O Barroco
A palavra Barroco vem do termo português empregado para uma espécie de pérola de formato imperfeito, representando a sinuosidade, a dança entre simetria e assimetria, o jogo que confunde o falso com o verdadeiro. A definição de barroco não se estende apenas as artes plásticas, mas define um momento único do pensamento humano, englobando literatura, música e arquitetura. Compreender o barroco é conhecer a alma de Ouro Preto. Se você quer conhecer mais sobre este estilo e visitar as igrejas de Ouro Preto e região, fiz um pequeno guia para ajudar sua jornada:
Historicamente o barroco nasceu na Itália por volta de 1600, como parte do movimento de Contra-Reforma, em prol da reafirmação da fé católica como religião a ser divulgada e estabelecida no Novo Mundo. A liberdade da forma barroca se contrapõe a rigorosidade dos reis e da Igreja. O fascínio do barroco vem daí, da dualidade de sua natureza, forjado no coração de uma sociedade opressora e por isso mesmo livre e gracioso.
Lutero e a Reforma Protestante foram o estopim do nascimento do barroco.
A Contra-Reforma foi uma resposta da Igreja Católica ao movimento da Reforma Protestante iniciado por Martinho Lutero em 1517, e visava reafirmar os valores Católicos de religião oficial do Ocidente. Pregava o poder da imagem sobre os fiéis, a reafirmação dos ritos católicos e estimulava a imaginação dos artistas que trabalhavam para a igreja a criarem obras cada vez mais emocionantes e carregadas de simbolismo.
Alguns reis portugueses possuíam profundo entusiasmo pelo estilo, estimulando a construção de palacetes e capelas cada vez mais exageradas, tanto que a primeira fase do barroco, aquela mais rocambolesca e carregada em detalhes em ouro, ainda é conhecida como estilo d. João V devida às extravagâncias típicas deste monarca.
Convento de Mafra, em Portugal. Obra máxima do exagero de D. João V.
Curiosidades: D. João V ocupou o trono de 1706 a 1750 e em seu reinado tentou a todo custo ser uma versão portuguesa do Rei Sol Luis XIV. Construiu uma doca no Tejo toda em mármore, ergueu palacetes forrados a ouro em toda a costa portuguesa e entre 1730 e 1739 distribuiu lingotes de ouro a quase todas as casas reais da Europa em mostra de zelo e amizade. Numa entrada triunfal em Roma, d. João atirou moedas de ouro aos pobres nas ruas. Para a igreja de São Roque de Lisboa mandou construir uma capela itinerante toda em ouro e mármore das mais espetaculares da história. Na igreja de São Francisco do Porto, só nos altares, foram gastos mais de 200 quilos de ouro, fora as pedras preciosas. O convendo de Mafra, sua obra mais colossal, possui 880 salas e quartos, 4500 portas e janelas, 154 escadarias e 29 pátios, além de uma biblioteca com mais de 40.000 títulos.
O Barroco Mineiro
Em Minas Gerais o Barroco encontrou o seu mais aprazível terreno. Isolado dos portos e da capital colonial, tinha forte influencia da igreja e estreita relação com o Rei, que mesmo a milhares de quilômetros dali, mantinha os olhos e o coração voltados para aquela região que lhe era a mais cara de todas. Para alguns o barroco mineiro teve curta duração, indo de 1730 a 1760, sendo logo em seguida sucedido pelo rococó. Para outros o Rococó é em si uma extensão do barroco, numa forma mais leve e evoluída. De fato Barroco e Rococó dividem elementos em comum, porém o que os diferenciam de maneira decisiva é a mentalidade por trás dos homens que realizaram suas obras. Se no período Barroco o artista usava as composições para representar a dor, penitência, abnegação e devoção cega, no período Rococó o sentimento era de júbilo, festa e graciosidade. Sobre o Rococó temos a definição precisa da historiadora Myriam Andrade Ribeiro:
“Em um ambiente de luxo refinado, no qual as cintilações douradas dos ornatos são postas em evidencia pelos fundos claros ou em tonalidades suaves, os efeitos pictórios se unem aos da talha e azulejos configurando uma decoração suntuosa, simultaneamente leve e graciosa, destinada a produzir uma sensação básica de bem-estar que predispõe à oração na esperança e na alegria, mensagem de serenidade que caracteriza o rococó religioso em oposição ao barroco, dominado pelos efeitos dramáticos e um sentimento trágico de existência.”
Exemplo de evolução de um altar barroco, a esquerda, e rococó, a direita. Foto: IPHAN.
