segunda-feira, 30 de outubro de 2023

Inscrições abertas para o II Encontro de Música Sacra, na paróquia do Grageru






A paróquia do Sagrado Coração de Jesus do Bairro Grageru irá promover o II Encontro de Música Sacra, em que será aprofundado o tema "O canto nas partes fixas do Ordinário do Missal Romano".

A formação está confirmada para o dia 15 de novembro (feriado nacional), quarta-feira, a partir das 9h, e terá como foco o canto do Ordinário da Missa a partir da 3ª Edição Típica do Missal Romano, recentemente aprovada pela Santa Sé e lançada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.

A exemplo das edições do Missal Romano vigentes em vários outros países, a nova edição do Missal Romano no Brasil está repleta de partituras, iniciativa que visa ao estímulo do canto do Ordinário da Missa pelos sacerdotes e por todo o povo, nas partes que lhes competem respectivamente.


O I Encontro de Música Litúrgica ocorreu em agosto de 2022, oportunidade na qual os participantes puderam aprofundar em dois dias diversos aspectos do canto litúrgico, sob a condução do Frei Wanderson Freitas, O. Carm., assessor para a música litúrgica do Regional Nordeste 2 da CNBB e membro da Comissão de Liturgia da Arquidiocese de Olinda e Recife.

As inscrições para este II Encontro são gratuitas, limitadas a 60 vagas e devem ser realizadas por meio do preenchimento deste formulário.

domingo, 29 de outubro de 2023

MUSEU DE ARTE SACRA REALIZA EXPOSIÇÃO COM PERTENCES DE DOM ANTÔNIO MESQUITA





Para celebrar os 100 anos do nascimento de Dom Antônio de Carlos Mesquita, segundo bispo de São João del-Rei, o Museu de Arte Sacra vem promovendo uma exposição com paramentos litúrgicos, documentos e objetos que pertenceram o sacerdote, falecido em dezembro de 2005, aos 85 anos. O pequeno acervo memorial tem instigado boas lembranças e evangelizado.


Sobre Dom Antônio Carlos Mesquita

Dom Antônio Carlos Mesquita, nasceu na mineira Itapecerica, a 13 de outubro de 1923, filho de Carmelo Mesquita e Maria Blandina Mesquita e tinha dezoito irmãos. Com formação no Seminário de Belo Horizonte, recebeu a Ordem do Presbiterato a 8 de dezembro de 1947, pelas mãos de Dom Cabral, na igreja belorizontina de Nossa Senhora das Dores. Ordenado, foi secretário particular de Dom Cabral, Capelão do Cenáculo e professor no Seminário Coração Eucarístico de Jesus. Em 1951 foi nomeado Vigário de São Sebastião do Oeste. Em agosto de 1953 foi nomeado Cooperador de Nossa Senhora do Pilar em Nova Lima, tendo também, nesse mesmo ano e no seguinte, ocupado o cargo de Diretor Espiritual do Seminário Maior e Menor de Belo Horizonte.

Em 1955 foi nomeado Vigário da Paróquia de Santa Quitéria, em Esmeraldas. Em 1964 passou a exercer o cargo de Vigário da Paróquia de Santa Rita de Cássia, no bairro de São Pedro, em Belo Horizonte. Em 8 de abril de 1974 foi nomeado pelo Papa Paulo VI Bispo Coadjutor e Administrador Apostólico junto a Dom José de Medeiros Leite, em Oliveira, MG, e com a morte do referido prelado, passa, a 6 de março de 1977, a exercer o cargo de segundo Bispo Diocesano da referida cidade de Oliveira.

Sua Sagração Episcopal se dera a 23 de junho de 1974. A 21 de dezembro de 1983 o Papa João Paulo II o transfere para a Diocese de São João del-Rei, em substituição ao falecido Bispo, Dom Delfim Ribeiro Guedes. Dom Antônio tomou posse solenemente como segundo Bispo de São João del-Rei a 19 de março do ano do Senhor de 1984, exercendo com dedicação, competência e, sobretudo, com amor a divina missão episcopal na referida cidade mineira e, em 1996, aposenta-se, retornando, por motivo de saúde, à sua cidade natal, Itapecerica, onde vem a falecer a 19 de dezembro de 2005,aos 82 anos. (Texto do Professor Abgar Campos Tirado)



sábado, 28 de outubro de 2023

Partituras: Trio Laetare executa peças sacras no Outeiro da Glória

Artistas interpretam composições de Bach, Mozart e Ennio Morricone

A apresentação exclusiva do Trio Laetare no Outeiro da Glória é o destaque da edição inédita do programa Partituras que a TV Brasil leva ao ar nesta quarta (25), às 22h, com repertório composto de peças predominantemente sacras. Disponível no app TV Brasil Play, a produção ganha versão na Rádio MEC.


Trio Laetare no Partituras, por Divulgação / TV Brasil

Formado por Gabriel Lucena, no violão e arranjos, Pierre Descave, no oboé, corne inglês e flautas, e Paulo Azevedo, no violino, o grupo interpreta obras de compositores que marcaram época do século 14 ao 19, como o francês Guillaume de Machaut, o alemão Johann Sebastian Bach, o austríaco Wolfgang Amadeus Mozart, o brasileiro José Maurício Nunes Garcia e o italiano Ennio Morricone.

A performance propõe um passeio pela história da música mundial a partir da composição "Kyrie da Missa de Notre Dame", de Guillaume de Machaut. O espetáculo do Trio Laetare contempla, ainda, clássicos de Bach e Mozart, ao atravessar diversos períodos da história da música.


Trio Laetare no Partituras, por Divulgação / TV Brasil

A seleção abrange, também, cinco motetos do padre José Maurício Nunes Garcia. O conjunto toca até produções musicais de Ennio Morricone, que compôs inúmeras trilhas sonoras para a sétima arte, como o tema do filme "A Missão" (1986). O recital teve gravação registrada pela equipe da emissora pública

O cenário não poderia combinar mais com a apresentação do Trio Laetare: a belíssima Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro, no Rio de Janeiro. Joia da arquitetura colonial brasileira, o espaço situado no alto do antigo "Morro do Leripe", teve a obra realizada entre 1714 e 1739. Primeira igreja em estilo barroco, a construção, tombada em 1938, testemunhou importantes acontecimentos da história brasileira.

Sobre o Partituras

O programa Partituras busca democratizar o acesso à chamada "grande música" com espetáculos semanais na televisão aberta. Nesta nova leva de episódios inéditos, conjuntos musicais interpretam repertórios exclusivos para a atração em ambientes de beleza arquitetônica e grande relevância histórica.

O público ainda poderá conferir um pouco mais sobre os autores e músicas executadas, e também sobre o ambiente onde se realiza o concerto. A ideia é aprofundar e enriquecer a experiência do telespectador, que pode conhecer a trajetória dos artistas, descobrir aspectos interessantes sobre as obras e saber curiosidades da locação.

Além da janela na televisão e em plataformas digitais, o Partituras tem uma versão radiofônica que vai ao ar pela Rádio MEC. As apresentações da temporada do programa nas ondas da emissora pública podem ser acompanhadas aos domingos, ao meio-dia.

A Rádio MEC FM está na frequência 99,3 MHz e AM 800 kHz no Rio de Janeiro. A programação em Brasília pode ser ouvida em FM 87,1 MHz e AM 800 kHz. O público também sintoniza a emissora em Belo Horizonte no dial FM 87,1 MHz. O conteúdo ainda é veiculado no app Rádios EBC.

Ao vivo e on demand


Acompanhe a programação da TV Brasil pelo canal aberto, TV por assinatura e parabólica. Sintonize: https://tvbrasil.ebc.com.br/comosintonizar.

Seus programas favoritos estão no TV Brasil Play, pelo site http://tvbrasilplay.com.br ou por aplicativo no smartphone. O app pode ser baixado gratuitamente e está disponível para Android e iOS. Assista também pela WebTV: https://tvbrasil.ebc.com.br/webtv.

