quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Padroeira do Brasil

 







A Imagem de Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil e Generalíssima do Exército Brasileiro, que apareceu para os pescadores Domingos Garcia, Felipe Pedroso e João Alves em outubro de 1717.

A imagem retirada das águas do rio Paraíba do Sul em 1717 mede trinta e seis centímetros de altura e é de terracota, ou seja, argila que após modelada é cozida num forno apropriado. A imagem da Padroeira do Brasil, Nossa Senhora da Conceição "Aparecida", na verdade, trata-se de um exemplar em barro cozido de uma Nossa Senhora da Conceição ( que recebeu o codinome de “Aparecida”)

Em estilo seiscentista, como atestado por diversos especialistas que a analisaram, acredita-se que originalmente apresentaria uma policromia, como era costume à época, embora não haja documentação que comprove tal suspeita. A argila utilizada para a confecção da imagem é oriunda da região de Santana do Parnaíba, na Grande São Paulo. Quando recolhida pelos pescadores, estava sem a policromia original, devido ao longo período em que esteve submersa nas águas do rio. A cor de canela que apresenta hoje deve-se à exposição secular à fuligem produzida pelas chamas das velas, lamparinas e candeeiros, acesas por seus devotos.

Através de estudos comparativos, a autoria da imagem foi atribuída ao frei Agostinho de Jesus, um monge de São Paulo conhecido por sua habilidade artística na confecção de imagens sacras. Tais características incluem a forma sorridente dos lábios, queixo encravado, flores em relevo no cabelo, broche de três pérolas na testa e porte empinado para trás. O motivo pelo qual a imagem se encontrava no fundo do rio Paraíba é que, durante o período colonial, as imagens sacras de terracota eram jogadas em rios ou enterradas quando quebradas.

A imagem foi tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado (Condephaat), em 2012, sendo considerada como patrimônio do Estado de São Paul

Há duas fontes sobre o achado da imagem, que se encontram no Arquivo da Cúria Metropolitana de Aparecida (anterior a 1743) e no Arquivo da Companhia de Jesus, em Roma: a história registrada pelos padres José Alves Vilela, em 1743, e João de Morais e Aguiar, em 1757, cujos documentos se encontram no Primeiro Livro de Tombo da Paróquia de Santo Antônio de Guaratinguetá.

Segundo os relatos, a aparição da imagem ocorreu na segunda quinzena de outubro de 1717, quando Pedro Miguel de Almeida Portugal e Vasconcelos, conde de Assumar e governante da capitania de São Paulo e Minas de Ouro, estava de passagem pela cidade de Guaratinguetá, no vale do Paraíba, durante uma viagem até Vila Rica.

O povo de Guaratinguetá decidiu fazer uma festa em homenagem à presença de Dom Pedro de Almeida e, apesar de não ser temporada de pesca, os pescadores lançaram seus barcos no rio Paraíba do Sul com a intenção de oferecerem peixes ao conde.

Os pescadores Domingos Garcia, João Alves e Filipe Pedroso rezaram para a Virgem Maria e pediram a ajuda de Deus. Após várias tentativas infrutíferas, desceram o curso do rio até chegarem ao Porto Itaguaçu. Eles já estavam a desistir da pescaria quando João Alves jogou sua rede novamente, em vez de peixes, apanhou o corpo de uma imagem da Virgem Maria, sem a cabeça. Ao lançar a rede novamente, apanhou a cabeça da imagem, que foi envolvida em um lenço.

Após terem recuperado as duas partes da imagem, a figura da Virgem Aparecida teria ficado tão pesada que eles não conseguiam mais movê-la.

A partir daquele momento, os três pescadores apanharam tantos peixes que se viram forçados a retornar ao porto, uma vez que o volume da pesca ameaçava afundar as embarcações. Esta foi a primeira intercessão atribuída à santa.

Durante os quinze anos seguintes, a estátua permaneceu na família de Filipe Pedroso, e os vizinhos passaram a venerá-la. Histórias dos milagres de Nossa Senhora Aparecida se espalharam por todo o Brasil, e a família Pedroso construiu para ela uma capela que logo se tornou pequena para tantos fiéis. Em 1737 o padre de Guaratinguetá construiu para ela uma capela no Morro dos Coqueiros, onde as visitas públicas começaram em julho de 1745.

Com origem na devoção de Nossa Senhora da Conceição, Padroeira do Reino de Portugal desde 1646, a devoção a Nossa Senhora Aparecida foi crescendo entre o povo da região de Guaratinguetá e do Rio Paraíba do Sul, se tornando centro de peregrinação desde o Século XVIII.

No dia 20 de abril de 1822, em viagem pelo Vale do Paraíba, o então Príncipe Regente do Brasil, Dom Pedro I e sua comitiva, visitaram a capela e conheceram a imagem de Nossa Senhora Aparecida. Pedro teria rezado na igrejinha e feito uma promessa: se tudo corresse bem, ele faria de Nossa Senhora Aparecida a padroeira do Brasil independente. Na realidade, depois de se tornar imperador, Pedro I escolheu São Pedro de Alcântara como padroeiro.

