Pintor renomado nasceu em 14 de outubro de 1853 e seus melhores trabalhos de arte sacra estão em Bocaina.
Renan Rossi/Bocaina On Line
A cidade de Bocaina é agraciada pelas obras de Calixto, pertencentes à Igreja Matriz de São João Batista, contribuindo de forma substancial para a cultura e turismo do município. Na praça da Matriz, existe um busto em homenagem ao pintor, como forma de agradecimento pelo legado e trabalho deixado aos bocainenses por um acaso do destino, como contaremos mais adiante.
Trajetória
Filho de João Pedro de Jesus e Ana Gertrudes Soares de Jesus, Calixto foi criado em Itanhaém até completar 20 anos de idade. Entre promessas de santos e forte devoção pela Igreja Católica, sua primeiras obras o levaram a Santos, onde pintou tabuletas e figuras nas paredes e tetos da elite da cidade.
O trabalho do jovem pintor o levou a trabalhar na decoração da nova sala de espetáculos do Teatro Guarani, em Santos, no ano de 1882. A proeza de Calixto chamou a atenção do Visconde Nicolau Pereira de Campos Vergueiro, que o parabenizou com uma bolsa de estudos em Paris. Já na cidade-luz, Calixto dividiu experiências com grandes pintores, como Jean François Raffaëlli (1850-1924), Gustave Boulanger (1824-1888), Tony Robert-Fleury (1837-1911) e Willian-Adolphe Bouguereau (1825-1905).
No entanto, o trabalho de Calixto não compreendeu apenas as obras sacras. Ao voltar ao Brasil, depois de um ano e meio de estudos no exterior, ele trouxe consigo uma máquina fotográfica, paixão herdada de Paris. A fotografia o ajudou no registro de paisagens locais, além do trabalho artístico de diversas telas com temas históricos e religiosos.
No início do século XX, as obras do pintor ganharam destaque em diversas exposições realizadas no Rio de Janeiro, São Paulo, Belém e até nos Estados Unidos, onde teve uma de suas obras premiadas na Exposição Internacional de St. Louis, em 1904.
De Jaú para Bocaina
A Igreja Matriz de Jaú havia contratado Calixto para a pintura de telas sacras, mas o acordo de preços acabou não agradando os contratantes jauenses. Foi nessa época que o padre José Maria Alberto Soares, pároco em Bocaina, contou ao pintor a vontade que tinha em receber suas telas na igreja bocainense, através de diversas cartas endereçadas ao artista.
Vontade essa que sensibilizou Calixto, que veio ao município e iniciou os trabalhos por um valor muito abaixo do que havia cobrado em Jaú. Suas obras na Igreja Matriz de São João Batista, em Bocaina, são o melhor trabalho do pintor na arte sacra. Ele mesmo considerava suas obras primas as telas “Salomé recebe a cabeça de João Batista” e “Transfiguração”.
Tela "Salomé recebe a cabeça de João Batista" - Uma das preferidas do pintor.
Foto: Reprodução
A última tela sacra pintada pelo artista foi em 10 de dezembro
de 1923, fazendo de Bocaina a última cidade a receber as pinturas de
Calixto envolvendo esta temática, trabalho que ele próprio, dominado
pela ideia da morte próxima, afirmava que a Igreja Matriz de Bocaina
seria lugar perpétuo de sua derradeira arte.Foto: Reprodução
Benedito Calixto morreu quatro anos depois, em 31 de maio de 1927, vítima de infarto, em São Paulo, na casa do filho Sizenando, durante trabalho de duas telas para a catedral de Santos. A capital paulista o homenageou com a construção da Praça Benedito Calixto.
Hoje, as telas pintadas na Igreja Matriz de Bocaina, após trabalho de restauração nos últimos anos, continuam a atrair várias pessoas, vindas de todos os cantos do Estado e país. As obras já foram tema de inúmeras reportagens de jornais impressos e televisivos, mostrando a importância do pintor litorâneo na pequena cidade do interior.
Sua arte é um dos tesouros da cultura bocainense, que a preservará pelos anos que virão, seja por obras ou pela memória de uma simples contemplação das telas de Calixto, constantemente vigiadas pelo busto do pintor em frente à igreja.
Outras obras:
Auto Retrato |
Evangelho nas Selvas, 1893 - (ost, 58,5 x 70 cm - Padre Anchieta) |
Naufrágio do Sírio, 1907 - Museu de Arte Sacra de São Paulo - Óleo sobre tela, 160 x 220 cm. |
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