Serviço
Partituras - quarta-feira, dia 25/10, às 22h, na TV Brasil
Partituras - quarta-feira, dia 25/10, para quinta, dia 26/10, às 4h, na TV Brasil
Partituras - domingo, dia 29/10, ao meio-dia, na Rádio MEC
Partituras - domingo, dia 29/10, às 23h, na TV Brasil


TV Brasil na internet e nas redes sociais
Site – https://tvbrasil.ebc.com.br
Facebook – https://www.facebook.com/tvbrasil
Twitter – https://twitter.com/TVBrasil
Instagram – https://www.instagram.com/tvbrasil
YouTube – https://www.youtube.com/tvbrasil
TikTok – https://www.tiktok.com/@tvbrasil
TV Brasil Play - http://tvbrasilplay.com.br

Rádio MEC na internet e nas redes sociais
Site: https://radios.ebc.com.br
Instagram: https://www.instagram.com/radiomec
Spotify: https://open.spotify.com/user/radiomec
YouTube: https://www.youtube.com/radiomec
Facebook: https://www.facebook.com/radiomec
Twitter: https://twitter.com/radiomec
WhatsApp: (21) 99710-0537

Como sintonizar a Rádio MEC
Rio de Janeiro: FM 99,3 MHz e AM 800 kHz
Belo Horizonte: FM 87,1 MHz
Brasília: FM 87,1 MHz e AM 800 kHz
Parabólica - Star One C2 - 3748,00 MHz - Serviço 3
Celular - App Rádios EBC para Android e iOS

Fonte: EBC

PF investiga como peças sacras de igrejas do Centro chegaram a leilão em Copacabana

Peças de igrejas tombadas, avaliadas em mais de 200 mil reais, seriam vendidas pela antiquária Dagmar Saboya, em Copacabana. O caso traz novamente à tona o comércio da arte de templos históricos. Só de uma Igreja, estima-se que entre os anos 70 e 80 sumiram mais de 1,5 milhão de reais em arte sacra. Um grande inventário está sendo feito pela Arquidiocese para dificultar a mutilação das igrejas PF investiga como peças sacras de igrejas do Centro chegaram a leilão em Copacabana

Por: Amanda Raiter

Itens valiosos em prata de lei subtraídos de duas igrejas históricas do Centro do Rio - Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores e Nossa Senhora do Monte do Carmo - além de dois imensos tocheiros da catedral de Belém (PA), estão na mira de uma investigação da Polícia Federal, que pode vir a desvendar um grande mistério que cerca o desaparecimento de praticamente toda a prataria da Igreja dos Mercadores, nos anos 70 e 80, e parte dos sucessivos sumiços de peças que vêm sendo documentados pelo Iphan da Igreja do Carmo há décadas. As pecas - um total de 10 - foram encontradas na casa de leilões Dagmar Saboya, uma das mais conhecidas e refinadas antiquárias do país. O fato é agravado porque pelo menos três destes objetos foram furtados há décadas da Ordem Terceira do Carmo (na rua Primeiro de Março) e constavam no cadastro de Bens Culturais Procurados do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) claramente classificados como peças roubadas, inclusive com fotografias e descrição.

O Altar Mor da Igreja de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores, em 1947, antes de ser saqueado. Tudo que se vê em cima do altar desapareceu há cerca de 40 anos, incluindo os 6 castiçais de prata. Mas 2 deles apareceram agora num leilão de arte. / Diário do Rio

Este cadastro de patrimônio cultural surrupiado ou desaparecido, conhecido pelos antiquários, museólogos e leiloeiros como BCP, é acessível a qualquer um através da internet, neste link. Nele, é possível buscar pelo tipo de objeto, nome do artista, ano do desaparecimento, local do sumiço e época de fabricação. É uma ferramenta vital para quem atua no setor, pois antes de se aceitar uma peça à venda, ou mesmo antes de adquiri-la, procura-se no BCP pela peça para saber se tem boa procedência. Um conjunto de sacras de prata (espécie de suporte em prata com orações gravadas para serem lidas pelo padre durante a missa sem necessidade de folhear o missal) que estava sendo leiloado por quase 60 mil reais tinha bem no centro o símbolo da Ordem do Carmo (uma montanha com 4 estrelas), o que poderia gerar a um especialista a curiosidade de checar se não pertenceria à referida ordem. Além disso, ao se fazer a busca por sacras no BCP, é possível encontrar justamente as três peças desaparecidas, em menos de 2 minutos de procura. Ao que tudo indica, esta providência não foi tomada nem pelo leiloeiro Luis Sergio Pereira e nem pela equipe da casa de leilões.

O aviso ao Iphan partiu do provedor da Irmandade de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores, o empresário Claudio André de Castro, que conseguiu identificar entre os lindos - e caríssimos - lotes expostos e depois apregoados pelo leiloeiro Luis Sergio cinco itens idênticos a alguns que desapareceram do santuário tombado, e que estavam sumidos há cerca de 40 anos. Eram três sacras com o monograma da irmandade e um par de tocheiros de prata que integravam uma banqueta de altar (foto principal da reportagem - originalmente contava com seis castiçais iguais, seis palmas de prata e um monumental crucifico de banqueta - tudo desaparecido). Os tocheiros com lance mínimo de R$ 45 mil e as sacras com preço de base de R$ 21 mil. A igreja fica na Rua do Ouvidor e é do século XVIII, tendo sido reaberta em junho, após quatro anos fechada. A igreja é tombada pelo Iphan no chamado Tombo de Belas Artes; ou seja, tudo que pertence à Igreja é tombado, inclusive todos os objetos que a guarneciam no momento do tombamento, em 1937; isso inclui até cálices, sinetas e coisas simples como apagadores de vela de época, significando que nem mesmo quem assina pela irmandade para vender um imóvel ou contratar um empregado tem poder de alienar nada que fazia parte da igreja no dia em que foi declarada patrimônio cultural do povo brasileiro.

O caso dos imensos tocheiros da Catedral das Graças, em Belém, também é muito curioso e pode vir a chamar atenção dos policiais. Com quase 1 metro de altura, os monumentais castiçais trazem, com cerca de um palmo de altura, os dizeres "Sigillus Capituli Cathedralis Ecclesia Magni Para - Mater Gratia", significando "SELO DO CABIDO DA CATEDRAL DA IGREJA DO GRÃO PARÁ - MÃE DAS GRAÇAS", segundo especialistas. Ou seja, estava escrito nos castiçais exatamente de onde foram retirados, em letras garrafais. A igreja foi construída entre 1748 e 1774 e também é bem tombado nacional, desde 1940. O DIÁRIO apurou que por volta dos anos 50, um suposto restaurador retirou um grande conjunto de pratarias da catedral paraense, e jamais as devolveu. Entre elas, os dois gigantes itens de prata que apareceram no leilão de Saboya.

A estimativa é que só na Igreja da Lapa tenham desaparecido cerca de 130 itens ainda sem destino conhecido, um prejuízo de mais de R$ 1,5 milhão, segundo a Irmandade. São imagens, coroas, cálices, monumentais cruzes e varas de prata, armários, cadeiras e até mesmo cabeças de anjo que foram serradas de dentro da capela. Um inventário interno muito completo foi feito em 1945, que tem servido de base para que a instituição produza uma grande relação de ítens desaparecidos; além disso, existe um álbum fotográfico com parte das peças, de 1947, e também o arquivo Noronha Santos do Iphan, que fotografou a Igreja no detalhe. O provedor também encontrou cerca de 150 negativos, que revelou, mostrando como era o templo antes dos gatunos e espertalhões retirarem as peças. Como a igreja é um bem tombado, Daisy Ketzer, da Comissão de Patrimônio da Arquidiocese do Rio, reitera que todos os itens pertencentes à igreja são tombados juntos. "Os primeiros tombamentos aconteceram a partir de 1938, após a criação do sphan atual Iphan. Todos os primeiros tombamentos foram com 'porteira fechada', ou seja, todo o conteúdo também foi tombado, pratarias, alfaias, pinturas a óleo etc. Caso das igrejas históricas do Centro do Rio. As retiradas podem ter ocorrido no passado, mas hoje nossos padres são preparados para ter este olhar sensível na proteção do patrimônio, com formação de padres, com mestrado e doutorado na área", garante Daisy.

O provedor da irmandade explica que a Polícia Federal deverá apurar a versão de que nos anos 80 um antiquário teria vendido praticamente todas as peças de prata da Lapa dos Mercadores a um grande colecionador - um empresário da construção, dizem - de arte do país na época. "O comitente destas peças que identificamos pode vir a ter em sua posse grande parte das outras que desapareceram da nossa igreja; por isso, é preciso que se aja rápido, tendo em vista que não é comum o aparecimento de tantas peças extraviadas de bens tombados ao mesmo tempo", afirma. Uma reportagem da Band mostrou que até mesmo um armário de parede da igrejinha foi subtraído, deixando expostos os paramentos dos sacerdotes.

