terça-feira, 3 de dezembro de 2013

História de um objeto de fé

 

Durante o século XVIII, os oratórios foram objetos bastante difundidos no país. Curadora da exposição “Oratórios – Relíquias do Barroco Brasileiro”, em cartaz no Museu de Artes e Ofícios, a empresária Angela Gutierrez frisa que eles funcionavam como pequenas capelas, permitindo às pessoas a manifestação da fé em lugares onde às vezes era difícil se deslocar até uma igreja.
 
“No passado, eles foram muito úteis especialmente porque o nosso território é muito grande e as pessoas encontravam nos oratórios uma maneira de manter contato com a religiosidade, apesar das distâncias. A partir do século XX, contudo, eles entraram em desuso e foram até desprezados. Mais recentemente é que houve um retorno à apreciação dessas peças no nosso país”, observa Angela.
 
Oriundo do Museu do Oratório de Ouro Preto, o acervo é composto por 115 peças, que, no conjunto, apresentam uma síntese desse segmento no universo da arte sacra desenvolvida aqui.
 
"São diversas as tipologias. Há desde oratórios de viagem àqueles que têm em sua composição traços da cultura africana. São exibidos alguns pequenos, muito utilizados em quartos até os grandes que eram expostos em salas. Quem não entende muito sobre o assunto vai poder ter uma ideia melhor do que são esses objetos e do seu uso em diferentes momentos de nossa história”, diz a curadora.
 
Antes de aportar em Belo Horizonte, essa exposição foi vista no Centro Cultural de Quito, no Equador; no Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro; e também em Tatuí, interior de São Paulo, além de Tiradentes, em Minas Gerais. A itinerância, de acordo com Angela, é um trabalho frequentemente realizado pelo museu fundado por ela em 1998. 
 
Embora menor do que outros projetos, esse cumpre, na visão dela, o papel de oferecer um panorama do tema aos visitantes. Além de servir como uma introdução para os poucos familiarizados, a mostra também permite aos interessados nessas peças tecer comparações entre os diferentes estilos ali encontrados. 
 
“O barroco em Minas Gerais, por exemplo, influenciou grande parte da produção realizada aqui. Dessa forma, cada obra de diferentes regiões traz algumas particularidades. Aquelas criadas no litoral são mais coloridas, enquanto outras de cidades mineiras se mostram mais austeras, escuras e fechadas, porém igualmente interessantes”, diz Angela.
 
*Especial para o Pampulha
 
Oratórios – Relíquias do Barroco Brasileiro
Museu de Artes e Ofícios (pça. da Estação, s/nº, centro). Terças e sextas, das 12h às 19h; quartas e quintas, das 12h às 21h; sábados, domingos e feriados, das 11h às 17h. Entrada franca. Até 6 de janeiro de 2014
 
Fonte : O TEMPO

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