Localiza-se em uma encosta do morro do Rio Benevente, na antiga aldeia de Reritiba, núcleo histórico da atual cidade de Anchieta, litoral sul do Espírito Santo, a 80 km da capital, Vitória.
Enquanto obra arquitetônica, o Santuário Nacional de Anchieta é uma construção jesuítica do Brasil Colônia. Foi erguido entre meados do século 16 e início do século 17.
Constitui-se das seguintes partes: a igreja mais a residência em forma de quadra e uma praça fronteiriça ao conjunto arquitetônico, atualmente conhecida como Praça da Matriz. Tem sua fachada principal voltada para o mar. A residência, edificada ao lado da igreja, localiza-se ao sul da quadra. Neste conjunto, hoje, funcionam o Museu Padre Anchieta pertencente à Sociedade Nacional de Instrução - instituição educacional filantrópica dirigida pelos jesuítas - e a Sede da Paróquia de Nossa Senhora da Assunção, confiada aos jesuítas pela Mitra Arquidiocesana de Vitória.
O Conjunto Jesuítico de Anchieta destaca-se pela importância que teve no processo de inculturação religiosa dos índios puris e tupiniquins, conduzido pela Companhia de Jesus no tempo da Colônia, modelo considerado pioneiro no Brasil; mas também por ter sido o lugar escolhido pelo sacerdote José de Anchieta para viver os últimos anos de sua vida.
Após a expulsão dos jesuítas, em 1759, a Coroa portuguesa elevou a aldeia de Reritiba à condição de Vila de Benevente e confiscou os bens da Companhia de Jesus. A igreja, elevada à categoria de Matriz Paroquial, passou a exibir, já a partir de 1797, uma nova feição, com demolição da sacristia que estava edificada ao lado da Capela-mor, para a construção da sacristia atual, bem maior e mais ampla. Em 1804, a residência, composta por três alas que se fechavam com a igreja em torno do pátio interno, teve a maioria de seus cômodos ocupados. Abrigava, simultaneamente, a Casa de Câmara da Vila de Benevente e a Cadeia Pública, além de servir como moradia para o vigário e o juiz.
Outras partes das alas, mais especificamente da sul e da oeste, ficaram abandonadas, arruinando-se com o tempo. A partir da segunda metade do século 19, o pátio interno da residência começou a ser usado como cemitério da cidade, bem como suas áreas arruinadas.
Em 1928, o bispo Dom Helvécio, comprou a residência da Prefeitura e a devolveu aos jesuítas, que passaram a residir aí para retomar a missão apostólica da região.
Em 1943, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, reconhecendo a relevante importância deste monumento para a Memória Nacional, promoveu seu tombamento.
Em 1994, teve início o Programa de Restauração do Conjunto Jesuítico de Anchieta, com o objetivo de promover a conservação do monumento e resgatar as características marcantes da construção original. Das descobertas mais importantes destacam-se os escombros da sacristia primitiva, ao lado da Capela-mor. O limite da residência mais antiga foi identificado, possibilitando a constatação de que a residência fora construída em etapas: uma ampliação da residência havia sido feita pelos jesuítas na sua primeira fase de atuação no Brasil, cumprindo o plano orientado por Roma que era o da forma de um quadrado.
A pesquisa nas paredes da igreja revelou as feições primitivas da construção jesuítica dos séculos 16 e 17, o que possibilitou o resgate de sua arquitetura original. Na fachada principal, aspectos e detalhes construtivos, como antigas janelas que haviam sido fechadas em decorrência de obras de modernização, puderam ser reconstituídos.
Também foram removidos ornamentos como um óculo, cunhais, socos, cimalhas e outros elementos decorativos que não faziam partes da construção primitiva. Tais elementos haviam sido introduzidos no século 19, com o objetivo de adaptarem o monumento a novos valores estéticos de então.
No interior da igreja, foi retirado da Capela-mor o retábulo que, por mais de cem anos, cobria toda a sua parede do fundo, na qual se encontrava uma belíssima pintura do século 17, hoje exposta à apreciação do público visitante. Foram removidos ainda dois altares, datados do século 20, que estavam nas paredes laterais, próximos da parede do arco-cruzeiro, cuja madeira encontrava-se totalmente danificada pela ação do cupim. A remoção destes altares revelou vestígios de duas seteiras da construção primitiva que foram totalmente recuperadas, devolvendo à igreja mais luminosidade, ventilação e as características originais de sua arquitetura.
CELA
Nome que se dá ao cômodo de moradia severo e simples de um religioso. A cela do Pe. Anchieta era o lugar para onde ele se retirava, isolando-se de todos para rezar, escrever e dormir. Nesta cela, o Pe. Anchieta hospedou-se muitas vezes em suas passagens pela localidade. Nela, recuperava-se dos desgastes físicos causados pelas longas viagens que fazia sempre a pé, a fim de preparar e fortalecer as comunidades indígenas. Nela, ele faleceu no dia 9 de junho de 1597.
Hoje, a cela abriga um pedaço do osso da tíbia do beato José de Anchieta, que pertencia, desde o ano de 1759, ao governo do Espírito Santo. A relíquia foi devolvida em 1888 aos jesuítas, que a levaram para Nova Friburgo, RJ. Voltando a residir em Anchieta, os jesuítas trouxeram de volta, em 1944, a relíquia do Beato, cuja proteção ainda hoje invocam, para dar continuidade à obra missionária daquele que foi considerado “O Apóstolo do Brasil”.
Cela do Beato Anchieta |
Fragmentos de um Crucifixo |
Santuário Nacional de Anchieta |
Conjunto Jesuítico de Anchieta |
Monumento ao Beato Anchieta |
SANTUÁRIO NACIONAL DE ANCHIETA
MUSEU PADRE ANCHIETA
Horário de visitação:
De terça-feira a sexta-feira: das 8h às 12h e das 14h às 17h.
Sábados e domingos: das 9h às 17h.
Visitas monitoradas para escolas e grupos com hora marcada
ANCHIETA - ESPÍRITO SANTO - BRASIL
Tel: (28) 3536 2335
E-mail: jesleq@escelsanet.com.
Fonte: Litoral Sul Capixaba
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