segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Igrejas centenárias ameaçam desabar no interior de SP

NATÁLIA CANCIAN/ de FOLHA DE S.PAULO

Por fora há pichações, telas de proteção, tapumes e placas que indicam ruas interditadas. Dentro, rachaduras, paredes inclinadas e altares ameaçados por cupins.
Igrejas centenárias, tombadas pelo patrimônio histórico, tiveram que fechar as portas no interior de São Paulo por falta de segurança -e até risco de desabamento.


A reportagem encontrou sete dessas igrejas em cidades como Pindamonhangaba, Taubaté, Redenção da Serra, Aparecida e Mogi Mirim. São estruturas de taipa de pilão (barro e madeira) erguidas nos séculos 18 e 19 -a mais antiga soma 266 anos.
Parte dos imóveis ameaça desabar e depende de escoras para ficar de pé. A outra espera manutenção, pois há riscos à segurança do patrimônio. Apenas uma está em obras, em São Luiz do Paraitinga.

Felix Lima/Folhapress
Altar da igreja São José da Vila Real, em Pindamonhangaba, é herança da capela de 1680
Altar da igreja São José da Vila Real, em Pindamonhangaba, é herança da capela de 1680
Em Pindamonhangaba, quem se aproxima da igreja São José da Vila Real, no centro, já não consegue ver o altar de madeira, herança da capela de 1680. De portas fechadas, está abandonada. Duas ruas laterais foram interditadas. Por dentro, o imóvel, de paredes decoradas, tem rachaduras e infiltrações.
Até uma placa que aponta o túmulo de membros da guarda de Dom Pedro 1º (1798-1834) está quebrada.
"A igreja está cedendo. Tem trincas, infestação de cupins e escoras para evitar dano maior", diz a arquiteta Rosângela Biasolli, uma das responsáveis pelo projeto de restauro, ainda sem recursos.
O cenário se repete em outras cidades. Em Taubaté, uma intervenção emergencial em julho não foi suficiente para que a igreja do Rosário, fechada há três anos, abrisse as portas. A estrutura, de 1882, tem duas paredes laterais inclinadas e com rachaduras. A madeira que suportava o piso de uma área superior apodreceu e caiu.

Editoria de arte/Folhapress
Sem visitantes, a igreja é usada como depósito: uma TV, por exemplo, "repousa" em frente ao altar. "Se ela não for restaurada, corre o risco de desabar", diz Lilian Mansur, diretora da Fundação Dom Couto, que busca verbas e parcerias para o projeto de restauro, estimado em R$ 499 mil.
A seis quadras dali, a Capela do Pilar, construída em 1747 e considerada como ponto de encontro de bandeirantes à época, se esconde por trás de tapumes de proteção.
O Condephaat (órgão estadual de defesa do patrimônio) e os demais departamentos de patrimônio dizem que a manutenção é responsabilidade dos donos dos locais.
Em outros casos, a ameaça não é só o tempo. Foi o que ocorreu em Mogi Mirim, onde uma estrutura anexa à igreja Nossa Senhora do Carmo desabou há 18 meses - uma construção em terreno vizinho teria motivado o desabamento. A igreja tombada de 1840 também não ficou como antes: uma parede inclinou e as outras racharam. Está fechada desde então.
No fim de agosto, a construtora Azevedo Marques, responsável pela obra do edifício, aceitou pagar os reparos. A obra ainda não tem prazo.

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