O Centro Aletti em Roma quebrou publicamente o silêncio sobre sua situação pela primeira vez depois de descobrir inúmeras denúncias de abuso contra o jesuíta Marko Ivan Rupnik, iniciador desta experiência artística e comunitária. Isso foi feito com uma 'Carta aos Amigos do Centro Aletti' assinada pela sua atual diretora, a teóloga Maria Campatelli e “a equipe do Centro Aletti”. Uma breve carta na qual não se referem diretamente à polêmica em torno do religioso sancionado ou ao cancelamento de algumas de suas ordens de meio mundo. Nem aos casos denunciados por pessoas ligadas ao centro.
A informação é publicada por Vida Nueva, 04-03-2023.
Campitelli agradeceu “a proximidade que verdadeiramente tantos e de muitas formas nos têm mostrado” nos últimos meses; para depois afirmar que "a verdade não é violenta, não é agressiva, por isso esperamos com paciência e confiança que ela seja revelada, sabendo que para tudo há um momento".
Dito isto, a carta entra na parte artística que, destacam, “a grande ajuda que esta obra tem prestado à comunidade cristã”. Por isso, reiteram um estilo de trabalho baseado na comunhão sem que nenhum nome se destaque. “É assim que a vida surge no corpo eclesial. O amor com que cada um trabalha é o que torna extraordinária a contribuição de todos, transformando-a em um trabalho comum, uma sinergia gratuita que se comunica como um presente aberto”, escreve Campatelli.
Indo para a parte prática, recordam "que, depois de longos anos a trabalhar lado a lado, a Oficina de Arte é agora realizada por uma equipe de gestão, capaz de assumir a responsabilidade de empreender um trabalho, tanto do ponto de vista teológico-litúrgico e artístico-criativo, bem como do campo técnico-administrativo", para o qual garantem "cumprir todos os compromissos adquiridos até agora e assumir novos".
Sem fazer menção ao artista-estrela, reiteram que “em cada trabalho realizado expressava a forma como o trabalho era feito, que era ainda mais bonito do que o próprio trabalho. Temos consciência de que tudo isso não é mérito nosso, mas um dom de Deus a ser acolhido e cuidado, e pelo qual somos imensamente gratos".
Investigação do Vicariato de Roma?
O cardeal Angelo de Donatis, vigário do papa para a cidade de Roma, recordou que "os ofícios canônicos diocesanos – os únicos diretamente submetidos à autoridade do Cardeal Vigário – dos quais o Pe. Rupnik continua investido, em particular o de Reitor da Igreja de San Felipe Neri no Esquilino e a de Membro da Comissão Diocesana de Arte Sacra e Património Cultural”, sobre a qual não se deu maior precisão nem se aplicaram medidas preventivas. Anunciou, ainda, que iniciaria uma reflexão sobre o 'Centro Aletti' – associação pública de fiéis da diocese desde 2019 – da qual o jesuíta era a principal referência. Algo que não é mencionado na carta de Maria Campatelli.
Fonte: IHU.UNISINOS
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