quinta-feira, 31 de maio de 2012

Museu de São José do Rio Pardo celebra 26 anos com exposição sacra

Imagens, rosários, candeeiros e casulas fazem parte dos objetos expostos. 

Do G1 São Carlos e Região

O Museu Arsênio Frigo de São José do Rio Pardo (SP) celebra os 26 anos de existência com uma exposição de arte sacra. Imagens, rosários, candeeiros e paramentos estão expostos para a visitação dos moradores.Ao todo, foram reunidos materiais de oito paróquias, além de obras de colecionadores particulares para a exposição.

Os objetos que mais despertam a curiosidade dos visitantes são as casulas, roupas usadas pelos padres na celebração das missas. As vestimentas da década de 1960 chamam a atenção por possuírem mais detalhes e enfeites na parte de trás, isso porque naquela época os sacerdotes celebravam as missas de costas para os fiéis.
Há casulas de 1960
“O papa João XXIII sentiu o desejo de modernizar a Igreja no sentido de adaptar-se ao tempo. Então mudaram-se os paramentos. Nós temos aqui paramentos do tempo antigo, de quando eu era criança, como do tipo romano e o tipo gótico. É uma boa forma de resgatar a história e isso ajuda as pessoas entenderem como a religião era e como esta hoje”, explicou o cônego João Antônio Darci.

Uma das batinas que se destaca é a que foi usada pelo padre italiano Bonifácio Ciccocofre, que viveu 40 dos 80 anos de vida em Rio Pardo. “Pela forma como ele trabalhava e celebrava muito, o povo riopardense até hoje tem muito carinho por ele”, lembrou abade Dom Paulo Celso Demartini.

Exposição
A exposição vai até o dia 30 de junho e fica aberta de segunda à sexta-feiras das 8h às 17h. Aos domingos funciona das 6h às 22h.
Museu de São José do Rio Pardo celebra 26 anos com exposição sacra (Foto: Reprodução/EPTV) 
Ao todo, foram reunidos objetos de oito paróquias para a exposição (Foto: Reprodução/EPTV)

quarta-feira, 30 de maio de 2012

A arte sacra entre Fides et Ratio - Discursos sobre arte sacra

Como publicamos anteriormente os comentários do Mons. Prof. Daniel Estivil, da Pontifícia Universidade Gregoriana e a introdução e comentários do S. Ex. Card. Antonio Cañizares Llovera, Cardeal Prefeito da Congregação para o Culto Divino sobre o Livro de Rodolfo Papa entitulado: "Discursos sobre arte sacra" (Edições Cantagalli 2012), apresentamos hoje mais uma reflexão sobre o livro:



Reflexões sobre o mais recente livro de Rodolfo Papa

Por Tommaso Evangelista*
ROMA, (ZENIT.org)
A leitura da inseparável relação entre arte e fé e a análise das dinâmicas contemporâneas lançam nova luz sobre o hodierno sistema da arte e sobre a essência mais profunda da pintura, propondo uma saída e uma ajuda à liturgia.

Há pessoas que passam uma vida colocando livros em uma biblioteca e outras que colocam uma biblioteca inteira em um livro. Discursos sobre arte sacra (Edições Cantagalli 2012) de Rodolfo Papa se coloca nesta segunda categoria e é efetivamente uma summa do sistema da arte colocada ao serviço da arte sacra autêntica. Papa colocando a bom uso a rica experiência de vinte anos amadurecida em qualidade seja como historiador da arte, seja como artista e passeando entre filosofia, história, teologia e crítica de arte, tendo sempre como sólidos pontos de referência os textos do Magistério, cumpre um estudo tão singular como indispensável.  Singular porque dificilmente, na hodierna literatura sobre a arte, se encontra um volume que funde com lucidez uma leitura da condição atual com uma redescoberta, e atualização, dos escritos do passado; indispensável porque, evitando a estrada de redefinições intermináveis da arte prontas a partir dos saberes particulares, evitando assim ulteriores fragmentações teóricas, busca sair do relativismo presente para propor estáveis e lógicos modelos de referência . A estrutura escolhida para analisar tal complexo sistema é aquela do discurso, como gênero literário e  forma expressiva, que permite a focalização sobre diversos pontos e simultaneamente o avanço para um objetivo final que é a definição dos fundamentos da arte sacra. O vários capítulos afrontam diversas questões particulares e compreendem reflexões teóricas e exempla traçadas pela história da arte e que ajudam a contextualizar e definir os raciocínios.

