Faleceu o Sr. Cardeal Domenico Bartolucci,
Ilustre Maestro perpétuo do Coro da Capela Sistina.
Domenico Bartolucci nasceu em 07 de maio de 1917, em Borgo San Lorenzo na Itália. Desde criança tomou gosto pela música. Quando seminarista chegou a ser proibido de cantar e se dedicar a arte da música, pois os superiores temiam que o jovenzinho se distraísse dos estudos necessários.
Foi ordenado sacerdote em 23 de dezembro de 1939, para a Arquidiocese de Florença. Enviado a Roma foi nomeado
vice-maestro do Coro da Basílica Patriarcal de São João de Latrão e
depois maestro da Capela Musical Liberiana de Santa Maria a Maior, como
sucessor do grande Licinio Refice.
Em
1955 era redirecionado para a função de vice-maestro da Capela Sistina,
com o Maestro Perosi. Com ele permaneceu durante quatro anos, até o seu
falecimento. Foi em 1959 que Sua Santidade o Papa Pio XII o nomeou Diretor Perpétuo da Capela Musical Sistina, "ad vitam". Cargo no qual permaneceu até 1997, quando completou 80 anos.
Conta-se
que o afastamento de Mons. Bartolucci do Coro da Capela Sisitina tenha
sido uma manobra do então Mestre das Cerimônia Litúrgicas do Sumo
Pontífice, Piero Marini. O ilustre e exímio musicista sacro aceitou o seu afastamento com resignação.
O então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Cardeal Ioseph Ratzinger,
ao saber do afastamento de seu amigo pessoal, direcionou uma carta a
Domenico Bartolucci. Na correspondência Ratzinger escreveu: "Resista, Maestro, Resista!"
Após sua forçada aposentadoria, Domenico continuou a residir na Cidade Eterna e a escrever diversas obras. Porém, sua resignação tornou-se escuridão.
Durante muitos anos o Regente Perpétuo da Capela Sistina foi condicionado a um extremo ostracismo.
Quando, em 2005, Ratzinger foi eleito para o Sólio Petrino com o nome de Bento XVI, o maestro já contava com 88 anos. Pouco a pouco, por ordem do Santo Padre, as músicas de Domenico foram sendo introduzidas na liturgia. Era um verdadeiro sentimento de gratidão, para com aquele que tanto fez pela Igreja e pela música sacra.
Amizade e Gratidão eram os sentimentos que união Ratzinger e Bartolucci. Sobre Bento XVI o maestro chegou a afirmar: "É um Napoleão sem generais".
Em 20 de outubro de 2010 o Papa convocou um Consistório para a criação de 24 novos cardeais. E surpreendeu a todos ao escolher Domenico Bartolucci, de 93 anos, como Príncipe do Colégio Cardinalício.
Um mês após o anúncio, em 20 de novembro, Bento XVI o criou Cardeal-Diácono da Santa Igreja, lhe concedendo o título da diaconia do Santíssimo Nome de Jesus e de Maria, in via lata, que agora passa a estar vacante.
Em
31 de agosto do outro ano, 2011, o Cardeal Domenico Bartolucci ofereceu
um concerto, com suas próprias músicas ao papa Bento XVI. Na ocasião,
no Palácio de Castel Gandolfo, o purpurado disse:
“Estou
aqui, Beatíssimo Padre, para agradecer Vossa Santidade pelo forte
chamado em favor do uso da música nas hodiernas celebrações da Santa
Missa.
Estou
certo que, ao chamar um músico para ser parte do Colégio dos Cardeais,
desejastes que isso fosse um chamado em favor do uso da música sacra na
Sagrada Liturgia.
Já tendo idade bastante avançada quando do anúncio do cardinalato, Domenico recorreu ao Santo Padre e pediu dispensa da Sagração Episcopal.
O Papa lhe concedeu. O maestro não foi ordenado Bispo, permaneceu
apenas padre, mas, por ser cardeal possuía o privilégio de portar
insígnias episcopais.
Durante sua vida, ele confessou certa vez, nunca celebrou a Santa Missa no rito Paulo VI. Bartolucci dizia que "a missa em latim produz um maior fruto espiritual na alma do fiel". Ele passou sua existência, mesmo após o concílio, celebrando apenas o Rito Romano em sua forma extraordinária, Pio V.
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