sábado, 4 de novembro de 2023

São Carlos Borromeu



 São Carlos Borromeu (1538-1584), cardeal da Santa Igreja Romana e arcebispo de Milão, de 1565 a 1583, foi definido, no decreto de canonização, como «um homem que, enquanto o mundo lhe sorri com as maiores agruras, vive crucificado ao mundo, vive do espírito, rejeitando as coisas terrenas, procurando continuamente as celestes, imitando na terra, nos pensamentos e nas obras, a vida dos Anjos» (Paulo V, Bula «Unigenitus», de 1 de Novembro de 1610). A devoção aos anjos acompanhou a vida de São Carlos, que o conde de Olivares, Enrique de Guzmán y Ribera, embaixador de Filipe II em Roma, definiu como «mais anjo que homem» (Giovanni Pietro Giussano, Vita di San Carlo Borromeo, Tipografia da Câmara Apostólica, Roma 1610, p. 441).

           

Muitos artistas, como Teodoro Vallonio, em Palermo, e Sebastien Bourdon, em Fabriano, retractam nas suas pinturas Carlos Borromeu enquanto contempla um anjo que embainha a espada ensanguentada a indicar o fim da terrível peste de 1576. Tudo começou em Agosto daquele ano. Milão estava em festa para acolher João de Áustria, de passagem para a Flandres, de que tinha sido nomeado governador. As autoridades da cidade estavam empenhadíssimas para prestarem ao príncipe espanhol as maiores honras, mas Carlos, seis anos arcebispo da diocese, seguia com preocupação as notícias vindas de Trento, de Verona e de Mântua, onde a peste começava a reivindicar vítimas.                      

Os primeiros casos eclodiram em Milão a 11 de Agosto, precisamente quando lá entrava D. João de Áustria. O vencedor de Lepanto, seguido pelo governador Antonio de Guzmán y Zuñiga, deixou a cidade, enquanto Carlos, que se encontrava em Lodi para o funeral do bispo, regressou imediatamente. A confusão e o medo reinavam em Milão e o arcebispo dedicou-se inteiramente à assistência aos doentes, convocando orações públicas e privadas. D. Prosper Guéranger resume assim a sua inesgotável caridade: «Na ausência de autoridades locais, organizou o serviço sanitário, fundou ou renovou hospitais, procurou dinheiro e suprimentos, decretou medidas preventivas. Acima de tudo, providenciou o alívio espiritual, a assistência aos enfermos, o sepultamento dos mortos, a administração dos Sacramentos aos habitantes confinados por prevenção nas suas casas. Sem temer o contágio, deu a própria vida, visitando hospitais, orientando as procissões de penitência, fazendo-se tudo para todos como um pai e como um verdadeiro pastor» (L’anno liturgico – II. Tempo Pasquale e dopo la Pentecoste, Paoline, Alba 1959, pp. 1245-1248).     

São Carlos estava convencido de que a epidemia era «um flagelo mandado do céu» como castigo dos pecados do povo e que, contra isso, era necessário recorrer aos meios espirituais: oração e penitência. Censurou as autoridades civis por terem posto a sua confiança nos meios humanos e não nos meios divinos. «Não tinham proibido todas as reuniões piedosas e todas as procissões durante o tempo do Jubileu? Para ele, estava convencido, eram essas as causas do castigo» (Chanoine Charles Sylvain, Histoire de Saint Charles Borromée, Desclée de Brouwer, Lille 1884, vol. II, p. 135).       

Os magistrados que governavam a cidade continuavam a opor-se às cerimónias públicas, com medo de que o ajuntamento de pessoas pudesse dilatar o contágio, mas Carlos, «que era conduzido pelo Espírito divino» – diz outro biógrafo –, convenceu-os dando vários exemplos, entre os quais o de São Gregório Magno que tinha parado a peste que devastava Roma em 590 (Giussano, op. cit. p. 266). Enquanto a peste se espalhava, o arcebispo ordenou que três procissões gerais se realizassem em Milão, nos dias 3, 5 e 6 de Outubro, «para aplacar a ira de Deus». No primeiro dia, o santo, embora não se estivesse em tempo de Quaresma, impôs as cinzas sobre as cabeças dos milhares de pessoas reunidas, exortando à penitência. Terminada a cerimónia, a procissão dirigiu-se para a Basílica de Santo Ambrósio.     

