sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Agência defende restauração completa de obra sacra

Relembre o caso da Capela de Mogi das Cruzes - SP aqui




Parede com obra do JBC recebeu reboco. (Foto: Danilo Sans)

Em carta encaminhada à redação de O Diário, a Agência de Desenvolvimento Social, criada em 2014, em Mogi das Cruzes, defende a completa restauração da Capela de São Sebastião, localizada no Distrito de Taiaçupeba.

Presidida pelo cineasta Pedro Gandola, a entidade comenta os desacertos vividos desde o início dos serviços iniciados pelo padre Alberto Gomes da Silva, para conter uma infiltração. Gandola descreve alguns passos dessa polêmica, que agora está sendo investigada pelo Ministério Público.

Na carta, a entidade alerta para a necessidade de um acompanhamento especializado dos serviços que serão feitos.

“No começo, dizia-se que uma ‘camada de reboco’ encobria as pinturas e o pároco, padre Alberto, explicou que uma pessoa da comunidade iria ‘refazer’ os desenhos, que seriam pintados por cima da camada de reboco e que a imagem de Jesus Cristo, pintada por José Benedicto da Cruz, JBC, poderia ser ‘descartada’. Ele chegou a afirmar ainda: ‘Não faço as coisas de qualquer jeito. O problema é aquele povo que acha que sabe de alguma coisa”. Depois, o responsável pela Comissão de Bens Culturais da Diocese, padre Antônio Carlos Fernandes, disse que a reforma teve aval da Igreja, e que “uma pessoa da comunidade vai refazer a pintura”.

Para a organização, a vistoria feita por integrantes do Comphap (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural, Artístico e Paisagístico de Mogi das Cruzes) se resumiu “apenas a ver o arco e não se preocupou com o estado de conservação da Igreja como um todo. Não é preciso ser um especialista para notar que não só o forro necessita de cuidados assim como as outras pinturas, como havia constatado e relatado uma arquiteta que vistoriou o local no ano passado, a pedido da Diocese, ocasião em que apresentou um relatório sobre a restauração da capela como um todo”.

Também pontua: “Sobre o possível dano estrutural do arco nada foi mencionado até agora, e muito menos sobre os cuidados com as demais pinturas e com o forro que já começa a se deteriorar. Também não compreendemos o seguinte: como a apresentação do orçamento do restauro será feita ao Conselho, na reunião de 13 de setembro, uma vez que as obras já estarão em andamento?”.

A entidade defende que os serviços sejam feitos sob a supervisão do restaurador e “não por uma pessoa da comunidade”.

Por último, encerra: “Depois deste lamentável fato esperamos por um projeto de restauração da igreja e das pinturas de J.B.C. Também questionamos por que essa igreja não é tombada pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico) e pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Eduardo Etzel, no livro J.B.C. – Um Singular Artista Sacro Popular descreve: ‘Nessa Igreja de São Sebastião, o caboclo José Benedicto da Cruz, com sua humildade e incultura, deixou-nos uma obra de pintura que é para nós o ponto alto da arte sacra popular neste país.(…)”.
Já da série Caminhos Antigos, dos professores Ângelo Nanni e Antonio Sérgio Damy, a Agência de Desenvolvimento pinça o seguinte: “Apesar da relação de carinho e identificação que recebe da população do bairro, uma construção centenária necessita de cuidados especiais. Neste sentido seria fundamental que os agentes públicos especializados na conservação do patrimônio histórico e artístico como o Iphan e o Condephaat manifestassem pronto e devido interesse em orientar os responsáveis pela conservação do templo na adoção de atitudes de conservação e mesmo de efetuar pequenos restauros e medidas corretivas em locais onde se fazem necessárias, como o restauro da parte do forro central da nave e a adequação das instalações elétricas. (..)

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