A
imagem da Primeira Pessoa da Santíssima Trindade é bem difícil de ser
encontrada nos antigos ícones. Encontramos de maneira representativa nos
ícones da hospitalidade de Abraão (cf. Gn 18, 1-7) ou na clássica
tipologia da Santíssima Trindade (idealizado por Rublev). “Nesses três
homens, aos quais Abraão se dirige no singular, muitos Padres viram o
anúncio do mistério da Trindade, cuja revelação é reservada ao NT” (nota
da Bíblia de Jerusalém, p. 56).
Não
é raro encontrarmos somente uma indicação da manifestação de Deus nos
ícones, ora como um raio ou um feixe de luz ora como uma mão abençoando,
isso porque Deus-Pai se comunica aos homens através de sua Palavra, ou
seja, Ele se revela como Aquele que existe, “Aquele que é” (cf. Ex 3,14;
Apoc 1,8), cuja forma grega de se escrever – O WN – se encontra na
auréola crucífera de Cristo. Assim, podemos perceber que Cristo é o
ícone visível do Deus invisível (cf. Col 1,15). Então, alguns
iconógrafos entenderam que Cristo “é antes de tudo e tudo nele subsiste”
(Col. 1,17) e escreveram os ícones do Gênesis, ou da Criação como se
Jesus Cristo – IC XC – fosse aquele que plasmou tudo o que existe. Sim,
porque “Ele estava com Deus. Tudo foi feito por meio dele e sem ele nada
foi feito” (Jo 1, 2-3).
Uma
imagem mais tardia é a representação de Deus, primeira pessoa da
Trindade Santa, temporal e antropomorfa. Em alguns ícones Ele é mostrado
como um Ancião, enfatizando o aspecto simbólico da sabedoria (mesmo
havendo um ícone próprio da Santa Sabedoria), nesse caso os ícones assim
representados se chamará de ícone da Paternidade; mas, em outros casos,
um mesmo Ancião é o próprio Filho, prefigurado pelo Profeta Daniel (cf.
Dn 7, 9-10), assim o Filho também é chamado de “Antigo de Dias”, para
melhor explicação sobre esse tema busco, em Gharib, as palavras de
Dionísio Aeropagita quando diz, depois de ter explicado o significado do
Pantocrator:
“É
celebrado também como Antigo de Dias, pelo fato de ser a eternidade e o
tempo de todas as coisas e ao mesmo tempo preceder os dias, a
eternidade e o tempo... Por isso, também nas sagradas aparições das
visões místicas, Deus assume a figura de um Ancião e a de um jovem: a
primeira significa que é o princípio e que existe desde o princípio; a
segunda, que escapa a toda mudança; as duas visões nos ensinam que ele
procede, do início ao fim, através de todas as coisas” (Gharib, p. 121).
Fonte bibliográfica:
A BÍBLIA DE JERUSALÉM. Tradução de Euclídes Martins Balancin et al. 5 ed. São Paulo: Paulinas, 1991;
GHARIB, Georges. Os ícones de Cristo: História e Culto. São Paulo: Paulus, 1997
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