Por José Roberto Vasconcellos *
A atual Catedral Nossa Senhora da Conceição é o quinto templo, erigido
no local onde surgiu a primeira capelinha, construída em 1763 pelo
casal Antonio Pires Pimentel e Ignacia da Silva, em que se entronizou a
imagem de Nossa Senhora da Conceição.
O prédio da nova Catedral é obra do arquiteto Antônio Carlos Farias
Pedrosa. É uma construção arrojada e moderna, de linhas curvas, todo em
cor branca, com a cobertura marcante em concreto aparente, aos moldes do
grande arquiteto franco-suíço Le Corbusier (Charles-Édouard
Jeanneret-Gris) um dos mais importantes arquitetos do Século XX,
reconhecido como “o pai da arquitetura moderna. O prédio de nossa
Catedral foi concebido segundo as suas teorias. A construção esteve a
cargo do mestre-de-obras Vicente Gregório.
DECORAÇÃO
O presbitério é forrado todo em cobre, com estampas de seres dos três
reinos: animal, vegetal e mineral, representados pelas figuras bíblicas
da pomba, da rosa e do peixe. Autor da obra: João Fort.
Entre as imagens destacam-se a de Cristo Crucificado, imagem talhada em
mogno, datada de 01/11/1974, obra de Roncon, escultor taubateano e
doada pelas paroquianas do Clube das Abelhinhas através de iniciativa de
d. Alzira Ferreira Quilicci. Com a benção de Dom José Lafaiete
Ferreira Alvares, Bispo diocesano, a imponente imagem foi colocada na
grande cruz de cimento, especialmente construída e existente no
presbitério.
Há dois anos a imagem foi retirada do local e substituída pela do Cristo
Crucificado, que pertenceu à antiga Catedral. Essa imagem, com a imagem
de N. Sra. das Dores formava, na gruta da Paixão, a cena do Calvário e
ficava sobre o túmulo com a imagem do Cristo Morto. Atualmente a imagem
talhada em mogno, sendo a madeira toda ressecada, apresenta algumas
rachaduras. Ela está em uma sala junto à cripta, onde aguarda restauro.
Nossa Senhora da Conceição do Jaguary, padroeira de Bragança, é uma
imagem datada 1898, talhada em madeira por Marino de Marino, que foi
doada pela paroquiana Libânia Cintra no paroquiato do Pe. Francisco
Claro de Assis. A imagem foi entronizada na Matriz na mudança do século
19 para o 20.
São José, padroeiro da Igreja, é uma imagem datada de 1914, do
paroquiato de Côn. José Carlos de Aguirre. Senhor dos Passos, Nossa
Senhora das Dores e Nosso Senhor Morto são imagens esculpidas pelo
mestre prof. José Fernando Caldas. Elas vieram de Portugal (1918) e
foram encomendadas por Antonio Lopes Cardoso, provedor da Irmandade do
SS.SS. A imagem de Nosso Senhor Morto está na capela da Cripta.
Via Sacra é um mural de 180 m2, constituído de quinze afrescos, que
representa cenas da Paixão de Cristo, pintados por Sebastião Justino de
Faria, artisticamente chamado Mestre Justino da Redenção.
Obra pintada em 1968, no período da ditadura militar, é polêmica, pois
os personagens da Via Sacra são tipicamente brasileiros, em vez de
soldados romanos: policiais militares, as paisagens lembram as montanhas
ao redor de Bragança Paulista. As casas em estilo colonial e cavalos
amarrados à porta de botequim para os católicos tradicionalistas de
Bragança foram demais.
A inventiva do Mestre Justino de Redenção colocou o Cristo no pretório
de Pilatos, não figura clássica dos soldados romanos, mais dois PMs,
cena que assim dá um toque de atualidade à figura do prisioneiro
indefeso. Os painéis, elaborados no auge da ditadura militar,
caracterizam-se pelas pinceladas longas do artista, que retrata nos
carrascos de Jesus Cristo, a truculência da época em que vivia o nosso
País.
Esses murais são de muita beleza, com cenas pintadas com cores vivas uma
ao lado da outra e totalmente compatíveis com a arquitetura da
Catedral. Para a cena de Verônica, que enxuga o rosto de Jesus, a
paroquiana Glória Cresci serviu de modelo para o artista.
Os murais existentes em nossa Catedral são muito valiosos do ponto de
vista artístico. Sebastião Justino de Faria é muito conhecido no mundo
das artes. Seu nome e obras estão divulgados no “Suu Art Magazine
Catálogo Internacional de Artes”, n º 22, edição 2010.
O vitral da Capela do Santíssimo é obra do prof. Cláudio Pastro, artista
plástico brasileiro formado em Liturgia e renomado em Artes Sacras. O
Vitral tem as dimensões 4,80 x 4,80 m. Nas laterais temos dois anjos
flamejantes que simbolizam a santidade do lugar.
