São 260 imagens que a empresária doou ao Iphan. Um acervo precioso datado dos séculos XVII, XVIII e XIX. “São Sant’ Annas de todas as regiões do Brasil. As peças são lindas e revelam a força da presença feminina na fé cristã. Tenho certeza de que ela (Sant’Anna) ajudou na realização desse sonho”, atribui.
O fator perseverança também foi imprescindível, aliado à escolha de uma equipe de peso para a idealização do Museu de Sant’Anna. “Já que estou falando em primeira mão para O TEMPO, não poderia deixar de citar os envolvidos”, considera. Ângela Gutierrez conta que o projeto arquitetônico tem a assinatura de Gustavo Penna, a museografia é de Pedro Mendes da Rocha. Ângela Dourado é responsável pela identidade visual, Pedro Pederneiras, do Grupo Corpo, pela iluminação. A consultoria é do artista plástico e professor da UFMG José Alberto Nemer.
Fila. Ângela Gutierrez diz que recebeu como uma honra o convite da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) para expor “Oratórios: Relíquias do Barroco Brasileiro” no Museu Nacional de Belas Artes, ao lado do grande evento dessa temporada, “A Herança do Sagrado: Obras-Primas do Vaticano e de Museus Italianos”. As exibições celebram a primeira visita do papa Francisco ao país, entre 22 e 28 de julho.
“São 115 peças, entre oratórios, imagens, adornos, palmas e castiçais. Estar ao lado dessa grande exposição é muito importante, sobretudo para essa arte tão presente na tradição de Minas Gerais”.
Para estabelecer um interessante contraponto às relíquias do Vaticano, compostas por obras de nomes como Leonardo da Vinci, Michelangelo e Caravaggio, Ângela optou por pinçar registros de uma arte extremamente popular. “As pessoas saem impressionadíssimas com o peso que os oratórios têm também nas mãos do artista popular, desconhecido, que entalhou aquelas imagens a partir do seu talento e da força de sua religiosidade. No fim, tudo é fé. Mesmo quem não é católico fica impressionado. O objeto de fé é um objeto de arte”, diz.
A presidente do Instituto Flávio Gutierrez conta que a mostra veio diretamente de uma bem-sucedida temporada expositiva em Quito, no Equador. “Foram três meses em cartaz. E o espectador pode perceber o convívio de elementos da arte sacra pura e a feita no Brasil, com as referências da cultura africana. É o sincretismo que traz santos como Cosme e Damião, entidades do candomblé para a fé católica”, explica Ângela.
“Oratórios: Relíquias do Barroco Brasileiro” fica em cartaz na capital fluminense até o dia 18 de agosto. Sua próxima itinerância é justamente o palco da realização de um dos grandes projetos de Ângela Gutierrez. As peças serão apreciadas durante o Festival Internacional de Gastronomia de Tiradentes.
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