Grande atenção é reservada ao esclarecimento dos termos lingüísticos essenciais, indispensáveis na economia da análise, enquanto o uso abundante de citações, não como simples referências, mas como indicações funcionais ao texto, permite acompanhar a relação entre escrita e imagem na história do cristianismo e por outro lado conhecer os textos contemporâneos de estudiosos que, embora longe do cristianismo, chegam a intuir a solução do problema.

O objetivo do texto é definir a arte sacra e suas propriedades intrínsecas em uma época que não só perdeu o conceito de arte, tornando-o subjetivo e fluído, mas também a noção do Sagrado, uma verdadeira e real apostasia, para a qual Papa caracteriza origens e consequências. Assim pensando, o autor chega a propor uma definição geral, extraída de textos clássicos, que não apresenta como dogma, mas a insere na hodierna especulação demonstrando como é possível ainda refletir em termos positivos sobre o  estatuto epistemológico da arte: ars est recta ratio factibilium. Esta enunciação é a premissa para a descoberta de pelo menos quatro características fundamentais da arte sacra (de modo especial da arte da pintura): universalidade, beleza, figuratividade e narratividade.

Papa no Discurso sobre Artes, muito inteligentemente, depois de analisar diversas contribuições de teóricos e críticos atuais (Warburton, Shiner, Danto, Belting, Didi-Huberman), mostrando as dificuldades em chegar a instruções estáveis e abrangentes, oferece a célebre frase de São Tomás, para a qual a arte é a correta razão das coisas a serem feitas (“recta ratio”)  e declina ao plural o problema: "se o termo arte é declinado ao plural como um gênero que compreende várias espécies, o problema da sua definição aparece resolúvel, também nas situações contemporâneas". Nesta ótica, as "espécies" da performance ou das instalações ou ainda da body art  terão necessidades de um próprio estatuto e de regras peculiares que alguém deverá fornecer e assim garantirão, por diversidade, a identidade e a sua definibilidade, por exemplo pintura, e a possibilidade de afirmar o que é arte e o que não é. Observando o sistema deste ponto de vista, além disso, a chamada arte "contemporânea" com seus rituais de produção e fruição aparece agora cristalizada e a aparente multiformidade se demonstra já codificada e globalizada pelo mercado que, a partir da Pop Art, é  expressão vazia desta aparente criatividade.

Naturamente nem todos os gêneros podem estar a serviço da Igreja e com cautela Papa muitas vezes em vários capítulos detem-se sobre intrínsecas diferenças e seus perigos. Revivals diatópicos e diacrônicos, utópicos e  ucrônicos, a recuperação do "pensamento selvagem" e de um primitivismo original, instâncias liberais, libertinas e neo-pagãs, a busca do irracionalismo e do esoterismo são estradas buscadas do Iluminismo em diante com o objetivo de introduzir formas criadas por diferentes sistemas de arte para arrombar a estrutura do interior e discristianizar a arte. Diferente da recuperação da cultura greco-romana no Renascimento, que buscou cristianizar os elementos pagãos, o anacronismo próprio de diversas vanguardas históricas não tem relações com a Igreja, e usa de uma cultura arcaica e uma visão distorcida do sagrado.
Interessante e original, o Discurso sobre a luz mostra como na arte contemporânea se passou "de uma visão metafísica a uma materialista» também por culpa do abandono e/ou do excesso de luz. Se em pintura a claritas, a clareza e esplendor, cede lugar às cores, ou à matéria que não comunica mais visões celestes mas sempre mais se aproxima à baixeza do homem, em arquitetura acontece o contrário e o excesso de limunosidade conduz a uma desmaterialização que rejeita a dimensão criatural da realidade.
Indispensável, o Discurso sobre imagens e sobre o corpo parte de um paradoxo: enquanto se vive em uma  "sociedade da imagem" a imagem (e o corpo) muitas vezes estão ausentes também no ambiente litúrgico, onde mais do que nunca é reivindicada a sua presença enquanto a religião cristã começa propriamente com o encontro com a corporeidade de Cristo, de Deus feito homem.

A única imagem que se aceita bem atualmente é aquela tecnológica que tem efeito muito menos dispendioso. A imagem revestida ou manufaturada, tecnicamente perfeita ("Photoshapada"), fala-nos de um mundo que perdeu a busca de uma experiência interior, que rejeita a complexidade e a abertura que apenas uma arte que visa superar os limites de imitação pode garantir. Nesta ótica deve-se rejeitar a fotografia, enquanto invasão excessiva do real que anula a mediação pessoal e de consequência o hiperrrealismo: diferente da prospectiva criada para representar o mundo e as histórias sagradas, educando o senso de visão, a imagem hodierna aparece desencarnada e não adequada à devoção.

