumaça de incenso, como o eco de um mistério, suspenso como um pensamento que não se deseja ou não pode ser expresso.

No momento em que escrevo, nas terras de Abraão, nos templos de Yahweh e nos locais de oração a Allah, cai uma chuva metálica que mata. Como soa fora de tempo a Antífona I!: …quia veniet tibi Salvator! “…porque o Salvador virá até você.” Ninguém vem salvar os israelitas, os habitantes de Gaza, os habitantes da Cisjordânia, nem os judeus, nem os muçulmanos. Meditabor in mandatis tuis. “Meditarei em seus comandos.” Talvez devêssemos repensar porque abandonámos a ideia da existência de um Presidente e porquê a sua substituição por estranhos, chegando em enormes aviões brancos portando armas que matam e destroem.


Canto gregoriano, música de paz para nós que ansiamos pela sua chegada.

*O autor é membro da Schola Gaudeamus

segunda-feira, 6 de novembro de 2023

Furto de um Ostensório

 





Qualquer informação entre em contato pelo (21) 2509-0067

Fra Filippo Lippi


Nascimento 1406, Florença
Morte 8 de outubro de 1469 (62–63 anos), Espoleto
Sepultamento Spoleto Cathedral
Cidadania República Florentina
Etnia Italianos
Filho(a)(s) Filippino Lippi
Ocupação pintor, pintor de afrescos
Obras destacadas Madonna com Menino e Dois Anjos, Annunciation, Adoration in the Forest
Movimento estético renascimento
Religião Igreja Católica

Madonna com dois anjos, meados do século XV, Florença.

Fra Filippo Lippi, ou simplesmente Lippo Lippi, (Florença, c.1406 - Spoleto, 8 ou 10 de outubro de 1469)foi um conhecido pintor florentino do Renascimento.

Lippi foi patrocinado principalmente pelos Médici e dentre seus trabalhos podem-se citar: os afrescos da Capela dos Médici; A Virgem e Menino com Anjos (1467 – 1475) e; A Virgem e Menino com História da Vida de Sant'Ana (1452).

Aos oito anos de idade, a sua tia internou-o num mosteiro carmelita na Toscânia. A vida religiosa, porém, não lhe caiu bem, como descreve Giorgio Vasari em seu livro "As Vidas dos Artistas":"Ao invés de estudar, ele passava todo o tempo rabiscando desenhos em seus livros e nos dos outros, o que naturalmente levou a que o monsenhor lhe desse todas as oportunidades possíveis para que aprendesse a pintar."

Durante trabalhos na cidade de Prato, apaixonou-se por uma noviça chamada Lucrezia Buti filha de Francesco Buti e Caterina Ciacchi. Com ela teve um filho, Filippino Lippi, que também se tornou pintor.


Lippi nasceu em Florence em 1406. Quando ainda era criança, perdeu seus pais e foi enviado para morar com sua tia Mona Lapaccia. No entanto, por ser muito pobre para criá-lo, ela o colocou no convento carmelita, próximo à vizinhança. Ele tinha oito anos quando partiu para o convento e começou sua educação lá. Em 1420, foi admitido na comunidade dos frades carmelitas, em Florença, fazendo votos religiosos no ano seguinte, aos dezesseis anos. Ele foi ordenado sacerdote em aproximadamente 1425 e morou nesse convento até 1432.

Giorgio Vasari, o primeiro historiador da arte do Renascimento, escreve que Lippi foi inspirado a se tornar pintor ao assistir Masaccio no trabalho na igreja Santa Maria del Carmine. Os primeiros trabalhos de Lippi, como Tarronia Madonna (Galleria Nazionale, Roma), mostram essa influência de Masaccio. Devido ao interesse de Lippi, o prior decidiu dar-lhe a oportunidade para aprender a pintar.

