Templo foi erguido no século 18, no ponto mais alto do engenho Massangana. Foto: Alfeu Tavares
A capela de São Mateus é uma edificação preciosa encravada no ponto mais alto do Engenho Massangana, no Cabo de Santo Agostinho. Construída no final do século 18, segue a típica hierarquia arquitetônica da época: paira sobre a casa-grande, representando um Deus acima dos senhores. Conserva suas características, com valor histórico de difícil mensuração. A partir de maio, ademais, essa função cultural do templo soma-se à religiosa e à social. Três anos desde a última celebração, passa a receber missas sabatinas. Todos primeiro e terceiro sábados do mês, às 16h.
As futuras missas estão sendo consideradas pela equipe do Engenho como um front para atrair os moradores do entorno ao equipamento. Dentro da casa-grande, habitação onde o abolicionista Joaquim Nabuco nasceu e viveu os primeiros anos, funciona um museu com uma exposição de longa duração que remonta ao tempo do proprietário ilustre.
“Queremos que essa comunidade, que é muito carente, sinta que o museu e seu entorno de 10 hectares pertençam a ela também. Comumente eles têm a ideia de que museu é coisa de gente de elite”, comentou um dos monitores mais antigos do local, Enerson Silva.
As crianças da Vila Massangana, onde fica o Engenho, já conhecem o local dos meses de férias, quando o Engenho promove oficinas e atividades voltadas para a criançada. A vasta relva tem sido o palco para convescotes nos fins de semana e ensaios fotográficos.
Mas ainda é pouco. “Até este ano, éramos o único museu da cidade. Só há dois. Ele precisa ser valorizado e utilizado, mas principalmente, as pessoas precisam sentir que tudo isso é deles”, comentou o especialista em cultura pernambucana.
A paróquia Cristo Rei, que abarca a capela de São Mateus em seu território, também considera prioritária a ideia de pertencimento da comunidade em relação ao templo.
“Serão membros ativos da primeira missa, no próximo dia 6. Farão leituras, participarão dos rituais. Venho visitando esses moradores do entorno desde que cheguei aqui, há três anos e percebi a carência delas em relação às celebrações. Hoje, muitos são protestantes.
Alguns de coração, mas outros são por ausência da Igreja Católica”, contou o pároco, padre Osvaldo Lopes. “Tenho esperança de reverter o quadro com a frequência das missas.”
Neste ano também será retomada a Festa de São Mateus, realizada de maneira intermitente há mais de cinquenta anos. “Acredito que, a partir deste ano, com a frequência das missas, essa festa vai se fortalecer. Não ocorre há três anos, quando se resumiu a uma missa. Em 2012 teve quermesse e aquecia a economia local. Aqui há muito artesanato, extrativismo. Eles aproveitam para vender seus produtos com a movimentação”, lembrou Enerson.
Por Paulo Trigueiro
Fonte original da notícia: Folha de Pernambuco
Fonte: Defender
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