O ex-superintendente do Iphan Manoel Vieira falou da recomendação do Conselho Consultivo do Iphan, de 1985, que fala que todos os bens móveis integrados existentes dentro das igrejas são considerados tombados no momento do tombamento, ou posterior. Vieira ainda alerta que é necessário que a Polícia Federal siga com as investigações e não só foque na devolução dos itens. "Quando se fez a recomendação, já se observava furtos e extravio em geral de peças do interior das igrejas e o Iphan entendeu a gravidade. A Polícia tem que investigar até que se encontre os autores dos roubos", reforça.

Já o ex-secretário de Urbanismo do Rio, Washington Fajardo, defende que além da parte intelectual, haja sempre uma Brigada de Patrimônio. "Tratam-se de bens agregados ao bem tombado. E a arquitetura e o ornamento de uma igreja são inseparáveis. A falta de inventário, inclusive digital, facilita o roubo. Não estamos mais nos anos 30, que não tinha Iphan. Já existe, falta não ter mais esta acomodação institucional. É importante que tenha funcionários que impeçam a saída com itens sacro debaixo do braço", opina.

O que dizem os especialistas

A arquiteta, urbanista e conselheira do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) Leila Marques lembra que o escultor Aleijadinho era também ele mesmo o artista que esculpia as esculturas do interior das igrejas que ele fazia. "Assim ocorre com as demais igrejas. Ninguém vai a Notre Dame ver as paredes vazias. Quando uma igreja é desenhada, projetada, todas as peças eram desenhadas juntas", conta a arquiteta, que completa que as peças encontradas para leilão devem ser devolvidas pelo significado que têm no local de origem. Não é à toa que os candelabros de prata encontrados pertencentes à Igreja dos Mercadores têm o monograma da irmandade entremeados por rosas exatamente iguais às que constam das talhas nas paredes do templo.

O historiador Claudio Prado de Mello afirma que, antigamente, era comum até o próprio provedor vender ou retirar os itens, prática que é absolutamente proibida quando há tombamento. "Antes, as Irmandades eram ricas e recebia itens da sociedade por herança, era comum os fiéis deixarem parte do patrimônio às igrejas, mesmo tendo herdeiros. E havia uma disputa de quem tinha o interior mais bonito, o altar. Com a decadência financeira no século XX, muitos provedores passaram a subtrair itens, e chegavam a vender, doar, além de colecionar. Um objeto desses não pode ser alienado. Mas, quando eu era do Inepac (sigla para Instituto Estadual do Patrimônio Cultural), não recebíamos nenhum documento quando o objeto é colocado para leilão, conforme deveria ser feito, por exemplo", queixa-se. Não é à toa que o Iphan tem um departamento com a função de receber e conferir todos os leilões de arte; todos os catálogos são enviados a este departamento, como ocorreu no caso das peças encontradas com Dagmar Saboya.

Fundador da SOS Patrimônio, Marconi Andrade, disse que que tentou-se criar, em 2016, o Conselho de Arte Sacra, mas com a mudança do bispo que estava à frente para Teresópolis, não se deu continuidade. A intenção, segundo Andrade, era levantar odas as obras de arte das igrejas do Rio. "Os padres não têm este conhecimento da importância das peças e ter o controle delas. Hoje é fundamental. Temos padres que nem fazem boletim de ocorrência em caso de furto e o problema se agrava quando sai para outra cidade. Tivemos peças furtadas da Igreja do Bonfim, em São Cristóvão, que foi parar no antiquário de outro estado. Até mesmo a Polícia Federal não tem gente especializada para fiscalizar melhor estes leilões. O que ocorreu agora motiva um pontapé inicial para mudarmos esta realidade", convoca Andrade. Hoje, a Arquidiocese do Rio de Janeiro conta com uma Comissão de Patrimônio, que, com recursos da Vale e do BNDES, está realizando o inventário de todas as Igrejas da Cidade. Inclusive, o primeiro volume deste inventário já foi editado.

O superintendente do Iphan no Rio, Paulo Vidal, informou que o cadastro digital de objetos desaparecidos de igrejas tombadas está incompleto. Os itens, que já estão acautelados, passarão por perícia tanto pelo órgão quanto pela PF, mas não se tem certeza de que foram obtidos por meio de crimes como furto ou roubo. "Não estamos em busca de culpados, e sim das peças, cuja propriedade é da irmandade", afirmou o provedor Castro, que garantiu que providenciará a inclusão, no BCP, de todas as fotos e descrições de ítens desaparecidos: "é prioridade da nossa administração, que começou em março", pontua o representante.

Irmandade dos Mercadores diz que a busca não vai parar por aqui

Enquanto as investigações não são concluídas, o responsável pela Lapa dos Mercadores, que vem de uma família de colecionadores de arte, enfatiza a nulidade de eventuais leilões ou vendas que busquem comercializar as peças subtraídas da igrejinha dos mercadores: "Os bens tombados não podem ser mutilados e, mesmo que as peças tenham sido vendidas, a venda será anulada. Não existe usucapião de bem tombado; as pecas das igrejas tombadas são coisas cujo comércio é proibido, e desde já venho advertir: quem paga mal, paga duas vezes. O Iphan tem sido parceiro e colaborado conosco na busca pela recuperação de um acervo que foi fruto da devoção e do amor dos que nos antecederam, e a Irmandade vai agir até as últimas consequências na busca de seu patrimônio, que, no fim, é o patrimônio de todos os brasileiros", salienta, dizendo que a sociedade vai cobrar da Delegacia Especializada em Patrimônio, conduzida pela delegada Paula Mary Gonçalves, investigação dos fatos, tendo em vista a quantidade imensa de peças desaparecidas e que integram o acervo cultural do país.

As peças sacras foram apreendidas na última segunda-feira (23) à tarde pelo Iphan e pela Polícia Federal e agora irão passar por perícia, para, uma vez oficialmente verificado serem as mesmas peças, serem devolvidas às Igrejas de origem.

Outro Lado

Segundo o responsável pelo leilão, leiloeiro Luiz Sérgio Pereira, os objetos vieram de acervo de clientes particulares, mas não houve suspeita sobre a procedência por parte dele. Ele ainda se colocou à disposição do Iphan e da PF para esclarecimentos. As peças foram retiradas de venda assim que Pereira foi notificado. A Polícia Federal afirmou que não comenta investigações em andamento.

O Caso dos Furtos na Igreja do Carmo

Um caso emblemático é o desaparecimento sucessivo e repetido de pecas sacras de uma das igrejas com acervo mais rico do país, a Igreja do Carmo, que pertence à uma Associação de Fiéis, a Ordem Terceira do Carmo, dona do oratório que acabou de ser restaurado após 26 anos em semi-ruína. A igreja se encontra interditada. Trabalho sobre os furtos de obras de arte do pesquisador Raphael João Hallack Fabrino traz informações valiosas sobre o repetido saque à igreja da Rua Primeiro de Março, de onde sumiram as agora reaparecidas sacras que estavam no BCP. Os "extravios" começam em 1993, quando os bens do acervo chegavam ao impressionante número de 1.000 peças. A 30 de novembro de 1993 uma reportagem no Jornal do Brasil mostrava que dois tocheiros da igreja iriam ser leiloados em São Paulo, com lance mínimo de vinte e cinco mil dólares. O leiloeiro na época colocou a boca na botija e disse que as pecas eram da loja Porto Real Antiguidades, aqui do Rio. A mesma matéria falava do furto de outras peças da igreja, mencionando três lampadários enormes de prata. No dia 1° de dezembro do mesmo ano, o Secretário Geral da Igreja, Armindo Diniz (que hoje ainda integra a instituição), disse que os tocheiros haviam desaparecido há três anos; disse que a igreja foi vítima de "vários furtos", mas não sabia precisar sua quantidade ou o tamanho dos prejuízos.

Em 1994, numa nova visita ao templo carmelita, foi notado o sumiço de mais peças, como outros quatro tocheiros, três lampadários que haviam sido substituídos por outros de latão, e vários outros objetos como pinturas, espelhos, ânforas, etc. Na visita seguinte, a fiscal do Iphan teria encontrado diversos ambientes completamente vazios e mais peças desaparecidas, assim como constatou que os funcionários encarregados de cuidar do acervo haviam sido mudados. E algo bem curioso havia acontecido: por alguma razão, dentro da mesma igreja, as coisas tinham sido mudadas de lugar, dificultando a conferência das peças.

