Ela é o terceiro templo católico construído na Capital e é tombada como patrimônio histórico
Angélica Callejas/MidiaNews
A Igreja Nosso Senhor dos Passos, que está sob reforma
ANGÉLICA CALLEJAS / DA REDAÇÃO
A Igreja Nosso Senhor dos Passos, localizada no Centro Histórico de Cuiabá, desde janeiro passa pela quarta reforma desde sua construção, ocorrida em 1972. O templo religioso é o terceiro mais antigo da Capital e carrega intensa devoção católica, a começar pela origem de sua fundação.
Dentro da sepultura ele acordou e fez a promessa de que ele iria perambular pelas ruas de Cuiabá, angariando esmolas, para construir uma igreja dedicada ao Senhor dos Passos
Segundo o memorialista Francisco de Chagas Rocha, a igreja foi originalmente fundada por um devoto conhecido como José Manoel “Cova”, há 151 anos.
Após ser enterrado vivo depois de um falso diagnóstico de morte, consequência de um ataque de catalepsia - que incapacita a movimentação dos membros e a respiração. Ele prometeu a Jesus Cristo que, caso conseguisse sair vivo, construiria um templo dedicado a ele.
“Dentro da sepultura, ele acordou e fez a promessa de que iria perambular pelas ruas de Cuiabá, angariando esmolas, para construir uma igreja dedicada ao Senhor dos Passos”, contou o memorialista.
“Em casa, ele tinha um dinheiro e, com esse dinheiro, somado ao que pediu, construiu uma pequena igreja, que não é essa. Foi uma pequena capela dedicada ao Senhor dos Passos”, acrescentou.
Já por volta de 1886, houve a primeira reforma, conduzida pelo arcebispo Dom Carlos Luís D’Amour, que transformou a igreja no que ela é hoje, através de doações dos fiéis.
“Ele fez uma subscrição solicitando aos cuiabanos donativos para reconstruir a igreja e ampliá-la. No dia 6 de janeiro de 1900, o Dom Carlos, com a presença de Generoso Ponce e muitas autoridades de Cuiabá, inaugurou a igreja com essa fachada”.
“Então, essa fachada que está sendo restaurada agora, é toda de tijolinho, já não faz parte do mesmo modo construtivo das paredes laterais, que são de taipa socada. Essa frente foi uma obra dos irmãos italianos Sardi.”
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Os fundos da igreja, que é virado para a Avenida Prainha
Segundo o memorialista, 52 anos depois dessa inauguração, houve o primeiro grande incêndio na Capital, iniciado em um posto de gasolina ao lado da igreja, que acabou por danificar a parede lateral direita. Dessa forma, foi novamente necessária uma reforma para substituir a parede, que também foi construída com tijolinhos.
Mais de meio século depois, em 2005, por meio dos governos Federal e Estadual, foi colocado tijolinho nas calçadas, realizada a troca do telhado e pintura da igreja.
Importância religiosa
A igreja, que continua aberta mesmo com a reforma, funciona somente como um espaço de devoção, tendo missas às quartas e sextas-feiras, sempre ao meio-dia, como explicou o padre Deusdédit Monge, vigário-geral da Arquidiciocese de Cuiabá.
"Ela não está fechada. É uma igreja de devoções. Então, hoje temos só missa quarta e sexta, e a devoção à Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Já no mês de junho, a gente promove a novena de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e faz uma quermessezinha", disse.
É da igreja Nosso Senhor dos Passos que saem os fiéis que participam da Procissão do Encontro, realizada durante a Semana Santa. Ela simboliza o encontro de Jesus Cristo com sua mãe, a Virgem Maria.
A celebração, que ainda acontece atualmente, era acompanhada por uma multidão de católicos que atravessavam o córrego da Prainha até a Catedral Basílica do Senhor Bom Jesus.
“É uma igreja que tem uma representatividade muito grande por fazer parte de todo esse simbolismo religioso, da fé do povo. O Senhor dos Passos saía da igreja e ia encontrar com Nossa Senhora das Dores, que é a mãe de Jesus”, contou Rocha.
“O povo acreditava que, quando o Senhor dos Passos passava pelo córrego, abençoava as águas. Então, ela tem essa importância de fé e faz com que o cuiabano sinta muito orgulho de ser católico”.
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O interior da igreja, com todos os objetos preservados
Museu de Arte Sacra
Rocha lembrou ainda que em 2021 foi criado por ele um pequeno museu de arte sacra no mezanino da igreja, com diversas peças que contam a história do templo.
O local está desativado em consequência da obra, mas será reaberto ao público assim que a reforma for finalizada.
Além disso, segundo ele, a igreja tem preservado seus objetos comprados no ano de 1900, reforçando sua importância histórica.
“Quero ressaltar que tudo que tem lá dentro da igreja, os altares, o piso, as portas, janelas, tudo o que você pensar, foi adquirido na época que Dom Carlos fez a solicitação ao povo”.
A reforma
O edifício, que é tombado como patrimônio histórico de Mato Grosso, foi contemplado pelo edital MT Preservar, que tem objetivo de financiar a recuperação de bens dessa categoria.
A reforma abrange somente a parte exterior, e deve ser finalizada em abril. Para tanto, serão repassados R$ 296,4 mil.
Fonte: Mídia News
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