"Ó portas, levantai vossos frontões"
Elevai vos bem mais alto, antigas portas,
a fim de que o Rei da glória possa entrar!"
Podemos
compreender melhor o sentido que era atribuído a uma catedral gótica,
considerando o texto da inscrição gravada no pórtico central de
Saint-Denis, em Paris:
“Viandante,
que queres louvar a beleza destes pórticos, não te deixes ofuscar pelo
ouro, nem pela magnificência, mas sobretudo pelo trabalho cansativo.
“Aqui brilha uma obra famosa, mas queira o céu que esta obra famosa que brilha faça resplandecer os espíritos, a fim de que com as verdades luminosas se encaminhem para a verdadeira luz, onde Cristo é a verdadeira porta”.
“Aqui brilha uma obra famosa, mas queira o céu que esta obra famosa que brilha faça resplandecer os espíritos, a fim de que com as verdades luminosas se encaminhem para a verdadeira luz, onde Cristo é a verdadeira porta”.
Basilique Cathédrale de Saint Denis
Basilique Cathédrale de Saint Denis
"O Rei da glória é o Senhor onipotente,
o Rei da glória é o Senhor Deus do universo!"!
Portal da Igreja São Jorge Hungria
"Ó portas, levantai vossos frontões"Dizei-nos: " Quem é este Rei da glória?"
Elevai vos bem mais alto, antigas portas,
a fim de que o Rei da glória possa entrar!"
"O Rei da glória é o Senhor onipotente,
o Rei da glória é o Senhor Deus do universo!"!
Cathedral da Santa Maria Nascente Milan Italy
PORTA
PORTA
“Transpor o limiar, “passar a porta” esses gestos
aparentemente insignificantes encerram um mistério da “passagem”! Daí a
existência nas sociedades tradicionais de “ritos de passagem”. Transpor uma
posta para penetrar, ainda que na habitação mais humilde constitui algo grave e
solene , que se torna naturalmente um rito.
A sacralidade da passagem e da porta assume todo o
seu valor quando se trata do templo, razão pela qual se colocavam à entrada dos
edifícios sagrados “guardas do limiar”, estátuas de arqueiros, de dragões, de
leões ou esfinges, personagens semidivinas, e até divinas, como Jano dos
Romanos, deus da porta-janua- e do primeiro mês do ano, aquele que “abre” o
ano- januarius. Esses guardas do limiar tinham por missão recordar a quem se
dispunha a entrar o caráter temível do ato que se preparava para executar ao
penetrar no domínio sagrado.
”Tu que entras, volta-te para o céu”, adverte uma
inscrição sobre a porta da igreja de Mozat.
Um fato verificado por todos os que visitaram as
igrejas românicas e góticas é a enorme importância atribuída à decoração das
portas e, sobretudo, do portal principal. Isto explica-se facilmente se
observarmos que os diferentes motivos de ornamentação, meticulosamente
dispostos, visam realçar e explicitar o simbolismo fundamental da porta
Se o templo é uma imagem do mundo, por outro lado,
pode ser considerado uma porta aberta para o Além, segundo a palavra da
Escritura que sagrada liturgia lhe
aplica:”Quão venerável é este lugar! Não é ele senão a Casa de Deus e esta é a
porta do Céu."(Gen.28,17)
Ora,
demonstrou-se que a própria porta é um resumo de todo o templo.[...]é
igualmente um símbolo místico. Uma vez que o templo representa o Corpo de
Cristo, a porta, que é o seu resumo, também deve representar Cristo. Ele
próprio disse de uma forma em clara:”Eu sou a porta. Quem entrar por mim, será salvo; poderá entrar e sair, e encontrará pastagem"João 10,9
A porta da igreja transforma-se efetivamente nesta
porta mística e crística pelo rito de consagração, durante o qual o prelado faz
uma unção de santo crisma em cada um dos umbrais, dizendo:”Bendita e consagrada
seja esta porta.... que ela seja uma entrada de salvação e de paz; que seja uma
porta de paz, por intercessão d’Aquele que a si mesmo chamou a Porta, Nosso
Senhor Jesus Cristo”.
Sendo o templo cristão igualmente a figura da
Jerusalém celeste, ou seja, do mundo renovado e transfigurado, do Paraíso
reencontrado, é pelo Cristo-Porta que se penetra nele.
Jean
Hani “Simbolismo do Templo Cristão” Coleção
Esfinge 1998
Portal de Bronze detail Cathedral Milan Italy
Portal da Igreja São Jorge Hungria
Deus, àqueles que ama, fecha todas as portas, menos a
única.