É fundamental a recuperação da beleza que Papa considera nos termos ontológicos  de "transcendente": a beleza é a perfeição,  harmonia e esplendor (integritas, proportio e claritas)  e está associada à bondade e ao bem. A beleza transcende o homem e é capaz de lhe revelar algo da realidade, neste sentido comunica também a verdade; o homem, por sua parte, é naturalmente inclinado a acolhê-la e a encontrá-la. Também a arte, especialmente se serve à liturgia, não pode prescindir da beleza, dado que as obras de arte sacra devem expressar a infinita beleza divina e levar as almas para Deus. Eu recuso assim as atuais concepções relativistas de beleza (beleza como ausência, como desarmonia, como estranheza) ou as estéticas do feio, porque, como não existe um mal absoluto, porque mal é a falta de um bem, assim, não pode existir nenhuma feiúra absoluta que é a perda do belo ou o seu não perfeito desenvolvimento.

O discurso sobre arte sacra  é a conclusão dos discursos precedentes porque evidenciar a centralidade das imagens sacras apresenta-se cada vez mais fundamental em uma sociedade "líquida" e "neotribal" que perdeu qualquer ligação com o transcendente. Como escreveu Joseph Ratzinger a crise de arte é um "sintoma da crise existencial da pessoa" e, portanto, colocar alguns pontos certos em um momento tanto confuso não é senão um fator positivo. O capítulo é muito complexo e explicativo graças à referência constante aos textos do Magistério dos quais emerge claramente como a arte deve celebrar a infinita beleza divina colocando-se ao serviço da liturgia, iluminada pela fé, evitando simbolismo excessivo e o realismo exagerado.

A Arte Sacra, ao contrário das mais variadas expressões criativas que parecem durar o tempo de exposição em um contexto saturado de novidades e provocações, é sempre viva e se renova continuamente no sulco da Tradição. Dadas aquelas características fundamentais e imprescindíveis: a universalidade, a beleza, a figuratividade e a narratividade, a liberdade do artista (de fé) é muito ampla. Papa, um verdadeiro artista ao serviço da Igreja, nos mostra  com este texto que há estradas ainda transitáveis e como é  irracional falar de "morte da arte". E também no hipotético caso que todo este saber venha a cair e que a dimensão do sentimento, do instinto, da arbitrariedade substitua o relacionamento fecundo entre Fides e Ratio. Citando o parágrafo A arte na espiritualidade em referência à imagem da Divina Misericórdia, é confortante saber que há um Outro, além das críticas e teorias, que continua a se comunicar através das imagens.

*Tommaso Evangelista é historiador e crítico de arte, jornalista cultural, especialista em didática de museu.
[Tradução Ir. Patricia Souza, pmmi]

Tesouros esquecidos. Ou perdidos?

