sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Obras de Arte Sacra na Catedral N. Sra. da Conceição de Bragança Paulista-SP

Por José Roberto Vasconcellos *

A atual Catedral Nossa Senhora da Conceição é o quinto templo, erigido no local onde surgiu a primeira capelinha, construída em 1763 pelo casal Antonio Pires Pimentel e Ignacia da Silva, em que se entronizou a imagem de Nossa Senhora da Conceição.



O prédio da nova Catedral é obra do arquiteto Antônio Carlos Farias Pedrosa. É uma construção arrojada e moderna, de linhas curvas, todo em cor branca, com a cobertura marcante em concreto aparente, aos moldes do grande arquiteto franco-suíço Le Corbusier (Charles-Édouard Jeanneret-Gris) um dos mais importantes arquitetos do Século XX, reconhecido como “o pai da arquitetura moderna. O prédio de nossa Catedral foi concebido segundo as suas teorias. A construção esteve a cargo do mestre-de-obras Vicente Gregório.

DECORAÇÃO

O presbitério é forrado todo em cobre, com estampas de seres dos três reinos: animal, vegetal e mineral, representados pelas figuras bíblicas da pomba, da rosa e do peixe. Autor da obra: João Fort.

Entre as imagens destacam-se a de Cristo Crucificado, imagem talhada em mogno, datada de 01/11/1974, obra de Roncon, escultor taubateano e doada pelas paroquianas do Clube das Abelhinhas através de iniciativa de d. Alzira Ferreira Quilicci. Com a benção de Dom José Lafaiete Ferreira Alvares, Bispo diocesano, a imponente imagem foi colocada na grande cruz de cimento, especialmente construída e existente no presbitério.

Há dois anos a imagem foi retirada do local e substituída pela do Cristo Crucificado, que pertenceu à antiga Catedral. Essa imagem, com a imagem de N. Sra. das Dores formava, na gruta da Paixão, a cena do Calvário e ficava sobre o túmulo com a imagem do Cristo Morto. Atualmente a imagem talhada em mogno, sendo a madeira toda ressecada, apresenta algumas rachaduras. Ela está em uma sala junto à cripta, onde aguarda restauro.

Nossa Senhora da Conceição do Jaguary, padroeira de Bragança, é uma imagem datada 1898, talhada em madeira por Marino de Marino, que foi doada pela paroquiana Libânia Cintra no paroquiato do Pe. Francisco Claro de Assis. A imagem foi entronizada na Matriz na mudança do século 19 para o 20.

São José, padroeiro da Igreja, é uma imagem datada de 1914, do paroquiato de Côn. José Carlos de Aguirre. Senhor dos Passos, Nossa Senhora das Dores e Nosso Senhor Morto são imagens esculpidas pelo mestre prof. José Fernando Caldas. Elas vieram de Portugal (1918) e foram encomendadas por Antonio Lopes Cardoso, provedor da Irmandade do SS.SS. A imagem de Nosso Senhor Morto está na capela da Cripta.

Via Sacra é um mural de 180 m2, constituído de quinze afrescos, que representa cenas da Paixão de Cristo, pintados por Sebastião Justino de Faria, artisticamente chamado Mestre Justino da Redenção.

Obra pintada em 1968, no período da ditadura militar, é polêmica, pois os personagens da Via Sacra são tipicamente brasileiros, em vez de soldados romanos: policiais militares, as paisagens lembram as montanhas ao redor de Bragança Paulista. As casas em estilo colonial e cavalos amarrados à porta de botequim para os católicos tradicionalistas de Bragança foram demais.

A inventiva do Mestre Justino de Redenção colocou o Cristo no pretório de Pilatos, não figura clássica dos soldados romanos, mais dois PMs, cena que assim dá um toque de atualidade à figura do prisioneiro indefeso. Os painéis, elaborados no auge da ditadura militar, caracterizam-se pelas pinceladas longas do artista, que retrata nos carrascos de Jesus Cristo, a truculência da época em que vivia o nosso País.

Esses murais são de muita beleza, com cenas pintadas com cores vivas uma ao lado da outra e totalmente compatíveis com a arquitetura da Catedral. Para a cena de Verônica, que enxuga o rosto de Jesus, a paroquiana Glória Cresci serviu de modelo para o artista.

Os murais existentes em nossa Catedral são muito valiosos do ponto de vista artístico. Sebastião Justino de Faria é muito conhecido no mundo das artes. Seu nome e obras estão divulgados no “Suu Art Magazine Catálogo Internacional de Artes”, n º 22, edição 2010.

O vitral da Capela do Santíssimo é obra do prof. Cláudio Pastro, artista plástico brasileiro formado em Liturgia e renomado em Artes Sacras. O Vitral tem as dimensões 4,80 x 4,80 m. Nas laterais temos dois anjos flamejantes que simbolizam a santidade do lugar.