O
portal da Igreja medieval era exclusivamente simbólico. As palavras de Jesus
forneceram a chave para ele: " Eu sou a porta; por mim, se alguém entrar,
ele será salvo, e entrará e sairá, e achará pastagem “(João 10:9). Esta figura de linguagem tornou-se uma base
para a alegorização da igreja que era comum na Idade Média.
As
inscrições do portal era freqüentemente dirigida aos fiéis a adotar um estado
de espírito penitencial antes de entrar na igreja.
Beavais, Catedral de São Pedro
" Na verdade um só dia em Vosso templo vale mais do que milhares fora dele!
Prefiro estar no limiar de Vossa casa,a hospedar-me na mansão dos pecadores!"
Salmo 83,11
Catedral Salisbury
Quão amável,ó Senhor,é Vossa casa,
quanto a amo, Senhor Deus do universo!
Salmo 83,2
"Ó portas, levantai vossos frontões"
Saint Patrick New York
"O Rei da glória é o Senhor onipotente, o Rei da glória é o Senhor Deus do universo!"!
Catedral gótica Beauvais
A Catedral é a figura da Cidade de Deus,
da Jerusalém celeste, imagem do Paraíso – a liturgia da sagração das
igrejas o afirma; as paredes laterais são a imagem do Antigo e do Novo
Testamento; os pilares e as colunas são os profetas e os Apóstolos que
sustentam a abóbada de que Cristo é a chave; as janelas translúcidas que
nos separam da tempestade e derramam sobre nós a claridade são os
Doutores; o portal é a entrada do Paraíso, embelezada pelas imagens em
pedra, pelos baixos-relevos pintados e dourados, e pelos suntuosos
batentes de bronze. A Casa de Deus deve ser iluminada pelos raios do
sol, resplandecente de claridade como o próprio Paraíso, porque Deus é a
Luz e a luz dá beleza às coisas. Assim também se deve aumentar a
iluminação interior da Catedral, abrindo janelas tão grandes quanto
possível, do vértice das grandes arcadas às próprias abóbadas.
(LE GOTHIQUE A SON APOGEE – Marcel Aubert, p. 22)
Jamais se construíram tão belas obras de
arte, como na Idade Média, especialmente suas Catedrais grandiosas e
cheias de unção, as quais até hoje elevam a Deus um louvor perene e
enlevado. E elas que demonstram o espírito católico que reinava nos
corações dos homens.
"Ó portas, levantai vossos frontões"
Lincoln Catedral
"Felizes os que habitam Vossa casa;
para sempre haverão de Vos louvar!
Salmo 83,5
Basílica São Pedro
Exeter Catedral
Até
hoje especialistas tentam decifrar como fizeram os arquitetos da Idade
Média para, com tão pobres instrumentos, criarem obras colossais que
“humilham” as técnicas modernas mais avançadas.
Mergulham eles nos “mistérios das catedrais”.
Enquanto
o mundo parece rumar para uma modernidade cada vez mais caótica, as
catedrais góticas em seu mutismo eloqüente apontam um caminho
inteiramente diverso.
A
primeira e mais imediata consideração é sobre a sabedoria dos
construtores. Monges, teólogos, arquitetos, artistas, simples pedreiros,
neles parecia habitar uma sabedoria que ia muito além de suas naturezas
humanas, por vezes rudes e imperfeitas.
Da sabedoria sobrenatural que só a graça divina dispensa às suas almas mais amadas.
Foi essa sabedoria sobrenatural, de que a Igreja Católica é a tesoureira, que gerou aqueles homens e suas catedrais. Longe da Igreja, o homem do terceiro milênio sente-se apequenado, tristonho e cheio de incertezas.
Reims nave central
“Hec Domini porta via.
. . est omnibus horta. Ianua
soma vite, por me gradiendo Venite".
Esta é a porta do Senhor, o
caminho ... é aberto a todos. Eu sou a porta da vida, venham e passem através de
mim.
Catedral Lichtfield
Mosteiro São Gerônimo Portugal
Jesus disse então:Em verdade, em
verdade vos digo:eu sou a porta das ovelhas. Todos aqueles que viera
antes de mim são ladrões e assaltantes, mas as ovelhas não os escutam.
"Eu sou a porta. Quem entrar por mim será salvo,poderá entrar e sair, e encontrará pastagem"
Jo10,7
Mosteiro San Cugat Espanha
“Vos qui transitis, qui crimina flere venitis, Per me transite soma Quoniam ianua vite. Ianua vite soma. volo parcere. . . Venite."