Em 8 de abril do mesmo ano, um episódio marcante ocorreu quando a vice-priora do noviciado teria barrado a vistoria das caixas fortes do templo, alegando primeiro a falta da chave, depois a ausência do prior e por fim a realização de um casamento na igreja como justificativas. Em 13 de abril, segundo o texto de Fabrino, finalmente foi possível realizar a vistoria. Nesse dia, os técnicos do IPHAN foram recebidos pelo prior (espécie de presidente), secretário geral e vice-priora da Ordem, que permaneceram no local por aproximadamente 30 minutos. Durante essa vistoria, surgiram informações cruciais: o prior expressou descontentamento em relação aos técnicos do IPHAN, questionando a vistoria anterior e a autenticidade das credenciais apresentadas.

Além disso, descobriu-se o desaparecimento de algumas peças de grande porte. Curiosamente, registros apontaram que a igreja já havia comunicado o furto de peças não especificadas em outubro de 1993, bem como o furto e a substituição dos lampadários de prata e o desaparecimento da Essa em 8 de novembro de 1993. No ano seguinte, um dossiê detalhado listou a impressionante cifra de 227 objetos desaparecidos na igreja. Esse número aumentou para 229 com a inclusão da imagem e do crucifixo relatados pela museóloga Eleonore Ana Leite.

No início de 1995, durante uma vistoria de rotina em junho, foram constatados mais cinco objetos desaparecidos, incluindo pinturas com molduras entalhadas por Mestre Valentim e pares de arandelas em metal dourado. Em setembro de 1995, uma nova vistoria revelou o furto de vinte e cinco novos objetos, além da recuperação de três bens que foram reintegrados ao acervo da igreja. Nesse contexto, a Delegacia Fazendária da Polícia Federal na época estava conduzindo investigações para desvendar uma possível quadrilha especializada envolvendo leiloeiros, colecionadores e comerciantes na compra e venda de objetos de Arte Sacra.

Fonte: Terra

https://www.terra.com.br/noticias/brasil/pf-investiga-como-pecas-sacras-de-igrejas-do-centro-chegaram-a-leilao-em-copacabana,503fba0772fafd4b2f3d2ec7a53d5a7eabdlfxri.html?utm_source=clipboard

quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Padroeira do Brasil

 







A Imagem de Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil e Generalíssima do Exército Brasileiro, que apareceu para os pescadores Domingos Garcia, Felipe Pedroso e João Alves em outubro de 1717.

A imagem retirada das águas do rio Paraíba do Sul em 1717 mede trinta e seis centímetros de altura e é de terracota, ou seja, argila que após modelada é cozida num forno apropriado. A imagem da Padroeira do Brasil, Nossa Senhora da Conceição "Aparecida", na verdade, trata-se de um exemplar em barro cozido de uma Nossa Senhora da Conceição ( que recebeu o codinome de “Aparecida”)

Em estilo seiscentista, como atestado por diversos especialistas que a analisaram, acredita-se que originalmente apresentaria uma policromia, como era costume à época, embora não haja documentação que comprove tal suspeita. A argila utilizada para a confecção da imagem é oriunda da região de Santana do Parnaíba, na Grande São Paulo. Quando recolhida pelos pescadores, estava sem a policromia original, devido ao longo período em que esteve submersa nas águas do rio. A cor de canela que apresenta hoje deve-se à exposição secular à fuligem produzida pelas chamas das velas, lamparinas e candeeiros, acesas por seus devotos.

Através de estudos comparativos, a autoria da imagem foi atribuída ao frei Agostinho de Jesus, um monge de São Paulo conhecido por sua habilidade artística na confecção de imagens sacras. Tais características incluem a forma sorridente dos lábios, queixo encravado, flores em relevo no cabelo, broche de três pérolas na testa e porte empinado para trás. O motivo pelo qual a imagem se encontrava no fundo do rio Paraíba é que, durante o período colonial, as imagens sacras de terracota eram jogadas em rios ou enterradas quando quebradas.

A imagem foi tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado (Condephaat), em 2012, sendo considerada como patrimônio do Estado de São Paul

Há duas fontes sobre o achado da imagem, que se encontram no Arquivo da Cúria Metropolitana de Aparecida (anterior a 1743) e no Arquivo da Companhia de Jesus, em Roma: a história registrada pelos padres José Alves Vilela, em 1743, e João de Morais e Aguiar, em 1757, cujos documentos se encontram no Primeiro Livro de Tombo da Paróquia de Santo Antônio de Guaratinguetá.

Segundo os relatos, a aparição da imagem ocorreu na segunda quinzena de outubro de 1717, quando Pedro Miguel de Almeida Portugal e Vasconcelos, conde de Assumar e governante da capitania de São Paulo e Minas de Ouro, estava de passagem pela cidade de Guaratinguetá, no vale do Paraíba, durante uma viagem até Vila Rica.

O povo de Guaratinguetá decidiu fazer uma festa em homenagem à presença de Dom Pedro de Almeida e, apesar de não ser temporada de pesca, os pescadores lançaram seus barcos no rio Paraíba do Sul com a intenção de oferecerem peixes ao conde.

Os pescadores Domingos Garcia, João Alves e Filipe Pedroso rezaram para a Virgem Maria e pediram a ajuda de Deus. Após várias tentativas infrutíferas, desceram o curso do rio até chegarem ao Porto Itaguaçu. Eles já estavam a desistir da pescaria quando João Alves jogou sua rede novamente, em vez de peixes, apanhou o corpo de uma imagem da Virgem Maria, sem a cabeça. Ao lançar a rede novamente, apanhou a cabeça da imagem, que foi envolvida em um lenço.

Após terem recuperado as duas partes da imagem, a figura da Virgem Aparecida teria ficado tão pesada que eles não conseguiam mais movê-la.

A partir daquele momento, os três pescadores apanharam tantos peixes que se viram forçados a retornar ao porto, uma vez que o volume da pesca ameaçava afundar as embarcações. Esta foi a primeira intercessão atribuída à santa.

Durante os quinze anos seguintes, a estátua permaneceu na família de Filipe Pedroso, e os vizinhos passaram a venerá-la. Histórias dos milagres de Nossa Senhora Aparecida se espalharam por todo o Brasil, e a família Pedroso construiu para ela uma capela que logo se tornou pequena para tantos fiéis. Em 1737 o padre de Guaratinguetá construiu para ela uma capela no Morro dos Coqueiros, onde as visitas públicas começaram em julho de 1745.

Com origem na devoção de Nossa Senhora da Conceição, Padroeira do Reino de Portugal desde 1646, a devoção a Nossa Senhora Aparecida foi crescendo entre o povo da região de Guaratinguetá e do Rio Paraíba do Sul, se tornando centro de peregrinação desde o Século XVIII.

No dia 20 de abril de 1822, em viagem pelo Vale do Paraíba, o então Príncipe Regente do Brasil, Dom Pedro I e sua comitiva, visitaram a capela e conheceram a imagem de Nossa Senhora Aparecida. Pedro teria rezado na igrejinha e feito uma promessa: se tudo corresse bem, ele faria de Nossa Senhora Aparecida a padroeira do Brasil independente. Na realidade, depois de se tornar imperador, Pedro I escolheu São Pedro de Alcântara como padroeiro.

Dom Pedro II e sua Esposa Dona Teresa Cristina visitaram e rezaram no Santuário da Basílica Velha de Guaratinguetá em duas ocasiões, a primeira em 1845, logo após as agitações das Revoltas Liberais na Região, e a segunda no ano de 1865 em plena Guerra do Paraguai.

Três anos depois em 1868 a Princesa Isabel e seu Marido o Conde D'Eu visitaram o Santuário onde pediram a Nossa Senhora Aparecida um filho saudável. No dia 15 de outubro de 1875, após 13 horas de trabalho de parto nasceu o príncipe Dom Pedro de Alcântara. Por duas vezes, durante o Império, a princesa se fez romeira a Aparecida. Em agradecimento a Santa pelos seus três filhos. Em dezembro de 1868, ofereceu-lhe um manto, com 21 estados brasileiros; em 6 de novembro de 1884, ofereceu-lhe uma coroa de ouro, cravejada de brilhantes.