Segunda vila fundada na Capitania de São Vicente, Mogi das Cruzes teria tudo para reunir, em seu perímetro, verdadeiros tesouros históricos. De toda ordem: arquitetônico, musical, arte sacra, documental, iconográfico. Teria, não fosse o absoluto desleixo ao qual se relega, desde sempre, aquilo que lhe poderia fazer a diferença. Escapam da regra ações ligadas à Igreja Católica, instituição responsável, em primeira instância, pela própria fundação do aglomerado.
O “desde sempre” do parágrafo anterior não é força de expressão: a certidão de nascimento da Cidade, identificada pelo seu foral de elevação a vila, perdeu-se menos de 100 anos depois do 1º de setembro de 1611. Tanto que, em 11 de maio de 1748, o juiz ordinário Manuel Rodrigues da Cunha mandou reconstituir o processo.
Quando do tombamento das igrejas do Carmo de Mogi das Cruzes (final da década de 1960, início da década de 1970), a proximidade entre funcionários do Instituto do Patrimônio Histórico e Geográfico Nacional e gente da Cidade acabou permitindo que a documentação da vila fosse enviada a São Paulo para restauração. Como ocorre com tudo aquilo que não tem dono – nem responsável – o tesouro ficou por anos esquecido; foi devolvido no início da década de 1980. Mas não completo. E, como quem enviou não foi quem recebeu de volta, parte importante da documentação acabou ficando nos escaninhos da delegacia paulista do Iphan.
Foi só o acaso que permitiu a retomada de um conjunto de partituras sacras das mais valiosas, enviadas junto com o Foral da Vila. Aconteceu em 1998: um pesquisador, consultando os alfarrábios guardados em São Paulo, localizou aquilo que hoje é reconhecido como o “Grupo de Mogi das Cruzes”. Sabendo da propriedade, o pesquisador consultou o Departamento do Patrimônio Histórico solicitando autorização para sua reprodução. Uma extenuante peregrinação permitiu a retomada do tesouro que o Iphan alegava ter recebido como doação, mas não conseguiu apresentar o documento de posse.
PERGUNTA-SE: onde estão hoje o Foral da Vila e as partituras do “Grupo de Mogi das Cruzes”?
Não é diferente o destino incerto que se deu a dois tesouros, verdadeiras relíquias preservadas por muitos anos: são duas bandeiras, uma do século 18, outra do século 19. A mais antiga, que se tem como da Câmara Municipal de Mogi das Cruzes, é em seda vermelha. A outra, bordada em ouro sobre damasco, tem o escudo de armas do Império sobre um quadrilátero cor de ouro, colocado no centro de um paralelogramo verde. As franjas são amarelas e era tida como a única de seu tamanho em São Paulo. Fora esquecida por estas bandas pela comitiva do imperador Pedro I por ocasião de uma de suas passagens pela localidade quando empreendia périplos entre Rio de Janeiro e São Paulo de Piratininga.
Por dezenas de anos as duas bandeiras, fixadas em vitrines, estiveram expostas em salas nobres da Prefeitura local. Há vários registros disso, como nas fotos que mostram recepção do prefeito Chico Lopes ao governador Lucas Nogueira Garcez (início da década de 1950) e da posse do prefeito Maurílio de Souza Leite (início da década de 1960). Também a que ilustra esta página, datada do início da década de 1950. Até mesmo o prefeito Waldemar Costa Filho, declaradamente reticente no que dizia respeito às questões culturais, as manteve por onde passeou pelo cargo: no casarão da Rua José Bonifácio, na antiga Caric da Avenida Pinheiro Franco, nas instalações do Lions Club na Praça Norival Tavares e no prédio que mandou construir no Centro Cívico. Dali as bandeiras saíram durante os dois mandatos de Junji Abe (2001-2008). Para onde?
PERGUNTA-SE: onde estão hoje as duas bandeiras dos séculos 18 e 19, tesouros históricos da Cidade?
Por cerca de 60 anos, o jornalista e historiador Isaac Grinberg manteve, em permanente atualização, um valioso acervo iconográfico e documental sobre Mogi das Cruzes. É de sua autoria a mais acalentada bibliografia sobre a Cidade. Seu primeiro livro – “História de Mogi das Cruzes” (1961) – é indispensável para o entendimento e a consulta do passado local. A maior parte deste texto foi pesquisada em livros de Isaac.
Quando da morte do historiador (2000), sua família doou a maior parte do acervo à Prefeitura de Mogi das Cruzes, que assumiu o compromisso de preservação e exposição do tesouro. A Prefeitura então criou, no papel, o Arquivo Histórico que leva seu nome. No papel, já que, desde então, a página oficial da internet informa que “no momento, o acervo está passando por um sistema de organização e troca de suportes de acondicionamento e a preparação de documentos para acesso via Internet. A política de reprodução a ser implantada será a da utilização de microfilmagem, digitalização com câmeras fotográficas e, em casos especiais, a utilização de scanners.” Nesta Cidade sempre houve momentos que costumam ser demorados. Como se vê, continuam havendo
PERGUNTA-SE: onde estão as fotos e documentos integrantes do acervo de Isaac Grinberg?
Oscar D’Ambrosio, um dos mais respeitados críticos de arte do País, diz sobre o patrimônio da Cidade: “Quando se pensa na pintura, Mogi das Cruzes oferece um panorama que é o mapa do próprio Céu. Não é outra a sensação ao ver, no forro da nave da Igreja da Ordem Terceira do Carmo, o Êxtase de Santa Teresa e Nossa Senhora do Carmo entregando o escapulário a São Simão Stock, obras atribuídas, respectivamente, a Manoel do Sacramento e a Antônio dos Santos. O mesmo fascínio ocorre ao contemplar a autoridade, ao mesmo tempo, solene e bem humorada de Santo Elias, na tarja do forro da capela mor da Igreja de Nossa Senhora do Carmo”.
Aí se chega à constatação de que, excetuado o destino que se deu aos dois altares laterais que ornavam a antiga Igreja Matriz, estão com os católicos as ações mais responsáveis de preservação dos tesouros locais. Exceção: quando ruiu a velha Matriz, em 1952, um dos altares foi transferido para a paróquia Nossa Senhora do Brasil, em São Paulo. O outro? Sabe-se lá.
Em 1970 o primeiro bispo de Mogi – dom Paulo Rolim Loureiro – criou o Museu de Arte Sacra e o abrigou nas igrejas do Carmo, patrimônio histórico tombado pelo Governo Federal. Ali há mais de 100 peças de valor incalculável e o acervo é tido como um dos mais representativos conjuntos do gênero do País, à exceção daqueles preservados pelo circuito histórico de Minas Gerais.
Outro tesouro local, este preservado – mas longe de ter a garantia de sua eternizaçao – é o Casarão do Chá. Segundo o crítico Jotabê Medeiros, “não existe nenhuma outra construção como o Casarão do Chá no Brasil. Construído pelo mestre-carpinteiro japonês Kazuo Hanaoka em 1942 (ano em que o Brasil rompia relações diplomáticas com o Japão), é o único exemplar da arquitetura japonesa no País tombado pelo patrimônio histórico.” O prédio, que abrigava uma fábrica de chá no Cocuera, não tem um prego ou parafuso, apenas encaixes que garantem a sustentação da madeira. Vai para 10 anos que se construiu um galpão de proteção ao prédio, 20 anos depois do tombamento.
Da mesma forma a Cidade parece ignorar por completo os artistas que passaram por aqui e legaram obras diretamente vinculadas a ela. Há exemplos como Chang Daí-Chien, Alfredo Volpi, Mário Zanini, Barros o Mulato – e tantos outros.
Não importa a seara, o costume de esconder o que seja sob o tapete segue impecável: há 70 dias (15 de março), o murmúrio de mais de 100 manifestações em uma rede social da internet fez a Prefeitura de Mogi fechar com tapume e cobrir com lona o que restava da “Casa da Bala”, desapropriada sob a alegação de interesse cultural na Rua Coronel Souza Franco. Hoje, o tapume e a lona seguem como dantes. Impecáveis, sem telhado.

