sábado, 1 de agosto de 2015

Iphan visita obra de restauro em Itu



A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Candelária, na cidade de Itu (São Paulo), está passando por um importante processo de restauração para a preservação de um importante patrimônio histórico para o Brasil. Durante as obras, vêm sendo descobertas antigas pinturas.

A superintendente do Iphan em São Paulo, Maria Cristina Donadelli Pinto que visitou a intervenção, no dia 22 de julho, e disse que o restauro está sendo feito de maneira profícua, principalmente, na conservação dos altares com uma rica estrutura de prata. “Um altar com escultura sofisticada e recuperação de qualidade, estou muito satisfeita em ter um patrimônio rico e lindíssimo como esse sendo recuperado no mesmo patamar do artesão admirável que o fez”, ressaltou a superintendente.

A igreja matriz de Nossa Senhora Candelária de Itu é a maior igreja barroca do Estado de São Paulo. Encontra-se bastante íntegra, preservando os seus sete altares, quatro oratórios menores, dezenas de imagens dos séculos XVIII e XIX, diversos quadros e grandes quantidades de mobiliário e alfaias. A capela-mór possui um excepcional forro policromado de autoria de José Patrício da Silva Manso, doze grandes telas do padre Jesuíno do Monte Carmelo e as paredes revestidas de madeira, recobertas de pinturas descobertas recentemente.

O restauro atualmente em andamento com apoio da Lei Rouanet, com recursos do BNDES e da Prefeitura Municipal, tem revelado muitos dados inéditos, e encaminhado a descoberta de outros mais. Do ponto de vista metodológico, o contato permanente entre os técnicos do IPHAN-SP e a equipe de restauro vem agilizando as decisões interventivas e proporcionando a otimização do trabalho.


Na capela-mór foram encontradas a assinatura de Mathias Teixeira da Silva, nome até então desconhecido, e a data de 1788, junto a vários esboços e desenhos que ensinam sobre o processo criativo das pinturas. Em pesquisas no organizado arquivo da cidade, o historiador do IPHAN-SP, Carlos Gutierrez Cerqueira identificou e qualificou o signatário, e por esta via também identificou o autor do extraordinário altar-mór e provavelmente de dois grandes altares colaterais, Bartolomeu Teixeira Guimarães. Também comprovou relações entre este e José Patrício da Silva Manso, autor da pintura do forro e mestre de Padre Jesuíno, cujo filho Simão também foi outro notável pintor ituano e mestre de diversos outros.

Por outro lado, a remoção de camadas de repintura espúria não apenas mostrou que a capela-mór tem a totalidade das suas superfícies intensamente policromadas e douradas, num fausto raro nas igrejas coloniais paulistas, mas também revelou o uso extensivo de folheação à prata, em proporção incomum no país. A presença dos restauradores na igreja ensejou o encontro de várias pranchas policromadas, provenientes de um forro em que se identificam mais pinturas de Jesuíno do Monte Carmelo, com a particularidade de jamais terem sido tocadas por outros pincéis, portanto num estado de integridade incomum.

Além de todos os benefícios de uma restauração desta amplitude, também se configura um panorama até então desconhecido, com Itu como um importante centro de produção artística no século XVIII, e revelam-se obras inéditas que vêm reconstruir a história colonial do Estado de São Paulo. Também demonstra a eficiência do trabalho integrado de restauradores e historiadores, estudando conjuntamente “in loco” os indícios e traços diversos que toda intervenção de restauro revela, e assim aproveitando oportunidades únicas para uma revisão científica da história.

Fonte: IPHAN

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