Uma igreja era realizada em etapas de contratação por serviço. Pedreiros, canteiros cuidavam das bases, seguidos de carpinteiros, marceneiros, talhadores e escultores e pintores. Eram chamados os louvados, pessoas de reconhecido bom gosto e apuro estético para julgar e corrigir eventuais falhas. Não se consideravam os pintores e escultores, classe onde entravam nomes como Aleijadinho e Ataíde, melhores ou superiores do que os pedreiros e mestre de obras, uma vez que a ornamentação artística do templo era vista apenas como mais uma etapa da construção.
Capela de São João, a primeira de Ouro Preto. Foto do autor.
Acompanhando a evolução do estilo na Europa, o Barroco Mineiro coincide com o auge da extração do ouro nas Minas Gerais. A arquitetura civil mantém sua forte inspiração na casa portuguesa, enquanto a arquitetura religiosa desenvolve-se livremente de acordo com os materiais disponíveis.
Diante da competição das Ordens Terceiras, em especial as do Carmo e São Francisco, criam-se modelos e estilos cada vez mais ousados e harmoniosos. A planta da igreja divide-se nos seguintes setores: nave (para os fiéis), capela-mor (onde eram realizadas as cerimônias sagradas), sacristia (onde eram guardados os aparatos), torre (que poderia ser isolada do corpo da igreja ou integrada a ela) e capelas laterais (onde ordens menores e confrarias mantinham seus altares).
O barroco mineiro diferencia-se do europeu em três quesitos: simplicidade no esquema construtivo, atuação de artistas leigos ou sem formação oficial e forte influência da arquitetura do norte de Portugal e do Sul da Alemanha. A influência alemã se dá pela popularidade deste estilo, mais claro e funcional.
Assim a igreja barroca evolui da capela de modelo quadrado simples com torres em anexo, a exemplo das capelas primitivas de Ouro Preto, para igrejas de fachada unificada com a torre. Primeiro surgem igrejas de frontão simples, como a Sé de Mariana. Os elementos são quadrados, o corpo da igreja se resume a um retângulo, a fachada é reta e alta. Em Ouro Preto as matrizes do Pilar e de Antonio Dias refletem esta primeira fase. São como enormes caixas de alvenaria, sem leveza em sua volumetria, ornadas internamente com talha carregada e exageradamente dourada. São gastos quilos de ouro em folhas para o douramento de altares, frisos, anjos e pórticos. Este é um período de formação de profissionais da região. Até então todas as obras eram realizadas por mestres portugueses. Manuel Francisco Lisboa, pai de Aleijadinho, Jose Fernandes Alpoim, Antonio Pereira de Souza Calheiros e outros, passariam adiante as técnicas que seriam empregadas e modificadas por diversos outros arquitetos e projetistas nos trabalhos seguintes.
Igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto, símbolo da evolução do Barroco Mineiro. Foto do autor.
Num segundo momento o barroco ganha certa leveza, ainda apegada ao exagero e ao peso do período inicial. Em meados de 1750, influenciado pelos arquitetos italianos Lorenzo Bernini e Francesco Borromini, o barroco mineiro incorpora desenhos curvos e torres levemente recuadas, composições que integram a igreja ao espaço em volta. As igrejas do Rosário e de São Pedro em Mariana são os dois exemplos do uso da planta elíptica.
Detalhe da decoração da Basílica de Nossa Senhora do Pilar, em Ouro Preto. Barroco em sua forma mais plena. Foto do autor.
A necessidade de curvas e leveza e a falta de pedras ditas nobres como o mármore levaram a utilização da pedra-sabão na decoração dos templos. A pedra-sabão era abundante, de fácil manuseio e criava efeitos graciosos nas composições decorativas. Quando a técnica ganha mais refinamento, a pedra-sabão passa a ornamentar a parte externa dos templos, e no caso excepcional do Santuário de Congonhas, se transforma em estátuas com representação trágica.
Em meados de 1760 o ouro nas minas começa a escassear. O barroco adapta-se ao momento com desenhos mais elaborados e menos uso do ouro nas talhas. É o início do Rococó, com elementos mais leves, maior apuramento na composição e harmonia tanto externa quanto interna.
[1] Segundo Lucas Figueiredo em Boa Ventura.
[2] Para estes dados sobre o rei d. João V,Boa Ventura, de Lucas Figueiredo e sobre o convento de Mafra, Instituto de Museus e Conservação de Portugal (www.ipmuseus.pt)
[3]O Rococó Religioso no Brasil e seus antecedentes europeus, de Myriam Andrade Ribeiro de Oliveira. Editora Cosac Naify. 2008.
