A completa obra de restauro que está acontecendo na Paróquia do Senhor Bom Jesus do Portão é um exemplo do uso de recursos captados pelo Município através do potencial construtivo para preservar o patrimônio histórico, cultural e arquitetônico da cidade. Curitiba, 12/11/2014 Fotos: Luiz Costa/SMCS
A completa obra de restauro que está acontecendo na Paróquia do Senhor Bom Jesus do Portão é um exemplo do uso de recursos captados pelo Município através do potencial construtivo para preservar o patrimônio histórico, cultural e arquitetônico da cidade. O custo da obra, que teve início no segundo semestre de 2013, é superior a 2 milhões e a previsão de conclusão é para daqui a dois anos.
No total, projetos de restauro e reforma propostos pela Mitra da Arquidiocese de Curitiba receberam recentemente um montante superior a R$ 8 milhões, via potencial construtivo. Para a reforma da Catedral Basílica de Curitiba, concluída em 2012, foram investidos R$ 5,5 milhões e, para a recuperação da Capela Nossa Senhora da Glória, na Avenida João Gualberto, já foram captados R$ 690 mil.
“Para a nossa comunidade, a possibilidade de recuperar a Paróquia do Portão, com valores captados via potencial construtivo, foi algo maravilhoso, pois jamais poderíamos fazer esta obra com recursos próprios”, disse o padre Antônio Ramos de Moura Neto.
Ele falou sobre a importância histórica, cultural e social da igreja, que recebe um fluxo médio de 200 visitantes e fieis por dia. “Ela é uma referência para o bairro, algo que extrapola o caráter religioso, pois é um marco para a cidade e, principalmente, para esta comunidade”, disse o padre.
A arquiteta especializada em restauro de monumentos, Aline Soczek Bandil, responsável pela obra da Igreja do Portão, explicou que aquela paróquia é provavelmente uma das únicas na cidade a contar com praticamente todos os componentes originais, com o altar e o sino, entre outros. “O valor histórico, arquitetônico e artístico é muito grande, por isso a importância da sua conservação”, disse.
Construída há quase um século, a igreja nunca havia recebido um restauro completo. Além do processo natural de deterioração, em 2007 houve um incêndio que atingiu a área do presbitério e danificou completamente toda a cobertura, que está sendo agora recuperada. A obra em curso inclui ainda recuperação das pinturas parietais, do piso, das fachadas e do altar, além de novas instalações elétricas e acessibilidade.
Aline informou que a igreja foi construída pelos imigrantes europeus em estilo neogótico. “Sendo assim é um marco histórico da imigração, um exemplar do estilo arquitetônico e técnico da época”.
O mecanismo do potencial construtivo é aplicado pelo município desde a década de 80 para estimular a preservação do patrimônio histórico, cultural e arquitetônico da cidade. A Igreja do Portão, assim como a Capela da Glória e a Catedral de Curitiba, foram consideradas Unidade de Interesse Especial de Preservação do Município (Uiep), o que permite o trâmite de captação de recursos via potencial construtivo.
Capela da Glória
Um novo projeto para restauro completo da Capela Nossa Senhora da Glória, mantendo todas as suas características originais, está em fase de finalização e será entregue ainda neste ano. A obra irá contemplar recuperação das pinturas parietais, do piso, das fachadas e do altar, novas instalações elétricas e acessibilidade, além de outros itens, segundo informou a arquiteta Aline Bandil, responsável pelo projeto. A previsão é de que as obras tenham início em 2015.
A histórica capela localizada na Avenida João Gualberto foi inaugurada em 25 de novembro de 1896, pelo desembargador Agostinho Ermelino de Leão, como a sexta igreja católica construída em Curitiba. Após doação feita pela família, a capela atualmente pertence a Mitra da Arquidiocese de Curitiba.
“Temos o máximo interesse em restaurar a Capela da Glória e todos os trâmites legais junto à Prefeitura estão sendo feitos para isto”, afirmou a advogada da Mitra, Cynthia Giowacki Ferreira. Ela explicou que, há dois anos, um projeto de restauro foi apresentado pela Mitra à Prefeitura de Curitiba, o que permitiu a captação de R$ 690 mil via potencial construtivo. O valor, devidamente corrigido, está assegurado em conta corrente do Município, específica para esta finalidade.
De lá para cá, entretanto, a Capela foi transformada de Unidade de Interesse de Preservação (UIP) em Unidade de Interesse Especial de Preservação (UIEP), classificação que é reservada às construções com valor mais significativo na história da cidade, o que fez com que aumentasse a exigência de detalhamento do projeto de restauro.
“Além disso, também houve deterioração natural do edifício, o que nos obrigou a refazer o projeto, que terá agora um valor um pouco maior”, informou a advogada. Ela informou que componentes originais da Capela, como nove imagens e a pia batismal, foram retiradas do local para evitar danificação e estão abrigadas sob custódia da Mitra. “Com a execução da obra de restauro, estes itens irão voltar à Capela”, disse Cynthia.
Segundo o secretário municipal de Urbanismo, Reginaldo Cordeiro, a parceria entre o Município e a Mitra tem sido conduzida com base na cooperação e colaboração mútua, pautada pelo diálogo e pelo entendimento. “Todos temos o máximo interesse em incentivar a presevração do patrimônio histórico e religioso da cidade”, disse.
“A Capela da Glória é considerada não só como uma pequena preciosidade arquitetônica, mas também significa um marco fundamental na formação do bairro do Alto da Glória”, comentou o secretário.
Catedral
A parceria entre Mitra e Prefeitura permitiu que, dois anos atrás, a Catedral Basílica de Curitiba fosse entregue à população completamente restaurada. “Até hoje fico emocionado quando vejo o trabalho de recuperação que foi feito aqui”, disse o cônego Genivaldo Ximendes da Silva. “Consideramos um verdadeiro milagre o restauro que conseguimos para a Catedral via potencial construtivo”, disse o pároco.
Inaugurada em 1893, a Catedral é um marco na história da cidade, que se desenvolveu ao seu redor. Construída em estilo eclético, com forte influência da arquitetura gótica, a Catedral tem nas pinturas das paredes uma de suas mais fortes características. Feitas originariamente pelos artistas italianos Carlos e Anacleto Garbaccio, elas foram totalmente recuperadas. A obra de restauro da Catedral chegou a reunir mais de 100 trabalhadores e se estendeu por 18 meses.
“Para a Mitra, a obra de restauro feita na Catedral é de máxima importância e coroou o resgate cultural e histórico da cidade”, disse a advogada Cynthia. Segundo o pároco Genivaldo, diariamente, cerca de 1,5 mil pessoas entram na Catedral, entre fieis, visitantes e turistas. “Seremos sempre muito gratos à Prefeitura que permitiu que este testemunho histórico de Curitiba fosse recuperado”, disse o cônego Genivaldo.
Fonte: www.curitiba.pr.gov.br / Defender
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