sexta-feira, 9 de março de 2012

SANTA CATARINA DE BOLONHA FALA À MODERNIDADE

Terceiro centenário da canonização da santa, com o corpo incorrupto e sentada como se estivesse viva
ROMA, (ZENIT.org
Do 8 ao 16 de Março será realizado no mosteiro do Corpus Domini, em Bolonha, na Itália, a Oitava que marca o prelúdio do “ano Catariniano”, que iniciará no dia 22 de maio, no terceiro centenário da canonização da Santa, para concluir no dia 8 de Setembro de 2013, no sexto centenário do seu nascimento.
Por mais de quinhentos anos o corpo incorrupto de Santa Catarina de‘ Vigri, sentada como se estivesse viva, sustentada pela sua mesma coluna vertebral, continua a desafiar as leis da física e da química, atraindo ao Mosteiro do Corpus Domini de Bolonha peregrinos de todo o mundo.
Entre as celebridades que ao longo dos séculos assinaram o registro da Santa Bolonhesa estão Papas, como Clemente VII e Pio IX, cientistas como Luigi Galvani, que está enterrado aqui, reis como o Imperador Carlos V e muitos santos: Santa Teresinha do Menino Jesus, São Carlos Borromeo, São Leonardo de Porto Maurizio,  São João Bosco, Santa Clelia Barbieri.
O percurso foi intitulado: "Do espírito do tempo ao tempo da graça", mas está dividido em duas partes. A primeira diz respeito à Oitava 2012, concentrado sobre “Catarina mestra e modelo do caminho de fé”. A segunda consiste no próprio ano Catariniano - em preparação para o ano da fé – e está marcado por “Portas e jardins do caminho da fé”.
O projeto foi explicado à Zenit por Marco Malagoli, missionário leigo da Comunidade dos Identes, com sede em Corpus Domini e que colabora com as irmãs clarissas pela difusão da vida e do carisma da Santa. Eis a sua narração.
Por que falar da escolha claustral como uma responsabilidade pública?
Começamos com as palavras do Santo Padre que no dia 29 de dezembro de 2010, pegando a todos de supresa, começou a contar a vida da Santa numa das catequeses da quarta-feira, falando da modernidade da opção da clausura: 'Santa Catarina fala conosco; com a distância de muitos séculos é porém muito moderna e fala para a nossa vida”.
Que tipo de relação Catarina teve com o seu tempo?
A resposta é encontrada em Marco Bartoli, professor de história medieval da Lumsa, que escreve que a partir da obra da Santa, “As sete armas espirituais”, conclui-se que para Catarina o trabalho de santificação pessoal nunca tenha estado separado de um sentido de responsabilidade pública. E que é possível captar com precisão a ligação entre a salvação pessoal e a salvação do mundo inteiro ao ser analisado com precisão os pontos principais da sua espiritualidade.
Sãos estes, sem dúvida:  a obediência e o "mal padecer" (aceitação radical de todo sofrimento, a exemplo dos santos e dos mártires). É a esperança que dá sentido ao "mal padecer".
Não se padece, ou seja, não se tolera o mal a não ser em vista de um bem maior. É a esperança que dá força. Porque no “padecer” de Catarina não há nada de passivo, ou seja, não há nenhuma aceitação resignada do mal. Ao contrário a “paciência” de Catarina é a mesma paciência dos mártires, que souberam perseverar e resistir também na prova. Ao contrário da resignação, esta paciência exprime uma serena vontade de vencer o mal com o bem.
É esse modo que Catarina tem para viver o compromisso de santidade pessoal, para questionar quem aparece na sua frente, para escutar a sua voz, uma proposta dirigida também aos não-crentes, para criar uma espécie de pequeno Pátio dos gentios, que nos nossos Pátios cômodos poderiam se transformar em Caminho, um “Caminho dos gentios”.
Uma espécie de caminho na terra do meio ...
A segunda parte do projeto, que abrange o ano Cateriniano real, será marcado de acordo com outro texto de Santa Catarina de’ Vigri, “os doze jardins”, que marcam o longo caminho com dois percursos diferentes: um visando a redescoberta dos sacramentos e um simbólico.
As iniciativas incluem encontros com poesis e música, intercalados por catequeses e aprofundamentos, de acordo com os seguintes títulos / jardins:
Pedras vivas de uma catedral (sobre o significado do trabalho): hissopo de humildade
A unidade do conhecimento (sobre a fragmentação do conhecimento): rosas de contemplação
Academias do espírito e viagens da alma (sobre o sentido do lazer e do desporto): flores marinhas de purgação
Castelos interiores e jardins do espírito (sobre o espírito da arte): lírios de renovação
Quem colheu o lápis de Deus (sobre o voluntariado): violas de “nasconsione”
Uma flor para um raio de luz (sobre modelos pedagógicos): os cravos do auto-conhecimento
Noite Clara (sobre os caminhos de santidade): iluminação de Girassóis
Mas se é assim muda tudo (sobre a catequese e a nova evangelização): rosas vermelhas de inflamação
Queimava o nosso coração (sobre a comparação com os outros): oliveira de unção em misericórdia.
Para construir uma civilização do amor (familia e doutrina social da igreja): laranjas de amor unitivo
A tua veste brilha (sobre liturgia): romãs de ansiedade.
[Tradução Thácio Siqueira]

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