“Nós estamos diante de um templo (Basílica Histórica) que concretiza todo o catolicismo do povo brasileiro, tanto do ponto de vista técnico e oficial de reconhecimento da Igreja Católica, como do uso concreto desse templo para lugar do grande desenvolvimento da devoção a Nossa Senhora Aparecida. Da imagenzinha pobre e quebrada, que foi pescada no Rio Paraíba do Sul, à Imagem Oficial da Padroeira do Brasil, Nossa Senhora da Conceição Aparecida, mãe de Jesus Cristo”, afirmou o missionário redentorista padre Victor Hugo Lapenta, C.Ss.R.

De acordo com relato do Padre Claro Francisco de Vasconcelos, um dos Primeiros Milagres atribuídos a Nossa Senhora Aparecida é da quebra das correntes do Escravo Zacarias, que em 1790 fugiu de uma fazenda em Curitiba e veio para São Paulo, onde foi encontrado e preso por correntes em Bananal, porém ao Passar pela Capela de Aparecida, pediu ao feitor a licença de ver a imagem Nossa Senhora Aparecida e ele permitiu.

Ao fazer o seu pedido de clemência por liberdade as correntes cariam de suas mãos. Assustado o feitor concordou que o escravo deveria ficar em liberdade e retornou sozinho. A história do Milagre de Zacarias se espalhou por todo Brasil. O escravo liberto se tornou grande Apóstolo da devoção a Nossa Senhora de Aparecida.

Em celebração ao que ficou conhecido na memória dos devotos como "Milagre das Correntes" em 1884 no auge da campanha abolicionista, o Bispo de São Paulo Dom Lino Deodato Rodrigues de Carvalho encomendou uma pintura retratando a libertação do Escravo Zacarias pela santa de autoria do pintor alemão Thomas Driendl, localizado no Antigo Santuário de Aparecida em Guaratinguetá

A Corrente do Escravo Zacarias está hoje exposta no Museu de Nossa Senhora Aparecida em São Paulo.

Na Festa da Imaculada Conceição de 1904, para comemorar os 50 anos da proclamação do dogma da Imaculada Conceição em 1854 , a estátua de Nossa Senhora Aparecida foi coroada canonicamente pelo arcebispo de São Paulo , Lino Deodato Rodrigues, por decreto de a Santa Sé e na presença do Núncio Apostólico . A Coroação foi realizada em nome e por conta do Papa Pio X , que concedeu esta aprovação. A coroação papal da imagem de Aparecida foi um grande evento com a presença de muitas pessoas e de autoridades civis, incluindo o presidente Rodrigues Alves , que fez questão de testemunhar o ato apesar da separação entre Igreja e Estado que havia sido instituída quando o Brasil tornou-se uma República

Em 16 de julho de 1930, o Papa Pio XI declarou a Imaculada Conceição sob o título de Nossa Senhora Aparecida a principal padroeira do Brasil, nomeadamente difundida na Arquidiocese do Rio de Janeiro .

O decreto pontifício indicava que o Papa Leão XIII concedeu a aprovação sobre a devoção da imagem sob o título “Nossa Senhora da Conceição Aparecida ”. Além disso, São Papa Pio X instituiu o Ofício da Missa sob esta honra e permitindo que esta devoção se espalhasse devido à piedade generalizada do povo brasileiro

Em 1978, após sofrer um atentado que a reduziu a quase duzentos fragmentos, a imagem foi encaminhada a Pietro Maria Bardi, à época diretor do Museu de Arte de São Paulo (MASP), que a examinou, juntamente com João Marino, colecionador de imagens sacras brasileiras. Foi então totalmente restaurada, no MASP, pelas mãos da artista plástica Maria Helena Chartuni

Fonte: Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. 1970 

Fonte: A Terra da Santa Cruz

quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Pantocrator

 



PANTOCRATOR Boryana Hristova.
Bulgária.
Para o álbum 1500.
“Ícones búlgaros dos séculos XIII-XVII”.
Limão, giz, têmpera

 


terça-feira, 24 de outubro de 2023

Concertos de Santo André 2023, a música sacra volta como protagonista






Está tudo pronto para a quadragésima nona edição dos “Concertos de Sant'Andrea”: quatro eventos musicais tradicionais que acontecem nas tardes de domingo de novembro no evocativo cenário da Colegiada de Sant'Andrea, na Piazza Farinata degli Uberti.

“Iniciando” a temporada no domingo, 5 de novembro, estará o jovem organista Gabriele Agrimonti, nascido em 1995, formado pelo Conservatoire National Supérieur de Musique et de Danse de Paris e já dono do precioso instrumento J. Merklin (1881), guardado em a igreja nacional de San Luigi dei Francesi em Roma. Tem a honra de destacar, através de uma programação cativante, que inclui Vivaldi, Puccini e Verdi, e um espaço dedicado à improvisação sobre temas sugeridos pelo público, o grande órgão da Catedral de Empoli.

O segundo encontro, domingo, 12 de novembro, é com Conheça a imagem: perspectivas espirituais: uma sequência musical nascida da colaboração entre Elisa Prosperi (voz) Rodolfo Rossi (percussão) e Sergio Chierici (órgão). Partituras do período barroco justapostas a outras do século XX dialogam constantemente, num caminho que pretende mergulhar no mais profundo da alma humana, através de diferentes expressões de espiritualidade musicadas.

Continua no domingo, 19 de novembro, com o duo composto pela trompa alpina de Carlo Torlontano e pelo órgão de Francesco Di Lernia, que se apresentam em Segnali sonori: uma experiência única e inovadora, proposta através desta combinação tímbrica inédita. O público, acompanhado por melodias ancestrais e sons da natureza, viajará para lugares distantes, capazes de despertar emoções, sentimentos profundos e movimentos da alma perante a magnificência da criação.

A conclusão desta edição, marcada para domingo, 26 de novembro, acolherá um grande concerto sinfónico-coral, com a execução do famoso Requiem em Ré menor para solistas, coro e orquestra de Wolfgang Amadeus Mozart. A última e inacabada obra-prima do gênio de Salzburgo será interpretada por um grande coral composto pelo Coro Santa Cecília e pelos participantes do Laboratório Coral do Centro Busoni: uma experiência educativa e formativa voltada para os jovens da região. Acompanhando a grande equipe vocal estará a Orquestra Sinfônica de Sanremo, dirigida por Giancarlo de Lorenzo.
Este último concerto é dedicado à memória de Dom Giovanni Cavini, Proposto de Empoli de 1972 a 2009 e criador da série "Concerti di Sant'Andrea".

«É sempre uma grande honra compor e apresentar o programa do “Concerti di Sant'Andrea” – afirma Lorenzo Ancillotti, diretor artístico desde 2004 – É uma iniciativa de divulgação musical muito aguardada, cujo eco há muito ultrapassou as fronteiras da cidade, envolver ouvintes vindos de longe. Dado o sucesso de público que se renova a cada ano, podemos também oferecer propostas artísticas originais e inusitadas, como o espetáculo Conheça a imagem: perspectivas espirituais e o duo altamente original composto pela trompa alpina e pelo órgão. Será realmente interessante coletar julgamentos e opiniões." Dom Guido Engels, Proposto, faz-lhe eco: «Estamos orgulhosos de poder oferecer um encontro precioso entre a beleza de um lugar histórico e místico como a Colegiada e o encanto da música. Vivemos um tempo de pressa, de consumo temerário e temos dificuldade em ficar calados: aqui, estes concertos abertos a todos são também uma oportunidade para parar, ouvir e refletir sobre nós próprios.”