Por Chico Ornellas
O Diário de Mogi

terça-feira, 29 de maio de 2012

As Belas Igrejas de Jaboatão dos Guararapes e de Paulista - Pernambuco


Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres - Jaboatão dos Guararapes
Rua Ladeira da Igreja, s/n, Prazeres. Fone: (81) 3476-3944


Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres. Crédito: Alcione Ferreira/ DP/D.A. Press
Foi erguida em 1565 pelo General Francisco Barreto de Menezes, em agradecimento às vitórias das Forças da Restauração Pernambucana nas duas batalhas travadas no local contra os holandeses que invadiram a Capitania. Fica localizada nos Montes Guararapes, dentro do Parque Histórico de mesmo nome. Guarda imagens barrocas de grande valor histórico e obras de arte dos séculos XVII e XVIII, além dos restos mortais de André Vidal de Negreiros e João Fernandes Vieira, heróis das batalhas da Restauração. A igreja fica aberta à visitação de terça-feira a sábado, das 8h às 12h e das 14h às 17h.


Igreja de Nossa Senhora da Piedade
- Jaboatão dos Guararapes
Avenida Beira Mar, s/n, Piedade. Fone: (81) 3361-1713

 Igreja de Nossa Senhora da Piedade. Crédito: Valter Andrade/Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes
Data de 1683, mas apresenta características das construções do século seguinte por conta das reformas e ampliações pelas quais passou. É uma construção em alvenaria de pedra com um convento em anexo (daí ser também conhecida com Convento de Nossa Senhora da Piedade). Seu fundador, Francisco Gomes Salgueiro, doou a capela à Ordem Carmelita, sua atual mantenedora. Aberta nos horários de missa.

Igreja de Nossa Senhora do Loreto
- Jaboatão dos Guararapes
Rua Nossa Senhora do Loreto, s/n, Piedade. Fone: (81) 3469-3674


Igreja de Nossa Senhora do Loreto. Crédito: Valter Andrade/Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes
Os historiadores acreditam que ela foi erguida em agradecimento a uma promessa feita por algum proprietário de terras da localidade, após a invasão holandesa. Tem estilo maneirista e é a única em Pernambuco a apresentar alpendres no andar superior. Aberta nos horários de missa.

