segunda-feira, 25 de junho de 2012

Catedral de Campinas busca R$ 7 milhões para restauração

Ministério autoriza captação pela Lei Rouanet para a segunda fase dos trabalhos

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Créditos: Leandro Ferreira/AAN
 
O Ministério da Cultura autorizou a Arquidiocese de Campinas a captar R$ 7,1 milhões utilizando a lei de incentivos fiscais (lei Rouanet) para a segunda fase do restauro da Catedral Metropolitana de Campinas.

Nessa fase serão recuperadas a cúpula, torre, as quatro fachadas, além dos sistemas elétrico e hidráulico e de comunicação.

O restauro é parte de um projeto que pretende tornar a Catedral um complexo religioso e cultural e prepará-la para ser a âncora turística da cidade do grandes eventos que ocorrerão em 2014 e 2016, com a Copa do Mundo e a Olimpíada.

Assim que a decisão for publicada no Diário Oficial da União, informou o arquiteto Ricardo Leite, responsável pelo projeto, começará o trabalho de convencimento junto ao empresariado e empresas estatais para doarem parte do imposto de renda à recuperação desse patrimônio de Campinas. O arcebispo d. Airton José dos Santos e o pároco da Catedral, Álvaro Ambiel, iniciaram contatos com políticos e empresários na tentativa de obter a verba necessária.


O projeto já havia sido anteriormente aprovado, mas perdeu validade porque a Arquidiocese não conseguiu, durante três anos, captar os recursos. O projeto foi então reapresentado e aprovado na reunião da Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (Cnic) da última quarta-feira. Na primeira fase do restauro foi captado pela lei Rouanet R$ 1,58 milhão e destinado à troca do telhado do templo para eliminar as infiltrações que, em dia de chuva, permitiam a entrada de água que acabavam danificando altares e chão do centenário templo.


O telhado foi construído em três lances. Um, sobre a nave central, outro, do altar-mór e Capela do Santíssimo e outro que atravessa a igreja em frente ao altar-mór. Também foi feita a restauração do teto, com reformas na parte hidráulica e elétrica. Os três imensos lustres de cristais também passaram por restauro.

Não há previsão para o início das obras, porque dependerá da formação de um caixa para que o restauro possa ter início. Pelas regras do ministério, a obra só começa quando 20% do valor global estiver depositado em conta específica. A equipe da Catedral não tem conseguido sucesso na busca de verbas. Para o arquiteto Ricardo Leite, falta compreensão da comunidade de que a Catedral não é apenas um templo religioso, mas uma obra de arte, um patrimônio que é referência de Campinas.

Tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) e pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas (Condepacc), a Catedral é uma referência histórica, pois sua monumentalidade e excelência arquitetônica, presentes na talha do Mestre Vitorino dos Anjos e na elaboração dos vitrais, simbolizam a fase de grande desenvolvimento urbano vivido pela cidade de Campinas ao longo do século 19, graças à economia cafeeira.

Catedral Metropolitana de Campinas é feita de taipa, uma técnica construtiva em barro, de tradição centenária em São Paulo. Foi justamente na fachada que a técnica apresentou problemas e foi preciso fazer novo acabamento com a intervenção do engenheiro Francisco de Paula Ramos de Azevedo. A partir do projeto do arquiteto Cristóvam Bonini, foi edificada uma nova estrutura de tijolos, capaz de sustentar os "apliques" decorativos. Nesta nova estrutura foram criados três planos decorativos em estilo clássico.

O primeiro é composto de colunas de inspiração jônica e uma parte central saliente coroada por um frontão triangular e uma série de quadros em relevo com a gravação das principais datas históricas do templo. O segundo plano é formado por duas janelas em arcada, de inspiração coríntia, e um grande relógio. O terceiro plano está assentado em uma base quadrada com uma pirâmide de coroamento, esfera e cruz de ferro. Por fim, em 1923 a Catedral passou por novas reformas que criaram, entre outras intervenções, uma cúpula de cimento capaz de sustentar uma imagem da Virgem Maria, em lugar de um pequeno zimbório de vidros coloridos.

No interior do edifício há uma movelaria antiga composta de peças trabalhadas em madeiras, cadeiras austríacas, trono episcopal, crucifixo, lustres, candelabros de prata, órgão (de 100 anos), sacristia, relógio de parede e 4 sinos (em torre com mais de 100 anos).

Preservação de acervo de museu também depende de recursos
O Museu de Arte Sacra instalado na Catedral começou um trabalho de captação de recursos para poder dotar a área de reserva técnica de salas limpas e garantir, assim, a preservação de um importante acervo de pinturas, esculturas, medalhas e móveis dos séculos 18 a 20.

O trabalho, inclui calafetação ambiental, unidade de ventilação estéril e outras obras, está orçado em R$ 200 mil, que serão captados dentro do Programa de Ação Cultural (Proac), do governo do Estado, que destina parte do ICMS devido pelas empresas ao apoio da cultural.

O arquiteto Ricardo Leite disse que algumas lojas do Centro, como a Skina Magazine, Seller e Baby manifestaram interesse em destinar o ICMS ao museu. "Nem podemos pensar em restaurar o acervo, se não tivermos salas limpas", afirmou. Mesmo funcionando parcialmente, o museu é bastante visitado - nos últimos 12 meses recebeu a visita de 7,5 mil visitantes, apresar de abrir apenas as quintas e sextas-feira no período da tarde e aos sábados pela manhã.





O museu foi criado por Dom Paulo de Tarso Campos em 1.967, e composto de 576 peças entre pinturas, esculturas, medalhas e móveis dos séculos 18 a 20. Faz parte do acervo uma biblioteca com obras raras, partituras musicais, coleções de jornais antigos e cartas pastorais dos bispos campineiros e paulistas a partir de peças recolhidas na arquidiocese e doadas da coleção de Dom Paulo de Tarso.

Saiba mais
A construção da Catedral teve início em 1807, estendendo-se por mais de setenta anos até sua inauguração em 1883. O grande porte da construção já sugeria as pretensões de crescimento da Vila de São Carlos (1797/1842), sendo instaurada as fundações em um terreno mais distante do Largo da Matriz Velha (atual área da Basílica do Carmo) para onde se projetava o crescimento da Vila, no início do século 19. Ao longo dos 76 anos de construção, a nova Matriz recebeu ornamentações em cedro vermelho (disponíveis em terrenos próximos) trabalhado em estilo barroco brasileiro pelo artista baiano Vitoriano dos Anjos.

Fonte: Maria Teresa Costa/AAN 

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