Visita da oficina do Bom Será a capela do Padre Faria, exemplo da Segunda fase do Barroco em Minas. Foto do autor.
As fases do barroco mineiro
Importante para o observador do barroco mineiro é a classificação dos períodos em que os retábulos das igrejas se enquadram. O retábulo equivale ao conjunto da talha de um altar. A terminologia sempre é complicada para o leigo, mas aqui segue um esquema básico de observação:
1ª fase - Nacional Português (de 1700 a 1730)
Principais características:
- Observe as colunas. Neste caso são colunas retorcidas (torsas) ornamentadas em profusão por motivos fitomorfos (folhas, cachos de uva) e zoomorfos (aves, geralmente pelicanos ou fênix). Essas colunas são terminadas em capitéis compósitos (em estilo semelhante ao usado na arquitetura Greco-romana).
Em Minas Gerais o Barroco encontrou o seu mais aprazível terreno. Isolado dos portos e da capital colonial, tinha forte influencia da igreja e estreita relação com o Rei, que mesmo a milhares de quilômetros dali, mantinha os olhos e o coração voltados para aquela região que lhe era a mais cara de todas. Para alguns o barroco mineiro teve curta duração, indo de 1730 a 1760, sendo logo em seguida sucedido pelo rococó. Para outros o Rococó é em si uma extensão do barroco, numa forma mais leve e evoluída. De fato Barroco e Rococó dividem elementos em comum, porém o que os diferenciam de maneira decisiva é a mentalidade por trás dos homens que realizaram suas obras. Se no período Barroco o artista usava as composições para representar a dor, penitência, abnegação e devoção cega, no período Rococó o sentimento era de júbilo, festa e graciosidade. Sobre o Rococó temos a definição precisa da historiadora Myriam Andrade Ribeiro:
“Em um ambiente de luxo refinado, no qual as cintilações douradas dos ornatos são postas em evidencia pelos fundos claros ou em tonalidades suaves, os efeitos pictórios se unem aos da talha e azulejos configurando uma decoração suntuosa, simultaneamente leve e graciosa, destinada a produzir uma sensação básica de bem-estar que predispõe à oração na esperança e na alegria, mensagem de serenidade que caracteriza o rococó religioso em oposição ao barroco, dominado pelos efeitos dramáticos e um sentimento trágico de existência.”
Exemplo de evolução de um altar barroco, a esquerda, e rococó, a direita. Foto: IPHAN.
Uma igreja era realizada em etapas de contratação por serviço. Pedreiros, canteiros cuidavam das bases, seguidos de carpinteiros, marceneiros, talhadores e escultores e pintores. Eram chamados os louvados, pessoas de reconhecido bom gosto e apuro estético para julgar e corrigir eventuais falhas. Não se consideravam os pintores e escultores, classe onde entravam nomes como Aleijadinho e Ataíde, melhores ou superiores do que os pedreiros e mestre de obras, uma vez que a ornamentação artística do templo era vista apenas como mais uma etapa da construção.
Capela de São João, a primeira de Ouro Preto. Foto do autor.
Acompanhando a evolução do estilo na Europa, o Barroco Mineiro coincide com o auge da extração do ouro nas Minas Gerais. A arquitetura civil mantém sua forte inspiração na casa portuguesa, enquanto a arquitetura religiosa desenvolve-se livremente de acordo com os materiais disponíveis.
Diante da competição das Ordens Terceiras, em especial as do Carmo e São Francisco, criam-se modelos e estilos cada vez mais ousados e harmoniosos. A planta da igreja divide-se nos seguintes setores: nave (para os fiéis), capela-mor (onde eram realizadas as cerimônias sagradas), sacristia (onde eram guardados os aparatos), torre (que poderia ser isolada do corpo da igreja ou integrada a ela) e capelas laterais (onde ordens menores e confrarias mantinham seus altares).
O barroco mineiro diferencia-se do europeu em três quesitos: simplicidade no esquema construtivo, atuação de artistas leigos ou sem formação oficial e forte influência da arquitetura do norte de Portugal e do Sul da Alemanha. A influência alemã se dá pela popularidade deste estilo, mais claro e funcional.
