quinta-feira, 23 de abril de 2015

Uma pintura do século XVII atribuída a Murillo na igreja de León (Espanha)

"Aparição da Virgem e o Menino com São Félix de Cantalício '40 anos pendurado no cruzeiro de Santa Marina'"



O notário leonense Alfonso García Melon trabalha há décadas na investigação da tela apareceu na igreja leonese de Santa Marina e considerada confirmada a autoria de Murillo, uma vez realizados os estudos iconográficos e documentais. O quadro foi exposto por mais de 40 anos no cruzeiro do templo, danificado, quebrado e com a pintura da última restauração salpicada pela estrutura da igreja, mas passou despercebido aos olhos dos especialistas, gestores públicos e clericais.

"Eu tenho trabalhado por décadas neste quadro, que sempre me chamou a atenção e que paira à vista dos paroquianos e visitantes. A suspeita começou quando eu começava a notar as formas arredondadas e traços característicos da pintura de Bartolomé Esteban Murillo", diz o estudioso. (Para saber mais sobre Bartolomé Esteban Murillo, clique aqui)

"Eu comecei a investigar sua vida e sua obra, eu viajei para Sevilha e vários outros lugares para acompanhar em detalhes o trabalho exposto, armazenados ou esquecido do pintor sevilhano, e eu estava achando que os detalhes combinados com outras pinturas do mesmo autor, em que as variantes e os personagens, bem como detalhes dos representados lá, se assemelhava a Santa Marina", acrescenta.

Este é o quadro: "Aparição da Virgem e o Menino com São Félix de Cantalício", uma das obras que ele a pedido dos Capuchinhos de Cadiz para o altar-mor da igreja do mosteiro, que permaneceu inacabado até a morte do artista. Apesar de sua má condição e ser uma pintura inacabada pode ser visto em suas muitas e concretas relações com outras obras do pintor, lançando luz sobre eles e sobre o desenvolvimento dos mesmo, segundo Garcia.

A chegada deste trabalho à cidade de Leon não está documentada, "pode-se dizer que nos inventários da igreja paroquial de 1767 e 1772, como Burón Castro publicou, esta pintura não é mencionada. No entanto fatos circunstanciais nos dão motivos para formular uma hipótese, que se refere à vinda do quadro de Murillo, com Luisa Roldán e do mosteiro franciscano de Sahagún", disse o notário.

O convento de Sahagún

"O Convento-Seminário das missões de Hoz foi transferido em 1683 para o convento franciscano de Sahagún, sendo seu reitor o Pe. Salmerón. Os novos moradores do convento de Sahagun encontraram uma igreja do convento de estilo gótico em mal estado. Suas primeiras tarefas foi a de recuperar a igreja e o convento. A restauração do templo e retábulos terminou em 1685. Em seguida, devemos considerar o enriquecimento da sua ornamentação com novas esculturas e pinturas", explica, acrescentando que, nesta época, se dá também a aquisição da imagem vindo de Sevilha de "A Peregrina", de Luisa Roldán. Também nestes anos poderiam ter sido comprados seis pinturas a óleo do pintor sevilhano Francisco Antolínez.

Não seria de estranhar, portanto, conclui Alfonso Garcia, que após a morte de Murillo, as obras deixadas inacabadas para os capuchinhos de Cádiz, foram deixadas no atelier de Pedro Roldán. Em conclusão, existem relações estreitas entre as oficinas onde se adquiriu "A Peregrina" e as pinturas encomendadas pelos capuchinhos de Cádiz.

Texto de Miguel Ángel Nepomuceno
Fonte original em espanhol: El Norte de Castilha

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