sexta-feira, 10 de março de 2023

PF investiga como arte sacra foi parar em coleção de banqueiro no Rio


Pouco antes de leilão, polícia apreendeu peça roubada de igreja na Baixada Fluminense




Imagem de querubim, produzida no século 18: peça foi achada em acervo de banqueiro do RioFoto: Divulgação

A Polícia Federal investiga como uma obra de arte sacra acabou na mansão do banqueiro Jorge Brando Barbosa (1919-2002), hoje sede do Instituto Brando Barbosa, no Jardim Botânico, Zona Sul do Rio de Janeiro.

A peça é uma imagem de querubim, produzida no século 18 como adorno de um altar da Igreja Matriz Nossa Senhora do Pilar, de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Iria à leilão no dia 15 de fevereiro às 19h.

Só que a venda foi cancelada porque a Diocese de Duque de Caxias reconheceu a obra de arte e acionou a Polícia Federal e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Depois de comunicada, a PF apreendeu a peça para que seja periciada. Se confirmada a origem, será devolvida à igreja.

Quem achou o querubim à venda foi a historiadora de arte Elaine Gusmão, integrante da Comissão de Bens Culturais e Artes Sacras da Diocese de Duque de Caxias.

A obra de arte foi enviada para leilão com outros itens do acervo do Instituto Brando Barbosa, criado pela viúva do banqueiro, Odaléa Brando Barbosa (1927-2019). O casal era considerado dono da maior coleção de arte sacra do Brasil, com cerca de 6 mil peças, e relatou em vida que comprou esses objetos em antiquários, fazendas e igrejas do interior do Brasil.

A polícia deve agora tentar identificar como essa obra de arte acabou no acervo do casal. O Iphan trata como propriedade estatal o patrimônio da Igreja Católica que foi produzido até a Proclamação da República em 1889.

A coluna teve acesso a uma nota técnica na qual o Iphan afirma que o querubim "é o mesmo que adornava" a igreja de Duque de Caxias. Essa análise foi concluída na segunda-feira, 27.

Igreja Matriz Nossa Senhora do Pilar, em Duque de Caxias Foto: Elaine Gusmão


Esse reconhecimento só foi possível porque no processo de tombamento foram feitas fotografias que permitiram mapear o patrimônio roubado. Construída no século 18 com recursos da coroa portuguesa e de doadores privados, a Igreja Matriz Nossa Senhora do Pilar é tombada desde 1938 pelo Iphan.

A Diocese de Duque de Caxias tenta recuperar parte dos objetos roubados da igreja. Outras peças também foram achados com colecionadores privados nos últimos anos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...