quarta-feira, 9 de julho de 2014

Obra em igreja no Recife (PE) se arrasta há 6 anos e comércio reclama de prejuízo

Basílica da Penha, no Centro da capital, tem até torre com risco de desabar. Rua cheia de lojas, próxima à igreja, está parcialmente interditada.

3b7e06a904a1c331179a8b66a1ad19c1cb2059c5
Um dos pontos turísticos do Centro do Recife está fechado para visitação há mais de seis anos. A centenária Basílica da Penha, no bairro de São José, tombada pelo governo estadual em 2010, está em reforma. Por causa disso, católicos estão recebendo a tradicional bênção de São Félix num galpão atrás da igreja. Comerciantes e clientes das lojas próximas à basílica também estão sendo prejudicados. Mesmo com todos esses transtornos, as obras de restauração estão paradas.
O problema começou em dezembro do ano passado, quando parte do reboco das torres da igreja despencou. A Rua das Calçadas, que margeia a basílica pelo lado esquerdo, chegou a ficar interditada por completo. A restauração da estrutura começou há seis anos e meio. A primeira fase foi concluída, mas a restauração das torres não estava incluída nesse projeto.
As torres ficaram para uma segunda etapa, junto com as obras de arte, as imagens de santos e os altares, porém, ainda não há dinheiro para começar o serviço. A situação incomoda comerciantes da área. “O movimento caiu bastante, porque o pedestre fica passando na calçada, junto com os camelôs”, disse a vendedora Virgínia Patrícia. “A obra está parada e só está prejudicando o nosso faturamento”, apontou o gerente de loja Júnior Brasil.
Sem dinheiro pra tocar o trabalho, os frades capuchinhos começaram a fazer uma faxina na igreja. Eles vão precisar liberar o espaço para as celebrações, porque o galpão usado atualmente para as missas terá que ser desocupado. Nele será instalado o canteiro de obras que será usado futuramente no restauro das torres.
De acordo com os frades, com a limpeza, os operários descobriram a assinatura do pintor pernambucano Murillo La Greca em quatro murais nas laterais da nave central. Outros quatro estavam identificados antes porque tinham a marca dele bem visível.
O presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Frederico Almeida, estranha que os capuchinhos tenham cuidado dos murais antes de recuperar as torres. “Eu acho que qualquer prioridade deve contemplar, principalmente, a segurança das pessoas e ali há um risco. Eu acho que devia priorizar a segurança das torres”, opinou.
O ministro provincial dos Capuchinhos no Nordeste, frei Francisco de Assis Barreto, disse que arrecadou R$ 300 mil com doações de fiéis, dinheiro que está sendo usado na limpeza da igreja. “O dinheiro que está se usando no dito restauro das obras de Murillo La Greca é apenas limpeza com um pano seco, os gastos são poucos. Está sendo usado [dinheiro] também no restante dos serviços para garantir o retorno [dos fiéis] à Basílica”, explicou.
Quanto às torres, a procura por dinheiro continua. Há dois orçamentos na Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe): um no valor de R$ 2,6 milhões e outro de mais de R$ 4 milhões.
Para tentar ajudar a captar recursos, a Fundarpe exigiu dos frades um projeto executivo de engenharia. “A gente não esperava que houvesse essa diferença de R$ 4 milhões e R$ 2,6 milhões, por isso que o projeto executivo de engenharia é decisivo para que o governo estadual possa estudar de que forma vai contribuir, pois esses orçamentos não nos dá segurança para que sejam tomadas as decisões”, disse o presidente da Fundarpe, Severino Pessoa.
Os frades firmaram um contrato com o Centro de Estudos Avançados de Conservação Integrado (Ceci) para a elaboração do projeto, que vai custar R$ 183 mil, a serem pagos também com o dinheiro arrecadado com doações dos fiéis. O projeto deve ser entregue no mês que vem.
Fonte: G1 PE

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...