Assim a igreja barroca evolui da capela de modelo quadrado simples com torres em anexo, a exemplo das capelas primitivas de Ouro Preto, para igrejas de fachada unificada com a torre. Primeiro surgem igrejas de frontão simples, como a Sé de Mariana. Os elementos são quadrados, o corpo da igreja se resume a um retângulo, a fachada é reta e alta. Em Ouro Preto as matrizes do Pilar e de Antonio Dias refletem esta primeira fase. São como enormes caixas de alvenaria, sem leveza em sua volumetria, ornadas internamente com talha carregada e exageradamente dourada. São gastos quilos de ouro em folhas para o douramento de altares, frisos, anjos e pórticos. Este é um período de formação de profissionais da região. Até então todas as obras eram realizadas por mestres portugueses. Manuel Francisco Lisboa, pai de Aleijadinho, Jose Fernandes Alpoim, Antonio Pereira de Souza Calheiros e outros, passariam adiante as técnicas que seriam empregadas e modificadas por diversos outros arquitetos e projetistas nos trabalhos seguintes.
Igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto, símbolo da evolução do Barroco Mineiro. Foto do autor.
Num segundo momento o barroco ganha certa leveza, ainda apegada ao exagero e ao peso do período inicial. Em meados de 1750, influenciado pelos arquitetos italianos Lorenzo Bernini e Francesco Borromini, o barroco mineiro incorpora desenhos curvos e torres levemente recuadas, composições que integram a igreja ao espaço em volta. As igrejas do Rosário e de São Pedro em Mariana são os dois exemplos do uso da planta elíptica.
Detalhe da decoração da Basílica de Nossa Senhora do Pilar, em Ouro Preto. Barroco em sua forma mais plena. Foto do autor.
A necessidade de curvas e leveza e a falta de pedras ditas nobres como o mármore levaram a utilização da pedra-sabão na decoração dos templos. A pedra-sabão era abundante, de fácil manuseio e criava efeitos graciosos nas composições decorativas. Quando a técnica ganha mais refinamento, a pedra-sabão passa a ornamentar a parte externa dos templos, e no caso excepcional do Santuário de Congonhas, se transforma em estátuas com representação trágica.
Em meados de 1760 o ouro nas minas começa a escassear. O barroco adapta-se ao momento com desenhos mais elaborados e menos uso do ouro nas talhas. É o início do Rococó, com elementos mais leves, maior apuramento na composição e harmonia tanto externa quanto interna.
[1] Segundo Lucas Figueiredo em Boa Ventura.
[2] Para estes dados sobre o rei d. João V,Boa Ventura, de Lucas Figueiredo e sobre o convento de Mafra, Instituto de Museus e Conservação de Portugal (www.ipmuseus.pt)
[3]O Rococó Religioso no Brasil e seus antecedentes europeus, de Myriam Andrade Ribeiro de Oliveira. Editora Cosac Naify. 2008.
Visita da oficina do Bom Será a capela do Padre Faria, exemplo da Segunda fase do Barroco em Minas. Foto do autor.
As fases do barroco mineiro
Importante para o observador do barroco mineiro é a classificação dos períodos em que os retábulos das igrejas se enquadram. O retábulo equivale ao conjunto da talha de um altar. A terminologia sempre é complicada para o leigo, mas aqui segue um esquema básico de observação:
1ª fase - Nacional Português (de 1700 a 1730)
Principais características:
- Observe as colunas. Neste caso são colunas retorcidas (torsas) ornamentadas em profusão por motivos fitomorfos (folhas, cachos de uva) e zoomorfos (aves, geralmente pelicanos ou fênix). Essas colunas são terminadas em capitéis compósitos (em estilo semelhante ao usado na arquitetura Greco-romana).
- No topo da composição vemos o arremate (entablamento) coroado por arquivoltas concêntricas (círculos de talha em arcos). É como se o escultor repetisse o mesmo arco varias vezes, centralizando a composição de maneira muito dramática. A talha é profusa, exagerada e rica em detalhes rendilhados e motivos geométricos.
- O trono sobre o qual repousa a imagem do santo é em forma de cântaro, ou seja, como uma enorme taça.
- Na decoração vemos muitos elementos naturais e raramente figuras humanas e excesso de decoração sem espaços vazios.
Matriz de N. Senhora de Nazaré, em Cachoeira do Campo. Um dos poucos exemplos de interior dedicado totalmente dedicado a primeira fase do Barroco em Minas. Foto do autor.
Alguns exemplos:
Igreja Matriz de Nossa Senhora de Nazaré, no distrito de Cachoeira do Campo, em Ouro Preto. Possivelmente uma das poucas igrejas que exibem ainda todos os altares dentro deste estilo.
