Brejo do Amparo – Além da igreja do Rosário, peças sacras do templo serão recuperadas. Dione Afonso/Hoje em Dia
Telhados prestes a vir abaixo, paredes tomadas por infiltrações, ornamentos em madeira atacados por cupins e fachadas deterioradas de edificações históricas ganharão sobrevida em Minas Gerais. Entregues ao abandono nas últimas décadas, bens culturais da preciosa coleção do Estado começam a ser restaurados.
Os reparos contemplam estruturas físicas, elementos artísticos, pinturas e imagens sacras. O investimento anunciado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG) é de R$ 5 milhões em seis obras. Até o momento, três intervenções foram iniciadas: nos postes antigos da Praça da Liberdade (Belo Horizonte), na Fazenda Boa Esperança (Belo Vale) e no Centro Histórico de Brumal (Santa Bárbara).
No distrito de Santa Bárbara, a 110 quilômetros da capital, serão recuperadas as fachadas de 18 imóveis dos séculos 18 e 19. A praça Santo Amaro, a capela do Senhor dos Passos e uma imagem sacra também passarão por reforma, que totalizam R$ 660 mil.
Segundo o presidente do Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Santa Bárbara, Talles Araújo Carneiro, em 2013 foi constatada irregularidade em uma obra de uma mineradora da região. Termo de compromisso foi firmado para que houvesse investimento no patrimônio local. “As casas são inspiradas no barroco. São conjuntos muito importantes, principalmente a capela”, diz Talles Carneiro. Para ele, a restauração “vai enriquecer o roteiro turístico”.
Em Belo Vale, está sendo analisada a forma de utilização da Fazenda Boa Esperança após o término das intervenções. O imóvel, que já recebeu novo telhado e tratamento especial contra cupins, deverá ser um espaço para aulas de educação patrimonial e seminários, dentre outras atividades. A fachada e a capela do imóvel aguardam intervenções.
Editais
Estão com verba assegurada, mas à espera da liberação de editais, as igrejas Matriz de Nossa Senhora da Conceição, em Matias Cardoso (Norte de Minas); Nossa Senhora do Rosário, no distrito de Brejo do Amparo, em Januária (também no Norte); e Santíssimo Sacramento, em Jequitibá, (região Central).
Fechada, a igreja de Brejo do Amparo é considerada uma das mais antigas de Minas. O bispo da Diocese de Januária, dom José Moreira da Silva, lembra que há décadas o estado de conservação é péssimo. Duas imagens (São Benedito e Jesus crucificado) foram retiradas por medidas de segurança.
Mesmo com a verba assegurada, dom José faz um alerta. Segundo ele, chuvas danificaram ainda mais o telhado. “A reforma tem que ser urgente, pois podem ocorrer novos estragos”, reforça. “É o resgate da história do Norte de Minas”, acrescenta o bispo.
Conforme a presidente do Iepha, Michele Arroyo, a verba é proveniente de investimentos do Estado – de mais de R$ 4 milhões – somados a termos de ajustamento de conduta (TACs) do Ministério Público e uma parceria público-privada. A seleção dos imóveis levou em conta projetos de restauro que já estavam prontos e o montante assegurado pelos TACs.
Por Renato Fonseca
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