Foto: Reginaldo Ipê
A Arquidiocese de São Salvador da Bahia e a Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) na Bahia apresentaram à comunidade baiana em 29 de julho de 2014, o projeto de restauração do edifício do Palácio Arquiepiscopal de Salvador para implantação de um Centro de Referência da História da Igreja Católica do Brasil.
A obra, orçada em 18 milhões de reais, seria executada com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) e Banco Itaú. Até o momento foi feito um aporte financeiro de cerca de R$ 4 milhões por parte dos dois bancos, mas a crise econômica nacional pode também impedir a conclusão da recuperação deste importante imóvel histórico situado na Praça da Sé. Temendo que isto aconteça, o Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, reuniu a imprensa ontem, à tarde, no próprio Palácio, para mostrar com anda o trabalho de restauração e fazer um apelo à iniciativa privada, instituições, associações e pessoas físicas, para que ajudem financeiramente a Arquidiocese a manter o projeto de recuperação, que corre o risco de parar por falta de verbas.
“A palavra crise acaba sendo uma desculpa para muitas pessoas. O momento é particularmente delicado”, pontuou inicialmente Dom Murilo, em tom de mágoa, devido ao fato do Banco Itaú, que já havia liberado R$ 2 milhões para as obras, ter suspendido o apoio no final do ano passado. Como o BNDES havia também contribuído com o projeto com o mesmo valor, mas exige, em contrapartida, que os 50% do valor restante para a conclusão do projeto, R$ 14, milhões, sejam doados por outra instituição, o Arcebispo Primaz do Brasil quer sensibilizar os governos – estadual e municipal – e instituições privadas para que os R$ 7 milhões necessários possam ser arrecadados e destinados à conclusão da obra estrutural, 60% já avançada, e a implantação do Centro de Referência da História da Igreja Católica no Brasil.
O projeto de recuperação do Palácio Arquiepiscopal de Salvador quando pronto irá condensar os cinco séculos da história da Igreja Católica, ligados à vida política e cultural do País. Para que o prédio retome as características originais, devem ser executados serviços como a reestruturação de alguns pilares, localizados ao fundo do imóvel, restauração das grades e gradis, das cercaduras de pedra, da escada monumental, da porta principal em pedras, ligação com a Praça da Sé, instalações elétricas, hidráulicas e drenagem, elevador para oito pessoas, climatização, ambientação dos espaços, aquisição e instalação de equipamentos dos laboratórios e para a área de pesquisa, entre outros.
“Tendo dinheiro será rápido. A parte mais difícil, e sempre a mais demorada, já foi feita. Na medida em que um grupo, uma sociedade, uma associação, quiser colaborar, entre em contato conosco. Tudo isto aqui foi aprovado pelo Ministério de Educação, pelo IPHAN, então tem todas as possibilidades de receber verbas, que as pessoas pagariam no imposto de renda.
Eu acredito que com um mutirão, coma ajuda de cada um, de cada grupo, de cada associação, cada entidade de classe, nos conseguiremos chegar ao objetivo final”, diz Dom Murilo, acrescentando que “sem recursos a obra para. Com aquilo que temos estamos indo pro final e esta é a nossa preocupação. Por isso nós achamos por bem repartirmos a nossa preocupação com a comunidade. É a cultura do povo que está sendo aqui valorizada. E repito: cada contribuição que obtivermos de algum grupo, ela se multiplica por dois porque vem o aporte do BNDES”.
O Palácio da Sé é um monumento da cidade. Foi construído no começo do século XVIII, para ser residência do bispo e secretaria da arquidiocese. Depois ficou fechado muito tempo e se deteriorou. Depois de pronto terá, entre outros espaços, laboratório para restauração de imagens e documentos que se encontram no arquivo da Arquidiocese de Salvador – considerado o arquivo mais rico, em termos de documentos, da América Latina-.
O prédio permitirá que os visitantes possam saber o que acontece dentro de cada uma das suas salas, isto porque os corredores terão a circulação moldada em vidros. “À medida que começou a restauração, se descobriu pinturas e desenhos de uma beleza imensa e isto nos anima cada vez mais. Imaginem colocar isto à disposição do povo. É uma graça imensa. Pra mim vai ser uma alegria enorme”, concluiu Dom Murilo Krieger.
Por Nelson Rocha
Retirado do Site: Defender
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