quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Artista sai pelas ruas registrando os prédios e Igrejas históricas de Ribeirão Preto

Beto Candia quer reunir seus trabalhos em exposição e despertar a ideia da conservação dos imóveis históricos

Por Valeska Mateus / Jornal A Cidade
Catedral de Ribeirão Preto
Desenhos que retratam a história de Ribeirão Preto por meio de suas igrejas, casarões e praças. Pinceladas que mostram a riqueza de detalhes desses prédios constituem o trabalho atual do artista plástico e ilustrador Beto Candia, de 40 anos. "Valorizo muito a história da nossa cidade, os casarões antigos e os pontos turísticos. São edifícios interessantíssimos em termos de harmonia e diversidade de detalhes. Gosto de andar pelo Centro e estudar esses prédios", justifica.
Registros que são feitos há um ano, aos sábados e domingos pela manhã, quando o artista percorre as ruas de Ribeirão com seu banquinho, mochila e estojo de tintas retratando as obras que fazem parte do seu cotidiano. Antes da aquarela, os primeiros traços são com canetinha, para que o artista tenha uma noção das formas, detalhes arquitetônicos do prédio e da proporção do paisagismo. Cada aquarela, finalizada, na maioria das vezes no próprio local, leva cerca de duas horas para ser produzida.
O Palácio Rio Branco, o MARP, o Colégio Fábio Barreto, a Maria Fumaça e a Praça Sete de Setembro estão entre as obras já retratadas por ele. Todos registrados de vários ângulos para refletir as diversas visões do prédio dentro do contexto urbano.
Catedral 
A primeira aquarela do trabalho foi a da Catedral Metropolitana de São Sebastião, e também a mais desafiadora para ele. Segundo Candia, a escolha se deu pela riqueza de detalhes do seu interior, das pinturas e das mudanças de luz no decorrer do dia. "Valorizo a arte sacra, as obras renascentistas. E a catedral tem todo o seu charme", diz.
Candia ressalta que a maioria das pessoas não tem conhecimento do valor histórico desses prédios e muitos são depredados. Despertar no público e nas autoridades a importância da conservação desses edifícios é um dos objetivos do artista, que pretende montar uma exposição quando tiver concluído cerca de 40 trabalhos, ou até mesmo publicar um livro. "Meu foco é retratar todos os pontos turísticos. A partir da exposição espero que o governo possa ter outra visão dos monumentos e praças da cidade. Estamos em um momento de desenvolvimento muito grande de Ribeirão, eles precisam ser os cartões postais da cidade", acredita o artista.
Primeiro desenho foi para uma camiseta
Natural de São Paulo, o artista plástico se mudou para Ribeirão Preto com apenas 6 anos e logo descobriu sua vocação. "Trabalho profissionalmente com arte desde os 15 anos, quando vendi um desenho para uma camiseta. Nesse momento descobri que poderia viver dela [a arte] e me considero um privilegiado", afirma.
Na adolescência, no início dos anos 90, o artista retornou à capital e grafitou muros de espaços como a Praça 14 Bis, no "Buraco da Paulista", e a Praça Roosevelt. Arte urbana que aplicou em Ribeirão Preto em festas e eventos. E chegou a fazer uma exposição individual durante o período de reforma do Theatro Pedro II, no Projeto Consertando. A partir de 1992, com a mudança na finalização do material artístico por conta da inclusão da informática, ele passou a se dedicar à arte digital, animação e ilustração de livros didáticos e infantis. Foram cerca de dez anos longe dos pincéis e das tintas. "Fiquei focado no desenvolvimento de arte digital e parei de usar aquarela, óleo e lápis de cor. Sentia falta de mexer com a tinta", lembra.
O retorno aconteceu há pouco mais de um ano, quando foi convidado a participar do blog Brazil Urban Sketchers, em que alguns artistas brasileiros são selecionados para contribuir com trabalhos que retratem o cotidiano das cidades em que vivem. "Uma comunidade de ilustradores que aprecia fazer desenhos urbanos, o dia a dia do artista, os lugares onde passou", explica.
artista se especializa em outros países
Autodidata, Beto Candia tem uma busca constante pelo aprimoramento de sua arte. Em 1998 fez a primeira especialização em arte, em Los Angeles, com modelos vivos. Fã da obra do pintor Caravaggio, este ano ele esteve em Florença para estudar arte clássica e, em fevereiro, parte para Fênix, para um curso de pintura a óleo com Casey Baugh."Tenho uma ânsia pelo conhecimento. Estou sempre estudando novas formas, desenhando, me aperfeiçoando", afirma.
O ilustrador tem um conceito bem definido sobre a palavra dom. "É uma conquista que se tem a partir de algo que nos dá prazer. É uma maneira diferente de dizer que se gosta daquilo que está se desenvolvendo. Porque a partir disso a pessoa não vai medir esforços para conseguir sua excelência e vai vencer todos os obstáculos", analisa.

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