Por Mirza Pellicciotta
Há quatro anos, a cidade de São Luiz do Paraitinga, patrimônio histórico do território paulista, enfrentou uma gravíssima enchente: o paraitinga, rio que por cerca de duzentos e cinquenta anos orientara a formação e desenvolvimento deste núcleo urbano, transbordou, fazendo avançar as águas sobre um conjunto arquitetônico que nascera em suas margens. São Luiz ficou ilhada por três dias; ruas e edifícios permaneceram parcialmente submersos, enquanto mais de cem famílias buscava ajuda e abrigo, movimentando-se toda a sociedade para enfrentar uma verdadeira calamidade. E então, com o refluxo das águas - que alcançou mais de 12 metros acima de seu nível - revelou-se uma cidade em escombros. Por onde se deveria iniciar a reconstrução?
Mais de 90% das edificações tombadas pelo patrimônio histórico estadual foram atingidas. No perímetro de tombamento, 32 imóveis tiveram perda parcial e 18 imóveis tiveram perda total, constando entre eles, edificações da mais alta relevancia comunitária: Igreja Matriz, a Capela de Nossa Senhora das Mercês e o antigo Grupo Escolar (obra de Euclides da cunha). Por outro lado, em função dos deslizamentos das encostas, dezenas de outros imóveis foram soterrados ou interditados, os acessos da cidade ficaram interrompidos e sua rede de serviços e comércio foi paralizada.
Como esta cidade se recompôs?? Como sua comunidade vem se reerguendo?
Nos quatro anos que se seguiram à tragédia, um vasto número de associações, instituições, universidades públicas e privadas se somaram à luta dos moradores de São Luiz do Paraitinga para restabelecer as condições de vida e funcionamento deste município. E entre os desafios, a problemática do patrimônio histórico-cultural adquiriu nuances importantes. Quais foram elas? O que poderíamos/podemos aprender com esta trajetória dramática e impressionante (pelo seu sentido coletivo) de reconstrução urbana?
No próximo dia 16 de novembro (domingo), vamos realizar uma viagem aos caminhos de reconstrução da cidade de São Luiz do Paraitinga; atividade que vai focar toda sua atenção nas experiências e realizações que a cidade - e seus parceiros - viveu/continua a viver no campo da reconstrução e preservação patrimonial. Esta viagem e discussão nascem ancoradas nos debates e reflexões que ao longo de 2014 nós desenvolvemos no Museu de Arte Sacra de São Paulo, mais especificamente, no curso de extensão universitária intitulado "Zeladoria do Patrimônio Histórico Edificado Paulista", curso coordenado pelo arquiteto Fabio Di Mauro e que contou comigo em sua organização e desenvolvimento.
Esta viagem é aberta... e temos vagas. Caso tenha interesse de participar, estamos no portal do Museu de Arte Sacra de São Paulo: http://museuartesacra.org.br/pt/acontece/show/sao-luiz-de-paraitinga--vi...
Fonte: Campinas.com.br
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