Ele próprio se colocou à frente do povo, vestido com a capa magna, com um capuz e os pés descalços, a corda de penitente em volta do pescoço e uma grande cruz na mão. Na igreja, pregou sobre o primeiro lamento do profeta Jeremias: Quomodo sedet sola civitas plena populo[1], afirmando que os pecados do povo tinham provocado a justa indignação de Deus. A segunda procissão presidida pelo cardeal dirigiu-se para a Basílica de São Lourenço Maior.         

No seu sermão, aplicou à cidade de Milão o sonho de Nabucodonosor, de que fala Daniel, «mostrando que a vingança de Deus tinha vindo sobre ela» (Giussano, Vita di San Carlo Borromeo, p. 267). No terceiro dia, a procissão dirigiu-se da Catedral para a Basílica de Santa Maria de São Celso. São Carlos levava nas suas mãos a relíquia do Santo Prego de Nosso Senhor, doada pelo imperador Teodósio a Santo Ambrósio, no século V, e terminou a cerimónia com um sermão intitulado: Peccatum peccavit Jerusalem (Jr 1, 8). A peste não mostrava sinais de diminuição e Milão parecia despovoada porque um terço dos cidadãos tinha perdido a vida e o resto estava em quarentena ou não ousava sair de casa. O arcebispo ordenou que se erguessem, nas principais praças e ruas da cidade, cerca de vinte colunas de pedra encimadas por uma cruz para permitir que os habitantes de cada bairro participassem nas missas e nas orações públicas desde as janelas de casa.     

Um dos protectores de Milão era São Sebastião, o mártir a quem os romanos tinham recorrido durante a peste do ano 672. São Carlos sugeriu aos magistrados de Milão que reconstruíssem o santuário a ele dedicado, que caía em ruínas, e que celebrassem, durante dez anos, uma festa solene em sua homenagem. Finalmente, em Julho de 1577 a peste parou e, em Setembro, foi posta a primeira pedra do templo de São Sebastão, onde, a 20 de Janeiro de cada ano, ainda se celebra uma Missa para recordar o fim do flagelo.  

A peste de Milão de 1576 foi o que o saque dos Landsknechts tinha sido para Roma cinquenta anos antes: um castigo, mas também uma ocasião de purificação e de conversão. Carlo Borromeu recolheu as suas meditações num Memorial, no qual escreveu, entre outras coisas: «Cidade de Milão, a tua grandeza subia até aos céus, as tuas riquezas estendiam-se até aos confins do universo mundo (…) A peste, que é a mão de Deus, veio do céu e, de seguida, foi reduzida a tua soberba» (Memoriale al suo diletto popolo della città e diocesi di Milano, Michele Tini, Roma 1579, pp. 28-29). O santo estava convencido de que tudo se devia à grande misericórdia de Deus: «Ele feriu e curou; Ele flagelou e curou; Ele colocou a mão na vara do castigo e ofereceu o bastão do apoio» (Memoriale, p. 81). 

São Carlos Borromeu morreu a 3 de Novembro de 1584 e está sepultado na Catedral de Milão. O seu coração foi solenemente transladado para Roma, para a Basílica dos Santos Ambrósio e Carlos, onde ainda é venerado. Inúmeras igrejas são-lhe dedicadas, entre as quais a majestosa Karlskirche, em Viena, construída, no século XVIII, como acto votivo do imperador Carlos VI, que confiou a cidade à protecção do santo durante a peste de 1713.       

Durante os seus dezoito anos de governo da diocese de Milão, o arcebispo Borromeu dedicou-se com igual vigor a combater a heresia, que considerava a peste do espírito. Segundo São Carlos, «de nenhuma outra falha é Deus mais gravemente ofendido, por ninguém provocado a maior indignação do que pelo vício das heresias, e que, por sua vez, nada pode arruinar tanto as províncias e os reinos como pode aquela horrível peste» (Conc. Prov. V, Pars I). São Pio X, citando esta sua frase, definiu-o «modelo do rebanho e dos pastores nos tempos modernos, incansável defensor e conselheiro da verdadeira reforma católica contra esses modernistas recentes, cuja intenção não era a reintegração, mas a deformação e destruição da fé e dos costumes» (Encíclica Edita saepe, de 26 de Maio de 1910). 