O evento “Concertos de Sant'Andrea” é organizado pela Associação de Promoção Social “Mons. Giovanni Cavini” e pelo Centro de Estudos Musicais “Ferruccio Busoni”, com o apoio do Ministério da Cultura, da Região da Toscana, da Cidade Metropolitana de Florença, o Município de Empoli, a Fundação CR Firenze e vários patrocinadores privados.
Os concertos terão início às 16h00, com entrada gratuita.

segunda-feira, 23 de outubro de 2023

8º CENTENÁRIO DO PRESÉPIO FRANCISCANO


8º CENTENÁRIO DO PRESÉPIO FRANCISCANO




CONCURSO DE PRESÉPIOS




Há precisamente 800 anos, S. Francisco de Assis teve a feliz ideia de reinventar o Presépio. A convite do Papa Francisco,

«a mente leva-nos a Greccio, no Vale de Rieti; aqui se deteve São Francisco, provavelmente quando vinha de Roma onde recebera, do Papa Honório III, a aprovação da sua Regra em 29 de novembro de 1223. Aquelas grutas, depois da sua viagem à Terra Santa, faziam-lhe lembrar de modo particular a paisagem de Belém […]. Em Greccio, naquela ocasião, não havia figuras; o Presépio foi formado e vivido pelos que estavam presentes. Assim nasce a nossa tradição […]. Com a simplicidade daquele sinal, São Francisco realizou uma grande obra de evangelização. O seu ensinamento penetrou no coração dos cristãos, permanecendo até aos nossos dias como uma forma genuína de repropor, com simplicidade, a beleza da nossa fé» (Papa Francisco, Admirabile Signum, 2. 3).

Este Oitavo Centenário do primeiro presépio recriado por S. Francisco na montanha de Greccio (Rietti – Itália), não podia passar sem ser devidamente assinalado e celebrado, sobretudo pelas marcas que ele deixou na cultura e arte popular portuguesa.

Uma das formas que encontrámos foi envolver os criadores, artistas e artesãos do nosso país na evocação desta efeméride. Queremos assim demonstrar e documentar quão enrizado continua esta tradição cristã e franciscana na cultura portuguesa.

Nesse sentido, pensámos em organizar um concurso de presépios que não se fique pela efeméride, mas que continue a ser, no futuro, memória viva.

Assim, conforme reza o Regulamento que segue em anexo, pedimos a cada aderente a generosidade de nos oferecer uma peça da sua arte, que passará a integrar o museu de arte popular e imaginário franciscano, já existente no Convento da Luz-Lisboa.

É nossa intenção conseguirmos mapear a imensa criatividade que o tema presépio (Belém e Greccio) continua a inspirar em todo o nosso território. Para isso, será muito importante podermos inscrever também o seu nome neste concurso que se converterá, logo depois, em exposição permanente e visitável.

Desde já, o nosso muito Bem-Haja pela adesão a esta iniciativa dos Franciscanos de Portugal.

Que S. Francisco de Assis, alma inspirada e inspiradora, o proteja e abençoe no seu trabalho.

Mais informações aqui


domingo, 22 de outubro de 2023

Imagem de santa é furtada da Igreja do Santo Antônio Além do Carmo

Suspeita é que imagem de Nossa Senhora do Rosário dos Quinze Mistérios tenha sido levada durante internação do frei Ronaldo

Raquel Brito

A imagem de Nossa Senhora do Rosário dos Quinze Mistérios, que estava na Igreja do Santo Antônio Além do Carmo, foi furtada da basílica. A informação foi compartilhada pela Paróquia Santo Antônio Além do Carmo (Pascom), que iniciou uma campanha nas redes sociais para encontrar a obra sagrada.

Segundo Jailson Jesus dos Santos, pároco da Igreja, a imagem foi roubada em julho deste ano, entre a internação e a morte do frei Ronaldo Marques Magalhães, antigo padre do templo. “Quando eu cheguei na paróquia, uma semana depois da missa de sétimo dia do frei, fiz um levantamento dos bens e a imagem já não estava lá. Eu comecei a procurar em outros lugares, em outras igrejas, para saber se ela foi emprestada ou se foi mandada para restauração. Quando não vi resultado, fiz a denúncia”, conta.

A denúncia em questão foi feita ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que, de acordo com o padre, direcionou o caso para a Polícia Federal. Ainda não foi feito um boletim de ocorrência.


A obra costumava ficar na Sala de Santo Antônio, no primeiro andar da Igreja. A suspeita, para o padre, é que o responsável pelo roubo tinha acesso fácil ao local. “A igreja não foi arrombada, não teve porta forçada nem cadeado quebrado. Quem pegou a imagem, sabia onde estava. Tinha a chave da igreja e a chave da sala onde ela ficava”, afirma.

Entretanto, Jailson explica que a imagem de Nossa Senhora do Rosário dos Quinze Mistérios já teve outro lar. “Ela é a imagem principal, a imagem do altar-mór da Igreja dos Quinze Mistérios, fundada por uma irmandade negra. Essa igreja está deteriorada, por isso a imagem foi levada para o Santo Antônio”, diz o pároco.

Para ele, a imagem não é só importante para a paróquia, mas para toda a Bahia e o Brasil, uma vez que acompanhou na Igreja dos Quinze Mistérios movimentos como a Revolta dos Malês, em 1835, na qual a irmandade mencionada por ele teve papel ativo. “É um registro de uma memória negra, de uma luta de organização e resistência negra na Bahia”, ressalta.

A santa chegou à Igreja dos Quinze Mistérios em 1811. Mas, de acordo com o Iphan, a obra tem características que remetem à arte sacra do terceiro quartel do século XVIII, apresentando elementos do barroco. Segundo o instituto, a imagem não é tombada.

A peça é composta por uma santa usando uma coroa e um vestido dourado e azul, carregando um querubim de trajes brancas e coroa dourada. Abaixo, quatro outros querubins cercam as duas figuras principais.


De acordo com o padre Jailson, no momento do roubo, um dos anjos caiu e ficou na igreja. Ele destaca esse desfalque como uma característica que possíveis compradores devem estar atentos. “A expectativa é que se alguém foi oferecido a venda desta imagem, a compra desta imagem, possa fazer a denúncia e não comprar. Se um antiquário ou um colecionador perceber que essa imagem está sendo vendida, oferecida para ser comprada, nos avise. Porque ela não pertence à igreja, pertence à história do Brasil”, apela.

O pároco ressalta que a imagem de Nossa Senhora do Rosário dos Quinze Mistérios é devocional, e que este é o mês em que se realiza a festa da santa, entre os dias 27 e 29 de outubro.

*Com orientação da subeditora Fernanda Varela.
Fonte: Correio 24 horas

sábado, 21 de outubro de 2023

Artesão cego impressiona com esculturas religiosas cheias de detalhes em MG: ‘Os olhos estão na mão e no coração’




Zulmar Antônio, artesão de Patos de Minas — Foto: TV Integração/Reprodução



Zulmar Antônio produz obras de arte sacra na fazenda em que mora com a família em Patos de Minas. Das dobras da roupas à pintura das peças, ele executa cada passo da escultura com perfeição.

Se os olhos de Zulmar Antônio não conseguem mais enxergar as peças de madeira que esculpe, o mesmo não se pode dizer da ponta dos dedos. É apenas usando o tato que o artesão de Patos de Minas faz esculturas de imagens sacras na fazenda em que mora com a família.

Seu Zulmar tem retinose pigmentar, uma doença hereditária que causa perda gradativa da visão. Ele percebe apenas variações na luminosidade dos ambientes, mas não consegue distinguir formas.


“Eu não dou um passo sem uma bengala. E eu trabalho na serra, na prancha, e não tenho um risco ou arranhão na mão”, conta.

Quando aprendeu a esculpir, Zulmar ainda tinha parte da visão, mas aos poucos o sentido foi se perdendo. Ele começou a manipular madeira ainda criança, quando trabalhava com o tio dele em um antiquário e passou a produzir móveis.

“Andando peças roças e procurando coisas antigas, eu via os carpinteiros trabalhando e aprendi sozinho, só pela observação”, contou.

O artesanato não foi a única profissão que Zulmar já exerceu. Ao longo da vida, ele engraxou sapatos, vendeu picolés, jornal e garrafas e foi até servente de pedreiro para ajudar a família.
Zulmar Antônio, artesão de Patos de Minas — Foto: TV Integração/Reprodução

Com o passar do tempo, ele se especializou na arte das esculturas sacras. Mesmo sem poder enxergar as ferramentas afiadas que utiliza, o artesão impressiona pela riqueza de detalhes, desde as dobras das roupas dos santos até a pintura das peças, que ele também faz.

“Por eu já ter feito tantas artes sacras, eu conheço o santo pela roupa dele. É no detalhe, na paciência”, explica.


E não é apenas a perfeição das esculturas que pode surpreender. Dentro de algumas obras de arte, ele esconde mensagens que escreveu a próprio punho para serem encontradas pelos compradores das esculturas.

