quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Arte Sacra em Mogi das Cruzes

No corredor principal do MIC, imagens de santos dividem espaço com telas que retratam a crucificação de Cristo / Foto: Edson Martins



Ao entrar no Museu das Igrejas do Carmo (MIC), a sensação é de uma viagem ao passado. Esculturas, quadros e paramentos religiosos estão expostos nas duas salas que compõem o endereço. O chão rústico e as paredes feitas de taipa, afinal a construção data de 1629, ajudam a compor o cenário. No sábado que vem, quem ainda não teve a oportunidade de conferir esse patrimônio poderá ver uma parte do acervo na exposição “Vida, Morte e Ressurreição representadas na arte Barroca”. 
É somente nesta ocasião que o MIC fica aberto ao público, sem a necessidade de agendamento, por conta do projeto “Expresso Turístico”, realizado todo segundo sábado de cada mês. Então, se não for possível visitar o museu entre as 10 e 12 horas deste dia, é preciso esperar ou entrar em contato com as Igrejas do Carmo para marcar uma data. “Não temos condições financeiras de mantê-lo aberto o tempo todo. O Museu precisa de apoio”, comenta Marcos Siqueira, coordenador do acervo. 
É ele o responsável por catalogar, montar as exposições e monitorar os grupos que visitam o local que entrou em funcionamento em 2005. “Foi neste ano que a Prefeitura encaminhou peças sacras que estavam armazenadas por lá, para junto com o que tínhamos aqui, montarmos a acervo do MIC”, conta ele. 
O museu conta hoje com 200 peças, entre esculturas, telas, paramentos religiosos e documentos. Parte, provavelmente, tem origem européia e a grande maioria dos artigos é do estilo barroco, o mesmo impresso na construção das Igrejas do Carmo. 
“Mas também temos peças neoclássicas e modernas”, avisa o coordenador. Entre as esculturas mais antigas está a imagem de São João Batista, feita de barro cozido, do século 17. “É da mesma época da construção desta Igreja (Ordem I do Carmo que abrange o museu)”, comenta Marcos.
Além desta imagem, ainda há outras curiosas como a de Nossa Senhora do Carmo. Ela é do final do século 19 e conhecida como santo de roca ou santo de vestir. “No passado havia muitas procissões, cortejos de diferentes festas religiosas e a Igreja não tinha tantas imagens sacras. Então essa peça era como uma imagem base que, com a troca das roupas e até cabelo, representava um santo diferente, em cada ocasião”, conta Marcos.
As imagens em exibição são feitas de barro, madeira ou de papel machê. No caso deste último a deterioração é maior e algumas esculturas precisarão de reforma. “A de Nossa Senhora do Rosário, por exemplo, será restaurada”, comenta o coordenador. Já uma outra, a de Nossa Senhora de Assunção, mesmo passando por restauro deve permanecer sem um dos braços, como se encontra agora. “Essa mudança na imagem é o próprio registro da peça”.
Restauro 
Várias peças do acervo apresentam alguma parte deteriorada, ação do próprio tempo. Todos os dias, no entanto, elas são atentamente observadas pelo coordenador do MIC. “A conservação é diária. Tenho sempre que estar vendo se há presença de inseto, infiltração de água no local, além de limpar”, comenta.
Marcos diz que o clima úmido de Mogi não é tão favorável a preservação, mas que todas elas estão em boas condições. Até mesmo a imagem de Santa Emerenciana que traz as figuras da avó – Ana -  e mãe – Maria – de Jesus. Um dos rostos foi totalmente removido. “Mas ela está preservada e pode passar por restauração” comenta ele acrescentando que, além desta peça há mais um exemplar no Rio de Janeiro.
“Mogi conta com um importante exemplar da arte sacra não só do estado de São Paulo como do País”, diz ele. (Mariana Nepomuceno)

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