sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Artista plástico de Jacareí é um dos Mestres da Cultura Popular do Brasil

Autodidata, Magela Borbagatto conquistou o 9º lugar no Prêmio Culturas Populares/Edição 100 anos de Mazzaropi concedido pelo Ministério da Cultura

Divulgação
Para se candidatar, o artista inscreveu a obra ‘As Paulistinhas’, conjunto de imagens sacras do Vale do Paraíba.
 
O artista plástico Magela Borbagatto, de Jacareí, foi premiado como um dos 10 Mestres da Cultura Popular, no Prêmio Culturas Populares - Edição 100 anos de Mazzaropi. A premiação reconhece a atuação de Mestres e Grupos ou comunidades responsáveis por iniciativas exemplares que envolvam as expressões das culturas populares brasileiras.  Borbagatto é o 9º da lista, que conta com aproximadamente 170 premiados em todo o Brasil, e obteve 100% de aprovação entre os avaliadores.

Para ser considerado um Mestre da Cultura Popular, o artista precisou comprovar seu envolvimento na preservação da memória e na difusão das tradições vinculadas às culturas populares. Atividades que Borbagatto desenvolve em Jacareí, desde 1985, com projetos artísticos culturais nas esferas públicas e privadas.

Borbagatto trabalha com a divulgação da cultura popular do Vale do Paraíba desde os 12 anos. Hoje, aos 48, comemora a indicação, em caráter especial. “O Ministério da Cultura sugere que o candidato tenha 60 anos ou mais, mas abriram uma exceção para mim, devido ao fato de que dediquei a minha vida à cultura popular da região”, disse.

Para se candidatar, o artista inscreveu a obra ‘As Paulistinhas’, conjunto de imagens sacras do Vale do Paraíba. São peças de confecção simplificada que resgatam a ação dos artistas do final do século 17 até o começo do século 20, que se dedicavam a produzir imagens de barro para atender à demanda dos fiéis mais pobres, que não podiam encomendar as imagens de santos que vinham da Bahia e de Minas Gerais para as famílias mais abastadas.

“Essa cultura só existia aqui no Vale do Paraíba, porque precisava ter muito dinheiro para trazer as obras sacras de fora. Então, os artistas de Mogi das Cruzes e de Taubaté atendiam a essa demanda e eu quis preservar esse registro da fé do povo simples, que é um importante capítulo da história regional”, explicou Borbagatto.

AUTODIDATA - Borbagatto aprendeu a fazer as imagens em argila sozinho, ouvindo apenas algumas dicas pontuais do mestre Sílvio Soares, de Santa Branca. Foi também nessa cidade que teve seu primeiro contato com as manifestações culturais e folclóricas, que seriam retratadas em sua arte. Com carinho, dedicação e seriedade, ele retrata as figuras representativas do interior, trabalhando o barro delicadamente para fazer bonecos, santos e presépios, perpetuando, assim, a tradição valeparaibana de figureiros.

Desde 2000, Borbagatto vem se dedicando mais a ministrar cursos e oficinas e bem pouco à produção. Para ele, o artista tem que se envolver mais com a comunidade, partilhando seus saberes e não apenas se fechando em seus ateliers. “A população brasileira tem fome de atividades artísticas, que sempre foram vistas apenas como um produto possível para as classes mais favorecidas”, disse ele.
Segundo o artista, que agora é um Mestre de Cultura Popular a premiação tem um sabor especial. “Esse prêmio tem um peso muito grande, porque atinge um âmbito nacional. Isso traz um reconhecimento e ajuda a divulgar meu trabalho na região”, avaliou.

Fonte: Diário de Jacareí

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