domingo, 17 de janeiro de 2016

Modo de fundir sinos em Uberaba-MG é reconhecido patrimônio imaterial

Por Jairo Chagas



José Donizetti da Silva dá continuidade à arte praticada por imigrante italiano, com quem aprendeu a fundir sinos


Depois de ser eleito uma das Sete Maravilhas de Uberaba, o Modo de Fazer do Sino Artesanal da Fundição Artística de Sinos Uberaba (Fasu) é registrado como patrimônio imaterial. O registro está no decreto nº 5.078, assinado pelo prefeito Paulo Piau e publicado no Porta-Voz nº 1.347. O decreto homologa a decisão do Conselho Municipal de Política e Patrimônio Cultural, e estabelece as normas de proteção do patrimônio cultural.

Cabe à Fundação Cultural, ao Setor Municipal de Patrimônio Cultural e ao Conselho Municipal de Política e Patrimônio Cultural promover o sino artesanal. O Modo de Fazer do Sino Artesanal também foi inserido, pela Fundação Cultural, no Plano de Valorização e Salvaguarda.

A Fasu começou suas atividades em Uberaba, na década de 1980, por iniciativa de José Donizetti da Silva, que aprendeu a técnica com o imigrante italiano Gíacomo Crespi nos anos 70, em São Paulo. Após o falecimento do mestre, o artesão voltou para Uberaba e montou a fábrica nos moldes daquela em que aprendeu. Desde então, José Donizetti dedicou-se à fundição de sinos, perpetuando o modo de fazer sinos como há mil anos na Europa.

A produção leva em média de 30 a 40 dias, a qual vai para todo o país. Além disso, há sinos no Chile, Argentina, Paraguai, Bolívia, entre outros. A fábrica já produziu um sino especial encomendado por um grupo de São Paulo para presentear empresário chinês colecionador de sinos. “Esse reconhecimento, especialmente vindo da minha terra, é muito importante.

É muito bom ver que, depois de tanta batalha e tanta luta, veio o reconhecimento. Agora, a expectativa é continuar a fazer nosso trabalho da melhor forma. Ter prestígio com artesanato em Uberaba era difícil, porque permanecíamos quase no anonimato. Com essa honraria, ficamos um pouco mais conhecidos e tenho certeza de que 2016 será um ano bem melhor”, afirma o artesão.

A fábrica conta com seis empregos diretos e outros tantos indiretos, por meio de serviços terceirizados. Todos os funcionários têm conhecimento da produção, mas os segredos da técnica milenar, ou seja, a arte de desenhar os sinos para obter as notas musicais, José Donizetti passa apenas para seu filho primogênito José William Souza da Silva, que está em treinamento há cerca de 10 anos e dará continuidade ao trabalho. A próxima remessa de sinos artesanais deve ser enviada para a cidade mineira de Montes Claros.

No mundo existem somente duas fábricas artesanais de sino e todo o trabalho na fundição é feito em família. O trabalho artesanal desempenhado por José Donizetti utiliza terra massapé, esterco, pelo de cavalo, sebo, leite e outras matérias-primas vindas de São Paulo, como o bronze. Todo o trabalho é manual e artístico, mantendo as técnicas milenares de fabricação de sinos herdadas da Itália.

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