domingo, 3 de agosto de 2014

Enquanto islâmicos destroem igrejas em Mosul…

A sociedade laicista faz sua parte no Ocidente.

O que está acontecendo com as igrejas de Montreal? Quebec encontra novas maneiras de preservar seu patrimônio em uma época secular.
Por Graeme Hamilton – National Post | Tradução: Teresa Maria Freixinho – Fratres in Unum.com – 
MONTREAL — Aparelhos de pesos ocupam o espaço onde antes havia bancos de igreja, e os visitantes bebericam sucos verdes nutritivos, em vez do vinho da comunhão. Porém, apesar de sua transformação dramática em uma academia de ginástica privada e SPA, o outrora Santuário dominicano de São Judas, na Rua St. Denis, em Montreal, continua sendo um tipo de templo.
Quando o piedoso pai de Sonya Audrey Bonin soube que ela estava envolvida em um projeto para transformar uma igreja em academia de ginástica, a princípio, ele ficou horrorizado, mas “no final, ficou muito orgulhoso,” ela diz.
“Ele se torna quase uma religião para algumas pessoas,” disse Sonya Audrey Bonin, gerente geral da academia de ginástica Saint-Jude Espace Tonus, nesta semana. “Eu considero isso como fazer yoga, cuidar de si, cuidar do que você come, ter um estilo de vida saudável.” E em uma época secular, quando as pessoas estão mais propensas a frequentar a academia do que ir à missa no domingo de manhã, as instalações de luxo estão sendo elogiadas como modelo de preservação de prédios religiosos que constituem uma parte importante do patrimônio arquitetônico de Quebec.
A Igreja de Santo Eugênio é agora um centro comunitário.
O Conselho de Patrimônio Religioso de Quebec foi criado, em 1995, com fundos provinciais e com a missão de reparar as minguadas igrejas da província. As congregações em decadência pensavam que as paróquias estavam tendo dificuldade em pagar os reparos. Assim, o conselho identificou os prédios com o maior valor patrimonial e subsidiou a manutenção deles.
Porém, após 18 anos e $371 milhões investidos pelo governo, o conselho reconheceu que faz pouco sentido reparar prédios simplesmente para mantê-los de pé. Eles precisam ser ocupados, e as igrejas estão tendo bastante dificuldade em fazê-lo. “A questão mudou,” disse Denis Boucher, gerente de projetos do conselho de patrimônio. “Hoje em dia, falamos muito mais em encontrar usos para igrejas.” No passado, as verbas do conselho eram reservadas a igrejas ainda utilizadas como lugares de culto. No ano passado isso mudou, e agora o conselho pode ajudar organizações sem fins lucrativos, prefeituras e até mesmo proprietários particulares que estão tentando transformar igrejas antigas.
Quando o conselho fez um inventário, em 2003, identificou 2.751 igrejas na província, a grande maioria delas católicas. Desde então, cerca de 400 fecharam, e o Sr. Boucher disse que o ritmo está crescendo rapidamente. “Uma igreja fecha a cada semana. É um enorme fenômeno,” ele disse. “Todo mundo precisa fazer uma concessão, para que os prédios encontrem uma vida útil na sociedade e continuem transmitindo o seu significado histórico.”
Uma nova publicação do conselho de patrimônio ressalta exemplos em Montreal de “vidas úteis” encontradas para antigas igrejas, incluindo a academia de ginástica São Judas, que está sendo elogiada pelas “soluções arquitetônicas originais, que criaram um diálogo com o passado do local, e não separado dele.” Os arquitetos preservaram as paredes externas da igreja e a maior parte das janelas em arco, impedindo que se esqueça a antiga função do prédio. No bairro de Rosemont, em Montreal, a antiga Igreja de Santo Eugênio agora é um centro comunitário para novas unidades residenciais subsidiadas, construídas ao redor da igreja para cidadãos idosos. “A igreja continua desempenhando o seu papel de local de encontro,” escreveu o conselho de patrimônio.
St. Jude’s, acima, antes de sua transformação, e abaixo, depois dela.
Outra transformação bem-sucedida foi o Théatre Paradoxe no sudeste de Montreal, que assumiu a quase centenária Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro depois que ela fechou, em 2009. Ao custo de $2,7 milhões, o projeto conservou o exterior da igreja e muito do seu interior, incluindo a madeira dos confessionários, que foi utilizada para fazer o bar. Mas agora a nave é o cenário de concertos e conferências, enquanto uma organização que ajuda alunos egressos a encontrar trabalho usa parte do prédio para treiná-los como técnicos de vídeo e palco. Embora espetáculos de danceterias tenham substituído os hinos dominicais, Gérald St-Georges, gerente geral do teatro, disse que há uma continuidade na nova finalidade do prédio. “Antigos paroquianos sentem orgulho de que a igreja tenha permanecido um local de encontro,” ele disse. “Ela está diretamente relacionado ao que acontecia antes.”
O impulso de preservar igrejas, atribuindo-lhes uma nova missão, encontrou um obstáculo com a chegada de Christian Lépine, arcebispo católico romano de Montreal, em 2012. Logo após sua nomeação, ele declarou uma moratória à venda de igrejas, por receio de que os fiéis perdessem sua igreja de bairro. Os projetos para instalar creches e centros comunitários em igrejas fechadas foram subitamente suspensos.
O Théatre Paradoxe de Montreal preservou grande parte do interior original, incluindo a madeira dos confessionários, que foi utilizada para fazer um bar.
Alain Walhin, assistente do vigário geral na arquidiocese de Montreal, disse que após dois anos na moratória, não há indícios de quando ela será levantada. Primeiro a arquidiocese quer identificar as necessidades de seus paroquianos e avaliar o estado de seus quase 200 prédios, ele disse. “Se levar três anos, quatro anos, esse é o tempo que levará,” ele disse.
Ele também insinuou que as pessoas têm sido muito precipitadas ao declarar que a Igreja Católica perdeu influência em Quebec. “É claro que há muitas igrejas para o número de pessoas que as frequentam, mas isso não é motivo para fechar tudo,” ele disse. “Sim, as pessoas não vão, mas isso não significa que elas nunca vão. Há altos e baixos. Isso não quer dizer que sempre haverá um declínio.” Ele deu o exemplo de uma antiga igreja franco-canadense em Montreal, que no ano passado foi transferida para o controle de uma congregação católica de origem africana e renomeada de Nossa Senhora da África.

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