“Não sei se elas ficam 100 anos, 200 anos, lá dentro. Um dia alguém vai descobrir o que está escrito, tem algumas que nem eu me lembro o que escrevi”.
Escultura de Zulmar Antônio de Patos de Minas — Foto: TV Integração/Reprodução

Com tranquilidade, fé e paixão pelo que faz, Zulmar conquista cada vez mais admiradores na região. E para quem se impressiona com a incrível habilidade do artesão, ele oferece a resposta na ponta da língua.

“Os olhos estão na mão e no coração.”
Zulmar Antônio, artesão dePatos de Minas — Foto: Reprodução/TV Integração

FONTE G1 / Correio de Minas

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

A arte de Gaudioso em Fátima: o escultor de Vibo entre os protagonistas de uma exposição internacional


O profissional originário de Zungri representará a província de Vibo com uma de suas obras no âmbito do evento de arte sacra realizado no Museu da Consolata, evocativo local de peregrinação: «Orgulho de falar da minha arte além das fronteiras nacionais»

Giusy D’ Angelo15 de outubro de 2023 


A arte do escultor Gaudioso



Um colectivo de arte sacra que atrai profissionais de todos os cantos da Europa e não só. Em Fátima, Portugal, será realizada uma importante exposição internacional dedicada a Nossa Senhora com a presença de artistas de diversos países. O evento, que acontecerá no Museu Consolata – Arte Sacra e Etnologia, contou com forte apoio de Mattea Micello , crítica de arte e curadora da exposição. O evento será realizado de 4 de novembro a 7 de janeiro.A província de Vibo Valentia também estará representada graças à presença do escultor zungriano Tonino Gaudioso que participará com uma das suas criações mais evocativas, uma maternidade. Gaudioso é o único artista da região de Vibo a ter acesso ao importante encontro com a arte e a fé.


A exposição em Portugal

O local é dedicado à história e cultura da região, bem como à devoção a Nossa Senhora de Fátima. É um local de peregrinação para muitas pessoas ao redor do mundo e também um local de aprendizagem e descoberta. O museu foi fundado no início do século XX por missionários da Consolata, que dedicaram o seu tempo e recursos à preservação da cultura e da história da região. O museu está dividido em duas secções: a secção de arte sacra e a secção de etnologia. A realização da exposição colectiva neste contexto de prestígio apenas promoverá a arte de Gaudioso muito além das fronteiras da Calábria. A presença do profissional da Vibo foi fortemente desejada pelo curador Micello devido às características artísticas altíssimas em relação à criação das obras sacras. Gaudioso, aliás, está entre os escultores mais apreciados da Calábria pela criação de obras sacras. Entre as suas últimas encomendas, lembramos a imponente estátua da Madonna della Fontana localizada na entrada de Spilinga. Obra com aproximadamente 2 metros de altura, em mármore de Carrara.
Tonino Gaudioso

A satisfação de Gaudioso

A emoção antes do evento é grande: «Tenho cada vez mais orgulho de ter mergulhado neste esplêndido mundo da escultura. Apesar dos enormes sacrifícios, é um setor que me dá muita satisfação.Entre as emoções mais fortes, a participação nesta exposição colectiva de arte sacra em Fátima".

Uma oportunidade de se dar a conhecer e ao mesmo tempo enriquecer a sua formação profissional e humana: «A minha escultura terá a oportunidade de me representar a nível artístico e de contar a minha inclinação natural para a escultura figurativa italiana, muito ligada a um mundo clássico que, no que me diz respeito, nunca ficará em segundo plano. É um trabalho em resina vítrea e terracota. Após a exposição irei doá-lo ao Museu, aliás é minha intenção deixá-lo como presente". A participação no evento em Fátima é cheia de expectativas: «Tenho orgulho de estar entre os artistas convidados e espero que haja mais objetivos a alcançar no futuro. Por esta oportunidade não posso agradecer ao Dr. Micello. Existem todas as condições para tornar único este evento no Museu da Consolata."


quinta-feira, 19 de outubro de 2023

São Pedro de Alcântara, Padroeiro do Brasil.

 


São Pedro de Alcântara, Padroeiro do Brasil. São Pedro de Alcântara, de nome de baptismo Juan de Garabito y Vilela de Sanabria (Alcântara, 1499 — Arenas de San Pedro, 18 de Outubro de 1562), foi um frade franciscano espanhol que fez grandes reformas na sua ordem religiosa, a Ordem dos Capuchinhos, no Reino de Portugal.

Nasceu em 1499, em Alcântara, Estremadura, Espanha. Filho de Pedro Garavita, governador, e a sua era mãe membro de uma família nobre de Sanabia. Estudou gramática e filosofia em Alcântara, e leis canónicas e civis na Universidade de Salamanca. Franciscano com 16 anos em Manjarez, fundou o convento em Babajoz com 20 anos e serviu como seu superior. Ordenado em 1524, com 25 anos, ele era notável pregador. Um recluso por natureza, vivia no convento de Santo Onóphrius, um local remoto onde ele poderia estudar e rezar entre as missões.

Não obstante essa reclusão, foi indicado Provincial Franciscano para o Mosteiro de São Gabriel na Estremadura, em 1538. Trabalhou em Lisboa, em 1541, ajudando à reforma da Ordem. Em 1555, iniciou as reformas "Alcântarinas", hoje conhecidas como a "Estrita Observância". Amigo e confessor de Santa Teresa d'Ávila, ajudou-a em 1559 durante o trabalho de reforma da sua Ordem. Místico e escritor, os seus trabalhos foram usados por São Francisco de Sales.

Morreu a 18 de Outubro de 1562 na Estremadura de causas naturais. Foi canonizado em 1669 pelo Papa Clemente IX. Indicado pelo Papa Pio IX em 1862, como Padroeiro do Brasil. É também padroeiro de Estremadura, Espanha (indicado em 1962) e dos vigias, também em 1962.

«Com a proclamação da República no Brasil, São Pedro de Alcântara foi discretamente esquecido, provavelmente porque seu nome lembrava o dos imperadores e, além disso, mostrava o quanto havia de positiva ligação entre o Império e a Religião. Porém, seu nome ainda continua a ser lembrado nos missais da Igreja Católica. E foi num destes missais que se encontra a oração transcrita a seguir, a São Pedro de Alcântara, Padroeiro do Brasil, conforme consta no índice do missal.

Oração a São Pedro de Alcântara, Padroeiro do Brasil

Ó grande amante da Cruz e servo fiel do divino Crucificado, São Pedro de Alcântara; à vossa poderosa protecção foi confiada a nossa querida Pátria brasileira com todos os seus habitantes. Como Varão de admirável penitência e altíssima contemplação, alcançai aos vossos devotos estes dons tão necessários à salvação. Livrai o Brasil dos flagelos da peste, fome e guerra e de todo mal. Restituí à Terra de Santa Cruz a união da fé e o verdadeiro fervor nas práticas da religião.

De modo particular, vos recomendamos, excelso Padroeiro do Brasil, aqueles que nos foram dados por guias e mestres: os padres e religiosos. Implorai numerosas e boas vocações para o nosso país. Inspirai aos pais de família uma santa reverência a fim de educarem os filhos no temor de Deus não se negando a dar ao altar o filho que Nosso Senhor escolher para seu sagrado ministério.

Assisti, ó grande reformador da vida religiosa, aos sacerdotes e missionários nos múltiplos perigos de que esta vida está repleta. Conseguí-lhes a graça da perseverança na sublime vocação e na árdua tarefa que por vontade divina assumiram.

Lá dos Céus onde triunfais, abençoai aos milhares de vossos protegidos e fazei-nos um dia cantar convosco a glória de Deus na bem-aventurança eterna. Assim seja!»

“Adoremus – Manual de Orações e Exercícios Piedosos” – Por Dom Frei Eduardo, O.F.M. – XX Edição Bahia – Tipografia de São Francisco – 1942, p. 284

Festival Internacional de Órgão regressa com 44 concertos de Música Sacra ao Grande Porto





O Festival Internacional de Órgão e Música Sacra da Área Metropolitana e Diocese do Porto (FIOMS) está de regresso entre 19 de outubro e 19 de novembro ao Porto, Maia, Amarante, Felgueiras, Valongo, Gondomar, Vila Nova de Gaia, Arouca, Oliveira de Azeméis e Vila do Conde.

A 3.ª edição do festival volta para celebrar “o impressionante património organístico da região, alvo de amplo reconhecimento internacional”, através da realização de 44 concertos em igrejas da Diocese do Porto e em dez municípios da região do Grande Porto.