"Você que está passando, vocês
que estão chegando a chorar pelos seus pecados, passam por mim desde que eu sou
a porta da vida. Eu sou a porta da vida."
Westminster Catedral
O termo “gótico” ( gótico<godo=pinheiro alto), foi usado pela primeira vez pelo pintor, arquiteto e historiador italiano Giorgio Vasari (1574-74)
para descrever toda a arte entre a queda do império romano e o início
da Renascença. O estilo contrastava com a perfeita harmonia da
arquitetura clássica e por isso foi associado aos povos bárbaros, mais
especificamente aos godos, daí o nome. Mas segundo Henry Lyon,
essa ligação, baseada “na ignorância, não durou muito tempo, mas o nome,
embora absurdo, sobreviveu,
Massaud Moisés
afirma que o estilo gótico esteve “em moda na Europa ocidental entre os
séculos XII e XIV, caracterizado sobretudo pela utilização de arcos em
ogiva que simbolizavam, graças ao acentuado movimento vertical, a
ascensão mística do homem medieval”.
O efeito causado pela luz que atravessa os vitrais,( grandes, coloridos, "Bíblia dos Pobres"),
os arcos, a geometria da construção com seus ângulos acentuados, tudo
isso visava criar um estado de deleite estético naquele que
contemplasse a construção.
O verdadeiro Templo é Jesus Cristo e o seu Corpo Místico.
Westminster Abbey
Para
os cristãos franceses os labirintos eram chamados de Chemin de Jérusalem,
ou Caminho de Jerusalém. E em igrejas como Chartres e Reims os peregrinos
tinham de perfazer seu trajeto de onze voltas de joelhos. O onze estava
associado ao pecado por ser o número que excedia aos dez mandamentos sagrados.
Essa forma de peregrinação aludia à subida de Jesus ao Gólgota, onde ao chegar,
e antes de expirar na cruz, ele encontra o seu Deus. Por isso a saída dos
labirintos nos templos cristãos era defronte ao altar, para simbolizar esse
encontro com o Divino. Os labirintos medievais encontravam-se sempre no
portal oeste das igrejas
Labirinth Cathedral Chartres
Alcobaça Mosteiro
Cathedral Cologne Cathedral Cologne Portal da Catedra de Sevilha
"Ego sum óstio por si me QUIS
introierit salvabitur
et ingredietur et egredietur et pascua inveniet"
João 10,9
"Eu sou a porta. Quem entrar por mim, será salvo;
poderá entrar e sair, e encontrará pastagem"
A fachada principal de Notre-Dame de Paris, a única basílica com duas
torres quadradas , vista para a praça em Ile de la Cité, tem a fachada
com três grandes portas em arco.
As portas têm no centro e nos lados as estátuas.
Em ambos os lados da principal porta e no meio há uma estátua.
à direita : a mulher inclinando a cabeça e uma serpente
cobre seus olhos como uma bandagem e arrogantemente sibila para nós do topo de
sua cabeça. Uma coroa fica caída a seus pés, algumas tábuas de pedra parecem
estar escorregando de sua mão direita, e ela está desanimada, segurando um estandarte quebrado.
Uma imagem sinistra, de fato.
algumas tábuas de pedra parecem estar escorregando de sua mão direita,
e ela está desanimada, segurando um estandarte quebrado.
Uma coroa fica caída a seus pés
À
esquerda da porta do meio, a
estátua é decididamente mais alegre. Com o peito e um impulso dos
quadris, esta senhora está coroada e com um halo de santidade; a cálice
transbordando na sua mão, confiante segura um estandarte com a cruz no
peito.A pequena bolsa fixada no cinto está repleta de graças para serem
distribuídas.
O que tudo isso pode significar?
Os nomes das estátuas vão nos dar alguma ideia. O personagem de cobra-citado acima é chamado de “sinagoga”.
E a outra é chamada de “Igreja”.
A “Sinagoga”, virando as costas
para a “Igreja”, simboliza que perdeu seu poder, sendo derrotada e destronada;
as tábuas de antiga lei de Moisés escorregam de sua mão.
A “Igreja” orgulhosamente detém
alta cruz de Cristo, e o cálice simboliza a Santa Comunhão, a Última Ceia, e outras
coisas que não são do interesse “Sinagoga”.
Do Excelente blog: Arte Sacra - Via Pulchritudinis para o Infinito
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