Em 1432, Filippo Lippi saiu do mosteiro, embora não tenha sido liberado de seus votos. Em uma carta datada de 1439, ele se descreve como o mais pobre frade de Florença, acusado de manter seis sobrinhas casadas. De acordo com Vasari, Lippi passou a visitar Ancona e Nápoles, onde foi capturado por piratas da Barbária e manteve-se como um escravo branco. Sua habilidade em retratos ajudou a libertá-lo, pois ele teria pintado um retrato do chefe dos piratas com carvão, o chefe, impressionado, teria-o libertado.Louis Gillet, escrevendo para a Enciclopédia Católica, considera esta história "certamente nada além de um romance".

Com o retorno de Lippi a Florença em 1432, suas pinturas se tornaram populares, garantindo o apoio da família Medici, que encomendou A Anunciação e os Sete Santos. Cosimo de Medici teve que trancá-lo para obrigá-lo a trabalhar, e mesmo assim o pintor escapou por uma corda feita de seus lençóis. Sua vida incluiu muitos contos semelhantes de ações judiciais, queixas, promessas quebradas e escândalos.

O fim da vida de Lippi foi passado em Espoleto, onde foi comissionado para pintar cenas da vida da Virgem para a abóbada da catedral. Lippi morreu em Espoleto, em ou próximo a 8 de outubro de 1469. O modo de sua morte é uma questão de disputa. Foi dito que o papa concedeu que Lippi se casasse com Lucrezia, mas antes que a permissão chegasse, Lippi tinha sido envenenado pelos parentes indignados da própria Lucrezia ou de uma senhora que a havia substituído nas afeições do pintor inconstante.

Origem: Wikipédia

Adoração do Menino com São BernardoGaleria UffiziFlorença

Cenas da Vida de São João Batista: o Banquete de Herodes, Catedral de Santo Stefano, Prato, Itália

A Anunciação com dois Doadores AjoelhadosGaleria Nacional de Arte AntigaRomaItália

A Anunciação


domingo, 5 de novembro de 2023

Duas freiras carmelitas buscam recuperar a origem eremita da ordem na Espanha

Madre Ana María e irmã Raquel, eremitas carmelitas, junto com uma jovem postulante | Eremitas Carmelitas


Por Nicolás de Cárdenas


A madre Ana María e a irmã Raquel fundaram uma pequena comunidade carmelita que procura um lugar para poder viver plenamente a sua vocação mais perto das origens eremitas da Ordem no Monte Carmelo, hoje rodeado pela cidade de Haifa, na Terra Santa.

Elas entraram para as carmelitas descalças em Ávila, Espanha, pouco depois de atingirem a maioridade. Hoje, a madre Ana María, nascida em Madri, tem 54 anos e a irmã Raquel, de Toledo, 30. Elas fazem parte de uma comunidade carmelita eremita que conta com a respectiva aprovação canônica há três anos.

“Se Deus quiser, vai entrar outra depois do Natal”, diz a irmã Raquel que atendeu a ligação da ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, no seu estrito horário de uso do telefone.

Elas “ficaram muito tempo discernindo isso” e há cinco anos começaram este caminho em Ávila, onde a diocese lhes proporcionou um lugar provisório para fundar a nova comunidade.

“Temos um carisma totalmente carmelita, mas com um caráter eremítico marcado, ou seja, mais tempo na cela, no silêncio, na solidão dentro do convento”, conta a irmã.

No entanto, não foi possível encontrar ali as condições necessárias, entre outras razões, “porque há poucos padres em Ávila” e não poderia atendê-las da forma ideal. Assim, perguntaram na arquidiocese de Toledo e lhes cederam de forma temporária a casa paroquial de Consuegra.

O espaço, apesar de amplo, “fica no meio da vila e não tem jardim nem nada. Há muito barulho, estamos rodeadas de vizinhos e claro, não é adequado para nós”, acrescenta.

A procura de um local para instalar a nova comunidade é complicada, porque a maior parte dos mosteiros vazios estão nos centros das cidades e são vendidos por um preço muito alto.

Além disso, é uma comunidade quase desconhecida. “Quase ninguém nos conhece, não temos benfeitores, nem ajuda. Alguns padres nos apoiam”. Também alguns grupos, como a associação Nuestra Señora de la Cristiandad.