04 Novembro - Nossa Senhora de Kazan.

 



O ícone apareceu pela primeira vez na cidade de Kazan no ano de 1579, apenas 26 anos após a criação de uma diocese da Igreja Ortodoxa Russa na região – que até então era de maioria muçulmana.
Em junho daquele ano houve um devastador incêndio na cidade. Após este evento, a filha de um oficial da infantaria russa teve uma visão da Mãe de Deus, que lhe disse para encontrar seu ícone entre as cinzas de uma casa queimada.
Ninguém acreditou na menina, mas as visões continuaram. Então a mãe da menina pediu aos padres ortodoxos que as ajudassem, mas inicialmente nem estes quiseram ajudar. Após muitos apelos ao bispo de Kazan, foi decidido que ajudariam a encontrar o santo ícone.
Assim que a menina começou a cavar, ela encontrou o ícone embrulhado em um pano. Posteriormente, por ordem do czar, no local foram construídos um mosteiro e uma igreja.
Dois fatos importantes na história da Rússia são associados a milagres realizados pelo ícone: a vitória dos russos sobre os poloneses em 1612 e a libertação de Moscou dos invasores franceses em 1812.
O ícone original foi venerado durante anos no santuário de FÁTIMA em Portugal , depois da queda do regime comunista foi devolvido a Igreja Russa.

Fonte; Pe. Reinaldo Bento

sexta-feira, 3 de novembro de 2023

Um programa dedicado a árias sacras de Mozart

Ouça o Laudate Dominum do dia 22 de outubro

Cultura FM - 103,3 - Amaral Vieira

Reprodução da Internet.Mozart

Ouça o programa completo: aqui


Para este Laudate Dominum, o apresentador Amaral Viera fez uma seleção de árias sacras que demonstram o amadurecimento e a genialidade de Wolfgang Amadeus Mozart, que com apenas onze anos de idade compôs a Cantata da Paixão Grabmusik índice Köchel 42 para soprano, baixo, cordas e duas trompas.

Outro ária de destaque é o Agnus Dei, último movimento da obra Litaniae Lauretanae K.195. Litaniae Lauretanae, que podemos traduzir livremente por Ladainha Lauretana ou Ladainha da Santíssima Virgem, teve origem no final da Idade Média.

Em 1587 o Papa Sisto Quinto acabou aprovando oficialmente esse nome, que era dado à ladainha utilizada pelos fiéis que frequentavam a Santa Casa da cidade de Loreto.

Mozart compôs em 1771 sua primeira Litaniae Lauretanae que foi catalogada como índice Köchel 109.

O manuscrito autógrafo das Ladainhas K.195 tem a data de 1774 e tudo leva a crer que esta obra foi escrita para as celebrações marianas da Catedral de Salzburg.

O musicólogo alemão Alfred Einstein, um dos grandes pesquisadores da vida e obra de Mozart, afirmou que este Agnus Dei era uma das obras mais sobrenaturais do compositor austríaco.

Einstein acrescentou ainda que este movimento era uma oração que conduzia o ouvinte ao estado da bem-aventurança espiritual.

Um programa dedicado à música sacra que não faz distinção de credo ou de período estético, da música antiga à contemporânea. Ecumênico na acepção plena da palavra, o programa contempla compositores das mais diversas épocas, nacionalidades e credos religiosos.

"Laudate Dominum" está no ar desde 1989 e é apresentado pelo pianista e compositor Amaral Vieira.

