segunda-feira, 4 de junho de 2012

Restauração de afrescos revela obra original do século XVIII em SP

Obra de igreja no centro da cidade é do padre Jesuíno do Monte Carmelo, um talentoso pintor e compositor de música sacra.


A restauração de afrescos de uma igreja no centro de São Paulo revelou uma obra original de um mestre do século XVIII, o padre Jesuíno do Monte Carmelo, um talentoso pintor e compositor de música sacra.
A Capela da Venerável Ordem Terceira do Carmo está em São Paulo há quase 400 anos. Nela, está sepultado o pai do bandeirante Fernão Dias. Nas poltronas, sentaram-se Dom Pedro II e a imperatriz Tereza Cristina.

“A Ordem do Carmo abrangeu grandes famílias da época, a nobreza de São Paulo. As pessoas vinham para fazer suas orações, vinham para colocar em prática sua fé”, fala o prior Evaldo de Albuquerque Lima.
Em 1750, a Ordem Terceira do Carmo contratou o talentoso artista. Padre Jesuíno do Monte Carlo iluminou o forro com um céu dourado, onde reina Nossa Senhora da Conceição. Em volta, anjos e personagens da tradição carmelita. São quase 400 metros quadrados de alta pintura.
Ao longo do tempo, consertos e remendos colocaram até sete camadas de tinta por cima do talento do padre. “Eram tentativas bem intencionadas, porém muito mal sucedidas, de se resgatar a imagem. Resultado, a pintura estava completamente descaracterizada e depreciada”, explica o restaurador Júlio de Moraes.

A restauração demorou cinco anos. A ideia surgiu quase oito décadas antes. O modernista Mário de Andrade se encantou com a arte do padre Jesuíno. Mulato como o pintor, Mário enxergou no estilo de Jesuíno os primeiros traços de uma arte genuinamente brasileira.

Numa época de padrões europeus, padre Jesuíno dava um toque tropical às suas obras, como na Igreja Nossa Senhora do Carmo, em Itu. Flores coloridas, anjinhos modernos de cabelo enrolado e até um bispo com traços africanos.

“Ele dá uma interpretação que tem um sentido. Aquela perspectiva que os modernistas buscavam tanto, da origem da nacionalidade brasileira, na mestiçagem”, diz o historiador do Iphan Carlos Cerqueira.

Fonte : G1

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