Para além do projeto de encontrar um mosteiro eremita, há a questão da sua própria manutenção. As duas fazem algumas tarefas como paramentos litúrgicos, casulas e purificadores, mas de forma casual, não organizada como um negócio. Por isso, elas pedem doações através de seu site.
As carmelitas eremita procuram um lugar onde possam viver plenamente a sua vocação. 


Um silêncio mais radical

O que essas duas freiras esperam encontrar na vida de eremita? A irmã Raquel conta que “a vida contemplativa se dedica sobretudo ao cultivo da vida interior, tão necessária. Primeiro, pela salvação de si mesmo e, depois, também por amor à Igreja”.

Em um momento em que “vemos que a Igreja sofre tantas coisas e que somos muito maus em muitos aspectos, uma das formas mais eficientes de contribuir com o nosso grão de areia é a própria santificação”, diz ela.

“Então, que melhor maneira do que se dedicar radicalmente e com todos os esforços possíveis à sua própria santificação para dar essa flor à Igreja, certo?”, coninua.


Para a irmã Raquel, a vida eremita é “um diferencial dentro da vida contemplativa. É um silêncio mais radical, um afastamento mais radical do mundo” que inclui, por exemplo, encurtar o tempo das visitas.

Em última análise, trata-se de “recuperar o carisma original e primordial do Carmelo, que às vezes ficou um pouco negligenciado. É o espírito eremita de santo Elias e dos primeiros padres”, diz a irmã Raquel.

Uma porta aberta para o mundo

O horário da sua comunidade não é o do mundo.

O despertar é às 5h. Depois elas se dedicam à oração e ao estudo. A missa é às 9h. Segue-se um tempo de trabalho, mais oração e leitura espiritual. O almoço está marcado para as 13h e, após um breve descanso, voltam ao trabalho e meditam na lectio divina. Após a oração das vésperas, outro momento de meditação antes do jantar, às 19h30. Elas então desfrutam de 30 minutos de recreação antes de rezar as completas às 21h e ir dormir.

Apesar deste rigor e do seu isolamento do mundo, a comunidade gostaria de encontrar um local ideal onde também pudesse deixar uma porta aberta para o mundo.

“Pretendemos, se encontrarmos o lugar certo, oferecer às jovens uma experiência mais próxima da vida contemplativa”, diz a irmã Raquel. Não só voltado para as vocações, mas para “poder formar as meninas sobre a preciosidade da vida monástica” ou o cultivo do canto gregoriano.

Essa porta também está aberta através de um blog, no qual começaram a publicar algumas reflexões e propor exemplos de entrega como o da jovem navarra Corpus Solá y Valencia, que em 1943 deu a vida para manter a virgindade na cidade de Olite.

“Não se fala com muitas jovens sobre estes temas, sobre entregar a sua juventude a Deus, etc. Nós, que vivemos afastadas, não temos nenhum tipo de apostolado nem podemos falar com as pessoas, nem catequizar, e tivemos a ideia de escrever essas entradas”, conta.

Recuperar a vida monástica

Respondendo sobre a dificuldade do discernimento vocacional para a juventude, a irmã responde sem hesitar: “É mais fácil do que parece. Há meninas que pensam demais nisso. A vocação nada mais é do que uma decisão firme de seguir radicalmente a Cristo. Ninguém deve esperar nada místico ou sobrenatural. É apenas uma decisão firme”.Madre Ana María e irmã Raquel, eremitas carmelitas, junto com uma jovem postulante. Eremitas Carmelitas

Antes de concluir a conversa, acrescenta: “A vida monástica deve ser recuperada porque é crucial neste momento. É um dos meios mais eficazes que a Igreja criou para a salvação das almas e para o seu florescimento”.

“Por amor à Igreja e às almas, entregar a vida a Deus é o melhor que se pode oferecer ao Senhor”, conclui.

sábado, 4 de novembro de 2023

São Carlo Borromeo e sua influência na construção de igrejas e na Arquitetura Religiosa

Por ROGERIO HENRIQUE FRAZÃO LIMA 



Gostaria de falar de um grande santo chamado Carlo Borromeo e sua enorme contribuição para a Arquitetura Religiosa.