"Laudate Dominum" vai ao ar domingo, às 9h, com reapresentação na terça-feira, às 23h00, na Cultura FM (103,3).
Produção: Bruno Lombizani
Estágio em produção: Bianca Neves
Trabalhos técnicos: Wagner Freitas

Fonte: TV Cultura


quinta-feira, 2 de novembro de 2023

As Almas do Purgatório nos Ajudam


O Mérito do Sufrágio
Meditação 


Que os sufrágios que prestamos às pobres almas sofredoras do purgatório seja uma obra muito meritória e receberá certamente grande recompensa de Deus, nenhum teólogo o contesta. É uma obra de caridade, e Nosso Senhor, que promete recompensa até a um copo de água dado em seu Nome, como não há de ser propício a quem socorre as mais miseráveis e infelizes e desprotegidas criaturas: as pobres almas, que nada podem fazer por si para se livrarem dos tormentos a que estão submetidas pela Divina Justiça e dependem da nossa caridade! É certo que as almas libertadas das chamas da expiação, no céu, intercedem por seus benfeitores, porque estão cheias da Divina Caridade e podem, como os Santos, nos valer neste mundo. Portanto, o mérito que adquirimos com a caridade do sufrágio será bem recompensado porque a ingratidão nunca entrou no céu e as santas almas salvas por nós serão nossas advogadas e tudo farão por nós junto de Deus.

São Francisco de Sales vê no socorro que prestamos às almas, todas as obras de caridade.


“Não é visitar os enfermos, diz o Santo Doutor, obter por nossas orações o alívio das pobres almas que sofrem no purgatório? Não é dar de beber aos que têm sede tão grande da visão de Deus, dar o orvalho da nossa oração às que estão entre as chamas? Não é dar de comer aos que têm fome, ajudá-las pelos meios que a fé nos oferece? Não é verdadeiramente libertar os prisioneiros? Não é vestir os nus e lhes dar uma veste de luz e de glória? Não é dar hospitalidade, dar entrada na Celeste Jerusalém e fazer as almas amigas de Deus e dos Santos, fazendo-as moradoras eternas da Eterna Sião?” (1)




Ora, se Nosso Senhor declara que no dia de Juízo há de dar o céu e uma grande recompensa às obras de caridade, não há de recompensar generosamente estas obras de caridade para com as benditas almas?

Tem muito mérito o sufrágio, o socorro às benditas almas.

Diz também o piedoso oratoriano Pe. Faber (2), como que comentando São Francisco de Sales:


“A principal devoção da Igreja consiste nas obras de misericórdia, e vede como elas se encontram todas reunidas na devoção para com os mortos! Ela sacia a fome das almas dando-lhes Jesus, o Pão dos Anjos. Para estancar a sede inextinguível que as devora, apresenta-lhes o Precioso Sangue de Jesus. Dá, aos que estavam nus, a veste da glória. Visita os doentes, consola-os e dá-lhes remédios. Livra os cativos de cadeias mais terríveis que a morte e os põe em liberdade celeste e eterna. Acolhe os peregrinos e lhes dá a hospitalidade do céu. Sepulta os mortos no seio de Jesus para que aí gozem o eterno descanso”


Ó, quando vier o dia de Juízo, felizes os que tiverem socorrido as pobres almas! Quanto mérito nesta obra de caridade — o sufrágio dos mortos!

Podem as Almas do Purgatório interceder por nós?

Já não contestamos que possam as almas nos ajudar quando no céu, e que Deus pelos méritos do sufrágio e da grande obra de caridade que praticamos socorrendo o purgatório nos conceda muitas graças e tudo podemos alcançar só com o mérito de tão boa obra. Todavia, vamos mais além e podemos afirmar: as almas podem nos ajudar mesmo no purgatório. Alguns teólogos o negam. Todavia a quase maioria deles e muitos dos mais autorizados, afirmam que as almas mesmo no purgatório, no estado de sofrimento, podem interceder por nós. A Igreja, apesar do silêncio sobre a questão, permite no entanto a oração dos fiéis às almas e deixa esta devoção se desenvolver cada vez mais. Grandes Santos e até Doutores da Igreja tiveram esta devoção e a aconselharam muitos autores seguros. Nas catacumbas se encontram inscrições como estas: que tua alma repouse em paz! Reza por tua irmã. É uma oração pelo defunto e uma prece ao defunto.

