Texto de André Jorge de Oliveira
Tronco da árvore ficou oco depois que ela foi atingida por um raio no final do século XVII, mas mesmo assim sobreviveu – religiosos interpretaram o acontecimento como um sinal divino.
Os pouco mais de mil habilitantes da pequena comuna francesa de Allouville-Bellefosse, na região da Alta Normandia, costumam dizer que um majestoso carvalho local presenciou grande parte da história ocorrida ali desde os tempos medievais. Diz a lenda que a árvore já existia por volta do ano 800 durante o reinado do grande monarca dos francos Carlos Magno, e também que, em 1035, o primeiro rei normando da Inglaterra, Guilherme, o Conquistador, teria ajoelhado sobre suas raízes.
Apesar de na crença popular o carvalho possuir cerca de 1200 anos, os cientistas acreditam que sua idade real gire em torno dos 800. Mas foi só muitos séculos mais tarde que ele acabou adquirindo o status delugar sagrado, e passou a abrigar não apenas uma, mas duas capelas – que lhe renderam o apelido de Chêne Chapelle(Capela Carvalho).
No fim dos anos 1690, um raio atingiu o vegetal e provocou um incêndio que consumiu o interior de seu tronco, deixando boa parte dele oco. As chances de que não sobrevivesse eram enormes, mas contrariando todas as expectativas, a árvore conseguiu escapar da morte.
Ao saberem da notícia, dois religiosos locais não tiveram dúvidas de que aquilo se tratava de um claro sinal de Deus. O abade Du Detroit e o padre Du Cerceau resolveram então consagrar o carvalho centenário: dentro do tronco, no nível do chão, eles construíram o santuário de Notre Dame de la Paix (Nossa Senhora da Paz), e um pouco mais acima criaram também um compartimento menor, dedicado à oração e ao isolamento. Chamado de Chambre de l’Ermite (Câmara do Eremita), ele pode ser acessado através de uma escada externa.
Por incrível que pareça, o raio não foi a última ameaça enfrentada pela Chêne Chapelle. Durante a Revolução Francesa, ela passou a ser vista como um símbolo do Antigo Regime, e uma multidão inspirada pelos ideais revolucionários quase ateou fogo na árvore no final do século XVIII. Não fosse a engenhosidade de um morador local de mudar o nome para “templo da razão”, é bem provável que ela tivesse sido destruída.
Mesmo com todos os percalços,o carvalho resiste firme até os dias de hoje, mas já começa a demonstrar sinais de velhice e decaimento, e talvez não dure muito tempo. Atualmente ele está amparado por cabos e algumas regiões descascadas do tronco tiveram de ser reforçadas com pedaços de madeira. Duas missas por ano são realizadas no local, que atrai muitos fiéis e peregrinos, segundo o site Ancient Origins.
Confira o charme da Chêne Chapelle:
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