Dom Pedro II e sua Esposa Dona Teresa Cristina visitaram e rezaram no Santuário da Basílica Velha de Guaratinguetá em duas ocasiões, a primeira em 1845, logo após as agitações das Revoltas Liberais na Região, e a segunda no ano de 1865 em plena Guerra do Paraguai.

Três anos depois em 1868 a Princesa Isabel e seu Marido o Conde D'Eu visitaram o Santuário onde pediram a Nossa Senhora Aparecida um filho saudável. No dia 15 de outubro de 1875, após 13 horas de trabalho de parto nasceu o príncipe Dom Pedro de Alcântara. Por duas vezes, durante o Império, a princesa se fez romeira a Aparecida. Em agradecimento a Santa pelos seus três filhos. Em dezembro de 1868, ofereceu-lhe um manto, com 21 estados brasileiros; em 6 de novembro de 1884, ofereceu-lhe uma coroa de ouro, cravejada de brilhantes.

“Nós estamos diante de um templo (Basílica Histórica) que concretiza todo o catolicismo do povo brasileiro, tanto do ponto de vista técnico e oficial de reconhecimento da Igreja Católica, como do uso concreto desse templo para lugar do grande desenvolvimento da devoção a Nossa Senhora Aparecida. Da imagenzinha pobre e quebrada, que foi pescada no Rio Paraíba do Sul, à Imagem Oficial da Padroeira do Brasil, Nossa Senhora da Conceição Aparecida, mãe de Jesus Cristo”, afirmou o missionário redentorista padre Victor Hugo Lapenta, C.Ss.R.

De acordo com relato do Padre Claro Francisco de Vasconcelos, um dos Primeiros Milagres atribuídos a Nossa Senhora Aparecida é da quebra das correntes do Escravo Zacarias, que em 1790 fugiu de uma fazenda em Curitiba e veio para São Paulo, onde foi encontrado e preso por correntes em Bananal, porém ao Passar pela Capela de Aparecida, pediu ao feitor a licença de ver a imagem Nossa Senhora Aparecida e ele permitiu.

Ao fazer o seu pedido de clemência por liberdade as correntes cariam de suas mãos. Assustado o feitor concordou que o escravo deveria ficar em liberdade e retornou sozinho. A história do Milagre de Zacarias se espalhou por todo Brasil. O escravo liberto se tornou grande Apóstolo da devoção a Nossa Senhora de Aparecida.

Em celebração ao que ficou conhecido na memória dos devotos como "Milagre das Correntes" em 1884 no auge da campanha abolicionista, o Bispo de São Paulo Dom Lino Deodato Rodrigues de Carvalho encomendou uma pintura retratando a libertação do Escravo Zacarias pela santa de autoria do pintor alemão Thomas Driendl, localizado no Antigo Santuário de Aparecida em Guaratinguetá

A Corrente do Escravo Zacarias está hoje exposta no Museu de Nossa Senhora Aparecida em São Paulo.

Na Festa da Imaculada Conceição de 1904, para comemorar os 50 anos da proclamação do dogma da Imaculada Conceição em 1854 , a estátua de Nossa Senhora Aparecida foi coroada canonicamente pelo arcebispo de São Paulo , Lino Deodato Rodrigues, por decreto de a Santa Sé e na presença do Núncio Apostólico . A Coroação foi realizada em nome e por conta do Papa Pio X , que concedeu esta aprovação. A coroação papal da imagem de Aparecida foi um grande evento com a presença de muitas pessoas e de autoridades civis, incluindo o presidente Rodrigues Alves , que fez questão de testemunhar o ato apesar da separação entre Igreja e Estado que havia sido instituída quando o Brasil tornou-se uma República

Em 16 de julho de 1930, o Papa Pio XI declarou a Imaculada Conceição sob o título de Nossa Senhora Aparecida a principal padroeira do Brasil, nomeadamente difundida na Arquidiocese do Rio de Janeiro .

O decreto pontifício indicava que o Papa Leão XIII concedeu a aprovação sobre a devoção da imagem sob o título “Nossa Senhora da Conceição Aparecida ”. Além disso, São Papa Pio X instituiu o Ofício da Missa sob esta honra e permitindo que esta devoção se espalhasse devido à piedade generalizada do povo brasileiro

Em 1978, após sofrer um atentado que a reduziu a quase duzentos fragmentos, a imagem foi encaminhada a Pietro Maria Bardi, à época diretor do Museu de Arte de São Paulo (MASP), que a examinou, juntamente com João Marino, colecionador de imagens sacras brasileiras. Foi então totalmente restaurada, no MASP, pelas mãos da artista plástica Maria Helena Chartuni

Fonte: Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. 1970 

Fonte: A Terra da Santa Cruz

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