Igreja de Santa Isabel - Paulista
Praça Agamenon Magalhães, s/n, Centro. Fone: (81) 3433-0982

 Igreja de Santa Isabel. Crédito: Prefeitura de Paulista
Principal cartão-postal do município de Paulista, a 20 km do Recife, a igreja foi construída entre os anos de 1946 e 1950, prestando uma homenagem ao nome da Rainha de Portugal, à época. Possui 60 metros de altura, estilo eclético (romano, neoclássico e neogótico) e foi todo edificada com tijolo aparente. Possui três portas, uma única torre sineira no centro do seu frontão, duas tribunas, um coro, nave única e arcadas com janelas. Seu altar-mor é simples, ladeado por dois altares laterais. Aberta de terça-feira a sábado, das 8h às 12h e das 14h às 17h.

Conjunto Arquitetônico de Nossa Senhora do Ó - Paulista
Avenida Claúdio Gueiros Leite, s/n, Pau Amarelo. Fone: (81) 3436-3421


Conjunto Arquitetônico de Nossa Senhora do Ó. Crédito: Marcelo Soares/Esp. DP/D.A. Press
Situa-se a cerca de 1.500 metros do Forte de Pau Amarelo, no município de Paulista, e é um conjunto arquitetônico marcado por um fato histórico de importância nacional: o desembarque das tropas flamengas em 1630, que deu início à ocupação que duraria 24 anos. O conjunto é formado pela igreja datada de 1811 e apresenta características da arquitetura religiosa e rural do século XVIII. Aberta à visitação de terça-feira a sábado, das 14h às 17h.

As Belas Igrejas de Olinda - Pernambuco


Convento de São Francisco
Ladeira de São Francisco, 280, Alto da Sé. Fone: (81) 3429-0517/3493-0313

 Convento de São Francisco. Crédito: Passarinho/Prefeitura de Olinda
Erguida em 1585, a construção foi parcialmente destruída por um incêndio provocado pelos holandeses em 1631. A grande riqueza do convento fica por conta dos azulejos portugueses nos corredores. Além disso, o convento reúne duas capelas. Aberta à visitação, todos os dias, das 9h às 12h e das 14h às 17h.

Igreja de São Salvador do mundo (Igreja da Sé)
Alto da Sé, s/n. Fone: (81) 3271-4270


Vista aérea da Igreja da Sé. Crédito: Antônio Melcop/Pref.Olinda
Construída em 1535, foi a primeira paróquia do Nordeste. Desde 1676 é a catedral da Arquidiocese de Olinda e Recife. Do alto da Sé, é possível avistar uma paisagem inesquecível: as cidades de Olinda e Recife, juntas. Aberta todos os dias, das 9h às 17h.

Igreja de Nossa Senhora do Amparo
Rua do Amparo, s/n, Amparo. Fone: (81) 3429-7339/3305-1045


Vista aérea da Igreja de Nossa Senhora do Amparo. Crédito: Passarinho/Prefeitura de Olinda
As imagens desse templo são de grande valor barroco e afirmam a importância da arte sacra de Pernambuco. Sua construção é anterior a 1613, pois nessa data ela já funcionava como centro religioso. Foi atingida parcialmente pelo incêndio durante a ocupação holandesa, em 1631, sendo reedificada em 1644. Em 1992, as obras da última restauração foram concluídas. Com isso, azulejos portugueses que estavam encobertos com um forro de madeira foram aflorados. A capela, o altar-mor, os altares laterais e o forro são decorados no estilo barroco. Destaca-se das outras igrejas de Olinda por possuir mais altares laterais. Aberta nos horários de missa.

Igreja de São João Batista dos Militares
Avenida da Saudade, s/n, Amparo. Fone: (81) 3429-9349


Igreja de São João Batista dos Militares. Crédito: Passarinho/Prefeitura de Olinda
Foi o primeiro templo dos beneditinos de Olinda, em 1581. Escapou do incêndio holandês em 1631, por estar situada fora das portas da cidade e servir de quartel-general. Seu interior é simples, conservando a capela e o altar-mor, onde se encontra no nicho o padroeiro São João Batista.