Diz o grande teólogo Suarez (3) que em geral as almas do purgatório podem orar pela Igreja militante, e isto é conforme a ideia que devemos ter da Bondade de Deus. As almas do purgatório são santas e devem rezar como os Santos rezam. E, como os Santos, são atendidas na medida da gloria que deram a Deus quando estavam neste mundo. O sofrimento em que elas estão, longe de diminuir, aumenta, o valor e a eficácia das suas orações. Dizia um piedoso autor:


“Aqui na família da terra, os pedidos e as súplicas de um membro doente e que padece mais, não são atendidas com mais carinho e simpatia? Não são as almas os membros doloridos da Igreja?” (4)

Dizem alguns que as almas do purgatório não podem nos valer porque não podem conhecer nossas necessidades. Ainda que assim fosse, responde Suarez, as almas pedindo pela Igreja militante nos fazem participantes da sua oração em nosso favor. E não poderiam ter conhecimento de nossas necessidades pelo ministério dos Anjos? Diz Santo Tomás:


“As almas dos mortos podem se interessar pelos vivos ainda que ignorem o seu estado, assim como os vivos podem se interessar pelas almas ainda que as ignorem. Podem as almas do purgatório conhecer as necessidades dos vivos pelas almas que partem deste mundo, ou pelos Anjos” (5)

Portanto, não podem as almas se interessarem pela nossa sorte neste mundo e rezarem por nós? É sentença comum dos teólogos, diz São Roberto Belarmino que as almas podem rezar pelos vivos (6).

Dizem também que o sofrimento das pobres almas é tão intenso e profundo, que elas não podem pensar em nós e nem nos valer.

O sofrimento das santas almas não as torna egoístas e não, lhes tira o sentido, o conhecimento da extrema necessidade em que nos encontramos muitas vezes e dos perigos a que estamos expostos nesta vida. As almas do purgatório estão numa ordem sobrenatural superior. Podem, pois, interceder por nós. É doutrina de muitos Santos Doutores e teólogos seguros.

As Almas do Purgatório nos Socorrem


As almas do purgatório podem nos ajudar e o mérito da caridade de nossos sufrágios tudo pode nos alcançar da Divina Misericórdia em nosso favor. Pois estas benditas almas nos ajudam realmente e a experiência tem provado há tantos séculos quanto é eficaz invocar a proteção do purgatório.

Sim, as almas do purgatório por si não podem merecer na outra vida, mas podem fazer valer em nosso favor, os méritos que adquiriram neste mundo. Por isto Santo Afonso, São Roberto Belarmino, doutores da Igreja, ensinaram que podemos invocar a proteção das almas do purgatório para obterem de Deus favores de que necessitamos. Dizia Santa Teresa:


“Tudo quanto peço a Deus pela intercessão das almas do purgatório me é concedido”

Demos sufrágios às almas e Deus por esta caridade nos ajudará pelas orações e os méritos destas santas almas libertadas das chamas expiadoras.

Santa Catarina de Bolonha escrevia:


“Quando quero obter com segurança uma graça, recorro às almas padecentes e a graça que suplico sempre me é concedida”

Daí as expressões do Santo Cura d’Ars, que sempre repito:


“Se soubéssemos quão grande é o poder das santas almas do purgatório e quantas graças podemos alcançar por sua intercessão, não seriam elas tão esquecidas”


Vamos, pois, tenhamos caridade, tenhamos piedade das pobres almas sofredoras. Deus não permitirá que sofra muito no purgatório quem neste mundo socorreu os mortos. Portanto, é de nosso interesse, sufragar os mortos. A experiência o prova mil vezes quanto a devoção às almas é útil e vantajosa aos vivos.


“O que nós lhes dermos em sufrágios, diz Santo Ambrósio, se muda em graças para nós, e os havemos de achar depois da morte”

Nas revelações de Santa Brígida (7) lê-se que a Santa viu um Anjo que descendo ao purgatório para consolar as almas dizia: Bendito seja aquele que ainda na terra, enquanto vivo, ajuda as almas do purgatório com orações e boas obras!

E ao mesmo tempo, das profundezas do abismo das chamas do purgatório, se ouvia um coro de vozes suplicantes: Ó Jesus Cristo, justo Juiz, em nome de vossa misericórdia infinita, não olheis nossas faltas inumeráveis, mas aos méritos de vossa preciosa Paixão. Ponde, Senhor, no coração dos eclesiásticos um sentimento de verdadeira caridade, a fim de que por suas orações, suas mortificações e esmolas e as indulgências que nos aplicarem nos socorram em nessa triste situação.