Borromeo foi cardeal e arcebispo de Milão e participou ativamente no Concílio de Trento. Ao retornar para Milão, escreveu um documento intitulado "Instructiones Fabricae Et Supellectilis Ecclesiasticae", que foi feito inicialmente para a sua arquidiocese e objetivava oferecer um conjunto de diretrizes para orientar a construção de igrejas conforme os preceitos tridentinos.

Contudo, este ganhou repercussão em todo o mundo ocidental, sendo reeditado várias vezes desde 1577 até 1952. Ele apresenta o documento em trinta e três capítulos. Os trinta primeiros têm foco no projeto das igrejas e incluem também informações sobre catedrais. Estes capítulos abordam:


● a implantação da igreja

● o tamanho

● as características do terreno

● o desenho da fachada, das portas e das janelas

● a organização do interior

● o batistério

● o campanário

● a sacristia

● o mobiliário

● a decoração.

Os três últimos capítulos tratam dos projetos de oratórios e igrejas em conventos e mosteiros. Tais instruções passaram a estar contidas nos livros e documentos tridentinos associados ao rito católico. No Brasil, elas serviram como uma das referências para a elaboração das Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia, publicado em 1707.

Segundo Blunt (2001, p.168), São Carlo Borromeo “é o único autor a aplicar o decreto tridentino à arquitetura”. Estas Instruções, traduzindo o espírito do Concílio de Trento, tiveram grande importância ao criar certa “padronização” na construção de igrejas em todo o mundo católico.

A seguir transcrevo alguns trechos deste documento:




Instructionum fabricae et supellectilis ecclesiasticae. Libri II (1577) - (Imagem: Amazon/Reprodução)


“...É particularmente importante que a localização da igreja, onde quer que seja construída, seja no alto. Se a topografia é tal que não existe uma parte mais elevada, então a igreja deve ser construída sobre uma base, de modo que sejam levantados sobre a planície e o piso seja alcançado por meio de três ou cinco degraus. [...] Que ela se afaste de lugares úmidos, de todos os tipos de sujeira, estábulos, baias de ovinos, tabernas, forjas, lojas e mercados de todos os tipos...”

“...É bom que alguma instrução deva ser dada aqui sobre o assunto do tabernáculo, pois um decreto provincial tornou obrigatória a colocação do mesmo no altar-mor. Nas mais importantes igrejas, sempre que possível, deve ser feito de prata ou bronze, deve ser dourado ou de mármore precioso [...] Além disso, o tabernáculo, definido no altar, terá uma base estável decorada, devidamente executado, com estátuas de anjos ou outro suporte decorado com ornamentos religiosos, será fixado firmemente no lugar sólido. Além disso, será equipado com uma chave...”

“...O coro, como é óbvio a partir de edifícios antigos, e os regulamentos de disciplina da igreja, deve ser separado da parte da igreja onde as pessoas permanecem e cercado por grades. [...] Ele deve, como o arquiteto entender, ser largo e comprido, se o espaço permitir, na forma de um semicírculo ou outra forma, de acordo com o plano da capela ou da igreja, correspondendo assim perfeitamente, inclusive no seu tamanho e ornamentação, à dignidade solene da igreja e o número do clero...”


“...Primeiro de tudo o confessionário será feito inteiramente de painéis de madeira trabalhada. Estes serão colocados em ambos os lados, nas costas e vai cobrir a parte superior, enquanto ele será totalmente aberto na parte da frente, e não deve ser fechada de forma alguma. Todavia, pode ter, sobretudo nas igrejas mais frequentadas, uma porta de treliça ou um portão de madeira [...] Um pequeno braço de madeira será fixado na parte interna do painel entre o confessor e penitente, em que o confessor poderá descansar o braço. Será como uma barra transversal, de modo que possa ser abaixado e levantado, conforme desejado.[...] Uma pequena placa ligeiramente inclinada será definida na extremidade superior. Sobre isso, o penitente pode confiar suas mãos juntas durante a confissão de joelhos...”