Durantes os concertos, os ouvintes poderão presenciar “uma experiência musical rica e diversificada para todos os amantes da música sacra e, ao mesmo tempo, permitirá seduzir novos públicos que descobrirão a intemporalidade do órgão de tubos enquanto instrumento que traduz em sons o divino, seja este qual for“.

O Porto receberá 20 concertos, do átrio dos Paços do Concelho à Sé Matriz, passando pelo concerto coral-sinfónico em São João Novo; a Maia acolhe sete concertos que começam com a Orquestra Clássica da Maia; também de Vila Nova de Gaia, Arouca e Oliveira de Azeméis no Sul, a Vila do Conde, Amarante e Felgueiras no Norte, e a Gondomar e Valongo a Este, todos receberão concertos em algumas das mais emblemáticas igrejas da região.

“O FIOMS está empenhado em colaborar com diversas entidades públicas e privadas da região para criar uma oferta cultural que atenda às necessidades e especificidades de cada localidade. O objetivo é enriquecer culturalmente as comunidades locais e contribuir para o desenvolvimento turístico da Área Metropolitana do Porto”, refere Filipe Veríssimo, diretor artístico do FIOMS.


“Inserido numa região que acolhe mais de uma centena de órgãos de tubos, e o enorme potencial de desenvolvimento turístico da Área Metropolitana do Porto, acreditamos que o FIOMS poderá contribuir de maneira excecional para a afirmação da região não apenas a nível nacional, mas também internacionalmente. Este festival coloca a região na rota dos grandes Festivais Internacionais de Órgão e Música Sacra, consolidando sua posição como um destino cultural de destaque”, acrescenta o cónego António Coelho de Oliveira, Vigário-geral da Diocese do Porto.

Desta forma, o evento tem como objetivo primordial “preservar, promover e valorizar o vasto e rico património organístico da Área Metropolitana e Diocese do Porto, estimulando o interesse das populações pela Música Sacra, tanto vocal quanto de órgão”, bem como “despertar novos talentos através da criação e implementação de uma proposta de oferta cultural para a região que seja regular, bem articulada e sustentável”.

Todos os concertos têm entrada livre.

O FIOMS conta com a Fundação “la Caixa” como Mecenas e com o apoio institucional da Diocese do Porto e da Direção Regional de Cultura do Norte.

quarta-feira, 18 de outubro de 2023

Cagnatico: conclusão da restauração da igreja


Os retábulos da igreja de Santa Maria Bambina em Cagnatico foram restaurados



A restauração da antiga igreja de Santa Maria Bambina em Cagnatico, pequeno povoado de Odolo, foi definitivamente concluída após mais de dois anos de obras.

A última intervenção, realizada tanto na ancona como no grande retábulo do altar-mor e na pintura do altar de Santo António de Pádua ("abraçado" por uma estupenda moldura de madeira talhada e dourada a ouro puro, também perfeitamente restaurada ), concluiu com sucesso o importante trabalho, que devolveu uma autêntica joia da arte sacra de Valsabbina (e muito mais) ao seu esplendor original.

Um projecto ambicioso, que começou ainda antes da chegada da emergência sanitária, pretendido pelo então pároco de Odolo, Don Gualtiero Pasini, e que, depois de todos os percalços trazidos pela pandemia, chegou à meta com a última iniciativa em ordem de tempo, promovido pelo atual pároco, padre Nicola Signorini.

Uma restauração verdadeiramente complicada, que foi confiada ao pessoal qualificado do Professor Leonardo Gatti, após a aprovação do Gabinete do Património Cultural da Cúria de Brescia e foi seguida por Angelo Loda e Camilla Rinaldi da Superintendência de Brescia.

“A intervenção – resume o professor Gatti – afetou tanto o exterior como o interior do edifício sagrado. Quando iniciamos nosso trabalho, a antiga igreja estava em mau estado de conservação. Trazer tudo de volta às suas condições originais apresentou-se como um desafio muito complexo e delicado. Decidimos por isso utilizar as técnicas mais inovadoras e qualificadas e o resultado final está à vista de todos."

O longo percurso, que começou com a intervenção no exterior da igreja que afectou particularmente os elementos arquitectónicos e a torre sineira, continuou no aparelho decorativo interno, até chegar à última “etapa” de conclusão da obra, com o último ciclo de restauro. .

Uma obra que nas suas diversas fases reservou surpresas significativas, contando duas belas histórias que surpreenderam os fãs da arte sacra: “Ao trabalhar nas pinturas – continua Gatti – fizemos uma primeira descoberta verdadeiramente surpreendente. Sob parte da pintura branca que foi sobreposta ao longo do tempo, encontramos vestígios da decoração original antiga, rica e luminosa. Achados que foram em grande parte recuperados tanto nas pilastras como nas belas molduras que circundavam os afrescos nas laterais do presbitério”.

Terminadas as obras exteriores, com a chegada do verão, iniciou-se o restauro do retábulo e do retábulo grande do altar-mor, dedicado a S. Maria Bambina, e do altar de S. António da Pádua. por uma estupenda moldura de madeira, finamente talhada e dourada em ouro puro, sobre a qual, embutida na mesma, está a estupenda estátua do santo com dois querubins. “Durante a primeira fase de trabalho iniciada no início do verão – continua o professor Leonardo Gatti – após a desmontagem do grande retábulo do altar-mor, fizemos uma segunda descoberta completamente inesperada. Na verdade a pintura era composta por duas telas costuradas horizontalmente, a inferior do século XVI e a superior do século XVIII. No verso encontramos uma grande inscrição que confirmava o que havíamos encontrado: “Refeito inteiramente por Antonio Moncini, amador sem instrução, finalizado em 1.791”. Assim, podemos levantar a hipótese de que ao pintor amador (como ele próprio se definia, mas que no entanto fez um trabalho digno, combinando estas duas telas no único retábulo dedicado a S. Maria Bambina e obtendo uma única pintura) foi incumbida a tarefa de reconstruir a parte superior da pintura, provavelmente muito deteriorada, para recompor-la no seu conjunto e substituí-la no grande retábulo de madeira, sobre a qual se ergue a estátua do Pai Eterno, que chegou ao nosso laboratório inexplicavelmente pintada de branco e recuperada com paciente limpeza trabalhe para encontrar suas cores originais novamente. Também muito interessante – conclui o restaurador de Brescia – é o altar de Santo António de Pádua, onde encontrou o seu lugar uma esplêndida moldura de madeira esculpida em ouro puro, sobre a qual está inserida a bela estátua do santo”.

Tudo por uma importante obra de restauro, tanto técnica como estética, que devolveu toda a sua beleza a um pequeno e grande tesouro de arte sacra bresciana, infelizmente pouco conhecido, valorizando a antiga Igreja de Santa Maria Bambina e devolvendo-lhe o antigo esplendor.

Uma intervenção longa e complexa, que pôde ser iniciada graças à contribuição da Fundação Acciaierie Valsabbia, à qual se juntaram vários empresários e empresas locais, por um lado, e a da Fundação Comunitária Bresciana, por outro. Imediatamente a seguir surgiram inúmeras ofertas, não só da comunidade local, mas também de vários benfeitores, incluindo várias famílias originárias de Odolo que se mudaram para outras localidades italianas e também para o estrangeiro, mas que, pelo grande carinho pela sua igreja histórica, com grande generosidade que permitiram chegar ao fim deste longo trabalho.

Nesse sentido, ao longo de todo o processo de restauração, destacamos também a preciosa contribuição dos voluntários, liderados por Pierluigi Tononi, Luca Mora e Augusto Carli, bem como a contribuição do historiador da arte Andrea Crescini, curador com Angelo Loda, do exposição recente intitulada: “Imagens milagrosas de Madonas e santos milagrosos em Valle Sabbia”.

Tudo isto, em poucas palavras, para uma verdadeira “equipa”, que com paixão e entusiasmo se colocou ao serviço da querida igreja quinhentista até que foi possível alcançar o esplêndido resultado final que, como recordaram com motivada satisfação do pároco Don Nicola e do restaurador Gatti, está agora à vista de todos.

Uma restauração artisticamente feita para restaurar uma “jóia” tão querida aos fiéis de toda a Valsabbia e aos amantes da história sagrada, talvez pouco conhecida, mas sem dúvida digna de ser visitada e incluída no rico roteiro histórico do vale.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...