Este
“hino mundialmente famoso, um dos maiores no tesouro da Igreja Latina”
(Neale), e “certamente um dos mais emocionantes de nossa hinologia”
(Duffield), foi escrito por Venantius Fortunatus, e foi cantado pela
primeira vez numa procissão de 19 de novembro de 569, quando uma
relíquia da verdadeira Cruz, enviada pelo Imperador Justino II do
Oriente, a pedido de Santa Radegunda, foi realizada com grande pompa de
Tours até o seu mosteiro de Saint-Croix em Poitiers.
Seu uso
processional original é relembrado no Missal Romano na Sexta-feira
Santa, quando o Santíssimo Sacramento é levado em procissão do
repositório até o altar-mor. Seu principal uso, todavia, é no Ofício
Divino, sendo que o Breviário Romano o assinala para desde as Vésperas
do Sábado antes do I Domingo da Paixão (V da Quaresma) até a
Quinta-feira Santa, e nas Vésperas das Festas da Santa Cruz, como a da
Invenção (3 de Maio), da Exaltação (14 de setembro), e do Triunfo (16 de
julho, “pro aliquibus locis” ou seja, para algumas regiões).
Originalmente o hino possuía oito estrofes. No séc. X, as estrofes 7 e 8 foram gradualmente substituídas por outras novas (“O crux ave, spes unica”, e a doxologia “Te summa Deus trinitas”), embora tenham sido mantidas em alguns lugares. A segunda estrofe sobreviveu à omissão das outras duas, e passou dos manuscritos para vários breviários impressos. Os que corrigiram o Breviário no Pontificado de Urbano VIII (+1644) revisaram todo o hino sob o interesse da prosódia clássica (vocalização segundo as leis dos acentos e das quantidades). Eles omitiram as estrofes 2, 7 e 8, que são as seguintes:
Confixa clavis viscera
Tendens manus, vestigia
Redemptionis gratia
Hic immolata est hostia.
Tendens manus, vestigia
Redemptionis gratia
Hic immolata est hostia.
Fundis aroma cortice,
Vincis sapore nectare,
Iucunda fructu fertili
Plaudis triumpho nobili.
Vincis sapore nectare,
Iucunda fructu fertili
Plaudis triumpho nobili.
Salve ara, salve victima
De passionis gloria
Qua vita mortem pertulit
Et morte vitam reddidit.
De passionis gloria
Qua vita mortem pertulit
Et morte vitam reddidit.
Pimont acha que o hino nada perdeu com essas omissões, e que “seu
andamento é mais ativo e sua unção mais penetrante”. Os corretores
também substituíram as duas últimas linhas da primeira estrofe pelas da
oitava, e mudaram de “reddidit” para “protulit”, dando-nos a estrofe tal
qual está em nossos breviários:
Vexilla regis prodeunt,
Fulget crucis mysterium,
Qua vita mortem pertulit
Et morte vitam protulit.
Fulget crucis mysterium,
Qua vita mortem pertulit
Et morte vitam protulit.
[Do Rei avançam estandartes
Fulge o mistério da cruz
onde a vida padece a morte
e na morte a vida produz.]
Fulge o mistério da cruz
onde a vida padece a morte
e na morte a vida produz.]
É desnecessário indicar com mais detalhes as mudanças feitas pelos
corretores, dado que nossos Breviários dão o texto revisado, e o Gradual
Vaticano apresenta o antigo. Em geral, as mudanças feitas pelos
corretores nos hinos da Igreja não são apreciadas pelos hinologistas.
(…) O Gradual Vaticano dá evidências claras do desejo e do propósito da
Comissão para o Canto Gregoriano, estabelecida por Pio X, para restaurar
os textos originais. O Antifonário (1912) dá igual mostra de uma
intenção de manter os textos revisados. Assim, o Gradual (1908) traz
apenas a forma antiga do hino, enquanto o Antifonário traz apenas a
forma revisada. Curiosamente, o Processional (1911) traz ambas as
formas.
O “Vexilla” tem sido interpretado simbolicamente para representar o
Batismo, a Eucaristia e os outros sacramentos. Clichtoveus explica que
assim como os vexilla são os estandartes militares dos reis e príncipes,
então os estandartes de Cristo são a cruz, os flagelos, a lança e os
demais instrumentos da Paixão “com os quais ele lutou contra o antigo
inimigo e expulsou o príncipe deste mundo”. Kayser, p. 397, diverge de
ambos e mostra que o vexillum é a cruz que (no lugar da águia )
suplantou, sob Constantino, a antiga bandeira da cavalaria Romana.
Este estandarte tornou-se nas mãos dos cristãos um pedaço quadrado de
tecido sustentado por uma barra cruzando uma haste dourada, e tendo
bordado nele símbolos cristãos ao invés dos antigos ornamentos romanos. O
esplendor e o triunfo sugerido pela primeira estrofe só pode ser
plenamente apreciado recordando a ocasião de quando hino foi cantado
pela primeira vez – a triunfante procissão dos muros de Poitiers até o
mosteiro, com bispos e príncipes participando, e com toda a pompa e
aparato de uma grande celebração eclesiástica. “E ainda, depois de treze
séculos, quão grande é nossa emoção quando esses acentos imperecíveis
chegam aos nossos ouvidos!” (Pimont). Gounod tomou uma melodia bastante
plana baseada neste canto como objeto de sua “Marcha para o Calvário”,
em “Redenção”, na qual o coro canta o texto primeiramente de modo bem
lento e, então, depois de um intervalo, em fortissimo, ou seja, com o
máximo de intensidade sonora. (…)
Por:
Henry, Hugh. “Vexilla Regis Prodeunt.” The Catholic Encyclopedia.
Vol. 15. New York: Robert Appleton Company, 1912. Disponível em:
http://www.newadvent.org/cathen/15396a.htm .
Obs: dados sobre os escritores citados, favor recorrer ao original no link acima.
Obs: dados sobre os escritores citados, favor recorrer ao original no link acima.
do Blog: Una Voce Brasil
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