terça-feira, 16 de outubro de 2012

Benedito Calixto: 159 anos de história

Pintor renomado nasceu em 14 de outubro de 1853 e seus melhores trabalhos de arte sacra estão em Bocaina.
 
Renan Rossi/Bocaina On Line
 
Benedito Calixto de Jesus
Foto: Reprodução
A paixão por fazer aquilo que gostamos nos leva a realização dos sonhos. O menino que desenhava e acompanhava os trabalhos de seu avô em desenhos feitos com barras de carvão se tornou um dos mais renomados pintores brasileiros do final do século XIX e início do século XX. Há 159 anos, em 14 de outubro de 1853, nascia Benedito Calixto de Jesus.
A cidade de Bocaina é agraciada pelas obras de Calixto, pertencentes à Igreja Matriz de São João Batista, contribuindo de forma substancial para a cultura e turismo do município. Na praça da Matriz, existe um busto em homenagem ao pintor, como forma de agradecimento pelo legado e trabalho deixado aos bocainenses por um acaso do destino, como contaremos mais adiante.

Trajetória
Filho de João Pedro de Jesus e Ana Gertrudes Soares de Jesus, Calixto foi criado em Itanhaém até completar 20 anos de idade. Entre promessas de santos e forte devoção pela Igreja Católica, sua primeiras obras o levaram a Santos, onde pintou tabuletas e figuras nas paredes e tetos da elite da cidade.


O trabalho do jovem pintor o levou a trabalhar na decoração da nova sala de espetáculos do Teatro Guarani, em Santos, no ano de 1882. A proeza de Calixto chamou a atenção do Visconde Nicolau Pereira de Campos Vergueiro, que o parabenizou com uma bolsa de estudos em Paris. Já na cidade-luz, Calixto dividiu experiências com grandes pintores, como Jean François Raffaëlli (1850-1924), Gustave Boulanger (1824-1888), Tony Robert-Fleury (1837-1911) e Willian-Adolphe Bouguereau (1825-1905).

No entanto, o trabalho de Calixto não compreendeu apenas as obras sacras. Ao voltar ao Brasil, depois de um ano e meio de estudos no exterior, ele trouxe consigo uma máquina fotográfica, paixão herdada de Paris. A fotografia o ajudou no registro de paisagens locais, além do trabalho artístico de diversas telas com temas históricos e religiosos.

No início do século XX, as obras do pintor ganharam destaque em diversas exposições realizadas no Rio de Janeiro, São Paulo, Belém e até nos Estados Unidos, onde teve uma de suas obras premiadas na Exposição Internacional de St. Louis, em 1904.


De Jaú para Bocaina
A Igreja Matriz de Jaú havia contratado Calixto para a pintura de telas sacras, mas o acordo de preços acabou não agradando os contratantes jauenses. Foi nessa época que o padre José Maria Alberto Soares, pároco em Bocaina, contou ao pintor a vontade que tinha em receber suas telas na igreja bocainense, através de diversas cartas endereçadas ao artista.

Vontade essa que sensibilizou Calixto, que veio ao município e iniciou os trabalhos por um valor muito abaixo do que havia cobrado em Jaú. Suas obras na Igreja Matriz de São João Batista, em Bocaina, são o melhor trabalho do pintor na arte sacra. Ele mesmo considerava suas obras primas as telas “Salomé recebe a cabeça de João Batista” e “Transfiguração”.

Tela "Salomé recebe a cabeça de João Batista" - Uma das preferidas do pintor.
Foto: Reprodução
A última tela sacra pintada pelo artista foi em 10 de dezembro de 1923, fazendo de Bocaina a última cidade a receber as pinturas de Calixto envolvendo esta temática, trabalho que ele próprio, dominado pela ideia da morte próxima, afirmava que a Igreja Matriz de Bocaina seria lugar perpétuo de sua derradeira arte.
Benedito Calixto morreu quatro anos depois, em 31 de maio de 1927, vítima de infarto, em São Paulo, na casa do filho Sizenando, durante trabalho de duas telas para a catedral de Santos. A capital paulista o homenageou com a construção da Praça Benedito Calixto.

Hoje, as telas pintadas na Igreja Matriz de Bocaina, após trabalho de restauração nos últimos anos, continuam a atrair várias pessoas, vindas de todos os cantos do Estado e país. As obras já foram tema de inúmeras reportagens de jornais impressos e televisivos, mostrando a importância do pintor litorâneo na pequena cidade do interior.

Sua arte é um dos tesouros da cultura bocainense, que a preservará pelos anos que virão, seja por obras ou pela memória de uma simples contemplação das telas de Calixto, constantemente vigiadas pelo busto do pintor em frente à igreja.
 
Outras obras:

Auto Retrato

Evangelho nas Selvas, 1893 - (ost, 58,5 x 70 cm - Padre Anchieta)

Naufrágio do Sírio, 1907 - Museu de Arte Sacra de São Paulo - Óleo sobre tela, 160 x 220 cm.
 

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