MARCELO PORTELA , BELO HORIZONTE - O Estado de S.Paulo
"Dentro da indústria, o uso do NJ 110 é normal. Mas nenhum de nós imaginou uma aplicação tão legal", disse o engenheiro Paulo Nascimento, gerente da Comau, que, a pedido da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), cedeu o robô para o grupo que realiza o projeto.
O conjunto de obras, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e reconhecido pela Unesco como patrimônio cultural mundial em 1985, é esculpido em pedra-sabão e sofreu degradação causada pela poeira de minério, ação de fungos, bactérias e de vândalos. Nas décadas de 1950 e 1970, foram feitos moldes e réplicas a fim de permitir uma possível restauração. Mas, segundo a arquiteta Patrícia Reis, oficial de Projetos da Unesco, esses moldes não são adequados.
Por isso, recorreu-se a à técnica de digitalização 3D. O Grupo de Pesquisa em Visão Computacional, Computação Gráfica e Processamento de Imagem (Imago), da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que fez a digitalização de peças indígenas e fósseis, foi encarregado do projeto em Congonhas. Em 1999, universidades americanas executaram o projeto Michelangelo Digital, para geração de modelos 3D das esculturas do italiano.
Tridimensional. Além de permitir a visualização completa das obras, a técnica possibilita um monitoramento do desgaste sofrido pela pedra. "Podemos estabelecer um novo escaneamento a cada cinco ou dez anos. Isso permitirá uma comparação de qualquer alteração, medida com base em dados técnicos", observou Patrícia.
O escaneamento "divide" os profetas em oito a dez faixas que são fotografadas em alta resolução, de 20 em 20 centímetros. Cada profeta gera cerca de 200 imagens que, no computador, são agrupadas e transformadas em um modelo tridimensional. "Primeiro fazemos a digitalização da geometria, depois da textura. Isso permite ver um possível desgaste em profundidade, que uma foto comum não permite", explica o coordenador Luciano Silva.
Quando os trabalhos, orçados em R$ 330 mil, forem concluídos, as réplicas feitas à base dos moldes digitais serão entregues ao Memorial Congonhas/Centro de Referência do Barroco e Estudo da Pedra, inaugurado em 2012. As imagens estarão disponíveis na internet.
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