As figuras são inspiradas nos anjos que guardam as portas do Paraíso.
Outras figuras existem. No alto tem a frase Santo! Santo! Santo!
Lembra, do mesmo modo que os anjos, a santidade de Deus e a sua
presença. Prof. Cláudio Pastro, responsável pelas pinturas do Santuário
Nacional de N. Sra. Aparecida , em Aparecida-SP, é considerado o
“Michelangelo brasileiro”.
Sacrário da Capela do Santíssimo é uma peça em metal dourado, que foi
doado na década de 1970 pelo Movimento de Cursilho de Cristandade. A
cruz no topo da torre foi feita de ferro, mede 4,85 m por 2,50m, com
braços iluminados por lâmpadas fluorescentes na cor verde.
É um sinal luminoso a testemunhar a fé, que anima os bragantinos. Há
muitos anos está sem iluminação. O campanário de forma triangular, no
seu patamar contém três janelas que culminam a torre de 75 m, onde
estão instalados três sinos. O acesso ao campanário é por uma estreita
escada caracol com uma centena de degraus.
Sinos: existe som mais nostálgico que o badalar dos sinos da igreja? No
passado nossa Catedral teve três sinos, dois menores e um grande, com
peso de 630 kg, que tinham gravados no seu bronze inscrições, desenhos e
o nome de seus fabricantes e ofertantes: 1851 – Facit – Henrique
Hinrichsen – São Paulo, 1876 – oferta de José Moraes Dantas e 1887 – A.
SydoW – São Paulo, oferta de padre Simplício Siqueira de Bueno. São
três históricos sinos, os quais no último dia do ano de 1900 badalaram
em repique festivo à entrada do século 20, o IV Centenário do
Descobrimento do Brasil, o 137º aniversário da fundação da cidade de
Bragança e também o 135º ano da criação da Paróquia de Nossa Senhora da
Conceição.
Daqueles sinos, o menor, datado de 1851, pelo seu tempo de uso, 114
anos, apresenta rachaduras em suas paredes, e por isso não tem mais som
bonito e foi retirado da torre-campanário. Como relíquia do passado hoje
compõe o monumento da Cruz de Pedra existente na Praça José Bonifácio. É
admirado pelas pessoas, pois é sino histórico. É um símbolo da
emancipação política de Bragança.
Foi esse sino que no entardecer de 20 de abril de 1856 com se repique
anunciou aos cidadãos bragantinos que Vila Nova de Bragança
emancipara-se de Atibaia e era elevada à categoria de cidade.
Atualmente no campanário existem três sinos, para manter viva a história
e as tradições: o de 1887 (de 630kg) oferecido pelo pe. Simplício, que
foi pároco de Bragança (1849-1954), o de 1876, oferta de José de Moraes
Dantas e um mais novo, datado com o ano 2000, oferecido pelos
paroquianos: casal Milton Aricó e Delza Maria Ferrarese Arícó.
No acervo da Paróquia existem diversos quadros em que foram utilizados a
técnica “óleo sobre tela” e que foram ofertados nos últimos 116
anos: aparição do Sagrado Coração de Jesus a Bv. Margarida Maria de
Alaquoque, pintado em 1897 por Guido Ducci e ofertado pelo autor;
Batismo de Jesus, pintado por Guido Ducci (1897), e por ele doado;
matriz de Bragança, pintado por Luiz Gualberto (1922); cena da Descida
da Cruz (Enterro de Jesus) pintado por Gino Bruno (1923) mede 2,35m x
1,90m e é fiel reprodução do célebre quadro do pintor Van Dick e foi
ofertado em 1924 por dr. Asprino Júnior, então promotor de justiça;
procissão da Sagração Episcopal de Dom José Maurício da Rocha (cena de
1927), pintado por Salvador Ligabue (1945) e doado à Paróquia; 35 telas
a óleo que reproduzem as padroeiras dos países do Continente Americano,
pintadas e ofertadas por seus autores (pintores bragantinos) no
paroquiato de Mons. Giovanni Barrese. As telas mostram Nossa Senhora sob
as diversas denominações.
O quadro, que representa o “Enterro de Jesus”, pode ser visto na Capela
da Cripta, os das padroeiras dos países das Américas (do Norte,
Central e do Sul) estão em diversas salas no subsolo da Catedral e os
demais estão sob guarda na Casa da Diocese (anteriormente chamada
Palácio Episcopal São José).
A data do início das obras da nova Catedral é 5 de fevereiro de 1965. A
data da consagração da Nova Catedral: é 8 de dezembro de 1977, em
cerimônia presidida por Dom Carmine Rocco, Núncio Apostólico. A
capacidade atual da Catedral: é de 1. 800 pessoas, destas 800 sentadas.
*José Roberto Vasconcellos, 73, advogado, é membro do CPP da Catedral e da ASES. jrvasconcellos@uol.com.br
Fonte: Bragança - Jornal Diário - Parte I e Parte II
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