quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

"Sagrada Família" (Doni Tondo) de Michelangelo


texto de LuDiasBH

Esta pintura foi encomendada a Michelangelo, em 1500, por um florentino de nome Agnolo Doni, por ocasião de seu casamento com Madalena Strozzi. O nome da obra, portanto, refere-se ao formato do quadro (tondo: redondo, circular) e ao sobrenome do cliente "Doni Tondo". A pintura é também conhecida como uma das primeiras obras pictóricas do artista.

Trata-se de uma composição complexa, com cores vibrantes e figuras monumentais. É tida como uma das obras-primas da arte ocidental. Nela não existe nada a lembrar-nos de que se trata de uma arte sacra. O pintor usou a forma piramidal, em vez de triangular, para resolver os problemas da corporalidade e do movimento das figuras, centralizando a Sagrada Família na composição. A obra foi executada como se fosse uma escultura, como se as figuras tivessem sido esculpidas num bloco de mármore.

O tema da obra é a Sagrada Família, que está unida de modo a criar uma composição viva. Em primeiro plano, a Virgem Maria, com os braços nus, levanta seu vigoroso Menino, usando uma torção difícil, para repassá-lo a seu esposo São José, que se mostra bem envelhecido, com suas longas barbas brancas e escassos cabelos, contrastando com a juventude exuberante da Virgem.

Próximo ao muro, entre a Sagrada Família e os nus, está o pequenino João Batista, quase esboçado, com suas vestes de pele de ovelha, segurando um galho seco, como se separasse o mundo pagão do divino, olhando extasiado para a Virgem Maria, São José e o Menino. Sua presença na pintura lembra que ele é o percussor da salvação, que virá através de Jesus Cristo.

Ao fundo está um grupo de cinco nus esculturais, que exibem belos músculos e apresentam luz sobre a superfície do corpo. Alguns críticos interpretam-nos como um grupo de neófitos, já despidos, esperando pelo sacramento do batismo. O fato é que a presença dos nus tem sido interpretada de maneiras diferentes. Para alguns, tratam-se de símbolos pagãos, simbolizando o mundo clássico, antes da chegada do Salvador, enquanto para outros tratam-se de figuras angelicais. Dizem também se tratar de figuras proféticas, anunciando a chegada da Igreja, que é simbolizada pela Virgem Mãe e São José, enquanto o Menino simbolizaria o mundo sob a graça de Deus. E São João Batista simbolizaria a união entre o mundo clássico e o cristão.

A Virgem é a figura mais volumosa da obra. Sua cabeça esta voltada para a direita, em direção ao filho, que brinca despreocupadamente com seus cabelos. São José, agachado, traz o corpo inclinado para a direita, com uma perna dobrada e a outra espichada. Ao longe, podem-se ver montanhas e um rio, possivelmente uma referência ao rio Jordão. O uso das cores vermelha, azul e amarela, matizadas nas zonas de intensa claridade, provocando diferenças tonais, será mais tarde vista nos maravilhosos afrescos da Capela Sistina.

Ficha técnica:
Data: c. 1504 -1506
Técnica: óleo sobre painel
Dimensões: 120 cm de diâmetro
Localização: Galeria dos Uffizi, Florença, Itália

Fontes de pesquisa:
Gênios da Arte/ Girassol
Grandes Mestres da Pintura/ Coleção Folha
Grandes Mestres/ Abril Cultural
Renascimento/ Taschen
Tudo sobre Arte/ Sextante
1000 Obras da Pintura Europeia/ Könemann
Os Pintores mais Influentes/ Girassol
Arte em Detalhes/ Publifolha
Góticos e Renascentistas/ Abril Cultural


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Segue abaixo, um desenho meu sobre essa obra


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