Foto: Divulgação
A capela e todas as demais instalações do Convento de Santa Clara do Desterro estão com o sistema de telhado comprometidos e sob ameaça de desabar. Trata-se do mais antigo convento feminino do Brasil, fundado em 1677 por monjas clarissas, provenientes do Mosteiro de Évora, em Portugal. Conforme a diretora da instituição, Irmã Maria Lúcia, “o prédio é tombado pelo Iphan-Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, mas nunca dispusemos de qualquer apoio do órgão”. Ela revelou que “durante o período de chuvas temos que instalar baldes em diversos setores para evitar que as áreas fiquem alagadas”.
Localizado no bairro do Desterro, a poucos metros da estação de metrô do Campo da Pólvora e da Igreja do Santíssimo Sacramento e Sant’Ana, o convento feminino já enfrentou situação similar no início e final dos anos 90. Em 1991, quando dispunha de 800 alunas matriculadas, o telhado do corredor desabou e a maioria dos pais, temendo pela segurança das filhas, retirou as estudantes do Colégio Santa Clara do Desterro.
Em 1999 e 2000, quando quase foi fechado por falta de recursos para a manutenção, o convento, conseguiu obter ajuda de entidades baianas, criou um espaço para eventos e um estacionamento com capacidade para 160 carros, com que passou a ser mantido, graças à mobilização da Irmã Jesulina, que acabara de chegar à instituição. A administração do convento passou às Irmãs Franciscanas do Sagrado Coração de Jesus em 1907.
O colégio dispõe, atualmente, de 300 alunas – do Infantil ao Ensino Médio, embora esse ano não tenha conseguido alunos para a série inicial. As irmãs franciscanas mantiveram, entre 1901 e 1907, o Abrigo de Santana (que a Irmã Lúcia não soube precisar onde ficava), para idosos e o Orfanato da Imaculada Conceição, antes de transferirem as atividades para o convento no Desterro. O internato e orfanato deixaram de existir, mas o semi-internato foi mantido até 2001.
Irmandade busca fonte de renda
Como os tempos mudaram os métodos de educação escolar, sem mais os sistemas de internato, a direção do Colégio criou o “Projeto por um mundo melhor”. A iniciativa proporciona oficinas de Valores humanos, Teatro, Dança, Violão, Futsal, contemplando os próprios alunos e bolsistas mantidos pela irmandade, além de alunos de várias escolas da rede municipal de ensino.
O projeto oferece café da manhã e almoço, além de banho. Com isso, os estudantes do município que frequentam as atividades nos contra turnos, já seguem alimentados e higienizados para as escolas. Do mesmo modo, os que frequentam à tarde, tomam banho almoçam e fazem as tarefas escolares antes de participarem das oficinas.
Licores e sequilhos
Outra fonte de renda da Irmandade são os tradicionais licores produzidos artesanalmente e cujas receitas datam de há 300 anos. A produção funciona durante todo o ano, sob responsabilidade da Irmã Maria Aparecida com ajuda de funcionários, mas é justamente nessa época do ano que a demanda aumenta consideravelmente. “Já o fabrico de sequilhos ainda não tem tido tanto sucesso e a venda sequer dá para pagar o funcionário”, observou.
De acordo com a Irmã Lúcia, é produzida uma média de 700 litros de licor nesse período. Os sabores mais solicitados são de jenipapo, aniz, jambo e graviola. A irmã mencionou, ainda, o licor de guaco, recomendado como “muito bom” para gripes e pela ação expectorante, comercializados a R$ 35. Os licores “mais finos” do Convento são os feitos a partir das rosas rainha Elizabeth, extraídas do plantio do próprio convento e oferecidos a R$ 40. A festa do Convento de Santa Clara do Desterro em louvor à santa – que é padroeira da televisão – acontece, esse ano, no dia 8 de agosto.
Por Albenísio Fonseca
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