Fonte: Inbec

    São Carlos Borromeu



     São Carlos Borromeu (1538-1584), cardeal da Santa Igreja Romana e arcebispo de Milão, de 1565 a 1583, foi definido, no decreto de canonização, como «um homem que, enquanto o mundo lhe sorri com as maiores agruras, vive crucificado ao mundo, vive do espírito, rejeitando as coisas terrenas, procurando continuamente as celestes, imitando na terra, nos pensamentos e nas obras, a vida dos Anjos» (Paulo V, Bula «Unigenitus», de 1 de Novembro de 1610). A devoção aos anjos acompanhou a vida de São Carlos, que o conde de Olivares, Enrique de Guzmán y Ribera, embaixador de Filipe II em Roma, definiu como «mais anjo que homem» (Giovanni Pietro Giussano, Vita di San Carlo Borromeo, Tipografia da Câmara Apostólica, Roma 1610, p. 441).

               

    Muitos artistas, como Teodoro Vallonio, em Palermo, e Sebastien Bourdon, em Fabriano, retractam nas suas pinturas Carlos Borromeu enquanto contempla um anjo que embainha a espada ensanguentada a indicar o fim da terrível peste de 1576. Tudo começou em Agosto daquele ano. Milão estava em festa para acolher João de Áustria, de passagem para a Flandres, de que tinha sido nomeado governador. As autoridades da cidade estavam empenhadíssimas para prestarem ao príncipe espanhol as maiores honras, mas Carlos, seis anos arcebispo da diocese, seguia com preocupação as notícias vindas de Trento, de Verona e de Mântua, onde a peste começava a reivindicar vítimas.                      

    Os primeiros casos eclodiram em Milão a 11 de Agosto, precisamente quando lá entrava D. João de Áustria. O vencedor de Lepanto, seguido pelo governador Antonio de Guzmán y Zuñiga, deixou a cidade, enquanto Carlos, que se encontrava em Lodi para o funeral do bispo, regressou imediatamente. A confusão e o medo reinavam em Milão e o arcebispo dedicou-se inteiramente à assistência aos doentes, convocando orações públicas e privadas. D. Prosper Guéranger resume assim a sua inesgotável caridade: «Na ausência de autoridades locais, organizou o serviço sanitário, fundou ou renovou hospitais, procurou dinheiro e suprimentos, decretou medidas preventivas. Acima de tudo, providenciou o alívio espiritual, a assistência aos enfermos, o sepultamento dos mortos, a administração dos Sacramentos aos habitantes confinados por prevenção nas suas casas. Sem temer o contágio, deu a própria vida, visitando hospitais, orientando as procissões de penitência, fazendo-se tudo para todos como um pai e como um verdadeiro pastor» (L’anno liturgico – II. Tempo Pasquale e dopo la Pentecoste, Paoline, Alba 1959, pp. 1245-1248).     

    São Carlos estava convencido de que a epidemia era «um flagelo mandado do céu» como castigo dos pecados do povo e que, contra isso, era necessário recorrer aos meios espirituais: oração e penitência. Censurou as autoridades civis por terem posto a sua confiança nos meios humanos e não nos meios divinos. «Não tinham proibido todas as reuniões piedosas e todas as procissões durante o tempo do Jubileu? Para ele, estava convencido, eram essas as causas do castigo» (Chanoine Charles Sylvain, Histoire de Saint Charles Borromée, Desclée de Brouwer, Lille 1884, vol. II, p. 135).       

    Os magistrados que governavam a cidade continuavam a opor-se às cerimónias públicas, com medo de que o ajuntamento de pessoas pudesse dilatar o contágio, mas Carlos, «que era conduzido pelo Espírito divino» – diz outro biógrafo –, convenceu-os dando vários exemplos, entre os quais o de São Gregório Magno que tinha parado a peste que devastava Roma em 590 (Giussano, op. cit. p. 266). Enquanto a peste se espalhava, o arcebispo ordenou que três procissões gerais se realizassem em Milão, nos dias 3, 5 e 6 de Outubro, «para aplacar a ira de Deus». No primeiro dia, o santo, embora não se estivesse em tempo de Quaresma, impôs as cinzas sobre as cabeças dos milhares de pessoas reunidas, exortando à penitência. Terminada a cerimónia, a procissão dirigiu-se para a Basílica de Santo Ambrósio.     