Outras vozes respondiam: Graças, mil graças aos que nos aliviam em nossas desgraças. Ó Senhor, que o vosso poder infinito dê o cêntuplo aos nossos benfeitores que os levam à morada da vossa eterna luz.

As santas almas repetem sempre esta súplica em favor dos seus benfeitores.

Diz a Sagrada Escritura: Benefac justo et invenies retributionem magnam. Fazei o bem ao justo e tereis grande recompensa. As almas do purgatório são santas almas de justos, cheios de méritos e de virtudes. Quanta santidade naquelas chamas expiadoras! Pois bem. Tudo o que fizemos por elas terá grande recompensa. É a palavra de Deus que no-lo garante!

Exemplo: A criada devota das almas do purgatório

Diversos autores, entre eles Berlioux, no seu “Mês das Almas”, Mons. Louvet, no seu “Le Purgatoire”, narram este fato, que este último autor diz ter se dado em Paris e no ano de 1817.

Uma piedosa e humilde criada tinha o costume de todos os meses tirar do seu pobre ordenado uma espórtula para uma missa pelas almas do purgatório. Fazia todo sacrifício, mas não deixava de mandar celebrar cada mês a Missa da sua devoção. Ia assistir ao Santo Sacrifício com muito fervor e pedia pela alma que mais necessidade tivesse de uma Missa para entrar no céu.

Deus a provou com uma doença que a fez sofrer muito e ainda perder o emprego. No dia em que saiu do hospital, só tinha consigo a importância necessária para a espórtula de uma Missa. Pôs toda confiança em Deus e andou à procura de um emprego. Em vão. Não o achava em parte alguma. Passou pela igreja de Santo Eustáquio e entrou. Lembrou-se logo de que naquele mês não pode mandar celebrar a Santa Missa pelas almas. Tirou da bolsa o dinheiro e pensou consigo: Se agora mando celebrar a Missa, que me restará hoje para comer? Que será de mim? Que importa! Deus há de ter pena de mim. E demais, as pobres almas sofrem mais do que eu.

Foi à sacristia e perguntou se era possível celebrar-se ainda uma Missa. Felizmente, lá eslava um sacerdote sem intenção de Missa para aquele dia. Deu-lhe a espórtula, pediu a Missa pelas almas, assistiu-a com todo fervor e se retirou da igreja absolutamente sem vintém e sem saber para onde ir.

Estava assim pensando na sua pobre vida quando um moço alto, muito pálido, se aproximou dela e disse:

— A senhora anda à procura de um emprego?

— Sim, meu senhor, e necessito muito uma colocação hoje mesmo…

— Pois então vá à casa de Madame X, rua tal, número tal, e creio que ela vos receberá, porque vai precisar de uma empregada hoje.

A pobre criada tão satisfeita ficou, que nem agradeceu ao moço. Quando voltou para trás, nem o viu mais. Foi à procura do endereço e ao chegar à casa indicada deu de encontro com uma mulher que descia a escada furiosa e a gritar contra alguém.

— É aqui que mora Madame X? Pergunta-lhe.

— Sei lá! Desta casa não quero ver nem a sombra. Bata na porta. Não quero saber desta mulher. Adeus!

A criada bateu timidamente a campainha e esperou. Apareceu-lhe uma senhora de certa idade e aspecto muito bondoso.

— Minha senhora, diz a criada, eu acabo de saber esta manhã que a senhora estava precisando de uma empregada e, como estou sem colocação, aqui venho me apresentar, e me disseram que a senhora é muito bondosa e me havia de acolher muito bem…

— Minha filha, diz a velha, isto é extraordinário! Pois esta manhã eu não disse isto a ninguém e faz apenas meia hora que eu expulsei de minha casa esta empregada insolente que me perdeu o respeito.

Só eu sei que tenho necessidade de uma empregada. Quem te disse isto?

— Encontrei um moço na rua e ele me deu o nome da senhora, rua e número da casa, e aqui cheguei.

A velha não podia compreender quem pudesse ser o tal moço que havia indicado a casa. Neste ínterim, a empregada levanta os olhos e vê na parede um retrato.

— É aquele moço, minha senhora, ele mesmo…

A pobre velha empalideceu.

— É meu filho, e meu filho morto!

