Por Eduardo Gois
Uma terra imensa, coberta de florestas verdejantes, banhada por belos rios de água doce, habitada por pessoas animadas que gostam de usar enfeites de penas, dançar e andar com poucas roupas. Talvez seja assim a melhor e mais simples forma de traduzir o início da riquíssima carta de Pero Vaz de Caminha, em consideração à linguagem mais breve e atual.
Foto de: Eduardo Gois / JS
Em Santa Cruz Cabrália uma gigantesca cruz
foi erguida para marcar o lugar onde a primeira
missa foi celebrada
Abril é mês de aniversário de um dos países mais ricos em história, cultura, culinária, belezas e recursos naturais. No próximo dia 22, faz 515 anos que uma imensidão de terra foi batizada de Brasil e que, mesmo depois de muito tempo, tantos desmatamentos, explorações e corrupções, ainda preserva características semelhantes àquelas descritas pela carta, porém envoltas em uma realidade mais contemporânea.
Cabral parte de Portugal em 9 de março de 1500, levando 1500 homens e seu complexo de embarcações formado por nove Naus, três Caravelas e algumas pequenas navetas, rumo a terras desconhecidas. Até que desembarcam nas proximidades de onde hoje é a Costa do descobrimento, localizado ao sul da Bahia, lugar que, infelizmente, boa parte dos brasileiros não tiveram a oportunidade de conhecer. Localidade onde o Brasil nasceu e carrega peculiaridades que mostram onde a religião católica deixou marcas históricas.
É notório, principalmente em locais turísticos, que logo de início a religiosidade se fez presente, pois quatro dias após o descobrimento, em 26 de abril, Frei Henrique Soares de Coimbra rezou a primeira missa por ocasião do desembarque da esquadra de Pedro Álvares Cabral, conforme testemunho de Pero Vaz de Caminha na sua histórica carta.
O município baiano Santa Cruz Cabrália abriga, em um local onde se acredita que a primeira celebração foi realizada, um imenso cruzeiro como símbolo daquela primeira missa, celebrada diante do belíssimo e infinito mar do oceano atlântico. O Brasil já em seus primeiros dias era católico.
Também é naquela região, a 15 Km da localidade da primeira missa, que se encontram as três igrejas que são atualmente consideradas as mais antigas do Brasil. Elas ainda estão de pé e carregam riquezas singulares. São elas: Igreja da Misericórdia, construída em 1526 e reconstruída em 1535; Igreja de Nossa Senhora da Pena, de 1535, e Igreja de São Benedito de 1549.
Uma perto da outra, estão quase sempre abertas à visitação e embelezam o centro histórico de Porto Seguro (BA), local considerado o primeiro núcleo habitacional do Brasil.
O Centro Histórico de Porto Seguro foi consagrado Monumento Nacional, em 1973. O conjunto arquitetônico também inclui o Marco do Descobrimento (1506) e a Casa de Câmara e Cadeia (1756), onde funcionam o Museu da Cidade e o núcleo local do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (IPHAN).
O local também abriga pequenos comércios de artesanato e residências. A comunidade participa ativamente das celebrações realizadas, principalmente na Igreja da Pena.
As três Igrejas mais antigas do Brasil
Foto de: Eduardo Gois / JS
Igreja da Misericórdia
A Igreja Nossa Senhora da Misericórdia entrou para oRankBrasil em 2008, por ser a mais antiga igreja em terras brasileiras que ainda estão edificadas. Construída no ano de 1526, recebeu primeiramente o nome de Igreja Nossa Senhora dos Passos. Atualmente, a igreja é um museu de arte sacra e guarda raridades preciosas como a imagem de nosso Senhor dos Passos, do ano de 1585, que tem os olhos de vidro, dentes de marfim e gotas de sangue confeccionadas com rubi.
O local possui um estilo barroco e primitivo em seu interior, com uma decoração simples e rústica. Conserva as paredes e a parte central desde sua origem e abriga uma imagem barroca de Cristo crucificado
Foto de: Eduardo Gois / JS
Igreja de Nossa Senhora da Pena
Na mesma área, está a igreja de Nossa Senhora da Pena, construída em 1535 pelo donatário da capitania, Pero do Campo Tourinho. Nesta Igreja estão guardadas imagens sacras dos séculos XVI e XVII, entre elas a de São Francisco de Assis – primeira imagem trazida para o Brasil – e a de Nossa Senhora da Pena, padroeira da cidade, festejada em 8 de setembro. Para se ter uma melhor ideia de como era a capitania no século de Tourinho e da chegada dos jesuítas, pode-se ler alguns trechos das cartas escritas por Manuel da Nóbrega ou por José de Anchieta, padres da Companhia de Jesus
Foto de: Eduardo Gois / JS
Igreja de São Benedito
A Igrejinha de Nossa Senhora do Rosário, conhecida como Igreja de São Benedito, foi construída, por volta de 1549 a 1551, pelos Jesuítas na atual Rua Dr. Antônio Ricaldi. Em frente à Igreja, uma bela árvore cresceu e completou a beleza do pequeno lugar. A Igreja conserva, em seu interior, bancos rústicos de madeira já surrados pelo tempo e a imagem de São Benedito. Nas suas imediações se encontram as ruínas da antiga Residência e Colégio dos Jesuítas.
Fonte: A12
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