Igreja de São Bartolomeu, no distrito de São Bartolomeu, em Ouro Preto.
Capela de Santana, em Ouro Preto.
Alguns altares das Matrizes de Nossa Senhora do Pilar e de Nossa Senhora da Conceição de Antonio Dias, em Ouro Preto e da Catedral da Sé de Mariana.
2ª fase, estilo D. João V ou Joanino (de 1730 a 1760)
- Mais uma vez observe as colunas. As deste período são chamadas colunas salomônicas, compostas em espiral como um “S” sinuoso, frisadas, resultado da forte influencia italiana. Este estilo de coluna foi criado pelo arquiteto Gian Lorenzo Bernini para o baldaquino (uma espécie de palanque central) da Basílica de São Pedro no Vaticano e virou moda na época. As esculturas ganham caráter mais teatral e dinâmico. Todo o altar se apresenta como um palco para que entrem em cena os personagens sagrados.
- Coroamento (dossel) complexo imitando cortinas, franjas e borlas, tal como numa abertura de um palco de teatro, terminados com um beiral característico (lambrequim) que emoldura toda a composição do altar. Repare que a talha tenta imitar na madeira a leveza do tecido. Há sempre o uso de um escudo central, composto de esculturas representando a Santíssima Trindade além de anjos e querubins nos apoios (atlantes).
- O vão do altar, (camarim), é decorado por pilastras trabalhadas (quartelões) dando maior importância ao centro da composição. O trono, sobre o qual fica instalada a imagem do santo, é maior, mais trabalhado, em formato de degraus. O altar possui mais nichos para a apresentação de imagens de santos em suas laterais.
- A pintura (policromia) com texturas mais dinâmicas, imitando o mármore e o douramento é intenso e predominam as cores amarela, branco e mármore.
- Na decoração são usadas as famosas cabecinhas de anjos (querubins), anjos desnudos de corpo inteiro (serafins), os elementos humanos são abundantes. Aparecem as conchas e rocalhas, tão tradicionais e associadas ao barroco.
Igreja de Santa Efigênia, em Ouro Preto. Exemplo da segunda fase do Barroco Mineiro. Foto do autor.
Alguns exemplos:
Igreja de Santa Efigênia, Capela do Padre Faria e altares laterais das matrizes de Nossa Senhora da Conceição do Antonio Dias e de Nossa Senhora do Pilar em Ouro Preto.
Igreja de Nossa Senhora do Rosário em Mariana.
3ª fase, Rococó ou Dom José I (1760, 1840)
- Colunas, mais uma vez. Estas agora são reta e simples, com frisos e canais dourados.
- Todo o conjunto sofre forte influencia do rococó francês e germânico, muito por causa do sucessor do trono, o rei D. José I, que empregou o estilo nos palácios e templos portugueses.
- Menos ouro. Há mais áreas brancas, imitação de mármore.
- Muitas, muitas rocalhas, conchas, perolados, algumas vezes assimétricos, transmitindo leveza e despojamento. Na decoração aparecem anjos, fitas falantes (literalmente uma escultura imitando uma fita de tecido com dizeres, quase sempre em latim) e grande quantidade de plantas, flores, folhas, ramos.
- Desaparecem as figuras humanas em toda a talha, com a excessão da obra de Aleijadinho. Anjos e santos ficam predominantemente no coroamento da composição e nas imagens centrais.
- O coroamento dos altares resulta em soluções mais elaboradas com um brasão no centro ou conjunto de imagens.
- Talha mais simples e mais organizada. É possível observar os elementos da composição individualmente, o que no barroco é quase impossível devida a profusão e sobreposição de elementos.
Detalhe do altar-mor da igreja de São José em Ouro Preto.
Alguns exemplos:
Igreja de São Francisco de Assis de Ouro Preto e São João Del Rei, Igreja de Nossa Senhora do Carmo de Ouro Preto e São João Del Rei. Igreja de São José em Ouro Preto.
A classificação do barroco mineiro em fases ainda deixa algumas lacunas devido o fato que de muitas igrejas começavam a ser ornamentadas num estilo e eram terminadas em outro. Portanto é comum achar altares de fases diferentes dentro de um templo ou mesmo estilos diferentes num mesmo altar.
Fonte: Bom Será
Matriz de N. Senhora de Nazaré, em Cachoeira do Campo. Um dos poucos exemplos de interior dedicado totalmente dedicado a primeira fase do Barroco em Minas. Foto do autor.