A criada contou-lhe toda a sua devoção às santas almas, a Missa que havia mandado celebrar. A velha tomou a pobrezinha num longo abraço e banhada em lágrimas lhe disse: Minha filha, este moço é meu filho já morto. Deveria estar no purgatório. Faleceu há dois anos. Tua Santa Missa o aliviou e libertou. Vamos, daqui por diante, orar juntas e não serás minha criada, não, serás minha filha.

Tomou a pobre criada abandonada e adotou-a como membro da família.

Eis como Nosso Senhor recompensa os corações generosos para com as santas almas.

Referências:
(1) L’Esprit de Saint François de Salles — II p., cap.
(2) Faber — O Purgatório — 36.
(3) Lib. I — De orat. — Cap. II.
(4) Jugie — Le Purgatoire — Chap. IV — II part.
(5) Sum. Theol. I — quest. 89 — art. 8 ao 1.
(6) R. Belarm. — De Purgatorio — I, 2 e 15.
(7) Revel. — Liber IV, cap. VII.

Orações pelas Almas do Purgatório

Oração a São José pelas almas do Purgatório:

Glorioso Patriarca São José, à tua santa intercessão recomendo o descanso e a paz eterna de todas as almas que sofrem no Purgatório. Tem compaixão delas, pois são almas queridas de Maria, sua santíssima esposa, e de Jesus, que para ti é sempre obediente e amável Filho. Tu que em vida terrena consolava os que sofriam, socorre, te suplico, as almas que padecem nessa torrente de fogo. Por elas intercede junto a Jesus e Maria, que nada negam aos teus eficazes rogos. 

Pai Nosso, Ave Maria, Glória.


***

Oração de Santa Gertrudes pelas Almas do Purgatório



Eterno Pai,
ofereço o Preciosíssimo Sangue
de Vosso Divino Filho Jesus,
em união com todas as missas
que hoje são celebradas em todo o Mundo,
por todas as santas Almas do Purgatório,
pelos pecadores, em todos os lugares,
pelos pecadores na Igreja Universal,
pelos da minha casa e meus vizinhos.
Ámen


(Prometeu o Senhor a Santa Gertrudes que seriam libertas
1000 Almas do Purgatório cada vez que esta Oração fosse rezada,
sendo ainda extensível aos pecadores em vida.)




Porque rezar pelas almas do Purgatório?



 

No dia dos fiéis falecidos, entenda o que é Igreja Militante, Padecente e Triunfante, bem retratados na imagem.  A igreja é a comunidade religiosa fundada por Cristo e que, por isso, reúne todos os seus seguidores, porém o Senhor “é Deus de vivos e não de mortos” (Mt 22,32), então todos os membros que O professam atualmente na terra ou O professaram e já se encontram salvos no céu, fazem parte desta única e mesma igreja: Por essa razão temos:

 

Igreja Triunfante (do Céu):

 

São os membros da igreja já falecidos que se encontram salvos, no céu ( os Santos). Eles tem a alegria enorme de estar na presença de Deus, vendo-O como Ele é. Além destes inclui-se também na Igreja Triunfante os anjos, que são mensageiros de Deus e intercedem por nós. Esta é a Igreja eterna, que irá “absorver” a Igreja Militante (nós) e a Padecente (almas do purgatório) no dia do Juízo Final.

 

Igreja Padecente (Purgatório): 

 

É composta pelas almas do purgatório que estão já confirmadas na graça para sempre, ainda que tenham que purificar-se dos seus pecados e das suas “dívidas” de penitência. Não podem ver Deus ainda, mas o Espírito Santo está com elas e nelas e nunca o poderão perder. Estas almas que estão no purgatório, já nada podem fazer e resta-lhes aguardar que chegue o momento de se juntarem a Deus e viverem no seu Amor. Sabemos que, quando estiverem entre os santos do Céu, recordar-se-ão com certeza daqueles que se lembraram delas com Orações e Sacrifícios e serão seus especiais intercessores junto de Deus.

 

Igreja Militante (da terra):

 

Os membros que vivem hoje sobre a terra, membros que lutam incansavelmente contra os poderes diabólicos do mundo e da própria carne  (Ef 6,11-12 ; Gl 5,17) Podemos ainda rezar pelas almas do purgatório, membros da Igreja Padecente, para que se juntem a Deus e do Céu rezem por todos nós, para que lá cheguemos um dia.

