Do ponto de vista espiritual, o costume da velatio foi interpretado como sinal da penitência à qual todos os fiéis são chamados como sinal da antecipação do luto da Igreja pela morte do seu Esposo e da humilhação de Cristo, que teve de esconder-se para escapar da ameaça de morte. (Cf.: Jo 8,59).
O motivo principal para a orientação de COBRIR AS IMAGENS NAS IGREJAS, COM VÉUS ROXOS, é
para que os fiéis não "se distraiam" com os Santos e que a sua devoção
deve estar fundamentada no Mistério Pascal de Cristo, ou seja, na Sua
paixão, morte e ressurreição.
Assim, cobrindo-se todas as imagens dos Santos e os crucifixos, surge com maior evidência o que há de essencial nas igrejas: o altar, onde se opera e atualiza o Mistério Pascal de Cristo, por seu Sacrifício incruento.
A rubrica no Missal Romano, 2ª edição típica, no sábado da IV semana da Quaresma (pág. 211, em português) e também a contida na Paschalis Sollemnitatis: A Preparação e Celebração das Festas Pascais, nº 26, nos ensina que:
“o uso (costume) de cobrir as cruzes e as imagens na igreja, desde o V Domingo da Quaresma, pode ser conservado segundo a disposição da Conferência Episcopal. As cruzes permanecem cobertas até ao término da celebração da Paixão do Senhor na Sexta-feira Santa; as imagens até ao início da Vigília Pascal”.
A grande diferença entre as rubricas dos dois Missais (de Trento e do
Vaticano II) consiste no seguinte: no primeiro, cobrir as Cruzes e
Imagens era obrigatório (“cobrem-se...”); No segundo, deixou de sê-lo
(“pode ser conservado...”).
Com os sinais externos da penitência, do recolhimento, da purificação da
visão e do coração, de tudo o que é secundário ou mesmo supérfluo,
poderemos concentrar o nosso sentir, pensar e agir no Cristo
Crucificado. Com os olhos fixos no Senhor, percorrendo com Ele a Via
Dolorosa, chegaremos às núpcias do Cordeiro Redivivo, à Páscoa da
Ressurreição.
Fonte: Salvem a Liturgia!
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