Alguns exemplos:
Igreja Matriz de Nossa Senhora de Nazaré, no distrito de Cachoeira do Campo, em Ouro Preto. Possivelmente uma das poucas igrejas que exibem ainda todos os altares dentro deste estilo.
Igreja de São Bartolomeu, no distrito de São Bartolomeu, em Ouro Preto.
Capela de Santana, em Ouro Preto.
Alguns altares das Matrizes de Nossa Senhora do Pilar e de Nossa Senhora da Conceição de Antonio Dias, em Ouro Preto e da Catedral da Sé de Mariana.
2ª fase, estilo D. João V ou Joanino (de 1730 a 1760)
- Mais uma vez observe as colunas. As deste período são chamadas colunas salomônicas, compostas em espiral como um “S” sinuoso, frisadas, resultado da forte influencia italiana. Este estilo de coluna foi criado pelo arquiteto Gian Lorenzo Bernini para o baldaquino (uma espécie de palanque central) da Basílica de São Pedro no Vaticano e virou moda na época. As esculturas ganham caráter mais teatral e dinâmico. Todo o altar se apresenta como um palco para que entrem em cena os personagens sagrados.
- Coroamento (dossel) complexo imitando cortinas, franjas e borlas, tal como numa abertura de um palco de teatro, terminados com um beiral característico (lambrequim) que emoldura toda a composição do altar. Repare que a talha tenta imitar na madeira a leveza do tecido. Há sempre o uso de um escudo central, composto de esculturas representando a Santíssima Trindade além de anjos e querubins nos apoios (atlantes).
- O vão do altar, (camarim), é decorado por pilastras trabalhadas (quartelões) dando maior importância ao centro da composição. O trono, sobre o qual fica instalada a imagem do santo, é maior, mais trabalhado, em formato de degraus. O altar possui mais nichos para a apresentação de imagens de santos em suas laterais.
- A pintura (policromia) com texturas mais dinâmicas, imitando o mármore e o douramento é intenso e predominam as cores amarela, branco e mármore.
- Na decoração são usadas as famosas cabecinhas de anjos (querubins), anjos desnudos de corpo inteiro (serafins), os elementos humanos são abundantes. Aparecem as conchas e rocalhas, tão tradicionais e associadas ao barroco.
Igreja de Santa Efigênia, em Ouro Preto. Exemplo da segunda fase do Barroco Mineiro. Foto do autor.
Alguns exemplos:
Igreja de Santa Efigênia, Capela do Padre Faria e altares laterais das matrizes de Nossa Senhora da Conceição do Antonio Dias e de Nossa Senhora do Pilar em Ouro Preto.
Igreja de Nossa Senhora do Rosário em Mariana.
3ª fase, Rococó ou Dom José I (1760, 1840)
- Colunas, mais uma vez. Estas agora são reta e simples, com frisos e canais dourados.
- Todo o conjunto sofre forte influencia do rococó francês e germânico, muito por causa do sucessor do trono, o rei D. José I, que empregou o estilo nos palácios e templos portugueses.
- Menos ouro. Há mais áreas brancas, imitação de mármore.
- Muitas, muitas rocalhas, conchas, perolados, algumas vezes assimétricos, transmitindo leveza e despojamento. Na decoração aparecem anjos, fitas falantes (literalmente uma escultura imitando uma fita de tecido com dizeres, quase sempre em latim) e grande quantidade de plantas, flores, folhas, ramos.
- Desaparecem as figuras humanas em toda a talha, com a excessão da obra de Aleijadinho. Anjos e santos ficam predominantemente no coroamento da composição e nas imagens centrais.
- O coroamento dos altares resulta em soluções mais elaboradas com um brasão no centro ou conjunto de imagens.
- Talha mais simples e mais organizada. É possível observar os elementos da composição individualmente, o que no barroco é quase impossível devida a profusão e sobreposição de elementos.
Detalhe do altar-mor da igreja de São José em Ouro Preto.
Alguns exemplos:
Igreja de São Francisco de Assis de Ouro Preto e São João Del Rei, Igreja de Nossa Senhora do Carmo de Ouro Preto e São João Del Rei. Igreja de São José em Ouro Preto.
A classificação do barroco mineiro em fases ainda deixa algumas lacunas devido o fato que de muitas igrejas começavam a ser ornamentadas num estilo e eram terminadas em outro. Portanto é comum achar altares de fases diferentes dentro de um templo ou mesmo estilos diferentes num mesmo altar.
Fonte: Bom Será
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