terça-feira, 8 de setembro de 2015
Obra é abandonada e convento de 1630 em PE está fechado há 4 anos
Empresa privada responsável pela obra recebeu quase R$ 2 milhões.
Igreja de São Francisco de Assis fica no Litoral Sul de Pernambuco.
Fonte: G1 PE
Um monumento de quase 400 anos está fechado para a visita de turistas. O convento de São Francisco de Assis, em Sirinhaém, no Litoral Sul, foi erguido em 1630 e começou a ser reformado em 2010, mas a obra parou. De acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (Iphan), a construtora AJP engenharia, que venceu a licitação e é responsável pela reforma, recebeu quase R$ 2 milhões -- de um total de R$ 2,7 milhões -- mas não terminou o serviço, como mostrou o NETV 2ª Edição deste sábado (5).
A assessoria de comunicação do Ministério Público Federal informou que está investigando a AJP Engenharia, contratada pelo Iphan para fazer as obras no convento, e que pediu novas informações ao Iphan sobre o contrato. A reportagem da TV Globo procurou a empresa no endereço que consta nas notas fiscais, na Avenida Presidente Kennedy, em Peixinhos, Olinda, mas no número 1.556 não existe nenhuma construtora. Na internet existe um outro endereço, em uma galeria na Avenida Conselheiro Aguiar – mas ninguém nas redondezas ouviu falar da construtora.
Há tempo que os frades e seminaristas não vivem mais no local. A área de quase 2.500 metros quadrados tem uma parte de dormitórios e, do outro lado, a igreja de São Francisco de Assis. A obra tem valor cultural e histórico – além do uso religioso, poderia servir de ponto turístico e ser fonte de informação para pesquisadores.
No convento de São Francisco, azulejos do século 18 que contam a história de São Francisco de Assis (Foto: Reprodução/TV Globo)
As pedras que estão jogadas na entrada formavam a calçada, mas foram retiradas e não voltaram para o lugar. Dentro da igreja, a mesma sensação de abandono. Quem cuida do lugar é frei Sinésio Araújo. Ele conta que a reforma deveria recuperar a instalação elétrica, hidráulica, o altar, o telhado e os azulejos do século 18, que contam a história de São Francisco.
Todos os santos foram retirados para restauração e os móveis que ainda restam estão se deteriorando. O armário para guardar objetos litúrgicos já não serve mais, os bancos estão cobertos por teias de aranha. Além disso, a maioria das tomadas está danificada, a pintura precisa ser refeita e o telhado está cheio de buracos. Frei Sinésio procurou o Iphan e o Serviço de Informações ao Cidadão, em Brasília. "O Governo Federal me respondeu dizendo que o contrato que o Iphan tinha com essa empresa estava sendo rescindido, houve um destrato. Me surpreendi com essa informação, até então eu não sabia", disse.
O convento foi tombado na década de 40 pelo Iphan, que é o responsável por fiscalizar a obra e fazer os pagamentos à empresa responsável. O pagamento só pode ser feito quando uma etapa da obra é concluída.
Frederido Almeida é superintendente do Iphan em
Pernambuco (Foto: Reprodução/TV Globo)
De acordo com o Iphan, mesmo recebendo o dinheiro, a empresa abandonou a obra, por isso, os procedimentos para rescisão do contrato foram iniciados e uma nova licitação deve ser feita. O superintendente do Iphan em Pernambuco, Frederico Almeida, disse que o processo ainda está em andamento, mas a previsão é que a nova construtora seja definida ainda este ano. "Geralmente a gente pode chamar os segundos lugares, mas como se passou um tempo elevado, a gente já convidou e eles não aceitaram os preços. Agora vamos ter que fazer uma licitação com preços atualizados", detalhou.
Todo o processo está no Iphan, disponível para consulta pública. Nesse processo, estão as notas ficais da AJP Engenharia e as medições de tudo o que foi feito e pago. No caso do telhado, por exemplo, 842 metros quadrados deveriam ser recuperados. De acordo com o documento enviado pelo Serviço de Informação ao Cidadão do Iphan, foram concluídos 89% do serviço e por isso, a empresa ganhou R$ 117.350. Os grampos usados nas telhas deveriam ser os originais, mas eles foram largados na obra.
Convento em Sirinhaém, PE, está fechado para o público há quatro anos (Foto: Reprodução/TV Globo)
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