Observando
um ícone com atenção, percebemos que não conseguimos abraçar de uma só
vez o seu significado e a sua espiritualidade. Será preciso escolher um
detalhe, um gesto, um rosto e concentrar ali a nossa atenção. Por
exemplo: diante da Virgem de Vladimir, Mãe da Ternura, podemos fixar o
nosso olhar no da Virgem, ou num só olho, ou numa só pupila,
perdendo-nos naquele olhar sofrido e preocupado e, ao mesmo tempo,
sereno e consciente (quanto menor for o detalhe escolhido, melhor será a
nossa concentração).
Antigos
textos orientais afirmam que o ícone diante do qual se reza não é
apenas contemplado por aquele que reza, mas ele olha o orante e o faz
sentir amado. Isso não acontece, certamente, ao observador distraído ou
com pressa, e nem mesmo a quem tem um olhar apenas técnico.
A
união do orante com o Amado se realiza no esquecimento de si e no
estupor da adoração. Se o próprio Mestre Jesus se afastava de tudo e de
todos para orar, quanto mais nós devemos adquirir esse hábito.
Aprende-se a rezar rezando. Se contemplamos o ícone por um tempo
prolongado, ele retribuirá o nosso olhar amoroso.
A oração pessoal ou comunitária poderá articular-se da seguinte forma:
1) Um tempo para ouvir: ler o texto bíblico correspondente ao ícone.
2) Um tempo para amar: observar o ícone, escolher um detalhe.
3)
Um tempo para deixar-se amar: imprimir no nosso coração e na nossa
mente o detalhe escolhido para levá-lo conosco no nosso dia a dia como
sinal de ternura do ícone.
4) Desejar ter os mesmos sentimentos que foram em Cristo Jesus.
Feito
isso com fidelidade e amor a Deus, experimentaremos a paz que Jesus
prometeu aos seus amigos. Se esta prática de contemplação se tornar um
hábito na nossa vida, a nossa espiritualidade será vivida na plenitude e
penetraremos nos mistérios do "Emanu-El", o Deus conosco.
pe.
Saverio- Blog: Cristianismo e Arte
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