    Ele próprio se colocou à frente do povo, vestido com a capa magna, com um capuz e os pés descalços, a corda de penitente em volta do pescoço e uma grande cruz na mão. Na igreja, pregou sobre o primeiro lamento do profeta Jeremias: Quomodo sedet sola civitas plena populo[1], afirmando que os pecados do povo tinham provocado a justa indignação de Deus. A segunda procissão presidida pelo cardeal dirigiu-se para a Basílica de São Lourenço Maior.         

    No seu sermão, aplicou à cidade de Milão o sonho de Nabucodonosor, de que fala Daniel, «mostrando que a vingança de Deus tinha vindo sobre ela» (Giussano, Vita di San Carlo Borromeo, p. 267). No terceiro dia, a procissão dirigiu-se da Catedral para a Basílica de Santa Maria de São Celso. São Carlos levava nas suas mãos a relíquia do Santo Prego de Nosso Senhor, doada pelo imperador Teodósio a Santo Ambrósio, no século V, e terminou a cerimónia com um sermão intitulado: Peccatum peccavit Jerusalem (Jr 1, 8). A peste não mostrava sinais de diminuição e Milão parecia despovoada porque um terço dos cidadãos tinha perdido a vida e o resto estava em quarentena ou não ousava sair de casa. O arcebispo ordenou que se erguessem, nas principais praças e ruas da cidade, cerca de vinte colunas de pedra encimadas por uma cruz para permitir que os habitantes de cada bairro participassem nas missas e nas orações públicas desde as janelas de casa.     

    Um dos protectores de Milão era São Sebastião, o mártir a quem os romanos tinham recorrido durante a peste do ano 672. São Carlos sugeriu aos magistrados de Milão que reconstruíssem o santuário a ele dedicado, que caía em ruínas, e que celebrassem, durante dez anos, uma festa solene em sua homenagem. Finalmente, em Julho de 1577 a peste parou e, em Setembro, foi posta a primeira pedra do templo de São Sebastão, onde, a 20 de Janeiro de cada ano, ainda se celebra uma Missa para recordar o fim do flagelo.  

    A peste de Milão de 1576 foi o que o saque dos Landsknechts tinha sido para Roma cinquenta anos antes: um castigo, mas também uma ocasião de purificação e de conversão. Carlo Borromeu recolheu as suas meditações num Memorial, no qual escreveu, entre outras coisas: «Cidade de Milão, a tua grandeza subia até aos céus, as tuas riquezas estendiam-se até aos confins do universo mundo (…) A peste, que é a mão de Deus, veio do céu e, de seguida, foi reduzida a tua soberba» (Memoriale al suo diletto popolo della città e diocesi di Milano, Michele Tini, Roma 1579, pp. 28-29). O santo estava convencido de que tudo se devia à grande misericórdia de Deus: «Ele feriu e curou; Ele flagelou e curou; Ele colocou a mão na vara do castigo e ofereceu o bastão do apoio» (Memoriale, p. 81). 

    São Carlos Borromeu morreu a 3 de Novembro de 1584 e está sepultado na Catedral de Milão. O seu coração foi solenemente transladado para Roma, para a Basílica dos Santos Ambrósio e Carlos, onde ainda é venerado. Inúmeras igrejas são-lhe dedicadas, entre as quais a majestosa Karlskirche, em Viena, construída, no século XVIII, como acto votivo do imperador Carlos VI, que confiou a cidade à protecção do santo durante a peste de 1713.       

    Durante os seus dezoito anos de governo da diocese de Milão, o arcebispo Borromeu dedicou-se com igual vigor a combater a heresia, que considerava a peste do espírito. Segundo São Carlos, «de nenhuma outra falha é Deus mais gravemente ofendido, por ninguém provocado a maior indignação do que pelo vício das heresias, e que, por sua vez, nada pode arruinar tanto as províncias e os reinos como pode aquela horrível peste» (Conc. Prov. V, Pars I). São Pio X, citando esta sua frase, definiu-o «modelo do rebanho e dos pastores nos tempos modernos, incansável defensor e conselheiro da verdadeira reforma católica contra esses modernistas recentes, cuja intenção não era a reintegração, mas a deformação e destruição da fé e dos costumes» (Encíclica Edita saepe, de 26 de Maio de 1910). 