 

Podemos aliviar os sofrimentos destas almas e “abreviar” o seu tempo de espera com as nossas orações, penitências ou com as Missas que oferecemos por elas. Os que estão ainda na Terra deverão também rezar uns pelos outros se quiserem ser fiéis a sua obrigação de membros da Comunhão dos Santos.

 

O Purgatório.

 

O purgatório é um lugar de sofrimentos em que as almas se purificam, solvendo suas dívidas, antes de serem admitidas no céu, onde só entrará quem for puro. Sua existência se baseia no testemunho da Sagrada Escritura e da Tradição. Vários Concílios o definiram como dogma; Santos Padres e Doutores da Igreja o atestam a uma voz. Há uma prisão da qual não se sairá senão quando tiver pago o último centavo. (Mal. 18).

 

A Igreja, querendo que não nos esqueçamos das almas, consagrou um dia inteiro todos os anos à oração pelos finados. Determinou que em todas as missas houvesse uma recomendação e um momento especial pelos mortos. Ela aprova, sustenta e estimula a caridade pelos falecidos.

 

Como são esquecidos os mortos! Exclamava Santo Agostinho! E no entanto acrescenta S. Francisco de Sales, em vida eles nos amavam tanto. Nos funerais: lágrimas, soluços, flores. Depois, um túmulo e o esquecimento. Morreu... acabou-se!

 

Se cremos na vida eterna, cremos no purgatório. E se cremos no purgatório, oremos pelos mortos. O purgatório é terrível e bem longo para algumas almas, por isso devemos rezar muito pelas almas, socorrendo as almas, praticando a caridade em toda sua extensão. A devoção as almas do purgatório diz São Francisco de Sales encerra todas as obras de misericórdia, cuja prática, elevada ao sobrenatural nos há de merecer o céu.

 

 A Santa Missa é o sacrifício de expiação por excelência. É a renovação do calvário, que salvou o gênero humano. A cada Missa, diz São Jerônimo, saem muitas almas do purgatório. Depois da Missa...

 

A Comunhão. A Eucaristia é um Sacramento de descanso e paz para os defuntos, diz Santo Ambrósio. E o mesmo afirmam São Cirilo e São João Crisóstomo. Procuremos fazer boas comunhões lembrando-nos que quanto melhor as fizermos tanto mais aliviaremos os mortos. O Papa Paulo V estimulou a prática das comunhões pelas almas padecentes. Temos também as indulgências que entregamos a Deus para solver as dívidas das almas. Recitemos pequenas jaculatórias indulgenciadas. É tão fácil repeti-las em toda hora.

 

É uma mina de ouro que está a nossa disposição. Nossas orações são um meio de ajudar a salvar almas do purgatório.

 

São João Damasceno diz que há muito testemunho encontrado na vida dos Santos que provou claramente as vantagens da oração que se fazem pelos defuntos. Nossos sofrimentos junto a prece tem uma eficácia extraordinária para obter de Deus todas as graças. Aliviemos as almas do purgatório', com tudo que nos mortifica. A Via Sacra é uma prática das mais ricas de piedade. O Rosário é a rainha das devoções indulgenciadas.

 

Santa Gertrudes afirmava que uma palavra dita do fundo do coração e animada de sólida devoção tem mais eficácia que grande número de orações, feitas com pouco fervor.

 

Mais uma forma de ajudar as almas é dar esmola ao pobre em sufrágio das almas benditas. As lágrimas que vossas esmolas enxugarem, o alívio que tiverdes dado aos que padecem fome, sede e frio, serão o alívio no purgatório para as almas sofredoras. É uma dupla caridade, socorrer os pobres por amor das almas. É dar duas vezes. Socorre os vivos e os mortos.


Fonte: O Espírito Santo. Blog

quarta-feira, 1 de novembro de 2023

WORKSHOP DE CONSERVAÇÃO PREVENTIVA EM TÊXTEIS

 




_7 de novembro de 2023_
_Das 18:30 às 22:00 horas_
_Pacaembu SP_

Em breve mais informações!

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