segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

O gótico no Brasil

A   rigor, não se pode falar da existência de uma arquitetura essencialmente gótica no Brasil. À época dos descobrimentos, o estilo arquitetônico iniciado na França com o declínio do sistema feudal, e que dominou especialmente as construções dos templos religiosos a partir do século XII, já havia sido substituído pelo renascentista. No entanto, no século XIX, algumas construções brasileiras foram erguidas em estilo “neo-gótico”, congregando algumas características do gótico medieval em contraste com os estilos clássicos dominantes na época. Entre os exemplares desse estilo arquitetônico no Brasil, destacam-se a catedral de Petrópolis e a catedral da Sé, em São Paulo, e edifícios como o Palácio da Ilha Fiscal e o Real Gabinete Português de Leitura, no Rio de Janeiro.


Catedral de São Pedro de Alcântara, Petrópolis 

A substituição da modesta igreja matriz de Petrópolis estava prevista no plano de urbanização da cidade desde 1843, mas sua construção só se deu efetivamente a partir de 1884. Inspirada nas antigas catedrais francesas, a igreja em estilo neo-gótico foi inaugurada em 1925. Em 1939, o presidente Getúlio Vargas inaugurou o Mausoléu Imperial dentro do templo, e os restos mortais de D. Pedro II e D. Teresa Cristina, banidos para Portugal, foram trazidos de volta ao Brasil, onde permanecem até hoje, junto aos corpos da Princesa Isabel e de seu marido, o Conde D’Eu. A catedral de Petrópolis possui três naves, bem como a catedral do Mar, em Barcelona, e cada uma mede 19 metros de altura.

Catedral da Sé, São Paulo

Templo neo-gótico tardio, a catedral da Sé, em São Paulo, é a maior igreja de São Paulo, com capacidade para abrigar 8 mil pessoas. Sua construção começou em 1913 e sua inauguração se deu quatro décadas depois, em 1954, em meio às comemorações pelo centenário da cidade. A catedral da Sé possui 111 metros de comprimento, 46 de largura, duas torres com 92 metros de altura e uma cúpula magistral de 30 metros. No seu acabamento foram usadas 800 toneladas de mármores raros. A igreja possui também o maior órgão em funcionamento da América Latina, construído pela empresa italiana Balbiani & Bossi.

(Você poderá conhecer mais sobre a Catedral aqui.)

Ilha Fiscal, Rio de Janeiro

Primeiramente denominada Ilha dos Ratos, a ilha na Baía da Guanabara que abrigou o último baile do Império, seis dias antes da Proclamação da República, foi inaugurada em abril de 1889 com o nome de Ilha Fiscal, pois se pretendia instalar ali um posto aduaneiro. O castelo foi projetado pelo engenheiro Adolpho José Del Vecchio em estilo néo-gótico, com inspiração nos castelos do século XIV em Auvergne, na França, e ganhou medalha de ouro na exposição da Academia Imperial de Belas Artes. Reunindo trabalhos primorosos de cantaria, pintura e mosaico, além de vitrais importados da Inglaterra e um imponente relógio alemão na torre, a construção foi executada em sete anos e meio por portugueses e escravos.


Real Gabinete Português de Leitura, Rio de Janeiro 

Fundado em 1837 por um grupo de 43 imigrantes portugueses para promover a cultura entre a comunidade portuguesa na então capital do Império, o Real Gabinete Português de Leitura teve sua primeira sede na rua Direita (hoje Primeiro de Março), em casa de um dos associados. Apenas em 1880, o grupo adquiriu o terreno onde foi instalada a sede definitiva da instituição, na atual rua do Carmo. O prédio foi projetado pelo arquiteto português Rafael da Silva e Castro em estilo neo-maunelino, um estilo arquitetônico que evoca o gótico-renascentista, uma mistura do gótico medieval com as influências do renascimento italiano, vigente à época do reinado de D. Manuel I (1491-1521) em Portugal. A construção durou sete anos e o edifício com as estátuas de Vasco da Gama, Pedro Álvares Cabral, do Infante D. Henrique e de Luís de Camões na fachada foi inaugurado em 10 de Setembro de 1887 com a presença da princesa Isabel e do Conde D’Eu.


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