Igreja de Nossa Senhora da Misericórdia
Rua Bispo Coutinho, s/n, Alto da Sé. Fone: (81) 3494-9100

 Igreja de Nossa Senhora da Misericórdia. Crédito: Passarinho/Prefeitura de Olinda
A Igreja de Nossa Senhora da Luz e a Santa Casa de Misericórdia da Vila de Olinda foram fundadas em 1540. Em 1630, a igreja foi saqueada pelos holandeses e incendiada no ano seguinte. Depois da saída dos flamengos, em 1654, foi reconstruída em estilo barroco. Apesar da reforma e do incêndio, o prédio conserva sua fachada primitiva. Hoje, não é utilizada para cultos religiosos. O visitante tem a chance de entrar na igreja, durante quinze minutos, às 11h45 e às 17h30.

Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos
Largo do Bonsucesso, 45, Bonsucesso. Fone: (81) 3439-2495


Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Crédito: Lais Telles/Esp DP/D.A. Press
A construção data do século XVII. Famosa por ser a primeira igreja em Pernambuco com Irmandade de negros e escravos, abriga um púlpito com gradil de ferro, dois altares laterais e um altar-mor com teto em madeira e nicho com a imagem de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Aberta de segunda a sexta-feira, das 8h às 11h e das 13h às 17h.

Igreja de São Sebastião
Rua XV de novembro, s/n, Varadouro


Igreja de São Sebastião. Crédito: Passarinho/Prefeitura de Olinda
Construída em 1686, a igreja foi dedicada a São Sebastião, protetor da peste, fome e guerra. No século XVII, uma epidemia de febre amarela urbana, a "Colera Morbus", atingiu Olinda. O governador da cidade ordenou que se fizesse uma procissão penitente de São Sebastião para exterminar a peste. A igreja é marcada pelo estilo colonial português com uma imagem do santo protetor no altar. Aberta nos horários de missa.

Igreja do Bom Jesus do Bonfim
Travessa do Bonfim, s/n, Carmo


Igreja do Bom Jesus do Bonfim. Crédito: Passarinho/Prefeitura de Olinda
Construída onde anteriormente havia um nicho de pedra e cal com um painel do Senhor do Bonfim, é uma das duas igrejas do Brasil a possuir a imagem do Bom Jesus do Bonfim. Data do ano de 1758, quando um morador da localidade pede permissão para fundação de uma igreja dedicada ao Senhor do Bonfim.

Igreja e Mosteiro de São Bento
Rua São Bento, s/n, Varadouro. Fone: (81) 3429-3288


Igreja e Mosteiro de São Bento. Crédito: Laila Santana/Prefeitura de Olinda
É o segundo mosteiro beneditino em terras brasileiras, datando do século XVI. A igreja é conhecida por ser uma das mais ricas de Olinda e ter na fachada um imponente brasão, além da torre sineira do século XVIII. Visitação todos os dias, das 9h às 11h45 e das 14h às 17h.

Seminário de Olinda/Igreja de Nossa Senhora da Graça
Rua Bispo Coutinho, s/n, Alto da Sé. Fone: (81) 3429-0627


Seminário de Olinda/Igreja de Nossa Senhora da Graça.
Crédito: Cecília de Sá Pereira/Aqui PE/D.A. Press
Foi o antigo Colégio Real dos Jesuítas, construído em 1575. A Igreja é de 1552. No prédio, funcionaram o Colégio Arquidiocesano, a Faculdade de Arquitetura, a Escola de Agronomia e o Seminário da Arquidiocese. O Seminário está integrado aos grandes acontecimentos sociais, políticos e religiosos do país. Apesar das intervenções sofridas, o conjunto constitui uma mostra rara da arquitetura quinhentista. Excelente mirante. Visitação todos os dias, das 9h às 11h45 e das 14h às 17h.

Igreja e Convento de Nossa Senhora da Conceição
Rua Bispo Coutinho, s/n, Largo da Misericórdia. Fone: (81) 3429-3108


Convento de Nossa Senhora da Conceição. Crédito: Ricardo Fernandes/DP/D.A. Press
É um dos recolhimentos de freiras mais antigos do país. Construída no século XVI, a igreja foi reconstruída após a invasão holandesa e passou a funcionar como casa religiosa para mulheres abandonadas. A imagem de Nossa Senhora da Conceição, com riquíssima pintura em ouro e policromia (séc. XVIII), e o teto ainda primitivo com importantes medalhões e pinturas da Virgem Maria merecem ser destacados. Aberta, diariamente, das 7h às 19h.