As figuras são inspiradas nos anjos que guardam as portas do Paraíso. Outras figuras existem. No alto tem a frase Santo! Santo! Santo! Lembra, do mesmo modo que os anjos, a santidade de Deus e a sua presença. Prof. Cláudio Pastro, responsável pelas pinturas do Santuário Nacional de N. Sra. Aparecida , em Aparecida-SP, é considerado o “Michelangelo brasileiro”.

Sacrário da Capela do Santíssimo é uma peça em metal dourado, que foi doado na década de 1970 pelo Movimento de Cursilho de Cristandade. A cruz no topo da torre foi feita de ferro, mede 4,85 m por 2,50m, com braços iluminados por lâmpadas fluorescentes na cor verde.



É um sinal luminoso a testemunhar a fé, que anima os bragantinos. Há muitos anos está sem iluminação. O campanário de forma triangular, no seu patamar contém três janelas que culminam a torre de 75 m, onde estão instalados três sinos. O acesso ao campanário é por uma estreita escada caracol com uma centena de degraus.

Sinos: existe som mais nostálgico que o badalar dos sinos da igreja? No passado nossa Catedral teve três sinos, dois menores e um grande, com peso de 630 kg, que tinham gravados no seu bronze inscrições, desenhos e o nome de seus fabricantes e ofertantes: 1851 – Facit – Henrique Hinrichsen – São Paulo, 1876 – oferta de José Moraes Dantas e 1887 – A. SydoW – São Paulo, oferta de padre Simplício Siqueira de Bueno. São três históricos sinos, os quais no último dia do ano de 1900 badalaram em repique festivo à entrada do século 20, o IV Centenário do Descobrimento do Brasil, o 137º aniversário da fundação da cidade de Bragança e também o 135º ano da criação da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição.

Daqueles sinos, o menor, datado de 1851, pelo seu tempo de uso, 114 anos, apresenta rachaduras em suas paredes, e por isso não tem mais som bonito e foi retirado da torre-campanário. Como relíquia do passado hoje compõe o monumento da Cruz de Pedra existente na Praça José Bonifácio. É admirado pelas pessoas, pois é sino histórico. É um símbolo da emancipação política de Bragança.



Foi esse sino que no entardecer de 20 de abril de 1856 com se repique anunciou aos cidadãos bragantinos que Vila Nova de Bragança emancipara-se de Atibaia e era elevada à categoria de cidade.

Atualmente no campanário existem três sinos, para manter viva a história e as tradições: o de 1887 (de 630kg) oferecido pelo pe. Simplício, que foi pároco de Bragança (1849-1954), o de 1876, oferta de José de Moraes Dantas e um mais novo, datado com o ano 2000, oferecido pelos paroquianos: casal Milton Aricó e Delza Maria Ferrarese Arícó.

No acervo da Paróquia existem diversos quadros em que foram utilizados a técnica “óleo sobre tela” e que foram ofertados nos últimos 116 anos: aparição do Sagrado Coração de Jesus a Bv. Margarida Maria de Alaquoque, pintado em 1897 por Guido Ducci e ofertado pelo autor; Batismo de Jesus, pintado por Guido Ducci (1897), e por ele doado; matriz de Bragança, pintado por Luiz Gualberto (1922); cena da Descida da Cruz (Enterro de Jesus) pintado por Gino Bruno (1923) mede 2,35m x 1,90m e é fiel reprodução do célebre quadro do pintor Van Dick e foi ofertado em 1924 por dr. Asprino Júnior, então promotor de justiça; procissão da Sagração Episcopal de Dom José Maurício da Rocha (cena de 1927), pintado por Salvador Ligabue (1945) e doado à Paróquia; 35 telas a óleo que reproduzem as padroeiras dos países do Continente Americano, pintadas e ofertadas por seus autores (pintores bragantinos) no paroquiato de Mons. Giovanni Barrese. As telas mostram Nossa Senhora sob as diversas denominações.

O quadro, que representa o “Enterro de Jesus”, pode ser visto na Capela da Cripta, os das padroeiras dos países das Américas (do Norte, Central e do Sul) estão em diversas salas no subsolo da Catedral e os demais estão sob guarda na Casa da Diocese (anteriormente chamada Palácio Episcopal São José).

A data do início das obras da nova Catedral é 5 de fevereiro de 1965. A data da consagração da Nova Catedral: é 8 de dezembro de 1977, em cerimônia presidida por Dom Carmine Rocco, Núncio Apostólico. A capacidade atual da Catedral: é de 1. 800 pessoas, destas 800 sentadas.

*José Roberto Vasconcellos, 73, advogado, é membro do CPP da Catedral e da ASES. jrvasconcellos@uol.com.br

Fonte: Bragança - Jornal Diário - Parte I e Parte II

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