Quem chega a Porto Seguro (BA), além de se encantar com belezas naturais, com a riqueza histórica, cultural e religiosa pode não saber que uma simples travessia de balsa é capaz de enfeitar uma viagem com descobertas incríveis.
Foto de: Eduardo Gois / JS
Padre Casimiro ressalta o crescimento da localidade e um
interessante desafio pastoral
interessante desafio pastoral
Desembarcando no Distrito de Arraial D’Ajuda, a estrada que leva até a parte central do povoado revela em suas duas margens um verde deslumbrante que comunga com várias chácaras, pousadas e hotéis, a maioria de estilo rústico, que transmite uma sensação de aconchego, de um lugar no qual dá vontade de morar.
Uma pequena e pacata praça é um dos pontos mais procurados por turistas e romeiros de várias localidades, que se deslocam para conhecer o primeiro santuário mariano do Brasil, o Santuário de Nossa Senhora D’Ajuda.
Por lá é possível encontrar também lojas de artesanatos, lanchonetes e ambulantes que vendem fitinhas para serem amarradas ao fundo do Santuário.
As tais fitinhas servem para que se faça um pedido ou agradecimento a Santa e todas juntas formam uma espécie de mirante ou cerca com vista para o encontro do Rio Buranhém com o mar.
Erguido em 1549, o pequeno Santuário e toda a parte central do distrito são tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A igreja fica aberta o dia inteiro e repassa uma devoção trazida de Portugal ainda no século XVI.
Esta época do ano, mais especificamente no dia 15 de agosto é comemorada a grande Festa de Nossa Senhora D’Ajuda, momento em que toda a comunidade local se reúne no Santuário com devotos de várias localidades do Brasil. A dinâmica da festa é tão grande que em vários momentos chega até mesmo a causar congestionamento nos arredores das balsas que fazem a travessia dos carros e pedestres. Todos os anos a festa é iniciada com a novena e tem o ápice com a procissão e a missa solene no dia em que se comemora a Santa.
Desafios pastorais em uma comunidade diversa e em pleno crescimento
Redentorista polonês, o reitor do Santuário, padre Casimiro Malolepszy, desembarcou no Brasil há 31 anos, ainda como seminarista, mas já se considera um brasileiro de coração. Com o português na ponta da língua, ele conta que os padres redentoristas assumiram o Santuário em 1999, quando os frades capuchinhos repassaram a missão à Congregação do Santíssimo Redentor que já tinha grande experiência no trabalho com Santuários em todo o Brasil.
Foto de: Eduardo Gois / JS
Igreja tombada pelo Iphan foi erguida em 1549
Ele destaca que os trabalhos pastorais na região passam por um salto enorme em demandas nos últimos anos, especialmente após as comemorações dos 500 anos do Brasil, no ano 2000. “Parece que o Brasil inteiro de repente olhou para a costa do descobrimento, e também para Arraial D’Ajuda, pois nota-se que foi a partir daquele momento que começaram a expansão e o crescimento do distrito de arraial, que hoje já tem até mesmo a ambição de se emancipar de Porto Seguro, por abrigar uma população em torno dos 50 mil habitantes”, partilha o padre.
O reitor aponta ser um grande desafio, quando no mesmo ambiente encontram-se comunidades indígenas, comunidades locais, romeiros de outras localidades do Brasil e novos moradores que se encantaram pelo lugar e passaram de turistas a habitantes. “São raízes diversas. Aqui você encontra gente vinda de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Santa Catariana e encontra também o povo que nasceu aqui.”
Um pouco de história
Foto de: Eduardo Gois / JS
Pequena imagem foi trazida pelos
portugueses. Acredita-se que é a
imagem de Nossa Senhora mais
antiga do Brasil
portugueses. Acredita-se que é a
imagem de Nossa Senhora mais
antiga do Brasil
No ano de 1549, na comitiva de Tomé de Sousa, chegaram às terras brasileiras cinco primeiros jesuítas e ergueram a primeira capela dedicada à Nossa Senhora D´Ajuda, que deu origem ao primeiro santuário mariano do Brasil. Ao redor da capela surgiu um povoado. Conta a história, que o povo sofreu por falta de água potável. As constantes buscas por água sempre terminavam sem sucesso. Finalmente, as orações dirigidas à Mãe de Deus surtiram efeito. Atrás da capela, na encosta, brotou água de boa qualidade que até hoje nunca faltou.
Inicialmente a capela era muito simples, coberta com as folhas de palmeiras, com o altar móvel, o crucifixo e a imagem de Nossa Senhora trazidos do Portugal. Em 1722 foi substituída pela atual igreja de pedra e cal, que apesar das diversas reformas, até hoje conserva o antigo altar com a histórica e milagrosa imagem de Nossa Senhora D´Ajuda.
O culto de Nossa Senhora D´Ajuda cresceu e o Santuário passou a receber inúmeros peregrinos, principalmente vindos a pé de Minas Gerais e da Bahia. Os objetos da sala dos ex-votos são a melhor testemunha das inúmeras graças alcançadas. Os peregrinos e devotos vêm dos diversos estados do Brasil, prevalecendo os mineiros, os baianos e os capixabas.
Fonte: A12
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