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Nascida no Líbano, Fadia Laham pertence à Igreja greco-católica melquita e usa o hábito das carmelitas descalças. Seu pai era palestino e sua mãe libanesa. Aos 16 anos – um ano após a morte de seu pai –, uniu-se a um grupo de mochileiros hippies.
Entretanto, descobriu sua vocação à vida religiosa e aos 19 anos ingressou como religiosa de clausura no convento das Carmelitas no norte de Beirute (Líbano). Junto com a sua congregação, atenderam os deslocados da guerra civil que este país viveu na década de 70.
Em 1993, viajou como superiora à Síria para reconstruir o mosteiro greco--católico melquita do século V, dedicado a São Tiago, o Mutilado, localizado a 60 quilômetros ao norte de Damasco. Mas, em 2011, começaram os protestos populares contra o governo de Bashar Al Asad, o qual iniciou a guerra civil que segue atingindo o país.
“Antes da guerra, havia mais de dois milhões de cristãos (10% da população total). Hoje, apenas permaneceram 700.000 depois da fuga da maioria para a Europa”, assinalou, de Jounieh, região cristã ao norte de Beirute, ao jornal espanhol ‘El País’.
Nesse sentido, advertiu que na Síria pode ocorrer o mesmo que no Iraque, onde “a guerra de 2003 expulsou os cristãos. Somente permaneceram 10% e destruíram grande parte do seu patrimônio”. Entretanto, assinalou que a destruição da Síria faz parte de um plano mais amplo, que pretende desmembrar e dividir as sociedades pluralistas como Iraque ou Egito.
Em seguida, a religiosa indicou que salvou no Líbano os ícones, manuscritos e tecidos do mosteiro de São Tiago o Mutilado. Entretanto, atualmente continua a busca de mais patrimônio roubado pelos traficantes e que oferecem aos colecionadores ocidentais.
Segundo sua recontagem, mais de 120 igrejas e mosteiros foram destruídos na Síria. Além disso, os jihadistas saquearam em 2013 a localidade de Malula, um dos últimos lugares do mundo onde ainda falam aramaico, a língua de Cristo. Um ano depois, mediou ao telefone com Abu Malek, líder máximo da Al Qaeda nessa região que faz fronteira com o Líbano, para a liberação de nove religiosas greco-ortodoxas sequestradas ali.
Salvou-se de morrer nas mãos de jihadistas
Em seu diálogo com ‘El País’, a Madre Agnes recordou que enquanto esteve na Síria foi ameaçada de morte por Al Nusra, então facção da Al Qaeda que no último mês de julho se separou e assumiu o nome de Fath al-Sham.
Entretanto, em 2012, o Exército Livre da Síria (ELS) – um dos grupos que combatem o governo –, a ajudou a fugir ao Líbano.
Apesar disso, a religiosa deve deslocar-se com escolta pelos seminários internacionais aos quais é convidada, pois está ameaçada pelo Estado Islâmico (ISIS).
Nesse sentido, a Madre Agnes critica a manipulação que a mídia dá ao conflito na Síria. “Meu testemunho é incomodo por ser politicamente incorreto. Hoje deve-se repetir de manhã, ao meio-dia e à noite que Bashar Al Asad mata, mas não se pode dizer que os rebeldes matam”. “Quem quer dizer a verdade, deve dizê-la completa”, assinalou.
Fonte: ACI digital
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