    04 Novembro - Nossa Senhora de Kazan.

     



    O ícone apareceu pela primeira vez na cidade de Kazan no ano de 1579, apenas 26 anos após a criação de uma diocese da Igreja Ortodoxa Russa na região – que até então era de maioria muçulmana.
    Em junho daquele ano houve um devastador incêndio na cidade. Após este evento, a filha de um oficial da infantaria russa teve uma visão da Mãe de Deus, que lhe disse para encontrar seu ícone entre as cinzas de uma casa queimada.
    Ninguém acreditou na menina, mas as visões continuaram. Então a mãe da menina pediu aos padres ortodoxos que as ajudassem, mas inicialmente nem estes quiseram ajudar. Após muitos apelos ao bispo de Kazan, foi decidido que ajudariam a encontrar o santo ícone.
    Assim que a menina começou a cavar, ela encontrou o ícone embrulhado em um pano. Posteriormente, por ordem do czar, no local foram construídos um mosteiro e uma igreja.
    Dois fatos importantes na história da Rússia são associados a milagres realizados pelo ícone: a vitória dos russos sobre os poloneses em 1612 e a libertação de Moscou dos invasores franceses em 1812.
    O ícone original foi venerado durante anos no santuário de FÁTIMA em Portugal , depois da queda do regime comunista foi devolvido a Igreja Russa.

    Fonte; Pe. Reinaldo Bento

    sexta-feira, 3 de novembro de 2023

    Um programa dedicado a árias sacras de Mozart

    Ouça o Laudate Dominum do dia 22 de outubro

    Cultura FM - 103,3 - Amaral Vieira

    Reprodução da Internet.Mozart

    Ouça o programa completo: aqui


    Para este Laudate Dominum, o apresentador Amaral Viera fez uma seleção de árias sacras que demonstram o amadurecimento e a genialidade de Wolfgang Amadeus Mozart, que com apenas onze anos de idade compôs a Cantata da Paixão Grabmusik índice Köchel 42 para soprano, baixo, cordas e duas trompas.

    Outro ária de destaque é o Agnus Dei, último movimento da obra Litaniae Lauretanae K.195. Litaniae Lauretanae, que podemos traduzir livremente por Ladainha Lauretana ou Ladainha da Santíssima Virgem, teve origem no final da Idade Média.

    Em 1587 o Papa Sisto Quinto acabou aprovando oficialmente esse nome, que era dado à ladainha utilizada pelos fiéis que frequentavam a Santa Casa da cidade de Loreto.

    Mozart compôs em 1771 sua primeira Litaniae Lauretanae que foi catalogada como índice Köchel 109.

    O manuscrito autógrafo das Ladainhas K.195 tem a data de 1774 e tudo leva a crer que esta obra foi escrita para as celebrações marianas da Catedral de Salzburg.

    O musicólogo alemão Alfred Einstein, um dos grandes pesquisadores da vida e obra de Mozart, afirmou que este Agnus Dei era uma das obras mais sobrenaturais do compositor austríaco.

    Einstein acrescentou ainda que este movimento era uma oração que conduzia o ouvinte ao estado da bem-aventurança espiritual.

    Um programa dedicado à música sacra que não faz distinção de credo ou de período estético, da música antiga à contemporânea. Ecumênico na acepção plena da palavra, o programa contempla compositores das mais diversas épocas, nacionalidades e credos religiosos.

    "Laudate Dominum" está no ar desde 1989 e é apresentado pelo pianista e compositor Amaral Vieira.

    "Laudate Dominum" vai ao ar domingo, às 9h, com reapresentação na terça-feira, às 23h00, na Cultura FM (103,3).
    Produção: Bruno Lombizani
    Estágio em produção: Bianca Neves
    Trabalhos técnicos: Wagner Freitas

    Fonte: TV Cultura


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