Igreja do Carmo
Praça do Carmo, s/n, Carmo. Fone: (81) 3429-2892


Igreja do Carmo. Crédito: Cecília de Sá Pereira/DP/D.A. Press
É a mais antiga igreja da Ordem Carmelita em terras do Brasil, datando de 1580. Restaurada em 1720, apresenta uma belíssima fachada em estilo colonial renascentista. Seu acesso é através de uma escadaria lateral. Situada em uma colina, na Praça do Carmo. Aberta diariamente, das 9h às 17h.

Igreja e Mosteiro de Nossa Senhora do Monte
Praça de Nossa Senhora do Monte, s/n, Amparo. Fone: (81) 3429-0317


Igreja e Mosteiro de Nossa Senhora do Monte. Crédito: Passarinho/Prefeitura de Olinda
É uma das mais antigas de Olinda, construída na metade do século XVI. A igreja foi erguida numa colina afastada de outros monumentos históricos e, por isso, escapou do incêndio dos invasores holandeses. Atualmente, ela abriga a abadia das monjas beneditinas e é possível encontrar biscoitos artesanais, licores e cartões artísticos. Nos finais de manhã e tarde, há cantos gregorianos. Visitação diária, das 9h às 11h e das 14h30 às 17h.

Igreja de Nossa Senhora do Guadalupe
Praça Miguel Canuto, s/n, Guadalupe. Fone: (81) 3429-1914


Igreja de Nossa Senhora do Guadalupe. Crédito: Passarinho/Prefeitura de Olinda
Construída no século XVII, é uma das poucas igrejas da América do Sul sob a invocação da padroeira do México. Na época de sua construção, Portugal fazia parte do governo espanhol e talvez por isso a predileção pela santa da devoção espanhola. Aberta para visitação de terça a sexta-feira, das 14h às 17h.


As Belas Igrejas de Recife - Pernambuco

Basílica e Convento de Nossa Senhora do Carmo. Crédito: Helder Tavares/DP/D.A. Press
A basílica foi construída em 1687 e possui traços barrocos. No altar dourado, a imagem da padroeira Nossa Senhora do Carmo, em tamanho natural, se destaca. O altar principal abriga valiosas coroas de ouro e pedras preciosas. Foi nesse convento que Frei Caneca ordenou-se sacerdote. Aberta de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h. Aos sábados, das 7h às 12h.

Área interna da Capela Dourada. Crédito: Paulo Paiva/Esp. DP.D.A/Press
Considerada a expressão máxima da arte sacra barroca no Recife, seu forro é coberto de elaboradas pinturas. O altar dourado possui imagens do século XVIII. Dois grandes mártires franciscanos estão representados em painéis nas paredes laterais da igreja. Para quem quer conhecer um pouco da história cristã, o Museu Franciscano de Arte Sacra, que fica ao lado da capela, é um bom programa. Aberta de segunda a sexta-feira, das 8h às 11h30 e das 14h às 17h; aos sábados, das 8h às 11h30.

Pátio de São Pedro. Crédito: Rafa Medeiros/Prefeitura do Recife
Construída em 1782, sua fachada reproduz o Santuário de Santa Maria Maior de Roma. As armas de São Pedro e as imagens dos doze Apóstolos de Cristo e dos quatro Evangelistas estão entalhadas no teto da igreja, todo em madeira. Aberta de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 14h às 16h.

Igreja das Fronteiras. Crédito: Helder Tavares/DP/D.A. Press
Na casa paroquial dessa igreja, vivia o arcebispo emérito de Olinda e Recife, Dom Hélder Câmara, que morreu em 1999. É conhecida como "Imperial Capela", já que abriga o emblema real em sua fachada. Aberta à visitação de segunda a sexta-feira, das 14h às 17h.



Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem. Crédito: Julio Jacobina/DP/D.A. Press
Não se conhece a data exata da construção da igreja. No início do século XVIII, o seu interior foi modificado e, a partir do século XIX, uma reforma externa restaurou o prédio. O altar de madeira em estilo colonial apresenta imagens barrocas. Está localizada na orla do bairro de Boa Viagem.


Igreja de Nossa Senhora do Terço. Crédito: Hugo Acioly/Setur-PE
A construção, que data do ano de 1726, foi erguida onde antes havia apenas um nicho com a imagem de Nossa Senhora, onde as pessoas costumavam rezar o terço. Na frente da igreja, Frei Caneca foi esquartejado e teve suas vestes enterradas. Toda segunda-feira de carnaval, os negros mortos nos tempos de escravidão são homenageados pelos maracatus: é a Noite dos Tambores Silenciosos, que acontece sempre à meia-noite, apenas ao toque de um surdo. Aberta nos horários de missa.

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