domingo, 10 de junho de 2012
Exposição “Ícones Sacros” está em cartaz no Centro Cultural Municipal de Tatuí- SP
Até o dia 15 de julho, o espaço de exposições do Centro Cultural Municipal apresenta a exposição “Ícones Sagrados”, com obras dos artistas iconógrafos Julieta Luvizotto Nicolau e Almir Flávio Scomparim. A riqueza de detalhes e o requinte dos trabalhos chamaram a atenção do público que participou da vernissage da mostra, na noite da quarta-feira, 6.
Pouco conhecida na região, a técnica empregada na produção dos ícones utiliza têmperas com gema de ovo, vinagre, vinho e pigmentos sólidos (terra e areia) de diferentes cores. A pintura é feita sobre painéis de madeira maciça.
Na iconografia, os artistas utilizam imagens antigas como modelo. Por isso, o conceito de originalidade não é igual ao utilizado em outras artes. “Quanto mais fiel ao arquétipo antigo, mais se está na dimensão do original”, orientam os artistas no material de divulgação da mostra.
De acordo com eles, o iconógrafo não tem a liberdade de dar vazão à subjetividade, mas deve submeter sua técnica “aos cânones da fé”. “É como o trabalho de um escriba copiando a Bíblia. Ele pode caprichar na caligrafia, mas não pode acrescentar nem tirar nada do texto”.
Segundo Jorge Rizek, secretário municipal da Cultura, Turismo, Esporte, Lazer e Juventude, a abertura da exposição de arte sacra foi marcada propositadamente para a véspera do feriado de Corpus Christi. Os trabalhos foram uma das atrações para os fiéis que participaram da “Procissão do Santíssimo Sacramento”, agendada para a quinta-feira, 7, mas cancelada em função da chuva.
Além do titular da Cultura, outras autoridades estiveram na vernissage. Entre elas, o prefeito Luiz Gonzaga Vieira de Camargo, a primeira-dama Maria José Vieira de Camargo e o vice-prefeito Luiz Antonio Voss Campos. Artistas e pessoas ligadas ao setor cultural também acompanharam o lançamento da exposição.
Antes dos pronunciamentos, os visitantes tiveram a oportunidade de conhecer os artistas e conversar com eles. “O ícone é uma janela para o céu, uma arte sacra por excelência”, descreveu Scomparim, que é sacerdote católico em uma igreja da cidade de Boituva e especialista em arte sacra e espaço litúrgico.
“A gente espera que as pessoas, ao apreciarem o ícone, resgatem um pouco a sua dimensão espiritual. Hoje em dia, com essa secularização, com esse mundo assim tão materializado, isso fica um pouco de lado”, comentou o religioso.
Segundo o artista, ele e Julieta não praticam a iconografia porque esperam retorno comercial. “Nós fazemos esta arte por gosto e por amor. Tanto é que nós só temos prejuízos”, brincou. De acordo com ele, um dos objetivos de realizar exposições é divulgar a iconografia para mais pessoas se interessarem por ela. “Não escondemos aquilo que a gente sabe, mas, sim, procuramos ensinar”, disse.
O padre Scomparim explicou que ele e Julieta só conseguiram ter acesso à técnica graças ao trabalho de uma professora italiana que atualmente mora na Argentina. “É uma arte lenta, demorada, que exige muita disciplina. Você não aprende sozinho, precisa ter um mestre para ensinar”.
A professora que trabalha com Julieta e Scomparim estuda com mestres russos, já que a “técnica antiga”, da “época de ouro da iconografia”, teve origem naquele país. “Ela tem aulas com os professores russos e nos repassa o que ela aprendeu lá. Assim, fica bem mais econômico do que fazer os cursos na Europa”, afirmou o artista.
Julieta, leiga residente na cidade de Cerquilho, classificou a exposição como uma oportunidade de “apresentar Jesus de forma diferente”. A artista lembrou que, em Tatuí, não existem praticantes da iconografia e que, por isso, ela e Scomparim tiveram a “ousadia” de trazer seus trabalhos. “Em terra de cego, caolho fica rei”, brincou ela.
Por conta do caráter religioso da técnica, o significado da pintura do ícone não é visto pelos artistas como um “retrato de Jesus”. Julieta informou que, depois que as telas estão prontas, elas são abençoadas. “Estes ícones foram todos abençoados com óleo santo. Isso significa que Jesus está aqui, para todos nós, nesta terra que eu gosto tanto”, afirmou.
As tintas utilizadas para a técnica da iconografia exigem pinceladas sutis, para criar camadas quase transparentes. “É uma camada em cima da outra, que vai fazendo com que o ícone ganhe o colorido. Não é um monte de tinta”, explicou Julieta. Em função do tempo necessário para a pintura, os quadros tornam-se relativamente caros.
De acordo com a artista, a demora e a exigência de concentração tornam o trabalho exaustivo. Apesar disto, ela afirmou que se trata de uma atividade muito prazerosa. “Temos a pretensão de formar um grupo de iconógrafos na região, para que a técnica seja mais incentivada. O padre Scomparim ensinará as principais lições aos artistas interessados”, comentou.
Ao final da vernissage, as autoridades presentearam os artistas com lembranças de Tatuí. Gonzaga disse estar feliz e honrado em receber os artistas e a exposição. “Um trabalho realmente muito bonito”, comentou.
Ele afirmou que o espaço de exposições do Centro Cultural deve ser um ponto de encontro da arte tatuiana e da arte de outras pessoas que querem vir expor seu trabalho no município. “Eu convido a população de Tatuí a conhecer a exposição que está em cartaz, porque realmente vale a pena”, disse.
Os trabalhos dos artistas podem ser vistos das 10h às 21h, de segunda a sexta, e das 10h às 14h, aos sábados e domingos. Outras informações sobre a exposição e os artistas são obtidas pelo telefone 3259-3993.
O Centro Cultural está localizado na praça Martinho Guedes, 12, no centro.
Fonte: Voz de Tatuí
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